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História Fugitivo - Pequena Muralha


Escrita por: lavegass

Notas do Autor


ooi gente! Bom, como vocês devem lembrar eu disse no capítulo anterior que esse seria o ultimo e sim, essa era a intenção, mas ficou muuuita informação para um capítulo só por isso decidi dividi-lo em dois. No domingo posto a segunda parte. Espero que gostem!

Capítulo 15 - Pequena Muralha


FERNANDO

- Eu estou ficando nervosa, já posso tirar essa venda do olho? – Pediu Lety pela décima vez.

- Nada disso! Nós ainda não chegamos.

- Mas nós estamos nesse carro há mais de uma hora! Está me levando para outra cidade por acaso?

- Não seja exagerada Lety, não tem nem dez minutos que eu estou dirigindo. – Respondi. Letícia estava ansiosa para ver a tal surpresa e eu estava ansioso para que ela visse.

- Só me diz se falta muito. – Pediu.

- Na verdade, já chegamos. – Respondi estacionando o carro.

- Até que enfim! – Sorriu. – Já posso tirar?

- Não! – Saí do carro e dei a volta para abrir a porta para ela. Segurei em sua mão ajudando-a a sair. Em seguida conduzi Letícia até o exato lugar que queria mostra-la. – Fecha os olhos. – Pedi.

- Para que se eu já estou com essa venda neles? – Questionou um pouco irritada. Prendi o riso e parei atrás dela.

- Porque nesse momento eu irei arranca-la de você. – Sussurrei em seu ouvido enquanto repousava as minhas mãos em sua cintura.

- Estamos em um motel? Porque você totalmente me excitou agora.

- Não, mas estamos em publico e varias pessoas ouviram você dizer isso.

- O QUE? – Gritou virando-se em direção a minha voz.

- Calma Lety, é brincadeira. – Falei recebendo um soco no braço. – Eu vou tirar agora, ok? – Ela apenas assentiu. Desatei o nó daquele pano e o tirei de seu rosto. – Pode abrir. – Andei até o seu lado para ver a sua reação. Letícia se virou para mim e me olhou confusa.

- De quem é essa casa?

- É nossa. – Respondi simplesmente. Lety arregalou os olhos.

- Nossa? Como assim nossa? Fernando eu não estou entendendo...

- Lembra que há mais de duas semanas eu estou saindo com o Omar para jogar bola? – Ela apenas assentiu ainda me encarando. – Na verdade estávamos procurando por casas. Letícia olhou para a casa novamente e dessa vez sorriu.

- Então é realmente nossa?

- Sim, eu tinha um dinheiro guardado e acabei dando de entrada o resto pagaremos em menos de dois anos.

- Mas eu não entendo, nunca conversamos sobre comprar uma casa...

- Eu sei, mas desde o dia em que você me pediu em casamento e com muito custo eu acabei aceitando. – Brinquei. – Comecei a pensar em nós como uma família. Não me leve a mal, eu adoro o seu apartamento e principalmente todas as lembranças de momentos maravilhosos que tivemos nele, mas acho que precisamos de um espaço nosso. De um lugar nosso. Aquele é o seu apartamento, mas essa é a nossa casa. – Falei apontando para o local.

- Como você consegue ser tão perfeito? – Questionou Letícia entrelaçando suas mãos em meu pescoço. Apenas dei de ombros e ela sorriu me puxando para um beijo. O qual eu logo interrompi.

- Eu adoraria ficar aqui beijando você em frente a nossa nova casa para fazer inveja aos nossos futuros vizinhos, mas temos que ir a sua consulta em menos de uma hora então se quisermos vê-la por dentro precisamos nos apressar.

- Então vamos logo! – Chamou puxando-me apressadamente pelo braço.

...

LETÍCIA

A casa era extremamente aconchegante, tanto por dentro quanto por fora. Tinha um pequeno jardim na sua frente e uma garagem com espaço para dois carros. Por dentro havia três quartos, dois banheiros, sala, cozinha e uma pequena varanda nos fundos. Fernando havia escolhido muito bem e eu não pude evitar em nos imaginar vivendo ali com o nosso futuro filho.

- O que achou? – Perguntou Fernando após termos entrado em todos os cômodos.

- É perfeita. – Respondi. – Muito obrigada por isso. – Falei abraçando-o.

- Fico feliz que tenha gostado. Pensei que poderíamos ter escolhido juntos, mas queria que fosse uma surpresa.

- Eu não poderia ter escolhido melhor. Mal posso esperar para começarmos a nossa vida aqui.

- Se você quiser podemos nos mudar amanhã mesmo! – Brincou.

- Seria loucura se eu dissesse que amei essa ideia? – Fernando me olhou surpreso. - Amanhã é sábado e temos três amigos que não irão fazer nada para nos ajudar. Então por que não? – Expliquei.

- Veremos. – Respondeu Fernando ainda reconsiderando a minha ideia.

...

Fernando já havia se acostumado com as demoras da clinica para nos atender, por isso já não reclamava o tempo todo, apesar de que era sempre notável o quanto ficava inquieto e ansioso. Ele me acompanhava em todos os ultrassons e vazia mais perguntas do que eu. Além disso, Fernando passou a ler livros sobre o período de gravidez e na semana passada o vi com um sobre “Recém-nascidos”.

Quando meu nome foi finalmente chamado, Fernando se apressou em entrar no consultório me deixando para trás. Acho que às vezes ele se esquecia de que era eu quem estava gerando o nosso filho.

- Bom Dia! Como vocês estão? – Perguntou a médica.

- Muito bem. – Respondeu Fernando por nós dois.

A médica sorriu, ela já conhecia muito bem o jeito dele.

- Ótimo! Venham vamos logo fazer esse ultrassom. – Chamou me conduzindo até a cama.

Sim, a essa altura eu já conseguia enxergar o meu filho mesmo depois de perdê-lo de vista diversas vezes nas fotos do ultrassom.

Lucia, a minha médica olhava atentamente para o monitor, e diferente das outras vezes, sua expressão não parecia nada boa. Podia jurar que ela estava preocupada.

- Algum problema doutora? – Perguntou Fernando, provavelmente havia notado o mesmo que eu. Ela largou o aparelho em cima da mesinha e se virou para nós.

- Ok, eu não quero que vocês fiquem preocupados. – Começou.

- Bom, só de você dizer isso eu já fiquei. – Falei ajeitando-me para ficar sentada na cama.

- Ao invés do seu bebê ganhar peso ele perdeu. – Explicou e antes que ela continuasse Fernando a interrompeu.

- Mas por quê? O que esta acontecendo?

- Eu não sei ao certo, mas vocês se lembram de que a pressão na Letícia estava um pouco elevada no mês anterior? – Apenas assentimos. – Eu temo que Letícia esteja tendo uma pré-eclâmpsia, isso faz com que os vasos sanguíneos não se desenvolvam adequadamente, não levando sangue o suficiente para a placenta. Mas como eu disse, não posso afirmar que seja realmente isso. – Fernando segurou a minha mão e notei que ele suava, assim como eu, ele estava aflito.

- E o que vamos fazer sobre isso? – Perguntei. Meu coração estava disparado, mas ao mesmo tempo eu estava me esforçando para me manter calma, pois não queria que as coisas se agravassem ainda mais.

- Precisamos fazer uma cesariana de emergência.

- Para quanto? – Questionou Fernando.

- Para hoje. – Respondeu a médica rapidamente. Aquilo foi como um choque para mim e rapidamente senti que as lagrimas começaram a deslizar sobre o meu rosto.

- Mas ela esta de apenas sete meses. – Falou Fernando enquanto colocava as mãos no meu ombro.

- Não podemos esperar nem mais um minuto, o bebê parou de se desenvolver. Se adiarmos isso ele... – Ela não completou a frase e apenas nos olhou com pena. Quando me virei para Fernando notei que assim como eu ele estava fazendo o possível para conter suas lagrimas. Nenhum de nós a respondeu, não sabíamos o que dizer e estávamos apenas tentando similar todas aquelas informações. – Fernando, ligue para alguém e peça para que busque as coisas da Letícia e do bebê. Vamos interna-la agora e assim que estiver tudo pronto daremos inicio ao parto. Só peço a vocês que, por favor, fiquem calmos. Vai dar tudo certo. Eu prometo. – Ela encostou a mão no meu queixo e eu dei um sorriso triste. – Com licença. – Pediu saindo da sala, provavelmente para começar a preparar tudo.

Quando ouvi a porta se bater não me contive mais e comecei a chorar. Fernando me abraçou fazendo o mesmo. Eu segurava em seus braços com força na tentativa de buscar um refugio, mas eu sabia muito bem que nesse momento era difícil buscarmos forças um no outro, porque nos sentíamos da mesma forma.

...

FERNANDO

Eu ainda estava impactado com aquela notícia, mas fazia de tudo para não demonstrar isso, afinal, era o meu dever tentar ao máximo tranquilizar Letícia.

Liguei para os nossos pais e os nossos amigos, Carolina e Omar ficaram encarregados de buscar as coisas da Lety e do bebê. Ela já havia sido internada e agudávamos em ansioso pela chegada da médica com mais noticias.   

Estávamos em silêncio a um bom tempo, me sentei ao lado da cama onde Letícia estava e segurei em sua mão tremula sem saber o que dizer. Sabia que tinha que reconforta-la, mas ao mesmo tempo queria que alguém pudesse fazer o mesmo comigo.

- Você acha que vai dar tudo certo? – Perguntou quebrando o silêncio.

- É claro que sim, meu amor. – Respondi tentando soar o mais confiante possível.

- Eu estou com tanto medo. – Os olhos de Letícia se encheram de lagrima novamente e logo percebi que comigo aconteceria o mesmo. – Isso não era para estar acontecendo...

- Sim eu sei, mas não precisa ter medo. – Aproximei-me de Lety e beijei sua testa. – Vai ficar tudo bem, eu prometo.

- Eu estou apenas de sete meses Fernando o bebê ainda é muito pequeno e frágil, eu temo que...

- Não. – Falei interrompendo-a. – Não diga uma coisa dessas. Eu tenho certeza que ele vai nascer forte e que em breve estaremos os três na nossa nova casa. Começando uma nova vida. – Lety me olhava apreensiva e eu sabia que precisava fazer algo quanto a isso. – Eu vou estar do seu lado o tempo todo e tudo vai dar certo, você só precisa me prometer que ficara o mais calma possível e será forte. Você promete? – Ela apenas assentiu enquanto mordia o lábio na tentativa de segurar o choro. – Ótimo meu amor. – Enxuguei suas lagrimas e beijei suas mãos. Nesse momento ouvimos a porta do quarto se abrir e a medica passar por ela acompanhada de dois enfermeiros. Levantei-me rapidamente.

- Vamos levar a Letícia para o outro quarto, já esta tudo pronto para darmos inicio ao parto. – Os enfermeiros se aproximaram de Lety e a colocaram em uma cadeira de rodas, levando-a logo em seguida.

- Onde eu me preparo? – Perguntei a medica.

- Eu sei que combinamos que você assistiria ao parto, mas vai ser um pouco mais complicado do que imaginávamos e não acho bom que você esteja lá.

- Eu preciso estar lá! – Falei com o tom de voz alterado. – A Lety precisa de mim. Por favor. – Pedi. – Eu prometi que ficaria com ela o tempo todo. – A médica me olhou hesitante por um tempo, mas depois acabou assentindo.

- Esta bem. Mas você precisa me prometer que se por acaso pedirmos para você se retirar do quarto você irá. Tudo bem? – Apenas assenti, temendo o que aquilo poderia significar.

...

Fui direcionado até uma sala onde me deram toucas, luvas e mascaras. A médica disse que já haviam anestesiado e de que em breve iniciariam a cesariana. A cada momento isso se aproximava e o meu nervosismo aumentava. Queria estar convencido de que tudo ficaria bem, mas eu temia por Lety e pelo filho. Eu não suportaria se algo desse errado e eu tivesse que voltar sozinho. Avisaram-me de que meus pais e meus amigos já estavam na sala de espera, o que me fez sorrir pela primeira vez. Saber que tinha o apoio deles, de certa forma facilitava um pouco as coisas e me ajudava a ter que lidar com aquela situação.

Quando entrei no quarto e vi Letícia daquela cama senti um frio na barriga, mas quando ela sorriu ao me ver o meu coração se aqueceu.

- Você esta aqui. – Falou.

- Eu prometi que ficaria ao seu lado. – Respondi ajoelhando-me próximo cama. Seus olhos se inundaram novamente e eu me apressei em limpar o seu rosto. – Veremos o nosso bebê em alguns minutos e ele precisa ver a mãe dele sorrindo e não chorando.

- Tem razão. – Letícia me olhou com ternura. – O que você acha que vai ser? Nunca falamos das nossas apostas sobre o sexo.

- Honestamente? Acho que vai ser uma menina.

- Eu também. – Respondeu animada. Antes que eu dissesse qualquer coisa senti alguém segurar o meu braço. Era a médica.

- Vamos começar agora. – Avisou.

Letícia me olhou assustada e eu me levantei beijando o seu rosto.

- Vai ficar tudo bem meu amor. – Sussurrei.

A operação se iniciou, mas evitei ao máximo em olhar para os médicos e os enfermeiros, dedicando minha total concentração em Letícia. Meu coração se acelerava sempre que eu os ouvia sussurrar algo. Não sabia o que estava acontecendo, se estava tudo indo bem ou se algo havia se complicado. Mesmo estando na mesma sala que eles eu me sentia perdido, era como estar assistindo um filme de sequencia sem ter visto os anteriores.

Quando eu menos esperava ouvi um barulho de um choro vendo-o um dos enfermeiros carregar um pequeno bebê em seus braços, estava pronto para correr em direção a ele quando a médica me impediu.

- Vamos leva-lo para a neurologista para uma avaliação mais completa, e depois UTI Neonatal, assim que estiver tudo bem vocês podem vê-lo.

- Que estiver tudo bem? Aconteceu alguma coisa? – Questionou Lety com a voz notavelmente fraca.

- Não, isso é um procedimento normal quando o bebê nasce com menos de 34 semanas. Não precisa se preocupar. – Ela abaixou sua mascara e sorriu nos olhando com ternura. – Ah e parabéns, vocês tiveram um lindo menino.

...

Mesmo a medica garantindo de que estava tudo bem e que o meu filho era mais forte do que aparentava me doía ter que vê-lo naquela incubadora. Ele era tão pequeno e enquanto eu o assistia comecei a me questionar de como ficaria quando o tivesse em meus braços pela primeira vez. Letícia ainda estava em repouso e não aguentava de ansiedade para finalmente poder vê-lo, a médica garantiu que dentro de algumas horas o levaria até para uma breve visita.

- Como se sente? – Perguntei a Lety assim que voltei.

- Para falar a verdade bastante irritada! – Respondeu cruzando os braços. – Eu carreguei esse bebê na barriga por sete meses e até agora não pude vê-lo! A Márcia já até postou foto dele no instagram. – Resmungou fazendo com que eu risse. – Não tem graça Fernando, eu realmente estou chateada.

Acariciei os seus cabelos e a dei um selinho.

- Em breve você dera vê-lo, segurá-lo e vai passar todo o tempo do mundo com ele.

- Eu sei, mas eu não aguento mais esperar!

- Sabe o que deveríamos fazer enquanto esperamos? – Questionei e Letícia apenas negou sacudindo a cabeça. – Escolher um nome. Não podemos chama-lo de bebê a vida toda. – Letícia riu segurando a minha mão.

- Você tem alguma ideia?

- Que tal Fernando?

- Não.

- Por que não? – Perguntei fingindo estar ofendido. – Não gosta do meu nome?

- Eu amo o seu nome, mas eu acho um pouco falta de criatividade colocar o mesmo.

- Está bem. – Respondi arrastando a cadeira para mais perto. – Você tem algum em mente?

- Na verdade sim. – Sorriu. – Semana passada eu estava olhando alguns nomes e seus significados e tem um que significa “pequena muralha” e eu acho que devido a tudo o que aconteceu ele combina perfeitamente com ele.

- E qual é? – Perguntei animado.

- Murilo. 



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