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História Fugitivo - A resposta errada.


Escrita por: lavegass

Capítulo 13 - A resposta errada.


LETÍCIA

Nada passava naquela porcaria de televisão e eu estava extremamente entediada, aquele era provavelmente um dos domingos mais chatos da minha vida. Fernando havia saído logo pela manhã com o Omar, os dois iriam jogar futebol e beber, apesar de sentir falta da companhia dele, eu aprovei a sua saída já que fazia um bom tempo que ele não ficava a sós com os amigos.

Fernando estava sendo muito atencioso e carinhoso comigo, até demais para falar a verdade. Ele viaja o que eu comia, se eu estava me exercitando e até as minhas horas de sono. Levava ao pé da letra tudo o que o médico falava, mas apesar dos pesares eu preciso confessar que estou amando esse jeito neurótico dele.

Levantei-me do sofá na procura de algo interessante para fazer, já que os programas na televisão estavam me entretendo menos do que olhar a parede. Vasculhei minha prateleira de livros, mas eu já havia lido todos e não estava a fim de relê-los.

Sentei-me no sofá suspirando angustiada, mas antes que eu voltasse a dizer as minhas reclamações, fui surpreendida pelo barulho da campainha. Apressei-me indo em direção a porta e fiquei na ponta dos pés para olhar através do olho mágico, assim que o fiz logo reconheci Márcia e Carolina do outro lado. Sorri animada destrancando a porta logo em seguida.

- Oi! – Cumprimentou Carol puxando-me para um abraço.

 – Fernando disse que você provavelmente estaria morrendo de tédio e viemos te salvar. – Explicou Márcia já adentrando o meu apartamento. – Além disso, já faz um bom tempo que não fazemos uma noite das meninas.

- Acertaram em cheio, quase afundei os botões do controle enquanto procurava por algo interessante da televisão.

- Agora nós seremos o seu entretenimento. Nós trouxemos alguns filmes antigos no estilo que você gosta, vamos pedir uma pizza... Ah e não se preocupe. Fernando já esta ciente disso, mas pediu para você não exagerar.

- Dois pedaços no máximo. – Advertiu Márcia.

- Mas primeiramente nós poderíamos conversar. – Disse Carol sentando-se no sofá. – Nosso tempo está tão corrido devido ao trabalho que eu nem se quer me lembro de quando tivemos um tempo para realmente colocar o papo em dia.

- Provavelmente quando a Letícia nos contou de como havia sido a sua primeira consulta. – Disse Márcia sentando-se na outra ponta do sofá e fazendo sinal para que eu me sentasse no meio, assim o fiz. – Ela não conseguia encontrar o bebê nas fotos do ultrassom e quase chorava quando ia pedir a ajuda do Fernando. – Gargalhou.

- Mas agora que consigo vê-lo. – Falei erguendo a cabeça. – Inclusive acho que até descobri o sexo.

- Você perguntou a médica? – Questionou Carol.

- Não, Fernando me mataria se eu fizesse isso. Pelas imagens, eu acho que consegui identificar. – Expliquei olhando para a minha barriga e repousando as mãos nela. Eu já estava de quatro meses, e era incrível como ela havia crescido em tão pouco tempo. É claro que eu não estava parecida com nenhuma “Grávida de Taubaté”, mas a essa altura todos já conseguiam perceber a minha gravidez.

- E o que você acha que é? – Perguntou Márcia.

- Uma menina. – Respondi sorridente. – E não é apenas por causa das imagens do ultrassom, eu realmente sinto que estou esperando uma garotinha.

- Você provavelmente já começou a manifestar o famoso instinto materno. E isso é lindo Lety. Mal posso esperar para vê-la como mãe, mas tenho certeza que será excelente.

- Obrigada Carol! Algumas vezes eu fico com tanto medo...

- Por quê?

- Porque eu não tenho nenhuma ideia de como fazer isso. Saber que um ser humano depende de mim para tudo é assustador.

- Não precisa se preocupar ok? Você não esta sozinha nessa. Você tem a nós, aos seus pais, e principalmente o Fernando. Ele tem estado tão preocupado com a sua gravidez, tenho certeza que as coisas só ficaram mais intensas depois que essa criança nascer.

- Nem me fale Márcia! Ele é tão protetor que às vezes eu me sinto sufocada! – As duas riram assentindo, elas sabiam exatamente da forma neurótica que o Fernando estava agindo.

- E como esta a gravidez? Você ainda esta sentindo muito enjoou? – Perguntou Carol.

- Não, desde o terceiro mês eles pararam.

- Então esta tudo normal? – Não respondi e apenas dei de ombros. As duas me olharam desconfiadas. – O que esta acontecendo Lety? – Questionou Márcia.

- Estou tendo muitos desejos.

- Mas isso não é nenhuma novidade. – Bufou Carolina. – Você já tinha esses desejos estranhos por comida antes mesmo de ficar grávida.

- É verdade, eu me lembro de que uma vez você acordou de madrugada com vontade de comer goiaba, nem se quer era época dessa fruta, mas você não sossegou enquanto não encontrou.

- Mas não é isso! – Disse interrompendo-as. – São desejos sexuais.

- Oh! – Exclamaram ao mesmo tempo enquanto me encaravam sem saber o que dizer.

- Eu tenho vontade toda hora! E no inicio o Fernando estava amando isso. – Sorri lembrando-me de todas as loucuras que fizemos durante os últimos dias. – Mas agora acho que estou começando a assusta-lo.

- Por quê?

- Ele começou a usar desculpas como “estou com dor de cabeça”, “precisamos acordar cedo amanhã”.

- Eu não sei se são exatamente desculpas, talvez seja apenas a verdade. – Tentou amenizar Carol.

- Essa semana ele têm estado tão... Distante.

- Como assim? – Indagou Márcia. – Vocês estão juntos 25h por dia.

- Não consigo explicar, mas parece que o Fernando está me escondendo algo. – As duas se entreolharam rapidamente e por um segundo suspeitei que soubessem de algo.

- Isso é provavelmente coisa da sua cabeça. A gravidez deve estar te deixando sensível e com os hormônios a flor da pele. Porque pelo que eu vi Fernando continua sendo o mesmo apaixonado de sempre. – Disse Carol. Sorri aliviada concordando com o que ela disse. Fernando continuava o mesmo e aquilo tudo era provavelmente apenas coisa da minha cabeça desocupada.

- Você tem razão. Mas vamos mudar de assunto. Eu quero que vocês me distraiam para que eu me esqueça pelo menos por cinco minutos que dentro de cinco meses uma cabeça vai sair da minha vagina.

- Deixa com a gente! – Respondeu Márcia animada levantando-se do sofá.

...

Há tempos eu não tinha uma noite divertida como aquela. Assistimos alguns filmes que já sabíamos o roteiro de cor, comemos pizza e bebemos muito refrigerante enquanto relembrávamos de alguns casos hilários da nossa época de faculdade, as duas até fizeram minhas unhas do pé e da mão. Fiquei me sentindo uma adolescente em uma festa do pijama com suas melhores amigas.

- Vocês realmente precisam ir? – Perguntei com a voz manhosa.

- Sim, já é quase uma da manhã. E eu estou caindo de sono, não tenho mais idade para ficar acordada até essa hora. – Falou Carol.

 – Além disso, logo, logo o seu baby daddy vai chegar e juntos vocês vão aproveitar o resto da noite. – Disse Márcia piscando logo em seguida. Revirei os olhos e bufei.

- Ele provavelmente vai chegar cansado demais para isso. – Bufei.

- Não começa com isso de novo Lety. – Repreendeu Carol. Mas antes que eu pudesse responder ouvi o barulho do elevador se abrindo e Fernando saindo de dentro dele. Assim que nos viu ele sorriu e inevitavelmente senti o meu coração disparar, não importa quanto tempo passe ele continua tendo esse feito sobre mim.

- Oi! – Cumprimentou animada abraçando as meninas. Quando se aproximou de mim ele me deu um beijo rápido e parou ao meu lado. – Como foi à noite das meninas?

- Ótima! Mas a Lety comeu três pedaços de pizza. – Dedurou Márcia e eu a fuzilei com o olhar. Fernando me encarou fingindo estar bravo.

- Eu não acredito! Desse jeito nosso bebê vai nascer com cheiro de queijo. – Brincou.

- Isso não faz nenhum sentido. – Cochichou Carolina, fazendo com que todos rissem. – E como foi à noite dos meninos? – Perguntou.

Fernando colocou as mãos no bolso e sorriu.

- Foi ótima! Mas ficamos com preguiça de sair, dá para acreditar? Ficamos o tempo todo na casa do Omar bebendo e colocando o papo em dia.

- Pelo jeito você não bebeu muito, parece bastante sóbrio para mim. – Observei. Fernando me abraçou por trás e me deu um beijo na bochecha.

- Eu parei a um tempinho porque tinha que dirigir, e não quero deixar o meu filho que nem nasceu órfão de pai.

- Quem diria que Fernando Mendiola o cara que desaparecia por semanas sem nenhum motivo aparente se tornaria um pai de família tão responsável. – Comentou Márcia.

- Acredite, foi a melhor coisa que já me aconteceu. – Disse olhando-me com ternura. Senti minhas pernas bambearem, toda vez que Fernando dizia coisas como essa eu me sentia nas nuvens. Não sabia o que responder por isso apenas o puxei para um beijo.

- Bom acho melhor irmos Márcia, estamos segurando vela. – Falou Carolina. – Vejo vocês amanhã no jantar. – Disse despedindo-se.

...

- Então você comeu três pedaços de pizza? – Questionou Fernando cruzando os braços enquanto estava em pé ao lado da caixeta vazia de pizza.

- Na verdade dois e meio. – Ele colocou as mãos na cintura e me olhou. – Estava delicioso, eu não resisti! – Falei passando a mão na barriga. – Não vou comer de novo nesse mês. Eu prometo!

- Quero só ver! – Respondeu aproximando-se de mim. – Talvez isso soe um pouco bobo, ou muito meloso, mas... – Ele hesitou soltando um breve suspiro. – Eu senti sua falta. – Falou fazendo com que um imenso sorriso brotasse em meus lábios. – Eu gostei de passar um dia todo com o Omar assim como fazíamos nos velhos tempos, mas... Quando eu não estou com você eu me sinto incompleto. Falta algo. Eu sei que isso é uma coisa boba de se dizer...

- É lindo! – Disse interrompendo-o. – Você pode achar meloso, mas eu realmente amei ouvir isso.

- Sério?

- Sim! E sabe por quê? Eu me sinto exatamente do mesmo jeito.

- Eu te amo, Lety. – Falou olhando-me com ternura.

- Eu também te amo. – Respondi colocando minhas mãos em seu pescoço e puxando-o para um beijo apaixonado na tentativa de descontar todos os beijos que poderíamos ter dado durante todo o dia se estivéssemos juntos. Se tem uma coisa da qual eu tinha certeza que jamais enjoaria era de beijar Fernando. Seus lábios macios contra os meus e suas mãos repousadas na minha cintura faziam com que todo o meu corpo se acendesse e implorasse por um contato mais intimo. – Você esta com dor de cabeça ou tem alguma geladeira para descongelar? – Perguntei interrompendo o beijo. Fernando me olhou confuso e sacudiu a cabeça. – Ótimo! Então essa noite você não me escapa. – Acrescentei sorrindo maliciosa, e ele fez o mesmo.

...

FERNANDO

Após a noite maravilhosa que eu havia tido com Letícia, acabei tendo um pouco de dificuldade para me levantar cedo, mas como era necessário eu o fiz. Hoje não será um dia como os outros, ele vai ser especial porque planejei algo especial que estava me deixando extremamente nervoso. Não porque eu tinha duvida quanto a isso, mas sim porque era um grande passo o qual mudaria tudo, mas era uma mudança que eu mal podia esperar para que acontecesse.

Letícia dormia como um anjo e eu fiz o possível para não despertá-la, afinal, precisava resolver os últimos detalhes antes que ela despertasse. Fiz os telefonemas necessários confirmando se tudo estava como o previsto e me aliviei em saber que sim. Ao contrario do que ela imaginava eu não havia passado o dia anterior bebendo e batendo papo com Omar, com a ajuda dele eu estava organizando tudo para que aquela noite fosse perfeita.

- Bom dia! – Disse Letícia entrando na cozinha. – Que milagre é esse que o café da manhã ainda não esta pronto?

- Nós vamos tomar café da manhã fora, como hoje é domingo precisamos descansar e esquecer-se de todas as tarefas e da rotina.

- Quem é você e o que fez com o Fernando de algumas horas atrás? – Questionou sentando-se no meu colo.

- Eu provavelmente tenho transtorno de personalidade então você já pode ir se acostumando porque verá muito disso.

- Eu tenho certeza que vou amar todas. – Respondeu sorridente.

Eu já havia planejado o que faríamos durante todo o dia, e para a minha sorte tudo estava saindo da forma que eu imaginei. Primeiro fomos até uma das padarias favoritas de Letícia para tomar um café reforçado, depois fizemos uma breve visita aos seus pais ficando para o almoço já que era impossível resistir a comida de Dona Julieta, em seguida fomos até algumas lojas para comprar as coisas do bebê.

- Não precisamos disso. – Disse Letícia tomando um pacote cheio de patinhos de borracha da minha mão.

- Com que ele vai brincar quando for tomar banho? – Questionei.

- Ele não vai brincar, recém-nascidos só dormem, comem, choram e sujam a frauda. Quando ele tiver idade compramos isso e outras coisas, tudo bem?

Revirei os olhos assentindo, a vendedora nos olhava de forma divertida.

- Posso ajudar em mais alguma coisa?

- Precisamos de protetores de berço. – Falou Letícia.

- É menino ou menina.

- Não sabemos. – Respondi. – Por isso vamos querer algo mais neutro.

- Entendo. – Falou ainda sorridente. – Me acompanhe vou te mostrar os que eu tenho.

- Vai mostrar para a gente, não é? – Corrigiu Letícia parecendo irritada.

- Claro. – Concordou a vendedora notavelmente constrangida.

- Acho melhor deixar para outro dia. – Sugeriu Lety entrelaçando o seu braço no meu. - Agora estamos com pressa. – Completou arrastando-me para a saída da loja.

- O que foi aquilo? – Perguntei assim que nos afastamos de lá. – Nem se quer pagamos as outras coisas que havíamos escolhidos.

- O que foi aquilo? Por favo, Fernando! Vai me dizer que não notou que a vendedora estava de olho em você. – A olhei confuso, eu realmente não havia visto nada disso. – Inacreditável Fernando, inacreditável. Você sempre foi sonso assim?

- Não é isso! Eu realmente não vi nada demais. Talvez isso seja apenas coisa da sua cabeça. – Letícia arregalou os olhos e abriu a boca indignada.

- Coisa da minha cabeça? Esta me chamando de louca? Neurótica?

- Eu não disse isso...

- Talvez não com essas palavras, mas tenho certeza que é o que você pensa. Ou me engano?

- Letícia...

- Não consegue nem mesmo negar! Isso é inacreditável!

Aquela não era a primeira vez que Letícia tinha essa reação, preciso confessar que de certa forma eu gostava de vê-la com ciúmes, mesmo que na maioria das vezes eles não tivessem nenhum motivo aparente, porém sabia que não poderia deixar que isso se estendesse, pois poderia interferir nos meus planos. Precisava resolver aquilo o quanto antes e já sabia exatamente o que fazer.

Puxei Letícia para um beijo apaixonado não me importando se estávamos em publico, após ficarmos com a respiração pesada nos separamos. Ela me olhava com cara de boba e eu sabia que era o momento certo para dizer a ela o que eu queria.

- Talvez você esteja certa, talvez ela realmente tenha feito isso, mas não precisa se preocupar. Eu não notei porque você é a única mulher para mim. Nada vai mudar isso.

- Promete?

- Eu voltei por você e ficarei por você. – Respondi beijando sua mão. Letícia sorriu me puxando para um abraço.

- Desculpe por isso, eu não sei o que esta acontecendo, mas às vezes eu fico brava do nada ou triste. É muito confuso... Algumas vezes eu nem me reconheço!

- Tudo bem, tudo bem. – Falei rindo. – Tenho certeza que isso se resolvera em breve.

- Assim espero!

...

LETÍCIA

Após passarmos a tarde toda fazendo compras voltamos até o meu apartamento para nos arrumar para o jantar na casa de Omar. Assim que sai do banho me deparei com Fernando usando uma de suas novas calças jeans escuro e uma camisa social preta. Seus cabelos estavam penteados para trás e eu não pude evitar em me encostar à porta para admira-lo.

- Ual! Você vai mesmo apenas a um jantar na casa do Omar? – Perguntei. Fernando me olhou assustado, pois ainda não havia notado a minha presença, mas sorriu logo em seguida.

- Por que esta dizendo isso?

- Eu não sei. Você só estava muito arrumado para quem vai a uma simples reunião de amigos.

- Eu só quero ficar bonito para a minha namorada. – Falou aproximando-se.

- Bom, sendo assim acho que preciso pensar em algo mais elegante para vestir também. – Falei entrelaçando minhas mãos em seu pescoço. – Se conseguir encontrar alguma coisa que ainda me sirva. – Resmunguei.

- Se quiser eu posso ajudar. – Falou repousando suas mãos em minha cintura.

- Sério?

- Claro! – Respondeu beijando a pontinha do meu nariz e indo em direção ao meu guarda-roupa. Ele o vasculhou por um tempo e depois sorriu tirando algo do cabide. – Que tal esse? – Perguntou mostrando-me um vestido vermelho curto e soltinho.

- Perfeito. – Respondi sorridente.

...

Ao contrario de alguns meses atrás Fernando agora dirigia em uma velocidade normal comigo no carro, e isso era devido às diversas reclamações feitas por mim durante todo esse tempo. Fernando sorria olhando para o nada o que me deixou curiosa, afinal, o que quer que ele esteja pensando estava o divertindo.

- Oi! – Falou Omar animado assim que abriu a porta. – Vocês se atrasaram, pensei que tivessem desistido de vim.

- Fernando demorou muito no banho. – Expliquei.

- É uma mocinha mesmo. – Implicou Omar. – Venham entrem! – Chamou.

- LETY! – Falou Carol assim que entramos, puxando-me pelo braço.

- Eu vou buscar algo para beber. – Avisou Fernando e eu apenas concordei enquanto era arrastada por Carolina para dentro de um dos quartos.

- Oi! – Disse Márcia assim que entramos, ela estava sentada na cama mexendo no celular. – Como foi o seu dia?

- Bom, por quê? – Questionei desconfiada.

- Nada! – Respondeu rapidamente. – Você esta muito bonita. – Completou. Mas antes que eu dissesse algum ouvi um barulho de chave.

- Por que você trancou a porta Carol? – Perguntei.

- Nada. – Falou ficando frente a ela.

- O que esta acontecendo aqui? – As duas estavam agindo de forma estranha e aquilo me deixou intrigada, a essa altura eu já tinha certeza de que elas escondiam algo.

- Só fique aqui por um tempo, ok? – Pediu Márcia.

- Por quê? Vocês estão começando a me deixar estressada com essa história...

- Não precisa! Só fique aqui por um tempo. – Falou Carol empurrando-me delicadamente até a cama.

- Mas para que? – Insisti. Queria respostas.

- Nossa Lety como você é chata! – Resmungou Márcia. – Devido a sua insistência não vamos te dizer absolutamente nada! Eu poderia muito bem dar uma pista, mas esse mau-humor não é merecedor de nada.

Revirei os olhos impaciente me levantado da cama. Forcei a maçaneta da porta, mas como esperado ela realmente havia sido trancada.

- Abra isso, eu quero sair daqui! – As duas fingiam não me ouvir e encaravam as próprias unhas. Eu já estava nervosa e impaciente, cogitei em socar a porta até que Fernando e Omar ouvissem e viessem me tirar daqui, mas antes que colocasse essa ideia em pratica Carolina se adiantou.

- Já podemos abrir. – Falou atenta ao seu celular.

- Tem certeza? – Perguntou Márcia e como resposta Carol apenas virou a tela do aparelho para ela. Márcia deu de ombros e Carolina passou por mim destrancando a porta.

- Fernando esta te esperando na varanda do fundo. – Avisou.

...

Eu não fazia ideia do que estava acontecendo, mas estava ansiosa para descobrir, por isso assim que recebi o recado de Carolina fui apressadamente para os fundos da casa. Assim que cheguei lá fiquei paralisada. No piso da varanda havia um caminho traçado por pétalas brancas que terminava em frente a uma mesa com duas cadeiras, iluminada por velas. Fernando estava em pé ao lado delas e me olhava enquanto sorria com ternura. Senti minhas pernas bambeares e um misto de sensações tomou conta de mim. Sorri de volta indo a sua direção.

- Para que tudo isso? – Perguntei parando em sua frente abraçando-o pela cintura.

- É para você. – Respondeu beijando a minha testa. – Gostou?

- Está lindo! – Falei olhando admirada para toda aquela decoração. – Mas eu não entendo, qual é a ocasião? – Fernando colocou as mãos no bolso e sorriu nervoso.

- Eu preciso te dizer algumas coisas. – Falou empurrando a cadeira e fazendo sinal para que eu me sentasse. Depois de ajeita-la ele se sentou na outra ficando de frente para mim e segurando as minhas mãos. – Lembra quando nos vimos pela primeira vez? – Assenti e ele sorriu. – Foi na lanchonete da faculdade eu comprei a ultima coxinha e você também queria, eu te ofereci um pedaço e para minha surpresa você aceitou. – Gargalhou.

- Eu estava com muita vontade de comer coxinha. – Justifiquei.

- Você deu uma mordida tão grande que acabei deixando você ficar o resto. – Continuou. – Depois disso começamos a conversar diariamente até nos tornarmos amigos. E eu nunca entendi como isso aconteceu.

- O que quer dizer? – Perguntei confusa.

- Somos tão diferentes um do outro, não temos definitivamente nada em comum. Mas agora eu percebo que é exatamente isso que faz com a gente se dê tão bem. Nós nos completamos. Você faz com que eu haja de forma seria quando é necessário e eu faço você perder o controle quando é preciso. Somos definitivamente uma das maiores provas de que os opostos se atraem.

- Eu concordo. – Falei sentindo meus olhos marejados.

- Não sei por que eu demorei tanto tempo para perceber que deveríamos ficar juntos, mas agora que eu sei disso, eu não quero perder nem um só segundo ao seu lado. Por isso... – Fernando se levantou tirando uma caixinha de seu bolso e se ajoelhou na minha frente logo em seguida. Meu coração disparou e o susto fez com que eu arredasse a cadeira. Fernando abriu a caixinha exibindo um lindo anel, ele me dedicou um dos seus sorrisos mais lindos e continuou a falar. – Lety, minha Lety. Eu quero passar o resto da minha vida ao seu lado e ao lado do nosso filho e é claro dos outros que estão por vir. Eu quero acordar todas as manhas com você ao meu lado e me deitar todas as noites com a sua companhia. Eu quero estar com você no momento em que esses fios grisalhos que estão surgindo no meu cabelo se tornarem a maioria. Por isso, Letícia. Você aceita se casar comigo?

- Não. – Respondi rapidamente fazendo com que o sorriso de Fernando se desfizesse aos poucos. Ele me olhou confuso e se levantou.

- Por que não? – Questionou.

- Porque você esta me pedindo isso só porque eu estou grávida.

- O que?

- As coisas não funcionam assim Fernando, é claro que eu quero me casar com você, mas não precisa se sentir pressionado em fazer isso agora porque teremos um filho juntos. – Ele me olhava confuso, mas no mesmo instante seu semblante mudou para o de raiva.

- Eu não estou pedindo para que você se case comigo por causa do bebê, estamos no século XXI Letícia!

- Fernando... – Comecei, mas logo fui interrompida por ele.

- Eu estou te pedindo em casamento porque eu te amo. E eu quero passar a minha vida com você, pensei que queria o mesmo.

- E eu quero. – Disse aproximando-me dele. Tentei tocar o seu rosto, mas ele se afastou. – Mas ao mesmo tempo eu sei que você não estaria me propondo isso agora se não tivéssemos um bebê a caminho.

Notei que os olhos de Fernando se encheram de lagrimas e ele estava fazendo o possível para conte-las, eu me sentia mal em vê-lo daquela forma, mas achava que estava fazendo a coisa certa.

- Dessa vez você se enganou Lety. – Disse simplesmente passando por mim feito um furacão. Fui atrás dele.

- Fernando espera! – Pedi, mas ele fingiu não me ouvir batendo a porta da casa de Omar. Pensei em ir atrás dele, mas fui impedida por Omar, Carolina e Márcia que apareceram assustados.

- O que aconteceu? – Perguntou Márcia.

Respirei fundo e me sentei no sofá narrando a eles o ocorrido de segundos atrás, os três me ouviram com atenção.

- Lety eu não acredito que você fez isso! – Falou Carolina.

- O que queria que eu fizesse? Eu sei que Fernando não esta preparado para isso.

- Acredite, ele realmente esta. – Garantiu Márcia. – Talvez quem não esteja é você.

- Ele não estaria pedindo isso se eu não estivesse grávida! – Insisti.

- Você esta errada sobre isso. – Disse Omar se levantando antes mesmo que eu respondesse qualquer coisa. Alguns segundos depois ele voltou na sala com um papel em mãos, o qual ele me entregou.

- O que é isso? – Perguntei.

- Leia. – Ordenou Márcia.

Tratava-se de uma notinha de uma joalheria, logo relacionei que se referia ao anel de noivado que Fernando havia comprado.

- Não estou entendo...

- Olha a data. – Pediu Omar. Assim que o fiz fiquei mais confusa ainda, Fernando havia comprado aquele anel há seis meses. Notando a minha reação Omar se pós a me explicar. – Quando Fernando voltou de viagem ele tinha certeza de que a única coisa que faltava para que ele se sentisse completo era você. E ele tinha certeza que o seu futuro seria ao seu lado, por isso, assim que vocês oficializaram o namoro ele comprou esse anel e pediu para que eu o guardasse aqui em casa até que ele encontrasse o momento certo para pedi-la em casamento. Junto com o pedido ele pretendia te contar sobre toda a brincadeira, mas você acabou descobrindo antes dificultando as coisas. – Após ouvir aquilo enterrei meu rosto em minhas próprias mãos me sentindo uma idiota. – Eu posso afirmar com toda certeza que Fernando não te pediu em casamento porque você esta grávida, ele pretendia fazer isso muito antes disso acontecer.

- Eu realmente arruinei tudo não foi? – Falei, as lagrimas já desciam pelo meu rosto.

- Sim você arruinou. – Confirmou Márcia sentando-se ao meu lado.

 


Notas Finais


ooi! Gostaria de me desculpar com todos que acompanham minha outra fic "All Too Well", prometi que postaria um capítulo novo todo domingo, mas não vou conseguir cumprir. Não se preocupe eu não abandonei a fic, mas como restam apenas três capítulos dela resolvi que só voltarei a postar quando todos eles estiverem prontos. Agradeço a compreensão.

Quanto ao Fugitivo, e ai, o que acharam da atitude da Lety?


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