Somente Sango conseguiria me fazer rir á essas horas. Ela me colocou sentada em cima da tampa do sofá e começou a limpar os ferimentos. Quando terminou de fazer isso, enfaixou meus pulsos e pegou uma daquelas esponjinhas, que usam junto com o removedor de maquiagem, para limpar a zona que eu havia feito.
– Sinto-me frustrada. - murmurei cabisbaixa.
– Por quê? - Sango perguntou franzindo o cenho.
– Nem uma maquiagem eu consigo fazer direito. - suspirei fitando o chão, que me pareceu extremamente interessante.
– Sua maquiagem ficou linda. - Sango retrucou. - Ficou parecendo uma diva, uma estrela do Rock. Amiga, pare com isso e se de um pouco mais de valor e menos defeitos. Você É LINDA, só esconde isso.
– E como eu faço para mostrar essa "beleza"? - perguntei levantando o meu olhar, para ver Sango sorrindo euforicamente.
– Eu simplesmente, não acredito no que eu ouvi. - ela deu pulinhos, enquanto batia palmas, como uma criança que havia acabado de ganhar o doce favorito.
– Sango... - murmurei temerosa.
– Vou fazer uma transformação em você! - anunciou ela ainda com um sorriso enorme, nunca vi sorriso maior do que esse.
– Transformação? - perguntei. - Sango, eu não sou aquelas personagens de animes, mangás, livros, filmes e a bagaça toda. Eu sou humana, não vou me transformar de uma hora para a outra como as três espiãs de mais.
– Por isso mesmo, vai ser uma transformação BEEEEEEM demorada, você não é uma boneca, mas me agrada docinhos. - sorriu novamente, e eu fiquei sem entender o que doces estavam fazendo no meio da conversa.
– Sango, o que doces tem há ver? - perguntei franzindo o cenho.
– Nada docinho. - ela piscou e então eu entendi que o "docinho" era eu. Senti-me um tanto constrangida, afinal, não recebo muitas declarações de afeto. - Vai aceitar minha proposta? - perguntou dando mais um daqueles "pulinhos".
– Proposta?
– Vou revelar a gata que tem em você. - Sango fez uma pose de "diva", que fez com que eu desse risada baixinho. - É serio, não da risada não.
– E como pretende fazer isso, Sango? - perguntei sem me importar muito... Não sou eu que estou em jogo? Porque estou tão calma?
– Vou fazer com que você... - ela começou e depois se interrompeu, dizendo: - Oras, surpresa. Aceita ou não aceita? Lembrando, que isso vai ser como um casamento. Na chuva ou no Sol, nos feriados ou nos domingos, nas brigas e nas encrencas. Até que termine, Eu, você e as minhas queridas dicas. Aceita?
– Isso é bigamia sabia, Sango? - perguntei franzindo o cenho.
– Aceita, ou não aceita, dona Kagome Higurashi? - Otimo, Sango agora me pôs em um ultimato. Será que devo deixar quase que minha vida nas mãos dela? - E ai...?
– Ok, Sango, eu aceito. - suspirei. Afinal, o que eu poderia perder?
X-X-X
– E foi isso. - Inuyasha falou se deitando no sofá.
Tinha acabado de contar toda a historia para Sesshomaru, que ouvia tudo pacientemente, como um devido pscicólogo. Havia alguns momentos em que o garoto tinha um tom transtornado, enquanto contava o que havia descoberto sobre o que se passava com Kagome e o mais contente de todas as situações para Inuyasha, foi quando eles se divertiram juntos na casa dos Taisho. Ele havia descrevido a maneira de como os olhos da morena brilhavam, enquanto ela contava o que gostava de fazer, o que gostava de comer e o que detestava.
Para Sesshomaru, Kagome era a mulher certa para Inuyasha, mesmo que nunca houvesse a visto, ou até mesmo conversado com a mesma. Ela o deixava contente, fazia com que ele saísse daquele mundo superficial, em que os populares se encontravam. Mas o que o impressionou, foi o modo em que o babaca do seu irmão, achou para se aproximar da garota, usando a irmã, que era completamente uma víbora.
– Você definitivamente, é um imbecil, Inuyasha. - falou impassivelmente. - Poderia ter se aproximado de outra maneira.
– Aham, uma das garotas mais inteligentes do colégio, que se isola por uma merda de um preconceito sem fundamento, que "tem medo das pessoas" como ela mesmo disse e que quase não confia em ninguém. Iria aceitar eu, o jogador de futebol da escola, que é um dos populares e que nem ao mínimo teve força para falar com ela, quando a viu pela primeira vez? Acho que não, Sesshomaru.
– Inuyasha, você continua sendo um idiota, babaca, imbecil, que não toma uma merda de uma atitude, que namora a idiota da irmã da garota que gosta e que está perdido, sem saber o que fazer. Porque no seu plano de "conquistar a Kagome", não estava programado que ela mandasse você ir pastar. - suspirou e apertou a ponte do nariz, tentando pensar. - De um jeito de levar Kagome ao meu consultório.
– E como vou fazer isso, seu retardado? - perguntou o mais novo, se sentando no sofá.
– Não quero nem saber, se não quer que a mulher que você ama morra, por uma depressão ou algo do tipo, de um jeito de leva-la. - respondeu o mais velho se levantando e começando a rumar novamente em direção à biblioteca.
– Primeiro eu tenho que dar um jeito na Kikyou... – murmurou Inuyasha pensativo enquanto passava as mãos pelos cabelos nervosamente. – Mas não posso terminar com ela agora, ou pesará para o lado da Kagome... – se deitou novamente, fechando os olhos e recordando o momento do “jantar em família” que teve com Kikyou.
Flash Back:
Quando chegou em frente a casa de Kikyou, toda a coragem que havia tomado para ir até lá, havia se esvaído.
– Eu sinceramente, sou um idiota. – murmurou. – Eu poderia inventar que peguei um resfriado... Assim, repentino e que não poderia comparecer...É, vou fazer isso mesmo. – completou determinado. Estava prestes a ligar o carro e sair dali, quando Kikyou abriu a porta e gritou animada ao ver o carro:
– INU-KUN!
– Merda. – praguejou olhando em direção a porta, onde a “namorada” estava. – Kikyou. – acenou.
– Pretende ficar ai, ou entrar? – o tom que a garota usou, só deixou sua voz ainda mais irritante.
– Posso ir embora. – revirou os olhos, enquanto saia do carro.
– Não, Não, Não. – o tom de Kikyou seria aconchegante e infantil... Se não fosse ela, claro.
Inuyasha nada respondeu, apenas passou por ela, entrando na casa e depois se sentiu um tanto sem graça, enquanto ia se sentar no sofá.
Kikyou por sua vez, trincou o maxilar e forçou um sorriso, enquanto fechava a porta. Caminhou até onde Inuyasha estava e se sentou ao lado do mesmo, muito próximo. Próximo de mais para o gosto dele.
– E onde estão seus pais? – perguntou Inuyasha desviando o olhar de Kikyou.
– Estão lá em cima, querido. – ela segurou-lhe o queixo, fazendo com que ele se virasse para ela. – Porque está me evitando? – perguntou se aproximando um pouco dele.
– Talvez por causa da briga? – respondeu com outra pergunta.
– Ah meu amor, esqueça essa besteira. – Kikyou enlaçou os seus braços ao redor do pescoço do Inuyasha. – Foi infantilidade minha, me perdoe. – beijou-lhe o canto da boca.
– Infantilidade, sei... – Inuyasha murmurou descrente. Sabia das mentiras de Kikyou, mas não podia simplesmente apontar para a cara da mesma, que já sabia disso.
– Vamos me perdoe, vou deixar Kagome continuar com a sua amizade. – mentiu a garota, quase convincentemente e então o beijou. Inuyasha podia muito bem recusar, podia MESMO recusar, mas seria um namoro estranho. O namorado recusando beijar a namorada.
X-X-X
Quando o Sr. e a Sra. Higurashi apareceram, começaram o típico interrogatório sobre o que ele pretendia com a filha e etc. Os pais se retiraram por um breve momento, deixando somente Kikyou e Inuyasha na sala. A morena, tentava a todo o custo, puxar assunto com Inuyasha, mas o mesmo a respondia sem emoção alguma. Quando os mais velhos retornaram, foram para a cozinha e Inuyasha estranhou o fato de Kagome não estar ali.
– A onde está Kagome? – perguntou enquanto se acomodavam nas cadeiras, Kikyou estava ao seu lado esquerdo.
A Sra. Higurashi, teve uma leve exaltação e respondeu:
– Kagome estava com dor de cabeça e decidiu não comparecer ao jantar. Quando fui chama-la, disse que queria dormir um pouco.
– Ela pelo menos se alimentou? – perguntou preocupado. – Sabe, ela passou mal na escola e ...
– Ela se alimentou MUITO bem, Inuyasha, não se preocupe. – Kikyou falou sorrindo. – Bem, vamos jantar?
– Liza, pode trazer a comida, sim? – a Sra. Higurashi chamou educadamente, a empregada que havia sido contratada especialmente para “essa” ocasião.
Uma empregada, que tinha a pele clara e os cabelos loiros apareceu. Ela aparentava ter mais ou menos 27 á 28 anos, tinha um pequeno sorriso nos lábios e que dava pequenas olhadas para Inuyasha. A moça serviu o jantar e depois se retirou.
Ele definitivamente não havia caído nessa.
Estavam conversando naturalmente, quando alguns barulhos foram ouvidos.
– O que é isso? – Kikyou perguntou se levantando.
– Parecem portas, sendo batidas. – Inuyasha falou fazendo o mesmo e indo em direção à sala. Quando o mesmo focou as escadas, viu Kagome correndo, com lagrimas nos olhos, desesperada. A menina estava descalça, e abriu a porta da sala as pressas, quase como se quisesse fugir da casa, como se quisesse fugir de algo que a amedrontava.
– KAGOME! – gritou por impulso, ela apenas praguejou e continuou correndo.
Inuyasha correu atrás da mesma, e quando Kagome parou, ficou de costas para ele. Perguntou o que ela tinha, e ela apenas lhe respondia com perguntas evasivas e pedia para que ele voltasse para casa. Quando Kagome decidiu voltar a andar, Inuyasha segurou-lhe o pulso, no intuito de faze-la ficar, mas o que ouviu, foi um murmúrio de dor.
– Descul... - começou, mas depois perguntou aflito. - Kagome, isso é sangue, o que aconteceu? - ele completou um tanto assustado, quando viu o liquido vermelho em suas mãos.
Ela escondeu as mãos atrás das costas, mas mesmo assim não fitou Inuyasha diretamente.
– Não é nada. - respondeu em outro sussurro.
Ele perguntou o que estava acontecendo, e os motivos da mesma não olhar em seus olhos enquanto respondia. Até que chegou a conclusão que seu coração tentava a todo o custo evitar. Ela realmente havia se cortado?
Reparou em seu rosto e viu Kagome como nunca havia imaginado antes. A Maquiagem borrada, os olhos um tanto inchados (provavelmente por ter chorado muito).Ela, em semanas, lhe parecia mais frágil do que um pequeno animal indefeso.
– Você se cortou, não é? - ele perguntou após um momento em que ficaram em silencio. - VOCÊ SE CORTOU! - gritou inconformado. - Kagome, você é louca? Por que fez isso?
– NÃO ME CHAME DE LOUCA! – gritou ela de volta, dando um passo para longe dele e em seguida outro. - Não, eu não sou louca, não sou... - murmurou transtornada. - Foi à primeira vez, Inuyasha, a primeira...
– Kagome... - ele murmurou. - Por quê?...
– ME DEIXA! – gritou ela novamente, saindo correndo.
E pela primeira vez, Inuyasha se sentiu impotente. Sentiu, como se não pudesse fazer nada, como se fosse um lixo... Porque não conseguira ajudar uma das pessoas que mais amava?
Voltou para a entrada da casa de Kikyou, e nem ao menos se despediu. Pegando o carro e voltando o mais rápido que podia para casa.
Fim do Flash Back.
– Eu sou um imbecil, com diploma e tudo. – murmurou afundando a cabeça em uma almofada. Ficou um tempo assim, até que teve uma ideia... Até que o nosso imbecil, pensa as vezes. Esticou o braço e pegou o telefone, ligando para Miroku, ele com certeza... Ou não, poderia ajuda-lo.
X-X-X
– Primeiro, precisamos saber, o que você MAIS gosta de fazer. – Sango falou sentada no chão, com as pernas cruzadas. Em seu colo, havia um bloco de notas e uma caneta.
– Você não acha que está incorporando uma psicóloga, Sango? – perguntei. Sim, ela havia me feito deitar na cama, de barriga para cima. Como naqueles consultórios.
Ela estava me distraindo. Com certeza era um daqueles planos dela, e sabe, estava dando certo.
A Possibilidade de mudar, sem chamar tanta atenção. É uma ideia que com certeza, me deixa um tanto apreensiva, mas essa apreensão, não é nada comparada a animação.
Depois das mini broncas, que recebi, percebi(mais ainda), que o que eu havia feito era totalmente errado. Mas mesmo assim... Aquela sensação de “alivio” e dor, continuava em minha cabeça... Era... Tentador (?).
– Kagome, Kagome? – Sango me chamou, fazendo com que eu saísse dos meus pensamentos.
– Oi?
– Acho que podemos chamar algum psicólogo, sabe alguém que podemos confiar. – ela comentou olhando para o celular, que ela estava em mãos. E que havia aparecido misteriosamente...
Aquilo me assustou um pouco. Alguém novo?
– Não, Não, Não, Sango... – murmurei.
– Calma Ka, foi só uma ideia. – ela tentou me acalmar, mas eu fiquei com os olhos um tanto estreitados. – E até que não é uma má... Vamos adota-la.
– De jeito nenhum! – sentei-me e ela me encarou, arqueando uma sobrancelha.
– Você disse que iria aceitar minhas regras, sem pestanejar e nem reclamar. – falou. – Vai descumprir nosso acordo?
Merda. Ela havia me pegado e bonito.
– Mas Sango... – comecei, mas fui cortada.
– Mudar, ou mudar. Essas são as suas opções, o que escolhe?
– Isso envolve, conhecer pessoas novas? – perguntei um tanto temerosa.
– Sempre.
– Ok, Ok. – suspirei. – Mudar... – murmurei meio insegura.
– Ótimo. – ela deu um sorriso e teclou algumas coisas no celular. – Vamos lá semana que vem, até lá você fica aqui.
– O QUÊ? – arregalei os olhos. – Não posso Sango, meus pais...
– Eles não vão se importar e você vai ficar. – declarou ela.
– E a escola?
– Oras, você tem ótimas notas, não vai se enrolar por causa de uma semana. – deu ombros.
– E você? Suas notas...
– Pare de se importar comigo, vamos nos focar em relaxar sua mente essa semana.
– Mas... – comecei e ela me olhou feio.
– Nada de mais, agora se deite e vamos continuar. – mandou estreitando os olhos.
– Ok. – me deitei suspirando.
X-X-X
– ISSO! – Inuyasha levantou em um pulo de animação.
Havia ligado para Miroku, e o amigo havia lhe passado o numero de Sango. Para sua felicidade, Kagome estava bem, Estava com Sango e a ultima, havia concordado em ajuda-lo, assim, induzindo Kagome a ir ao consultório de Sesshomaru.
– O que aconteceu, Idiota? – Sesshomaru, que passava pela sala perguntou franzindo o cenho. O irmão talvez estivesse meio bipolar e em sua opinião, também precisava de um tratamento...
– Consegui convencer a Kagome a ir ao seu consultório. – Inuyasha falou tão animado, que nem ao menos reparou no “Idiota”.
– Tudo isso pelo telefone? – franziu o cenho. – Por SMS?
– É, bem isso. – o mais novo deu ombros, enquanto caminhava em direção as escadas. – Agora se me dá licença, vou armar um jeito de ajudar a Kagome. – completou subindo as escadas.
Sesshomaru viu o irmão subi-las e deu um pequeno sorriso, talvez a fachada de idiota, não era tão verdadeira assim. Preparou-se para voltar à biblioteca, agora para finalizar alguns relatórios, quando ouviu a voz de Inuyasha:
– Sesshomaru?
Voltou o olhar para a escada, e o encontrou apoiado no corrimão.
– Hn?
– Obrigado. – agradeceu com um sorriso sincero.
– Baka. – resmungou antes de ir novamente para a biblioteca, mas ainda assim, ouviu a risada do irmão, antes de ouvir a porta do quarto do mesmo batendo.
When she was just a girl
She expected the world
But it flew away from her reach
So she ran away in her sleep
And dreamed of para-para-paradise
Para-para-paradise
Para-para-paradise
Every time she closed her eyes
Quando ela era apenas uma garota
Ela esperava o mundo
Mas este escapou de seu alcance
Então ela fugiu em seu sono
E sonhava com o para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Toda vez que ela fechava seus olhos
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