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História Flor de Fênix - Otsukimi, Festival da Lua Cheia


Escrita por: MlleRenard

Notas do Autor


Minna-san, Renard está de volta com o capitulo mais desejado por todos hahaha (bem, a Renard queria escrever esse capitulo XD )
esse foi um capitulo que me deu mais trabalho pois não conseguia fechar, me deu um bloqueio no final, mas ficou do jeitinho que Renard queria.
Eu espero mesmo que gostei, e estou bastante feliz com tantos favoritos, vocês demais pessoa. ♥
Em breve terremos surpresas e a fanfic vai tomar um rumo mais sombrio, pelo menos, Renard espera que seja assim. hahaha bjos, adoro vocês, até a próxima o/

Capítulo 4 - Otsukimi, Festival da Lua Cheia


Fanfic / Fanfiction Flor de Fênix - Otsukimi, Festival da Lua Cheia

Pov Karin


 

A semana passou tão rápido na companhia de Toushirou. As aulas na escola pareciam entediá-lo, e era engraçado vê-lo se incomodar com os comentários dos meus amigos. Meu braço já estava melhor no fim da primeira semana, e pude voltar a praticar no clube de futebol e é claro que convenci-o a jogar também. O senpai do terceiro ano queria colocá-lo como capitão do time e o chamava de menino prodígio, o irônico é que Toushirou é mesmo um capitão e um prodígio.

Estavamos no fim do ano letivo, os últimos dias de aula antes das férias e o retorno no ano seguinte. Shizuka estava super animada pois iria viajar para a Austrália com os pais e levaria o atual namorado, Matsui Asura, consigo. Sim, o Baka-Asura. Moeru havia sido convidado para o roteiro de férias deles, mas recusou educadamente. Eu iria continuar com meu treinamento e matar Hollows, mas é claro que não diria isso a eles.

Toushirou havia saído para caçar Hollows perigosos que rodeavam a cidade e eu dei a desculpa de que ele estava com dor de barriga para que Shizuka parece de me interrogar. Enquanto retornavam pela estrada do centro, indo em direção ao Shopping, ela me fez uma sugestão irrecusável.

- Karin-chan, você conhece o festival Otsukimi? - perguntou displicente, atravessando as portas automáticas do conjunto de lojas. A segui de perto para que não nos separarmos.

- Otsukimi? Conheço. É um festival simples em que as pessoas observam a lua, não é? - questionei seguindo-a para uma loja de roupas, detestava ter de acompanhá-la nessas viagens, mas tinha de fazê-lo.

- Isso. - ela assentiu puxando alguns vestidos da arara mais próximo e estudando-os minuciosamente. - Otsukimi será amanhã. Pensei que você poderia convidar Hitsu-chan para “observar a lua”. - disse me fitando com um olhar malicioso, a frase saiu ambígua, o que me fez corar muito.

- Shizuka! - ralhei levando as mãos ao rosto quente. Ela apenas riu.

- Deixa de ser chata Karin-chan. - Shizuka mostrou a língua, devolvendo o vestido para a arara. em seguida empertigou-se estufando o peito. - Eu conversei com Yuzu-chan e ela disse: - tomou fôlego. Iria imitar a voz de Yuzu com certeza. - Hitsugaya-kun é o namoradinho da Karin-chan! - após seu ato teatral ela pousou as mãos na cintura.

- Sua imitação foi péssima. - repreendi ainda corada. - E ela disse isso mesmo? - ela assentiu várias vezes. - Mas eu já disse que somos apenas amigos. - suspirei cansada.

- Mas tá ótimo assim, não dá para namorar um inimigo. - ressaltou Shizuka se perdendo entre as estantes repletas de roupas caras.

- E quem disse que eu quero namorar com ele? - perguntei sempre a seguindo. Shizuka parou repentinamente e eu topei com ela. - Hô! - reclamei.

- Karin-chan. - ela virou-se em minha direção, os olhos com um brilho mortal. - Só você mesmo!

- O que foi? - indaguei confusa.

- Você não percebe? - ela tocou meus ombros, me encarando com uma expressão séria nunca vista antes. - Você gosta daquele garoto baixinho. Eu percebi isso no primeiro instante que pus os olhos nele. Enquanto eu dava em cima dele você se contorcia de ciúmes.

- Nani? - a encarei confusa, ainda mais vermelha. É verdade que fiquei com ciúmes, mas não é porque gosto do Toushirou, é? Lembro que, quando ele me falou da amiga de infância, Hinamori Momo, fiquei do mesmo jeito, com um pouco de inveja, admito, por não estar no lugar dela. Mas foi apenas por ele ser uma boa companhia, não foi? Shizuka apertou minhas bochechas tirando-me do pensamento.

- Você é tão bonitinha. - e bagunçou meu cabelo. - Se você não entende o que sente tudo bem, mas não deixe essa oportunidade passar. - ela voltou a caminhar pelos corredores procurando roupas justas. - Mesmo que não role nada entre vocês, não deixe esse momento escapar.

Como eu disse, era irrecusável. Passaria um tempo a sós com Toushirou, conversando, e talvez quem sabe, descobrindo se realmente gosto dele do modo que Shizuka diz.

Continuamos nosso passeio pelas lojas, ela insistia para que eu provesse roupas novas, disse que me compraria a peça que escolhesse para o encontro. Obrigada, tive de aceitar ou Shizuka me perturbaria até depois da morte. Escolhi uma peça do meu agrado e que a Koyama aprovaria. Uma calça jeans justa de cor escura, e uma blusa lisa branca com mangas pretas. E sem mais incomodações fomos para casa.

Chegamos e o oyaji estava em casa, aquele velho pervertido saltou em minha direção para um abraço, mas apenas recebeu um chute no nariz que o mandou para o outro lado da cozinha. Shizuka riu como sempre fazia, a cena era a mesma toda vez que ia lá em casa. O velho se levantou com a mão no rosto e sem desistir quis comprimentar minha amiga com um abraço.

- Shizuka-chan! Está tão bonita! Cortou o cabelo? - perguntou enquanto tentava agarrar a adolescente de cabelo tingido, mas o impedi com um soco poderoso. - Itai.

- Ah, Isshin-san, o senhor que está magnifico! - respondeu ela rindo alto enquanto meu pai tentava inutilmente se levantar.

- Karin-chan, por que não é uma filha como a Shizuka-chan? - perguntou o velho vertendo em lágrimas de crocodilo. - Ela sabe dar valor ao homem que tem nesta casa.

- Não há mais homem algum nesta casa. - retruquei passando por cima dele e subindo as escadas para o quarto. Shizuka ajudou o velho e se pôr de pé e me seguiu para cima.

- Seu pai é sempre engraçado. - dizia carregando as centenas de sacolas com roupas que havia comprado.

- Você diz isso porque não convive 24h por dia com ele. - esclareci me jogando na cama.

- Deve ser divertido. - riu soltando as sacolas no chão.

- Não mesmo. - afirmei suspirando.

Shizuka fechou a porta e passou a chave sentando-se ao meu lado com um sorriso travesso.

- Então vamos arquitetar o plano Otsukimi! - riu maléfica esfregando uma mão a outra.

- Pare com isso, é ridículo. - repreendi. Mas curiosa, cedi. - O que eu tenho que fazer?

- Haha, isso é muito fácil! - e começou a explicação sobre o tão falado festival. Ela contou-me a lenda do coelho na lua, tão antiga quanto a própria terra. - Primeiro! Você precisa leva-lo a um lugar em que a lua possa ser vista claramente! - Shizuka gesticulava empolgada, fazendo-me lembrar que da varanda da casa da Haru-baa-chan conseguia-mos ver a lua com perfeição. - Segundo! Você precisa fazer os dangos para oferecer a lua. - pensei em interrompê-la mas Shizuka não permitiu. - Terceiro! Os bolinhos de mochi em forma de coelhinho! - concluiu super animada.

- Shizuka, eu não sei fazer dangos. - reclamei cruzando os braços.

- Não tem problema. Yuzu-chan pode te ajudar! - ela afirmou animada, batendo palmas. - Mas os bolinhos de mochi você quem vai fazer.

- Wakata, wakata. - respondi com um suspiro derrotada. Quando Shizuka se aliava a Yuzu era impossível escapar.

 

No dia seguinte Yuzu me acordou bem cedo para prepararmos os dangos, ela estava animada com o plano de Shizuka. Vestindo seu avental cor-de-rosa e mantendo o cabelo castanho claro preso em duas chuquinhas baixas, ela preparava a massa dos doces pacientemente, me explicando como se fazia. Eu apenas observava com uma atenção inacreditável. Após terminar ela limpou as mãos sujas de farinha no avental.

- Viu só? Você só precisa empilhá-las assim. - disse colocando os dangos sobre a bandeja em forma de pirâmide.

- Parece complicado. - resmunguei enquanto ensaboava a louça suja.

- Nem tanto Karin-chan, nem tanto. - disse ela rindo enquanto secava a louça.

- Eu vou dormir fora hoje, está bem? - avisei-a. - Ficarei na Haru-baa-chan, avise o Oyaji por mim.

- Claro, Karin-chan. - Yuzu assentiu cobrindo a bandeja dos doces com uma tampa de vidro. - Agora é melhor irmos ou chegaremos atrasadas no último dia de aula. - ela tirou o avental deixando em cima da bancada e saiu com sua bolsa.

Caminhamos por um tempo próximo ao córrego. O caminho estava coberto por folhas alaranjadas do outono, as árvores com copas recheadas perdiam suas folhas aos poucos, o espetáculo em tons, amarelo, laranja e vermelho era belíssimo, e as folhas que caiam na água flutuavam em pequenas ondas. Yuzu tagarelava sem parar, comentando sobre uma antiga paixão que havia ido embora de Karakura, mas logo mudou de assunto.

- Você já falou com o Hitsugaya-kun? - perguntou ela me pegando de surpresa.

- Falar o que? - perguntei chutando uma pedrinha para dentro do córrego, esta dispersou algumas folhas a volta.

- Sobre o festival, karin-chan. - respondeu rindo de minha distração.

- Ah, ainda não. Mas não se preocupe, vou falar com ele. - assegurei com um pequeno sorriso.

- Sabe, ultimamente não tenho me sentido bem. - mudou de assunto novamente.

- Como assim Yuzu? Você está doente? - perguntei parando de andar e a encarando.

- Iie, Iie. - ela negou com a cabeça. - Eto… - parou para pensar um pouco. - Estou conseguindo ver a silhueta dos fantasmas, mas isso me deixa tonta.

- Ah, que estranho. - comentei voltando a andar. - Acho que não era para isso acontecer.

- Será que vou poder ver espíritos como você e o Oni-chan? - seus olhos brilhavam com a pergunta.

- Eu espero que não. Vê-los não é nada bom. - resmunguei abanando o ar, enxotando um fantasma chato que vinha em minha direção.

- Aah. - suspirou desanimada. - Eu sou a única que não os vê…

- Sorte a sua. - afirmei com um sorriso. Ela tinha sorte mesmo. Ver fantasmas significava também ver os Hollows e eles eram perigosos demais, seria melhor conservar Yuzu na ignorância, seria menos perigoso.

 

Naquele último dia de aula as coisas foram tranquilas. Nos despedimos dos colegas e professores e ficamos discutindo sobre o que faríamos nas férias. Toushirou não estava lá, não podia culpá-lo, ele era um Shinigami não um estudante. Os garotos do terceiro ano ficaram bastante decepcionados com a ausência dele por causa da partida do final do campeonato estadual que seria naquela tarde. Me voluntariei para cobrir o lugar dele e, vencemos de 3x1. Se ele estivesse lá teriam sido 10x0.

No fim das aulas, quando estava pronta para ir procurá-lo, o avistei do outro lado da rua, encostado no muro observando o aparelho celular com uma atenção inumana. A passos lentos me aproximei.

- Estava me esperando? - perguntei com um sorriso prepotente.

- Claro que não. Havia Hollows por aqui. - respondeu indiferente, sem desviar os olhos do aparelho.

- Tanto faz. - dei de ombro. - Me acompanha até em casa?

- Já que estou aqui… - disse guardando o celular no bolso e vindo em minha direção. Ele arqueou as sobrancelhas ao perceber que não usava o uniforme escolar.

- O que foi? - perguntei sorridente. - Não gostou da minha roupa nova? - estava usando o traje que Shizuka me deu.

- Ficou ótima em você. Se bem que qualquer coisa fica bem em você… - e virou o rosto para outro lado, visivelmente rubro. Não pude deixar de corar com o elogio.

- Ah, obrigada. - disse passando a mão pelo cabelo solto.

Seguimos pelo trajeto de volta em silêncio, as folhas secas cobriam a estrada e o sol no céu azul brilhava baixo indicando a quarta hora. O caminho parecia mais longo na companhia dele, parecia que por mais que andássemos, nunca chegaríamos em casa. Isso era bom.

- Ne Toushirou… - chamei-o quebrando o silêncio. Ele andava com as mãos nos bolsos da calça jeans rasgada, enquanto observava o córrego lá embaixo. - Quer observar a lua no Otsukimi comigo? - perguntei corada. Não sabia o que esperar dele, então continuei caminhando, sem perceber que ele havia parado.

- Otsukimi…? - murmurou ele interrogativo, sua voz carregava uma certa curiosidade.

- Sim, o festival da lua cheia. - Abri um largo sorriso e expliquei para ele sobre o festival enquanto seguíamos caminho. Quando paramos na frente de casa ele assentiu pensativo.

- Parece interessante. - foi apenas o que disse.

- Que ótimo. - sorri contente pela concordância indireta. - Vou dormir na casa da Haru-baa-chan hoje, então poderemos ver a lua juntos! - e entrei dentro de casa sem esperar por sua resposta.


 

Pov Hitsugaya


 

Voltei para a casa onde estava acomodado pensando no que Karin havia dito. Ela me fez o proposta do festival da lua cheia que me pareceu agradável, mas por que fiquei tão nervoso quando a mesma disse que ficaria na casa da Haru-baa-chan? Eu passaria a noite lá também. Seria por isso? Balancei a cabeça afastando tais pensamentos, era bobagem ficar pensando em algo assim, era constrangedor, de certa forma.

No caminho encontrei Haru-baa-chan voltando das compras, segurando algumas sacolas pesadas, rapidamente ajudei-a a carregar o peso. A senhora de idade parecia contente com alguma coisa. Ela contava sobre os espíritos que às vezes iam visitá-la e as conversas que tinham. Respondia de modo curto, às vezes fazendo alguns comentários, mas prestava atenção em tudo que a vovó dizia.

- Toushirou-chan. - chamou abrindo a porta de correr, para que entrássemos na cozinha. - Karin-chan disse que passaria a noite aqui.

- Sim, ela me disse. - respondi tentando parecer indiferente, mas a ideia de ter a companhia da Kurosaki a noite me perturbava.

Coloquei as sacolas sobre a mesa e ajudei Haru-baa-chan a guardá-las, distraído. Passando-se algum tempo ouvia a familiar voz da Kurosaki vindo da varanda, ela trazia uma sacola com algumas coisas.

- Yo, Haru-baa-chan. Toushirou. - cumprimentou ela com um aceno e um largo sorriso.

- Konnichiwa, Karin-chan. - saudou Haru com seu sorriso gentil.

- Eu comprei tudo que precisamos para fazer os bolinhos. - disse a dona dos olhos negros, largando a sacola sobre a mesa.

- Oh, que ótimo Karin-chan. - a vovó terminava de amarrar o avental. - então venha me ajudar aqui.

- Oe, o que vocês duas vão fazer? - perguntei, e acho que minha expressão foi um tanto infantil pois as duas riram.

- Não se preocupe baixinho, você logo vai saber. - Falou Karin bagunçando meu cabelo. Aquilo fez uma veia de irritação pulsar em minha testa. Antes que pudesse dar a devida resposta o meu Denreishinki começou a apitar. Peguei-o do bolso da calça e o abri vendo vários pontinhos luminosos no pequeno mapa, indicando uma invasão no centro da cidade.

- O que houve? - perguntou a Kurosaki com uma expressão séria.

- Um novo ataque de Hollows. - disse já saindo do Gigai. - Não se preocupem, eu volto logo. - e sumi no Shunpo, saltando pelos telhados e prédios em direção ao centro de Karakura.

Desta vez não havia garganta para o Hueco Mundo, muito menos a aparição do maldito Adjucha, muito provavelmente ele estivesse esperando que eu fosse embora para atacar novamente. haviam apenas pequenos Hollows, porém em grande número. Vi alguém lutando adiante, o rapaz tinha cabelo escuro e usava a armadura de kendo sem a máscara. Quando me aproximei, fatiando alguns Hollows com minha zanpakutou, pude reparar no rosto do garoto. Era Moeru Koji, um dos companheiros de Karin. Ele lutava astutamente contra os Hollows, confiante, nem ao menos parecia o rapaz inseguro de antes. Ao me notar, Moeru baixou a guarda e um Hollow quadrúpede com a máscara retorcida quase lhe abocanhou a cabeça, se não fosse por meus reflexos rápidos, o humano teria morrido.

- Hitsugaya-dono… - balbuciou surpreso. - Arigato.

- Deveria tomar mais cuidado garoto, ou acabará morrendo. - repreendi-o saltando contra outro Hollow.

- Sumanai. Sumanai Hitsugaya-dono. - desculpou-se pondo-se de pé novamente. O garoto empunhou seu objeto vetor pronto para atacar.

- Por que está aqui? - perguntei enquanto lutava, aqueles Hollows eram fracos comparados aos que já havia enfrentado.

- Estou caçando o monstro que matou minha mãe. - respondeu sério, fatiando dois Hollows de uma vez.

- Então sua mãe foi morta por um Hollow? - indaguei não tão curioso quanto aparentava, acabando com mais daquelas criaturas de máscara.

- Sim, Hitsugaya-dono. Foi um monstro pequeno, parecido com uma hiena. - relatou tristonho ao executar o último Hollow.

- O que disse? - voltei-me para ele surpreso. O Hollow que havia tirado a vida de sua mãe era o mesmo Adjucha que atacara Karin no parque? Não podia ser coincidência, podia? - Você disse, uma hiena?

- Sim. - ele faz a espada voltar a ser o simples guarda-chuva negro, e guardou-o no saco preso às costas. - Uma criatura horrível. - ele me deu a descrição do monstro que com toda a certeza era Deima.

- Este Hollow também atacou a Karin. - comentei inconsequente. As palavras apenas fugiram naquele momento.

- K-Kurosaki-san? - de repente o garoto ficou muito preocupado. Baixando a cabeça deprimido ele resmungou algo baixinho. - Eu sabia que ela não tinha se machucado treinando…

- Vou lhe dar um conselho.. Não se envolva com esse monstro. Ele não é um Hollow para um humano enfrentar.

- Mas… - cortei-o antes que pudesse protestar.

- Não tente fazer o trabalho de um Shinigami. - e desapareci no shunpo, me afastando de lá, retornando para casa.

 

O sol se punha preguiçosamente deixando o céu limpo alaranjado, e não pude deixar de contemplá-lo antes de realmente retornar para a casa da Haru. Parando em certo ponto da estrada, no morro que dava plena vista de toda a cidade, pude observar calmamente o sol se pôr, aos poucos desaparecendo do céu e dando lugar às estrelas e a lua que se mostrava tímida ao surgir no alto. Aquela cena sempre me fazia lembrar dos meus dias no Rukongai com a Hinamori, no tempo em que eu não tinha preocupações e não pensava em me tornar shinigami.

Não é hora de lembrar do passado, mestre. Ouvi a voz de hyourinmaru claramente em minha cabeça. Precisamos voltar para a Karin-dono. Ele sempre dizia isso. Desde que as guerras acabaram, desde que tudo se acalmou, hyourinmaru tem me dito a mesma frase: Precisamos voltar para a Karin…

- Karin. - murmurei involuntariamente. Aquilo tudo estava confuso demais para mim. Eu sentia algo por ela, queria protegê-la, mas por que? - Estou indo… - E parti em um flash, voltando a correr pelos telhados até chegar na varanda da casa da Oba-chan.

Ao primeiro momento vi Karin sentada sobre os calcanhares, arrumando uma bandeja de dangos perfeitamente empilhados sobre uma mesa baixa. Seu cabelo ébano estava solto e alguns fios eram carregados em meio a brisa de outono, e seus grandes olhos negros brilhavam a luz do luar. Ao me ver abriu um sorriso travesso.

- O que está aprontando? - perguntei a observando com curiosidade.

- Otsukimi, Toushirou. Eu estou arrumando tudo. - respondeu indiferente.

Pretendia dizer alguma coisa, mas desisti ao ver a alma alternada chegar vestindo meu gigai e entregar uma bandeja com alguns bolinhos em forma de coelho para Karin. Ao me ver deu um sorriso constrangido esperando retornar a forma de Soul Candy. E foi exatamente o que fiz, voltando para o corpo artificial.

A lua já brilhava alto no céu, realmente a mais bela do ano. Sentei-me ao lado da Kurosaki para observar o céu estrelado e o corpo celeste que iluminava a noite. Meus olhos fugiam do céu para o rosto levemente corado de Karin, esta não desvia os olhos de jeito nenhum do luar, parecia saber que estava sendo observada.

Haru-baa-chan então chegou até a varanda carregando uma bandeja com o bule de chá cheio, deixando-a sobre a mesa. Ambos a encaramos e ela sorriu gentilmente.

- Eu vou me retirar agora. - disse ela com a voz suave, indo para a porta da casa. Arqueei as sobrancelhas questionador.

- Não vai se juntar a nós? - perguntei e ela riu docemente.

- Não, Toushirou-chan. Eu estou um pouco cansada. - respondeu entrando em casa, e antes de fechar a porta completou. - Já arrumei o futon no quarto de hóspedes para quando forem dormir.

- Arigatou Haru-baa-chan! - agradeceu Kurosaki com um largo sorriso que foi devolvido pela senhora antes de sumir dentro da cozinha. Karin então baixou a cabeça meio constrangida sem dizer nada.

- Chá? - perguntei tentando cortar aquele clima. Ela me encarou vermelha e assentiu. Então servi-nos da bebida.

- A lua está tão bonita, não é mesmo? - perguntou tomando um gole do chá, sem desviar os olhos do céu. O brilho da lua era tanto que iluminava tudo, deixando a face corada da Kurosaki exposta.

- Realmente. - concordei assentindo, e ela riu. - O que foi? - indaguei a encarando.

- Seu cabelo, reluz ao brilho da lua. - disse inconsequente, me encarando com um sorriso bobo. Ao perceber o que havia dito virou o rosto corado para outra direção.

- Oe, Kurosaki olha para mim! - exigi ranzinza. Ela grunhiu.

- Só se me chamar pelo nome. - resmungou birrenta.

- Karin! - chamei com a voz grave, ela então me encarou com os olhos negros brilhantes. - Você está linda sob a luz da lua.

- kyaaa! - grunhiu ela com o rosto vermelho, levando as palmas ao rosto e apertando os olhos fechados. Uma reação muito fofa.

Fiquei encarando-a por um tempo, ela continuava olhando para baixo ainda envergonhada. Após poucos minutos tornou a me encarar, com um sorriso leve no rosto.

- Como é ser um taichou lá na Soul Society? - a pergunta me surpreendeu.

- Por que está interessada? - perguntei curioso, ela fez careta.

- Só estou puxando assunto. Agora responda. - exigiu cruzando os braços e fazendo biquinho.

- É difícil. É preciso impor autoridade o tempo todo, não se pode ser afável de mais com os subordinados ou eles perdem o respeito. - respondi tranquilo tomando um gole do chá com calma. Ela apenas riu.

- Para você deve ser cruel, né? Um pirralho tendo que impor respeito. Com essa cara de criança fica difícil. - disse entre um riso travesso, apenas fiz uma careta enquanto uma veia pulsava em minha testa.

- Eu não tenho mais cara de criança. - resmunguei de forma infantil que só fortaleceu seu argumento. - Mas é difícil por ser jovem.

- Ah! Quantos anos você tem Toushirou? - perguntou curiosa, se inclinando em minha direção para afagar meus cabelos.

- Quantos anos eu tenho? Parei de contar a muito tempo. - disse-lhe pensativo, tentando lembrar quando foi que parei de enumerar os anos que vivi. - Mais de trinta é certo. - esclareci e ela fez uma careta de desagrado.

- Nossa, Ojisan. É por isso que tem cabelo branco. - brincou entrelaçando os dedos em alguns fios prata do meu cabelo, fazendo-me adquirir um leve rubor.

- Eu sempre tive cabelo branco, Karin. - respondi sem intenção de afastar sua mão. - e não sou tão velho assim. Lá na Seireitei sou o mais jovem.

- Minha nossa. - aquilo soou muito sarcástico.

Ela afastou a mão dos meus cabelos e voltou a olhar para a lua. Por um tempo ficamos apenas tomando chá e observando aquele orbe brilhar no céu. Mas em certo momento peguei Karin me encarando com aquele típico sorriso bobo e as bochechas rosadas.

- O que foi? - perguntei olhando-a de canto de olho.

- Ha! Ha! Fecha os olhos e abre a boca. - pediu com uma curta risada, daquele jeito divertido dela.

- Mas o que? - indaguei sem entender, ficando de frente para ela.

- Shii. Só fez o que mandei. - insistiu com uma expressão zangada e de certa forma fofa.

- Tá certo… - resmunguei fazendo o que ela pediu.

Senti algo macio sobre minha língua, ela apenas riu sapeca. fechei a boca sentindo algo doce e fofinho, mas muito grudento. Abri os olhos abruptamente quando ela gargalhou.

- Ha! Ha! O que achou dos meus bolinhos de mochi? Recheei com uma mistura de chocolate com menta. - perguntou agitada, curiosa para saber minha opinião.

- Hmm, Hmmm. - resmunguei ainda saboreando o doce de massa tão grudenta. - Está bom. - respondi indiferente, mesmo sabendo que uma resposta simples não agradaria Karin, e que os bolinhos estavam deliciosos. Se tornaria meu novo doce favorito.

- “Está bom”? - repetiu ela enfezada. Como disse, o comentário não a agradou. - Só bom? Toushirou. Eu demorei muito para fazer esses doces. Yuya e Haru-baa me ajudaram.

- Yuya? Quem diabos é Yuya? - perguntei agora eu enfezado.

- Oh?! É o nome da alma alternada que fica no seu gigai quando vai atrás de Hollows. - respondeu com o rosto neutro.

- E essa coisa lá tem nome? - indaguei franzindo o cenho, ela me deu um leve tapa no ombro.

- Que cruel Toushirou. É claro que tem. - retrucou com uma seriedade cômica. - Você que nunca se preocupou em perguntar. - então ela soltou uma sonora gargalhada. - É tão engraçado vê-lo tímido, nem parece você.

- Argh, o que? Essa alma alternada tem personalidade própria? Eu pedi para a associação de shinigamis femininos me conseguir um neutro. Essas mulheres. - reclamava mais para mim mesmo, porém Karin se acabava rindo. - Oe, pare de rir de mim.

- N-não estou… Rindo… De você… - começou pausadamente entre o riso até este cessar. - Ha! Ha! É do seu acesso de preocupação.

- Ora, eu ligo para minha imagem. Sei muito bem o que aquelas mulheres podem fazer com uma fotografia inesperada. - retruquei cruzando os braços e fechando a cara.

- Você deveria ser mais gentil com Yuya. - pediu com aquele sorriso único.

- E por que eu deveria?

- Por que ele está pronto para lutar por você. - respondeu de certa forma séria.

- Tck. - Apenas estalei a língua e dei de ombro.

Ela apenas se aproximou, sentando-se ao meu lado e encostando a cabeça no meu ombro. Observava a lua sem muito interesse pois o rosto de Karin era um atrativo muito mais agradável.

- Eu gosto de estar na sua companhia. Me sinto normal. - começou ela daquela forma doce que Kurosaki Karin sabia usar as vezes. - Sabe. Você entende essa loucura toda que nos cerca. Então posso ser totalmente sincera com você.

- Eu também me sinto assim com você Karin. - falei com um fraco sorriso. - Você não me trata como um superior, e isso não me incomoda mais, porque com você eu não preciso usar uma máscara de gelo.

- Toushirou… - murmurou ela erguendo a cabeça para me encarar.

Sua pele rósea tão atrativa, seus lábios entreabertos, e seus olhos... Aquelas orbes ônix que me prendiam como um cativo, um cativo que não podia e nem queria fugir. Inclinei-me em sua direção, aproximando-me dela. Senti sua respiração quente contra meu rosto, e o cheiro de hortelã em seu hálito. Ela estava vermelha e fechava os olhos com força, como se esperasse algo acontecer. Levei a mão ao seu rosto acariciando a maçã do rosto com o polegar, ela soltou um suspiro ao sentir o toque frio de meus dedos. Senti suas mãos segurarem ambos lados de minha face, mãos macias e quentes que me faziam sentir confortável. Aproximei meus lábios dos dela selando-os em um beijo gentil, o qual foi correspondido de imediato por ela. Ficamos por um tempo naquele beijo, tendo a lua como testemunha. E quando o ar faltou nos afastamos. O rosto dela estava muito vermelho, não tanto quanto o meu, tenho certeza. Ela sorriu timidamente olhando dentro dos meus olhos. Senti sua alma quando disse aquelas palavras.

- Aishiteru Toushirou. - e sem demora lhe roubei os lábios outra vez.

- Aishiteru Karin. - devolvi ao me afastar.

Agora compreendia aquele sentimento de querer estar constantemente com ela. Era isso afinal. Amor. Eu a amava de todas as formas. Sentia que meu coração de gelo aquecia e derretia até tornar a bater novamente, ao ritmo do dela, de forma sincronizada. Como se agora o nossos corações fossem um. E o fato dela sentir o mesmo só me enchia mais o peito. Karin me amava. Minha Karin. Mesmo sendo uma humana, era mais valente que muitas shinigamis, mesmo sendo mulher se mostrava mais valente que qualquer homem. Ela era única. talvez por isso tenha me apaixonado, devo ter me perdido naqueles olhos de ébano a primeira vez que os vi diretamente. Foi realmente uma armadilha cruel. Uma armadilha que se tornou prazerosa ao decorrer do tempo. O cativeiro cujo qual o cativo não queria sair. O lar para onde voltar.

- Aishiteru… - repeti em um sussurro quando ela me abraçou. Não iria perdê-la. Jamais.


Notas Finais


Estou aqui de volta meus amigos, vim para avisa-los que talvez o próximo capitulo atrase um pouco pois nem comecei a escrever e estou panejando outras shot-fic e one-shot, principalmente um especial de natal que já comecei a escrever e aos poucos termino, então se eu atrasar o capitulo não fiquem zangadinhos, pois ele vai sair.


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