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História Fugitivo - Após o não


Escrita por: lavegass

Capítulo 14 - Após o não


LETÍCIA

- Eu preciso resolver isso, eu preciso falar com ele! – Falei enxugando minhas lagrimas e me levantando rapidamente daquele sofá.

- Não acho que isso seja uma boa ideia. – Disse Carol. – Fernando deve estar de cabeça quente e desse jeito é impossível resolver as coisas, além disso, você nem sabe onde ele esta. – Suspirei impaciente, sabia que ela tinha razão, mas ao mesmo tempo não iria conseguir ficar de braços cruzados sabendo que Fernando estava magoado comigo e com toda a razão.

- Ele provavelmente está me odiando.

- Não é para tanto Lety! – Resmungou Márcia. – O que você precisa agora é se acalmar, porque tenho certeza que todo esse estresse não fará bem ao bebê.

- Márcia tem razão. – Concordou Omar. – Descanse. Amanhã você procura pelo Fernando e resolvem isso. 

- Eu estou com medo.

- Não precisa. – Disse Carol na tentativa de me tranquilizar. – O Fernando te ama e não vai ser isso que fará com que ele desista de vocês dois.

- Vem Lety. Eu vou te levar para casa e vou ficar lá me certificando que você terá uma boa noite de sono. Você precisa estar bem para resolver as coisas amanhã.

- Eu não vou conseguir dormir enquanto eu não souber onde o Fernando esta. – Falei.

...

FERNANDO

Por mais que eu ame a Letícia já estava me cansando de vê-la duvidar dos meus sentimentos. Eu sei que o meu passado a dava diversos motivos para ter tais inseguranças, mas eu sou um novo Fernando, o qual mudou para ela e por ela.

Ouvi-la dizer que achava que eu apenas a pedi em casamento por causa do bebê me magoou. Eu jamais me casaria com alguém por causa de um filho, pois levava o matrimonio muito a serio. Durante grande parte da minha vida eu pensei que nunca me casaria, mas sempre pensei que caso isso acontecesse teria que ser com uma pessoa muito especial com a qual eu conseguiria me imaginar pelo resto da minha vida. Letícia definitivamente era essa pessoa.

Logo depois que vi o meu plano de meses se tornar um verdadeiro desastre senti a enorme necessidade de sair daquele lugar. Sabia que se eu ficasse lá as coisas poderiam ser piores. Não queria brigar com Letícia, não queria que ela se estressasse e prejudicasse a saúde do nosso bebê. Por isso fui embora, em busca de um lugar para esfriar a cabeça.

- Fernando! – Disse minha mãe contente assim que atendeu a porta. – Que surpresa! Venha entre. – Chamou eufórica. – Onde está a Lety.

- Ela não veio. – Respondi simplesmente. Minha mãe me olhou desconfiada e tocou em meu braço.

- Quer conversar sobre isso? – Perguntou.

- Talvez mais tarde. Tudo o que eu preciso saber agora é se meu antigo quarto está desocupado para me ter como hospede hoje. – Minha mãe sorriu animada ao ouvir isso beijando o meu rosto.

- Ele sempre estará pronto para você.

...

- Não quero que fique chateado comigo Fernando. – Disse minha mãe limpando a boca com o guardanapo, estávamos na jantando. – Mas eu acho que entendo a Lety. - Soltei o meu garfo em meu prato e a olhei surpreso assim como o meu pai. – Eu mesma pensei que você jamais me daria um neto e muito menos que se casaria.

- Mas eu mudei mamãe.

- Eu sei meu amor, eu sei. Mas por acaso vocês dois já haviam falado sobre casamento antes? – Perguntou. Fiquei um tempo em silêncio, nunca havíamos tocado nesse assunto. Falávamos sobre construir uma vida juntos, mas o termo “casamento” nunca havia sido mencionado.

- Não, mas estávamos em um relacionamento sério e esse é normalmente o próximo passo para quem está em algo assim. – Expliquei.

- Eu concordo filho. – Falou meu pai. – E entendo que esteja magoado com ela, mas você precisa levar várias coisas em consideração.

- Por exemplo? – Questionei debruçando-me sobre a mesa.

- Primeiramente ela não estava esperando por isso...

- É claro que não. – Falei interrompendo-o. – Por isso era uma surpresa!

- Fernando se acalme, por favor. – Pediu minha mãe e eu apenas suspirei ajeitando-me na cadeira.

- Ela não poderia prever o que você estava pretendendo fazer, assim como você não poderia prever a resposta dela. Letícia não estava esperando por isso e assustou. Sei que as coisas não saíram como planejado, mas isso não significa que não poderão ser concertadas. – Meu pai colocou a mão no meu braço e me olhou. – Converse com ela e resolva isso.

- Eu vou, mas não hoje. – Respondi sincero. – Preciso esfriar a cabeça, para não dizer nenhuma besteira. Não quero que as coisas fiquem piores do que já estão. – Se me dão licença eu vou para o quarto. – Completei levantando-me da mesa. Os dois apenas assentiram e eu segui em direção ao segundo andar.

...

LETÍCIA

Já havia chegado a casa há algumas horas, Márcia insistiu em ir comigo. Durante todo o caminho eu tinha a esperança de que quando chegasse lá Fernando estaria me esperando, mas me enganei. Deitei-me em meu quarto, mas não consegui dormir. Aquela cama ficava grande demais sem tê-lo ao meu lado e me sentia angustiada por não saber onde ele estaria. Abracei o seu travesseiro enquanto o ocorrido de algumas horas atrás se passava pela minha cabeça. Eu tinha agido como uma idiota e estava extremamente arrependida.

- Ainda não conseguiu dormir? – Perguntou Márcia parada na porta do meu quarto. Apenas sacudi a cabeça negando. Ela se aproximou e sentou na minha cama. – Você precisa descansar. Ok? Tenho certeza que logo pela manhã teremos notícias dele. 

- Eu estou tão arrependida...

- Eu sei! Mas passar a noite em claro não irá resolver as coisas. Você precisa descansar, não apenas para você. Para o bebê também.

- Tem razão. – Respondi ajeitando-me na cama, quando estava prestes a puxar o cobertor ouvi meu celular tocar em cima do criado. Levantei-me rapidamente para pegá-lo.

- Clama! – Falou Márcia assustando-se com a minha reação.

- É da casa dos pais do Fernando. – Falei ao olhar o numero na tela do telefone.

- Atende logo! – Sugeriu e assim o fiz.

- Alô? – Falei na esperança de ouvir a voz de Fernando do outro lado da linha.

- Oi Lety, sou eu a Teresinha.

- Ah, oi Dona Teresinha. – Respondi tentando disfarçar o desanimo na minha voz.

- Foi tão desagradável assim a minha ligação?

- Desculpe! Não é isso é só que... Eu pensei que fosse Fernando.

- Entendo. Bom, não é o Fernando, mas é sobre ele. – Ouvir isso fez com que eu me animasse novamente levantando-me da cama. – Ele me contou o que aconteceu.

- Contou? Ai dona Teresinha eu estão tão arrependida da minha atitude, eu não sei o que me deu... – Tentei me explicar.

- Eu entendo Lety, mas não se preocupe. Fernando está magoado, mas acredito que vocês conseguiram resolver isso facilmente.

- Ele esta ai? – Perguntei fazendo com que o meu coração se acelerasse.

- Sim, já foi para o antigo quarto. Vai passar a noite aqui. – Me senti aliviada em saber o paradeiro de Fernando, mas ao mesmo tempo estava triste em saber que ele se sentia magoado a ponto de não querer me ver. Antes que eu pensasse no que responder Teresinha voltou a falar. – Quero que venha almoçar aqui amanhã. Assim vocês dois poderão conversar e esclarecer tudo.

- Eu adoraria. – Respondi feliz pelo convite.

- Ótimo! Aguardo você aqui as dez.

- Tudo bem. – Confirmei. – Muito obrigada por isso Dona Teresinha.

- Não tem o que agradecer. Tudo o que eu quero é ver o meu filho feliz e sei que ele só se sente assim ao seu lado. – Não pude evitar em sorrir ao ouvir isso. Conhecia Dona Teresinha há anos e sabia muito bem que assim como o filho ela não era uma pessoa fácil de lidar. Tive que ouvir várias vezes o Fernando reclamar que ela tratava mal as suas “namoradas” e saber que comigo era diferente me alegrava. – Até amanhã. – Disse despedindo-se.

- Até amanhã. – Respondi desligando o telefone logo em seguida.

- E então? – Perguntou Márcia me olhando, por um momento eu havia me esquecido de que ela estava ali.

- Ele esta na casa dos pais. A mãe dele me convidou para almoçar amanhã, assim poderemos conversar e esclarecer tudo.

- Isso é ótimo Lety.

- Acho que sim. – Respondi dando um sorriso nervoso. – Eu não quero apenas me desculpar, isso não vai ser suficiente. Fernando precisa saber que eu cometi um erro e estou sim preparada para passar os restos dos meus dias ao seu lado.

- E o que você acha que pode fazer para mostrar isso?

- Eu tive uma ideia, mas vou precisar da sua ajuda.

- Pode contar comigo! – Respondeu animada.

...

FERNANDO

Arrastei-me sonolento até a sala de jantar, onde meus pais já estavam tomando café.

- Bom dia, filho! – Disse minha mãe assim que me viu. – Dormiu bem? – Perguntou. Apenas assenti sentando-me ao seu lado e a cumprimentando com um beijo.  Não eu não havia dormido bem. Me mexi durante toda a noite, pois não conseguia tirar Letícia e o que havia ocorrido da minha cabeça. 

- Você vai trabalhar hoje? – Perguntou meu pai.

- Hoje é feriado Humberto! – Respondeu minha mãe.

- Oh, é verdade. Depois que me aposentei fiquei perdido com relação ao calendário. – Explicou em meio a uma risada. 

O café da manhã seguiu de forma agradável e ficamos sentados à mesa durante um bom tempo apenas conversando. Para a minha sorte nenhum dos dois tocou no assunto de Letícia, porque eu no momento não saberia o que dizer, já que não havia chegado à conclusão do que faria. É claro que eu pretendia conversar com ela e resolver tudo, mas ainda não me sentia preparado. Estava magoado e confuso.

A campainha tocou interrompendo nossa conversa.

- Eu atendo. – Disse minha mãe apreçando-se em levantar. Ouvi uma voz feminina bastante animada, mas não a reconheci. Alguns segundos depois minha mãe entrou na sala acompanhada de minha prima Carla.

- OH MEU DEUS, FERNANDO! – Disse de forma exageradamente alta puxando-me para um abraço caloroso e desajeitado. Não via Carla há quase cinco anos, costumávamos ser muito próximos, mas após termos nos envolvido romanticamente de forma breve na adolescência, nos distanciamos devido ao clima estranho.

- Carla, quanto tempo! – Falei realmente animado em vê-la. – Você esta linda!

- Você também não esta nada mal! – Disse me dando uma cotovelada. – Tio! – Falou assim que se virou para o meu pai me abraçando.

- A devemos a honra de receber sua visita? – Perguntou minha mãe.

- Soube que o bonitão ai vai ser papai e vim parabeniza-lo pessoalmente. – Falou parando ao meu lado e se apoiando em meu obro. – Onde esta a sua baby mama? Não me vai dizer que foi um caso de uma noite...

- Não, não. – Neguei rapidamente.

- Eu a conheço? – Questionou.

- Sim, lembra-se da Letícia, minha amiga da faculdade? – Carla me olhou surpresa. E ficou em silêncio. – Não se lembra dela?

- Sim, claro que sim. – Respondeu por fim. – Só não consigo acreditar que vocês dois estão juntos.

- Por que não? – Perguntou minha mãe parecendo estar ofendida, eu sabia muito bem o quanto ela gostava de Letícia e a forma que ela a defendia de todos.

- Porque eles não têm nada a ver um com o outro. Letícia é toda certinha e o Fernando...

- Ele mudou Carla. – Disse meu pai surpreendendo-me.

- Então para quando é o casamento? – Perguntou com um certo tom de ironia. Aquilo fez meu sorriso diminuir. Não queria falar sobre isso com ninguém muito menos com Carla, para a minha sorte minha mãe se prontificou em responder.

- No momento eles estão apenas concentrados na chegada do bebê, que é muito mais importante do que uma assinatura em um papel. – Sorri ao ouvir isso, olhando-a com gratidão.

- Claro. – Carla estava notavelmente sem graça e rapidamente tentou mudar de assunto. – Você esta trabalhando?

- Sim, estou dando aulas.

- Ótimo. Letícia também?

- Sim, trabalhamos na mesma escola.

- Que legal, ficam juntos o dia todo. – Sorriu sentando-se no sofá. Meus pais se entreolharam e sentaram no da frente.

- Mas e você Carla, em que esta trabalhando? – Perguntou meu pai enquanto cruzava as penas. Sentei-me no braço do sofá junto a eles.

- Sim, estou trabalhando em uma clinica até conseguir juntar dinheiro o suficiente para abrir o meu próprio consultório. – Explicou, Carla havia se formado em odontologia há três anos.

- Isso é muito bom Carla, meus parabéns. – Disse felicitando-a.

- E os namorados? – Questionou minha mãe erguendo as sobrancelhas.

- Continuo solteira... Esperando pelo cara certo. – Falou olhando diretamente para mim, fazendo com que eu me sentisse desconfortável. Aparentemente aquilo também havia sido notado pelos meus pais, fazendo com que um clima tenso tomasse conta da sala. Ficamos em silêncio por alguns segundos até que o mesmo foi interrompido pelo som da campainha.

- Eu atendo. – Apressei-me em dizer, se tinha alguém que seria sair daquele lugar nesse momento era definitivamente eu. Levantei-me as pressas do mesmo modo que minha mãe há alguns minutos atrás e abri a porta. Assim que vim quem estava do outro lado senti o meu coração se acelerar. Ela me olhava apreensiva como se buscasse pelas palavras certas para falar. – O que faz aqui? – Perguntei a primeira coisa que se passou por minha cabeça. Não era a minha intenção soar grosseiro, mas infelizmente foi isso que aparentou.

- Sua mãe me convidou para almoçar. – Respondeu com a cabeça baixa, Letícia estava evitando me olhar.

- É claro que ela convidou. – Respondi disfarçando um sorriso. Minha mãe tinha mais urgência em resolver as coisas com Letícia do que eu. – Vem, entra. – Chamei abrindo mais a porta e me distanciando para que ela passasse.

- Obrigada. – Agradeceu olhando-me pela primeira vez. Não ousei em responder, apenas sorri assentindo e em seguida fazendo um sinal com as mãos para que ela fosse em direção à sala.

- Querida! – Exclamou minha mãe animada assim que a viu. Cruzei os meus braços enquanto observava ela se fazer de surpresa. – Que bom que esta aqui, estávamos agorinha falando de você?

- Devo me preocupar? – Perguntou Letícia de forma divertida. Minha sorriu sacudindo a cabeça.

- Não seja boba, só estávamos falando da sua gravidez com a Carla. – Ao ouvir isso Letícia rapidamente se virou, até o momento Lety não havia percebido a presença de Carla. Tendo assim dificuldades para esconder o seu desconforto em vê-la.

- Olá Lety! – Cumprimentou Carla se aproximando dela e a dando “beijinhos”.

- Oi Carla, quanto tempo. – Respondeu não fazendo muito caso.

- Nem me diga! Você esta ótima, engordou um pouco não é?

Lety, colocou a mão na barriga e sorriu de forma irônica.

- Sim graças ao Fernando. – Brincou. Fazendo com que meu pai e minha mãe prendessem o riso. – Você também está diferente, vejo que colocou silicone. – Alfinetou. Enterrei o meu rosto em minhas mãos tendo a certeza de que aquele seria um longo dia.

...

LETÍCIA

Quando cheguei à casa dos pais de Fernando e dei de cara com Carla o meu sangue ferveu, se tinha alguém nesse mundo que eu não suportava era definitivamente ela.

Carla foi apaixonada por Fernando desde a infância, ela é três anos mais nova do que ele e por isso o mesmo nunca a deu muito atenção, mas as coisas mudaram quando na adolescência os dois tiveram um pequeno caso durante uma viagem em família, do qual Carla aparentemente jamais iria se esquecer.

Há conheci em um aniversario de Fernando, pouco depois de nos tornarmos amigos e me lembrava que durante toda a festa ela tentava beija-lo e fazer comentários inoportunos com relação a ele e ao que tiveram. E todas as outras vezes que nos vimos aquele filme se repetiu e por isso eu tinha certeza que bastava Fernando estralar os dedos que ele a teria a seus pés.

Durante toda a conversa antes do almoço Carla fez questão de me alfinetar com comentários inconvenientes, além é claro, de ter feito questão de se sentar ao lado de Fernando e em toca-lo a cada palavra dita por ela. Estava quase saindo de lá para procurar uma corda e amarrar as suas mãos.

Fernando não parecia incomodado com isso, muito pelo contrario, ele ouvia atentamente todas as asneiras que aquela mulher dizia e isso me deixava ainda mais irritada.

Finalmente o almoço ficou pronto, dessa vez apressei-me para impedi-la de se sentar ao lado do Fernando já que era bem capaz dela deixar algo cair em seus “novos seios” e pedir que ele enfiasse a mão lá para pegar. Fernando estava evitando me olhar e eu é claro não poderia ficar chateada com isso já que a culpa era minha. Comecei a me servir na tentativa de ter ao menos uma refeição tranquila já que até agora o meu dia havia sido um estresse total.

- Você não pode comer isso. – Disse Fernando segurando a minha mão quando eu estava prestes a me servir de purê de batatas.

- Por que não? – Questionou Dona Teresinha.

- Porque tem queijo e o médico aconselhou a evitar.

- Não seja chato Fernando, tenho certeza que um pouquinho não fará mal. – Disse Carla.

- Ele esta certo, eu prefiro não arriscar. – Respondi em meio a um sorriso sincero. E pude notar que Fernando mesmo que rapidamente havia feito o mesmo.

...

FERNANDO

Estava quase impossível ter Letícia ao meu lado e não puxa-la para um canto para conversar e resolver tudo. Eu não aguentava mais esse clima entre nós. Aquela altura já não me importava se nos casaríamos ou não, tudo o que eu queria era ter a certeza de que ficaríamos juntos.

A presença de Carla estava incomodando a todos, ela dizia coisas inconvenientes e sempre arrumava um jeito de alfinetar Letícia, estava me segurando para não retruca-la.

- Qual o sexo do bebê? – Questionou Carla.

- Não sabemos. Decidimos que seria uma surpresa. – Respondeu Letícia.

- Tomara que seja um menino, lembro que o Fernando sempre desejou ser pai de um menino. – Carla colocou sua mão por cima da minha, mas eu rapidamente a tirei.

- Você esta errada, eu não tenho preferência.

- Entendo. – Falou erguendo as sobrancelhas. – Aposto que será tão lindo quanto você.

- Já eu espero que o bebê puxe mais a Letícia. – Respondi rapidamente colocando meu braço no ombro de Lety e a dando um beijo na testa. Ela pareceu surpresa com a minha atitude e sorriu com ternura.

- É claro, mas... – Começou Carla a qual foi interrompida por minha mãe.

- Já chega Carla! Não percebe que esta sendo inconveniente? Desde que Letícia chegou tudo o que você tem feito é implica-la com comentários inapropriados.

- Eu não estou fazendo isso...

- Sim você esta. – Confirmei. Ela nos olhou ofendida e estava prestes a dizer algo, mas meu pai se adiantou.

- Nós sabemos que você e o Fernando tiveram um breve caso na adolescência, mas isso já faz muito tempo. Precisa superar isso. Fernando é um homem comprometido que se tornará pai em breve. Ofender a Lety não vai mudar em nada.

Carla nos olhava incrédula como se buscasse por algo para argumentar, mas ao invés disso ela pegou sua bolsa com certa brutalidade em cima da mesa.

- Acho melhor eu ir embora, aparentemente não sou bem recebida aqui. – Ela e levantou e parou perto de mim. – Você se tornou um chato Fernando e espero que seja muito feliz com essa baixinha sem graça.

- Eu serei Carla. – Afirmei. – E eu espero que você também seja com seus novos seios. – Carla me olhou com raiva e saiu bufando. Em seguida ouvimos o barulho da porta endo batida com muita força.

Meus pais caíram em gargalhada, mas Letícia permanecia calada ao meu lado.

- Você esta bem? – Perguntei preocupado.

- Só estou cansada. – Sorriu triste. – Acho melhor eu ir embora.

- Mas você nem se quer terminou de almoçar. – Falou minha mãe.

- Desculpe, mas não estou com fome. Vejo vocês depois. – Disse despedindo-se de meus pais com um abraço. Letícia claramente não estava bem e eu sabia que não era apenas pelo encontro desagradável com Carla, como também pela situação que nos encontrávamos. Apesar de ainda estar magoado me doía vê-la daquela maneira.

- Eu vou com você. – Falei o que fez com que os três me olhassem surpresos.

- É serio? – Perguntou com a voz falha.

- Sim. – Respondi levantando-me. – Acho que precisamos conversar. – Completei e Letícia apenas assentiu.

...

LETÍCIA

Assim que a insuportável da Carla foi embora – após ter sido devidamente colocada em seu lugar pelos meus maravilhosos sogros – Márcia me mandou uma mensagem confirmando de que tudo estava pronto. Inicialmente fiquei com medo de Fernando não “morder a isca”, mas para a minha sorte não foi necessário chama-lo para me acompanhar até em casa, já que o próprio já se ofereceu em fazer isso. Com essa simples atitude Fernando já fez com que eu sorrisse de orelha a orelha, e mesmo que tivéssemos permanecido em silêncio todo o caminho eu não me sentia desconfortável e acabei usando esse silêncio para pensar nas exatas palavras que diria a ele para me desculpar.

- Você tomou os seus remédios? – Perguntou assim que entramos no elevador.

- Sim. Só falta o de depois do almoço. – Ele sorriu afirmando. A preocupação excessiva de Fernando que tanto me incomodava no inicio da gravidez, agora era uma dos milhares coisas que eu tanto amava sobre ele.

Finalmente estávamos em frente ao meu apartamento. Fernando pegou a chave para destranca-lo e eu respirei fundo. Estava nervosa para saber a sua reação.

- O que é isso? – Ele perguntou surpreso enquanto adentrava o apartamento. Confesso que também me surpreendi. Márcia realmente havia caprichado.

O chão tinha um caminho de pétalas vermelhas o qual terminava próximo a mesa da cozinha a qual estava posta com um “lanche a luz de velas” – já que era tarde demais para um almoço e cedo demais para um jantar- parecido com o que Fernando havia feito na noite anterior. Ao fundo estava tocando “Without You” do Harry Nilsson, uma das preferidas de Fernando a qual ele sempre cantava para mim.

- Esse é o meu jeito de dizer que eu sinto muito. – Falei. Fernando se virou parando de frente para mim. – Eu sinto muito por ontem à noite, acredite, aquela não era a real resposta que eu gostaria de ter dado. Fernando, eu amo você, e é claro que eu quero passar o resto dos meus dias ao seu lado e ao lado do nosso filho. Eu não sei o que passou pela minha cabeça por ter dito “não” a você, mas quero que saiba que isso não acontecerá novamente. A menos é claro que você me peça algo bem absurdo como construir uma bomba nuclear. – Fernando sorriu com o meu comentário fazendo com que meu nervosismo diminuísse. – Pode me perdoar?

- Você não precisa me pedir perdão, você não fez nada de errado. Só disse “não” para o meu pedido de casamento, mas eu não posso te obrigar a casar comigo.

- Fernando...

- Eu amo você Lety. – Falou interrompendo-me. – E eu quero passar o resto da minha vida ao seu lado, e não vai ser um papel que vai mudar isso. Então se você não quer se casar eu entendo. Mas só quero que saiba que o meu pedido não foi por causa do bebê. Por mim eu teria feito isso há tempos.

- Eu sei. – Respondi já prestes a chorar. – É só que... Eu sou apaixonada por você há tanto tempo e jamais imaginei que teríamos algo, por isso eu sou tão neurótica e desconfio de tudo. Tenho medo que isso não se passe de um sonho. – Fernando se aproximou e beijou a minha testa.

- Não é um sonho, ok? Eu, você e tudo isso. – Falou apontando para o meu apartamento e em seguida para a minha barriga. – É real. E eu prometo que farei o possível para tudo se tornar cada dia melhor.

- Eu também. – Respondi rapidamente. – Por isso... – Continuei tirando uma caixinha do meu bolso. – Eu não vou me ajoelhar porque provavelmente não conseguirei levantar. Não esta sendo fácil carregar esse bebê. – Brinquei. –Eu não sou boa nesse tipo de coisa. – Suspirei, estava nervosa. – Por isso ao invés de dizer as razões pelas quais eu amo você, eu vou dizer as razões pelas quais eu não amo.  – Fernando me olhou confuso, mas antes que ele me questionasse qualquer coisa, comecei a falar. – Eu não amo você porque você é inteligente e gentil. Não amo você porque você é trabalhador, competitivo e muito aventureiro. Eu não amo você porque você incrivelmente sexy. – Fernando sorriu envergonhado colocando as mãos no bolso. – Eu te amo porque você é o meu melhor amigo. – Falei com as lagrimas já escorrendo pelo meu rosto. Fernando me olhou emocionado e eu sorri continuando a falar logo em seguida. – E eu quero envelhecer ao seu lado. E eu posso não ter certeza sobre muitas coisas da minha vida, mas eu tenho certeza absoluta sobre você. Por isso, Fernando Mendiola. Você aceita se casar comigo?

Ele ficou em silêncio por alguns segundos os quais pareceram horas. Meu coração estava disparado e eu temia que sua resposta não fosse a que eu esperava. Fernando se aproximou de mim e sorriu largo.

- É claro que sim! – Respondeu animado me puxando para um beijo apaixonado. Coloquei a mão na sua nuca puxando-o mais para perto. Queria demonstrar tudo o que sentia por ele com aquele beijo. Fernando envolveu seus braços no meu corpo fazendo com que um mínimo de espaço possível ficasse entre nós. Fernando parou o beijo e olhou para a mesa. – Você esta realmente com fome ou podemos pular para a sobremesa? – Perguntou com um sorriso malicioso.

- Esse romântico café da tarde pode esperar. – Falei ajeitando a gola de sua camisa. – Agora o que eu quero mesmo é ver o Rodrigo.

Fernando sorriu sacudindo a cabeça e me pegou no colo nos levando para o quarto logo em seguida. 


Notas Finais


Olá, Espero que tenham gostado!
Obs: O próximo capítulo já é o ultimo 💔


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