O médico explica pra Ryan o estado em que seu tio se encontrava.
– Frank havia sido alvejado por três tiros,foi encontrado apenas um projétil indicando que os outros por sorte não tinham se alojado em seu corpo,mas esse único projétil que ainda se encontrava em seu organismo causou lesões serias.
Ryan então coça sua testa e com um ar de preocupação e pergunta ao médico qual a gravidade da lesão.
– Bom,esse projétil, está nesse momento alojada na medula espinhal do seu tio a nível lombar e que acabou causando um corte transversal na medula,estamos tentando remover nesse instante a bala alojado,a quadro do seu tio no momento é estável a uma possibilidade até que entusiasmante de salvarmos o seu tio,mas o ferimento causou um dano irreversível na sua medula e provavelmente ele perderá o movimento dos seus membros inferiores e caso ele sobreviva a cirurgia ele não poderá mas andar.
Ryan perde suas palavras,ele põe suas mãos na cintura e começa a suspirar,olha para um lado e para o outro mas não sai sequer um som de sua boca,Andrew agradece pelas informações ao médico que logo se retira do recinto,Ryan ficou desnorteado com a notícia,ele não sabia como deveria reagir ele apenas se sentou na cadeira de espera do corredor sem expressão,curvou-se para frente e com seus cotovelos apoiados sobre suas pernas colocou as mãos sobre sua boca,deu mais um longo suspiro e com suas mãos cobriu seu rosto,Ryan imaginava que perderia mais alguém de sua família ali.Andrew e Steve não sabiam como reagir que palavras usar para consolá-lo,então eles apenas se sentaram ao lado de Ryan e em silêncio começaram a encarar aquela imensa parede fria e sem vida de cor gelo.
Após 20 minutos sem que ninguém houvesse dito uma palavra Ryan se levanta e se dirige até a maquina de refrigerantes,ao colocar suas mãos em seus bolsos percebe que ele não tinha se quer um centavo com ele,então ele se vira e pede 5 dólares a Andrew que se levanta e lhe entrega o dinheiro,Ryan põe sua mão sobre a máquina olha para baixo e insere o dinheiro e escolhe o que irá beber , logo ele olha para cima,observa a espiral de metal girando lentamente para liberar sua bebida,enquanto isso ele começa a olhar mesmo que em uma imagem não muito nítida, seu reflexo pelo vidro da máquina de refrigerante ,percebe que cai uma lágrima,ele a seca com uma das mãos suspira e começa a olhar pra cima,Andrew pega o refrigerante o abre e entrega para Ryan que diz que perdeu a sede e que não queria mas o refrigerante,Andrew então joga-o fora e se dirige a Ryan coloca a mão sobre seu ombro e tenta conversar com ele.
Andrew – Ei,Ryan você está bem ?
Ryan – Você acha que eu estou ? Pelo que eu vi minha aparência não são das melhores .
Andrew – Olha eu não sei o que você ta passando,aliás não faço a mínima idéia,sei que você e seu tio não eram muito próximos,mas ele é da sua família isso é algo que não tem como mudar,e mesmo sendo pouco ainda há um sentimento em relação a ele.
Ryan – Eu nunca pensei que derramaria se quer uma lágrima que fosse por ele,mas pelo jeito eu estava errado.
Andrew – Ele é seu tio cara,eu sei o quão desprezível ele poderia ser,mas ele é do seu sangue,da sua família e isso é algo que não tem como mudar ou refutar.
Ryan coloca suas mão no bolso se senta na cadeira e começa a olhar para baixo,Steve olha para o seu celular ,faltava 5 minutos para as 23 horas ,com fome ele pergunta se eles não gostariam de sair esfriar a cabeça,comer alguma coisa,Ryan diz que talvez fosse uma boa ele apesar de estar horas no hospital,a ansiedade e nervosismo causado pelo estado em que seu tio se encontrava tirou seu apetite,mas ele gostaria de dar uma volta,Andrew concorda então ele vai até a recepção deixa seu número com a recepcionista,diz que o acompanhante de Frank Bennet Carter se ausentará por algum tempo, e que qualquer mudança no quadro clínico dele imediatamente ligasse,a secretaria guarda o número e diz que qualquer novidade ligaria para o número,Andrew agradece e vai embora.
Ao chegar no carro Andrew pergunta para onde eles iriam,os dois concordam em ir ao The Kinnes,ao chegar Steve sai do carro e ao olhar para trás ele vê o carro de Oliver estacionado a pouco metros.
Andrew – Você tem certeza que o carro é de Oliver ?
Steve – Ao menos que você conheça mais alguém que tenha um Corvette C4 1991 vermelho.
Andrew – Dane-se, é um país livre.
Os três entram no The Kinnes,escolhem o último lugar assim como da última vez que foram lá.A conversa estava boa, Ryan estava esquecendo por um momento tudo que estava acontecendo,e aos pouco você poderia perceber esboços de algo que se assemelhava com um sorriso,durante a conversa Steve começa a falar sobre Oliver,pois ele tinha visto seu carro estacionado,bom pelo menos ele tinha certeza de que o carro era dele,mas ainda não teria visto ele na lanchonete,então do seu lugar começa a procurá-lo,olha para todos as mesas da lanchonete até que finalmente o encontra.
Steve – Achei ele,eu sabia que ele estava aqui.
Andrew – Idai que ele está aqui ?
Steve – Nada ué eu só queria estar certo...Espera aquela ali não é a Michelle ?
Andrew – Ela não disse que só poderia sair final de semana ?
Steve – Pelo jeito ela não estava falando a verdade,Hm...então ta ficando tarde acho melhor nós irmos...
Ryan – Embora porque ?
Steve – É...por...eu acho que eu ainda estou com fome,acho que vou pedi outra coisa.
Andrew – Tem algum se ficarmos ?
Ryan – Não,claro que não,ela não é minha namorada cara,aliás ela não é nada minha,ela pode sair com quem ela quiser,e não tem que dar satisfação a ninguém,obvio que eu não fui muito com a cara dele mas o que eu posso fazer ?
Steve – Ok,maduro isso foi bem adulto estou impressionado,lembro da época em que se isso acontecesse nós três iríamos dar um jeito nele,quer dizer,tenta.Provavelmente apanharíamos pois nunca fomos bom em lutas mas não deixaríamos isso barato.
Ryan – Steve,sério só você pra me fazer rir uma hora dessas.
Steve – Fazer o que né ? Nasci pra fazer as pessoas felizes.
Andrew – Exceto eu né ?
Steve – você mora comigo sua vida é feliz.
Andrew – a claro,com certeza.Tinha esquecido desse detalhe.
Steve – É...Ryan eu sei que você não está nem ai para o que acontece na outra mesa,mas eu acho que não seria aconselhável você olhar pra lá agora.
Ryan olha,os dois estavam se beijando aparentemente ele não se importou muito pois não demonstrou nenhum tipo de reação quanto aquilo,mas por dentro ele sentia leves e suaves pontadas em seu coração,Steve e Andrew começam a olhar para Ryan que continua a observar os dois,ele continua sem reação apenas com um olhar sério mas que não aparenta ligar muito,então ele para de olhar, pega seu Milk Shake e bebe o resto que falta,se levanta e pede para Andrew pagar para que eles possam ir embora,ao caminho até a saída,Michelle olha para o lado e vê Ryan e seus amigos indo embora,ela então começa a olhá-lo,ele antes de sair olha mais uma vez para trás e percebe que ela o olha,e por frações de segundos eles se encaram,após isso ele sai e ela volta a conversar com Oliver.
Andrew pergunta a Ryan se ele queria voltar ao hospital ou ir pra casa,Ryan responde que ele não precisa voltar ao hospital pois eles não ligaram então a situação dele deve continuar estável,a casa dele estava destruída e como é uma cena de crime ele não poderia voltar para lá,então ele da a sugestão deles irem ao lago,Steve não vê problema algum já que o ponto de encontro dos três pra quando estão passando por algo complicado no dia.
Ao chegar eles estacionam o carro perto da cabana,vão até o píer,tiram seus tênis,dobram suas calças e imergem seus pés sobre a água.O silêncio naquele momento era totalmente agradável,a única coisa que se ouvia era o som do roçar das asas dos grilos que haviam por ali,que ecoava sobre o imenso,escuro e vazio lago, e era um som bem reconfortante o que era irônico pois o som de uma estridulação costuma ser muito estressante.
Os três ficaram por horas e horas sentados apenas apreciando a beleza do vazio,parados olhando pro nada,Ryan olha para o céu,não há nenhuma nuvem para esconder as estrelas,é uma noite ideal para se deitar no chão e olhar para cima,Steve decide voltar para o carro,diz que está exausto e que se continuar ali vai acabar caindo na água então ele pega seu tênis e vai pro carro.Andrew e Ryan ficam conversando.
Andrew – Hoje foi mais um “daqueles” dias.
Ryan – É...Hoje foi foda.Minha casa foi revirada,meu tio está em leito de morte,a garota que eu gosto ta ficando com alguém que eu não conheço,mas aposto que é um puta babaca e eu to aqui,meia noite fora de casa descalço e com os pés molhados.
Andrew – Bom,pelo menos a noite está agradável hoje.
Ryan – A é isso é bem reconfortante.
Andrew – Ironia ou não ?
Ryan – Não,falando sério,quando tínhamos problemas meu irmão me trazia aqui ficávamos sentados olhando pro céu também,ele dizia “olhe pro céu,reze as estrelas,deixe seus problemas se juntarem aos outros que já estão pairarem sobre essa imensidão vazia e volte pra casa com sua cabeça leve” eu não esqueço nunca disso.
Andrew – Belas palavras,seu irmão sempre foi inteligente,lembro quando éramos pequenos e víamos com ele pra cá e ele fazia aqueles foguetes pra gente,até hoje eu não sei o que ele colocava naquelas garrafas.
Ryan – Nem eu,vou perguntar pra ele quando ele vier.
Andrew – Ele vai vir ?
Ryan – Vai,eu liguei pra ele hoje,acho que sexta ou sábado ele deve chegar.
Andrew – Hum,acho que eu vou indo também,to cheio de sono.
Ryan – Vai lá,eu vou ficar mais um pouco.
Andrew – Se for dormir ai,tem uns lençóis e um travesseiro na mala,só ir lá pegar eu vou deixá-la aberta.
Ryan – Você já sai de casa pronto pra dormir fora ?
Andrew – Não mas eu já imaginava não dormiria em casa hoje.
Ryan – Ata.
Andrew – Bom,então eu vou indo.
Ryan – Ei,Andrew...
Andrew – Sim ?
Ryan – Valeu por...
Andrew – Não,não precisa agradecer.Somos uma família lembra ? A gente ta junto pra qualquer coisa.
Ryan – É,eu sei.
Já estava tarde e eles não queriam voltar para casa,então decidiram dormir no carro,Ryan porém não estava com sono então decidiu ficar acordado,pensava em tudo que estava acontecendo,aquele dia não tinha sido nada fácil,era difícil você lembrar do que havia acontecido,chegar em casa vê-la totalmente destruída,seu tio se arrastando em uma poça de sangue...era algo que ele não conseguia para de imaginar,então ele tenta pensar em outras coisas,mais uma vez ele se deita sobre o píer,cruza suas mãos e põe por de baixo da sua cabeça e começa a contar estrelas,era algo que seu irmão o ensinou quando era mais novo pra quando não conseguisse dormir,e realmente funcionava a visão de Ryan começava a embaçar e seus olhos aos poucos se fechavam.
Ao acordar Ryan,percebe que dormiu no píer,se senta e leva as mãos ao pescoço pois sentia um leve incomodo,olha para o horizonte se admira com a alvorada,boceja e esfrega seus olhos,pega o celular que estava em seu bolso olha hora eram 8:30,Ryan percebe que haviam ligado 5 vezes para ele,provavelmente do hospital com noticias do seu tio,Ryan se levantou do chão e foi para o carro acordou Andrew e Steve e pediu que fossem para o hospital,Andrew procura as chaves pelo carro,pelo jeito ele deve ter deixado cair em quanto dormia,Ryan então sai do carro e tenta retornar a ligação,o sinal ali do lago não é das melhores,ele tenta mais uma vez,a linha estava ocupada Ryan então volta ao carro e pergunta se Andrew já tinha encontrado as chaves,Andrew responde que não.Ryan frustrado vai para a frente do carro e se senta no capô,Steve sai do carro e se dirige em direção a Ryan e se senta do seu lado.
Steve – Cara,não se preocupa seu tio está bem,provavelmente ligaram pra avisar que terminaram a cirurgia.
Ryan – É mas o quadro dele é estável e a qualquer momento pode piorar.
Steve – Sabe,é estranho.
Ryan – O que ?
Steve – Você se preocupar com o seu tio.Até um tempo você queria ele morto,e agora não quer que ele morra.
Ryan – Pois é,talvez meio hipócrita,mas sei lá...eu nunca pensei que iria me importar com ele algum dia,Ele e meu irmão são a única família que tenho.
Steve – Cof cof.
Ryan – E vocês dois é claro,mas o que eu quero dizer é que... e se ele morrer ? Eu só vou ter o meu irmão,e ele está a milhas e milhas de distância,e perder alguém da família mesmo que não seja próximo ou que você não tenha uma boa relação ela é difícil.
Steve – Sei como .
Andrew – Ei,achei as chaves.Estava embaixo do pedal do acelerador.
Steve e Ryan entram no carro,Steve diz estar com fome e pede para que eles parem em algum café para que eles peçam alguma coisa,Andrew diz que no hospital havia comida e ao chegar ele poderia comprar algo pra comer.Chegando ao hospital Ryan sai do carro e sente uma leve e fria brisa,seria algum pressentimento ruim ? Ryan começa a ficar ansioso.Dentro do hospital eles se encaminham para a recepção e perguntam pelo estado do paciente Frank Phillipe Wright,a atendente informa que a cirurgia foi bem sucedida mas que o estado dele ainda era grave,e que logo após a cirurgia ele foi encaminhado a UTI,Ryan pergunta por mais informações,ela responde que ele precisaria falar com o médico,ele pergunta onde encontrá-lo,ela diz que ele ainda não tinha chegado seu horário era as 11 horas,Ryan agradece e vai se sentar ,olha para o celular ainda eram 9 horas,ele suspira e começa a coçar os olhos.Steve então pede para que ele o acompanhe até a lanchonete do hospital para que eles possam comer algo,Ryan aceita diz que não comeu muito a noite e que estava com um pouco de fome.Ao voltar da lanchonete já eram 11:30 eles vão a recepção e perguntam se o médico já teria chegado,a atendente diz que sim,Ryan pergunta qual era o seu nome,Dr Chiveland ela responde,ele agradece e sai a procura do médico.Eles andam por todo hospital até que finalmente o encontrão.
Ryan – Doutor Chiveland ?
Dr Chiveland – Sim.
Ryan – Eu sou Ryan Bennet Evans Cooper sou sobrinho do paciente Frank Bennet Carter.
Dr Chiveland – A sim,eu realmente estava querendo falar com você.
Ryan – Como ele está ?
Dr Chiveland – Bom,as noticias não são nem um pouco animadoras.
Ryan – Como ele está ?
Dr Chiveland – O quadro dele ainda é estável,a cirurgia foi um sucesso conseguimos retirar a bala que estava alojado,mas o projétil causou um trauma raquimedular completa com ruptura parcial da medula,infelizmente os efeitos são irreversíveis,e se seu tio sobreviver ele nunca mais poderá andar.
Ryan então respira fundo e abaixa a cabeça,Andrew põe a mão em seu ombro em forma de consolo.Ele agradece ao médico que logo depois vai embora,Ryan então se senta e pega seu celular havia 11 chamadas perdidas,de 3 números diferentes,mas como os números eram desconhecido então ele pouco se importou e colocou seu celular de volta no bolso.Ryan então pede para que Andrew vá até a sua casa e pegue algumas coisas para ele,Andrew diz que provavelmente ele não poderia entrar pois sua casa deveria estar interditada pois era a cena de um crime,Ryan diz que eçe apenas entre e pegue algumas roupas limpas,dinheiro e uma mochila,Andrew suspira mas concorda,ele pede para que Steve fique com ele e logo em seguida vai embora.
Steve pergunta se Ryan gostaria de conversar,distrair a cabeça ou fazer algo para desestressar,Ryan diz que não que ele apenas queria ficar sentado sem fazer nada,Steve então tira seu celular do bolso,desembaraça seu fone,fecha os olhos e começa a ouvir musica.Ryan então tira sua carteira do bolso,abre-a,e tira uma pequena foto,era um foto antiga tirada com seu irmão e seu tio no lago,ele a encara por algum tempo,foi um dos insólitos momentos de descontração e de que eles aproveitaram a companhia do outro,ele tinha os levado para jogar futebol,eles comeram cachorro quente,nadaram no lago foi um dia incrível,então com um sorriso ele guarda a foto de volta na carteira e a põe de volta no bolso,se recosta na cadeira e olha para cima,e para si mesmo ele sussurra:
– Um dia...nós voltamos a brincar juntos.
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