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História Futuro Inexistente - O Nosso Futuro - Capítulo Único


Escrita por: yoongikaebjjang

Notas do Autor


Olá ~

Estava planejando postar essa fanfic na quinta-feira, mas como surgiu oportunidade estou postando hoje mesmo ❤

Essa fanfic fala sobre tentativa de suicídio diversas vezes, mas não é um incentivo! O suicídio nunca é a opção!
Se você está pensando sobre isso, ou até mesmo se sentindo da mesma forma como é retratado aqui, por favor, procure ajuda! Você não está sozinho(a)!

(Parece até hipocrisia minha querer ajudar, quando eu mesma penso muito sobre isso... mas, enfim.)

Criei uma playlist no youtube com as músicas que mais ouvi durante o desenvolvimento dessa fanfic, o link está nas notas finais.

Essa capa linda eu pedi no Neverland Edits ❤ (link nas notas finais)

Boa leitura ~

Capítulo 1 - O Nosso Futuro - Capítulo Único


Eu não me sinto bem. E ao mesmo tempo me sinto.

Fisicamente, estou ótimo. Mas meu problema não é físico.

A cada dia é mais difícil conviver comigo mesmo. É como se, de um jeito ou de outro, as coisas não ocorrem como devem ocorrer.

Eu posso sorrir e me distrair por alguns momentos, mas eu sempre volto ao mesmo estado em que sempre me encontro quando paro para me focar em mim mesmo, ou quando simplesmente paro de pensar em qualquer coisa; eu não estou bem.

Não posso dizer com certeza o que está me afetando.

O peito aperta, dá vontade de chorar, assim, sem motivo mesmo. Às vezes um motivo aparece, por mais pequeno que seja. E mesmo que seja um motivo maior, e a vontade de deixar as lágrimas caírem seja enorme, eu as seguro. Porque por mais que a vontade esteja presente, elas não caem.

Fome. É uma coisa comum. Todo mundo sente fome, e eu não sou diferente. A questão é: por que eu não como?

Meu estômago queima, e eu até penso em preparar algo, ou simplesmente pegar o que está pronto e comer. Mas não consigo. Toda vez que meus olhos caem sobre algum alimento, a fome vai embora, e eu acabo deixando de lado. Das poucas vezes em que tentei comer quando estou assim, a ânsia veio imediatamente, o que me fez desistir.

Não sou uma pessoa magra, pelo menos não tanto quanto gostaria. E tenho certeza que não faço isso para perder peso, assim como meus familiares fazem questão de afirmar.

Sei que não posso simplesmente parar de me alimentar, até porque minha gastrite e anemia estão de mãos dadas para piorar minha situação. Mas também não é como se eu controlasse. Fujo de hospitais, e qualquer coisa do tipo. Não importa o que me receitem, seja antibiótico ou qualquer outra coisa, sei que não vou me cuidar — nunca cuido, na verdade — então, para quê desperdiçar tempo?

Um exemplo disso é minha pele. Tenho um tipo de alergia, aliás, não sei exatamente o que é porque sempre que minha mãe marca uma consulta com dermatologista eu cancelo no último minuto. Mas é uma mancha, grande até, e apenas um pouquinho mais escura que minha pele, e que encobre grande parte do meu pescoço. Começou com uma simples coceira, mas foi aumentando, até o ponto de coçar até sangrar e formar feridas que ardem por horas. Ao longo dos meses, elas se estenderam por meu peito, e braço, me fazendo usar blusas de mangas longas com gola alta até mesmo em dias de calor intenso. O pior de tudo isso, é que o calor só aumenta a coceira.

Por um tempo, pensei que poderia me virar apenas desse jeito, mas então surgiram manchas em minhas mãos, e mesmo quando tento passar algum creme, a ardência só aumenta, e acaba não resolvendo nada.

Um amigo me disse que pode ser meu sistema nervoso. Como se eu passasse por tanto estresse e nervosismo que meu corpo desconta através de manchas na pele.

De fato, nunca fui calmo. Talvez por fora, mas não por dentro. Principalmente depois daquele assalto no ano passado, quando estava voltando para casa e um moleque apontou uma arma na minha cabeça para tomar meu celular e, como qualquer pessoa insensata e indignada, reagi, correndo risco de ser baleado, e fugi.

Até hoje não consigo pôr os pés na calçada se não estiver com alguém. E se, quando realmente preciso, saio sozinho, meu coração acelera, as mãos tremem, os passos se tornam apressados e incertos, assim como meus olhos correm frenéticos pelo caminho. Meu amigo diz que isso é síndrome do pânico. Mas, como eu disse antes, nunca procurei ajuda profissional para saber.

Jeongguk é meu único amigo. Pelo menos o único que restou. Ele dá uma de conselheiro sempre que pode. Porém, mesmo sendo meu amigo de longa data, não me sinto bem em dizer essas coisas para ele.

Jeongguk é uma pessoa positiva demais, feliz e confiante, e sempre parece que estou o trazendo para baixo quando falo dos meus problemas.

Sou uma pessoa pessimista, como dá para perceber. Por isso sinto como se o estivesse corrompendo; como se meu negativismo estivesse sugando sua felicidade. Veja bem, Jeongguk não costuma chorar, mas quando lhe contei sobre as vezes em que pensei em desistir, seus olhos se encheram de lágrimas, ao passo em que me pedia para parar de pensar nisso.

Suas palavras sempre foram doces, e encorajadoras. Mas eu surtia o efeito contrário nele. Eu me tornei a barreira que o impedia de ver o sol. Por isso resolvi me afastar. Eu era tóxico. Ainda sou. Mas pelos menos assim, somente eu seria intoxicado.

Tenho um emprego como caixa numa lojinha de conveniência, e estou na faculdade também. Não que eu me preocupe com o futuro — para mim o futuro não existe. Eu apenas sigo o fluxo.

Tanto no trabalho quanto na faculdade, eu consigo me comunicar com as pessoas, consigo manter uma conversa racional e calma. Mas quando sou apenas eu, Min Yoongi, o garoto que está sempre de blusa, é como se minha voz não saísse direito. O ar me falta, o coração acelera, e a voz falha.

Nessas horas, várias coisas me passam pela cabeça: o medo de me aproximar demais de alguém; medo de não conseguir manter uma amizade ou, até mesmo, uma simples conversa; medo da pessoa não aprovar meu jeito de ser, meus gostos, ou meus ideais. É quase como se tivesse pânico de socialização.

Você pode não entender isso. Às vezes, eu também não entendo. Mas é como me sinto.

É como Bring Me The Horizon diz: "Tenho medo de me aproximar e odeio ficar sozinho. Anseio por aquele sentimento de não sentir nada. O mais alto que chego, o mais profundo afundarei. Não posso afogar meus demônios, eles sabem nadar." É um verso que me descreve bem.

Cada pico de felicidade que tenho na vida, é um prelúdio para um penhasco de sofrimento. E cada vez mais tem se tornado mais difícil escalar até o topo novamente.

Estou cansado. Cansado de me julgar por cada pensamento negativo. Cansado de me julgar uma pessoa com frescura.

Os piores julgamentos não são das pessoas a minha volta, até porque eu consigo com muito esforço superar o que pensam de mim. Mas o que eu penso de mim mesmo é o que me preocupa.

É como se houvesse uma voz em minha cabeça me dizendo para parar com o teatro. "O público está cansado da peça, apenas encerre de uma vez e feche as cortinas."

Não vejo sentido em meu emprego, estudos, quanto menos em minha existência.

Eu quero desistir, porém não tenho coragem para tanto — e realmente não tenho certeza se quero esse tipo de coragem.

Jeongguk sempre me disse para conversar com ele, ou alguma outra pessoa. Mas o importante era conversar, expor o que estou sentindo, porque só assim posso chegar a algum conforto ou solução.

Entretanto, sempre que tento dizer algo a alguém, as palavras não saem, e tudo o que penso em dizer se torna idiotice de garoto mimado. Então, eu simplesmente engulo o que me perturba, e sigo fingindo sorrisos.

Evito questionamentos, por isso finjo sono, sorrisos e até bocejos.

Há dias em que a insatisfação, dor ou tristeza — nunca sei exatamente como classificar o que sinto — é tão grande, e difícil de esconder que meus pais acabam me perguntando se está tudo bem, e o sono é minha resposta mais comum.

Porque é sempre mais difícil admitir o que se passa quando realmente não se sabe ao certo o que se passa. É confuso e frustrante, ao mesmo tempo. E o constrangimento é maior ainda.

Às vezes eu não me controlo, e posto algumas frases cheias de significados e sentimentos angustiantes que me perseguem, seja no instagram, ou twitter. Mas geralmente as apago em seguida.

É aquele tal negócio, quero ajuda, mas não quero me identificar.

E o pior é não saber como expressar isso. O peito aperta demais, mas é torturante colocar tudo em palavras. É mais fácil guardar tudo aqui dentro e sofrer calado.

Até o ponto em que não dá para aguentar mais.

Não espero que entenda. Nem que concorde.

Quando era mais novo, eu costumava me cortar. Não muito forte, nem muito fundo. Apenas o suficiente para sentir a dor física sobrepassar a emocional. Porém, nada funcionava. Minhas tentativas de suicídio foram inúmeras, mas eu nunca fui adiante, pela maldita falta de coragem, e aquela vontade primitiva de permanecer vivo.

Agora não me corto mais, porque sei que de nada irá adiantar. E as tentativas de suicídio... não serão mais tentativas.

Estou cansado.

Cansado de ver meu tio chegar bêbado todos os dias e despejar xingamentos e desaforos sobre minha mãe.

Cansado das lembranças da minha infância. A traição do meu pai; separação dos meus pais; a morte da minha vó, que me criou como um segundo filho, mas que me deixou aos seis anos, quando morreu internada num hospício, e que mesmo agora, depois de quase vinte anos, não me disseram a verdade sobre sua morte — uns dizem ser câncer, outros dizem ser tumor, mas nunca me afirmam com certeza.

Estou cansado de me olhar no espelho e encarar meu reflexo cada vez mais distorcido.

Cansado de sentir a falta de Jeongguk, que eu mesmo fiz questão de afastar. E principalmente cansado de me sentir inútil. Eu só quero desaparecer. Talvez nascer de novo — se é que isso é possível —, como alguém mais confiante, talvez. Mas o mundo já está cheio de pessoas pessimistas. Uma a menos não irá fazer falta...

Mãe, pai e hyung, me desculpe por não ser o filho e irmão alegre que vocês esperavam que eu fosse. Eu amo vocês.

E Jeongguk, eu queria ter metade do positivismo que você tem. Nunca tive coragem ou confiança para dizer, mas eu sempre o amei. Espero que me perdoe, porque eu não fui capaz de continuar.

Por favor, não pense que foi sua culpa. Você fez tudo o que pôde. Eu te amo.

 

Min Yoongi


×

 

Jeongguk segurou com força a carta que tinha em mãos, sentindo seu mundo desabar ao terminar de ler. Eunjin, a mãe de Yoongi, o abraçou firme, notando as lágrimas encobrindo seu rosto em segundos. Os soluços não demoraram a sair, involuntários, junto ao aperto em seu coração, ecoando pelo corredor branco e vazio do hospital.

Chovia forte lá fora, com trovoadas e relâmpagos cortando o céu, e iluminando-o ainda mais, como se o próprio céu sentisse a tempestade dentro do próprio Jeongguk.

Por semanas esteve irritado e preocupado com Yoongi. O moreno não respondia suas ligações, ou mensagens. E se esquivava sempre que o via. Iria procurá-lo hoje mesmo para saber o motivo. Porque não aguentava mais essa distância. Mas uma ligação inesperada de Eunjin o fez mudar seu destino para o hospital.

Ao chegar à unidade de tratamento intensivo, estava pálido, e quase sem voz.

Eunjin, sem dizer nada, lhe entregou uma carta escrita à mão.

Era a caligrafia de Yoongi, Jeongguk pôde reconhecer na mesma hora. E com o coração apertado leu as primeiras linhas, já imaginando onde aquilo iria acabar. A primeira lágrima caiu ao ler o próprio nome pela primeira vez. E a dor em seu peito se agravou ao notar que conforme ia lendo, as letras se tornavam rebuscadas, e um tanto borradas, fazendo-o lembrar-se das vezes em que encontrou Yoongi cheirando à álcool, escrevendo alguma carta de despedida, prestes a fazer algo para tirar a própria vida. Sua letra sempre ficava tortuosa nessas horas.

Jeongguk se sentou, incapaz de manter as pernas firmes por mais tempo. As lágrimas caíam pesadas, molhando o papel em suas mãos. E ao chegar ao final, suas mãos tremeram, ao apertar a carta contra seu corpo, se agarrando a última lembrança de que tinha de Yoongi, de duas semanas atrás, quando estavam no quarto do mesmo, conversando sobre coisas banais. Jeongguk havia notado o olhar perdido que o outro mantinha, mas evitou tocar no assunto, porque Yoongi só se afastava. Agora, tudo isso se convertia em arrependimento e um aperto imenso no peito.

— Foi minha culpa... — a voz de Jeongguk saiu trêmula — Eu devia estar ao seu lado, eu... nada disso teria acontecido...

Eunjin acariciou os fios castanhos do rapaz em seus braços, confortando-o. Jeongguk era como um filho para ela, e foi a pessoa que mais a ajudou quando precisava que alguém conversasse com Yoongi.

Afinal, ela era mãe. E uma mãe sabe quando seu filho não está bem. Porém, apesar das inúmeras tentativas, Yoongi nunca se abria com ela; nunca dizia o que se passava lá dentro.

Jeongguk foi o único que conseguiu fazer Yoongi finalmente expor suas angústias, seus medos. Jeongguk foi o único amigo de Yoongi. A única pessoa em quem o Min confiava, e Eunjin percebeu isso, por isso pediu para que Jeongguk cuidasse de seu filho. E de maneira nenhuma o culpava pelo que aconteceu.

— Se tem algum culpado aqui, esse sou eu. Nunca passei tempo suficiente com ele, nunca fui um pai presente como deveria ser. Além de que fui o primeiro a julgá-lo como mimado, quando descobri sobre os cortes. Eu não deveria ter dito aquelas coisas pra ele...

Dongwoo, o pai de Yoongi, tocou o ombro de Jeongguk, atraindo a atenção do mais novo. Seus olhos estavam igualmente vermelhos, com as lágrimas caindo pelo rosto. Os três se juntaram num abraço, incapazes de argumentar, enquanto sentiam a dor rasgar o peito.

Passos apressados ecoaram pelo corredor, e um homem de cabelos negros surgiu arfando, correndo de encontro aos três, que se viraram em expectativa para o rapaz.

— Ele acordou! — Yugyeom, irmão de Yoongi, exclamou aliviado — Jeongguk, você precisa ver ele. Yoongi precisa de você.

O moreno puxou o mais novo pelas mãos e, sem esperar uma resposta, correu pelo corredor, deixando os mais velhos para trás. Alcançaram o elevador, e Yugyeom apertou o botão do terceiro andar, olhando apreensivo para o mais novo. Jeongguk dobrou a carta de Yoongi com cuidado e a guardou no bolso, tentando secar pelo menos algumas das lágrimas que ainda caíam por seu rosto.

— Já faz uma hora, e o Yoongi não quer comer nem falar. Por favor, Jeongguk, você é nossa última esperança.

O mais novo respirou fundo, segurando um soluço, e direcionou os olhos marejados para o amigo, movendo a cabeça em afirmativa.

As portas do elevador se abriram, desviando a atenção deles para o corredor. Yugyeom o guiou até o quarto trezentos e dois, pedindo para que entrasse sozinho, porque iria falar com seus pais, confortá-los. Jeongguk assentiu, observando o moreno fazer o caminho de volta para o elevador, e fitou a porta do quarto por alguns segundos. Pôs a mão na maçaneta, e a abriu de uma vez.

Yoongi estava sentado na cama, seus braços estavam ao lado de seu corpo, com algumas agulhas presas a ele, e aparelhos apitavam ao fundo, monitorando suas batidas cardíacas. Seus olhos estavam direcionados para a janela ao lado, observando a chuva caindo lá fora, e só percebeu que Jeongguk estava ali quando a porta se fechou, provocando um ruído um pouco alto.

Seus olhos se encontraram, prendendo-se numa conversa sem palavras, onde os sentimentos faiscavam.

Lágrimas brotaram dos olhos de Yoongi, caindo pelo rosto pálido e magro. Jeongguk o olhou com pesar, incapaz de segurar as lágrimas também. Deu passos lentos até a cama, e esticou a mão, tocando o rosto de Yoongi com a ponta dos dedos. O acariciou de forma suave, e logo se inclinou para envolvê-lo num abraço apertado cheio de saudade.

— Por favor, nunca mais faça isso — sua voz saiu num sussurro em meio ao choro, e foi ganhando força conforme as palavras iam saindo de sua boca — Sei que é difícil, mas eu estou aqui com você. Tudo bem se você se apoiar em mim! Você pode ter me visto como um cara confiante, mas na verdade eu sou muito medroso, também enfrento meus próprios demônios. E se eu posso sorrir, saiba que é porque eu estou com você!

Yoongi tremia, sentindo toda a culpa e o arrependimento o dominar. Levantou o braço livre de agulhas, e apertou com força o braço de Jeongguk, necessitando senti-lo, como se a qualquer momento pudesse perdê-lo. Seu peito doía como nunca, e era impossível conter a torrente de lágrimas que caíam por seu rosto enquanto sussurrava pedidos de desculpas para aquele que amava.

— Yoongi — Jeongguk se afastou um pouco, segurando o rosto dele com delicadeza; seus olhos se conectaram, e Jeongguk sentiu o coração apertar ao ver a face tão triste de Yoongi — Por favor, nunca mais me deixe. Eu desistiria de toda a minha felicidade, desistiria até mesmo da minha vida, só para poder te ver sorrindo outra vez.

— Eu prometo, nunca mais farei nada disso... Jeongguk, por favor, me desculpe.

Jeongguk se aproximou, e depositou um beijo terno e demorado em sua testa. Os aparelhos de batimentos cardíacos começaram a apitar um pouco alto, mas não deram importância. O mais alto olhou novamente em seus olhos, e acariciou o rosto de Yoongi novamente, secando algumas lágrimas no caminho. E assim, observando-o tão de perto, se permitiu admirar suas feições por alguns segundos, notando o quanto havia emagrecido, durante essas duas semanas que ficaram sem se ver. Se assemelhava quase a um fantasma, e uma marca vermelha e arroxeada envolvia seu pescoço, deixando evidente que havia tentando se enforcar. Jeongguk fechou os olhos, agradecendo a o que quer que existisse além dessa vida por Yugyeom tê-lo encontrado há tempo. E quando os abriu novamente, olhou no fundo dos olhos marejados do moreno, sentindo seu coração transbordar.

— Eu amo você, Yoongi. Então, por favor, não me deixe. Eu não suportaria te perder.

A voz de Jeongguk se tornou um sussurro perdendo-se no silêncio do quarto à medida que envolvia Yoongi num abraço apertado, perdendo-se num turbilhão de sentimentos e lágrimas, enquanto tinha o corpo de Yoongi colado ao seu. Ambos se apertavam, dominados pelo receio da quase perda, e a saudade de semanas sem se ver.

A porta havia sido aberta brevemente, por Yugyeom, acompanhado de seus pais, que já haviam se acalmado um pouco, mas não conseguiram entrar. Os três acabaram parados na soleira da porta, arrebatados pelos jovens abraçados e chorando sobre a cama.

Yugyeom sorriu para os dois. Assim como havia imaginado, Jeongguk era o único capaz de fazer Yoongi expor todos aqueles sentimentos que ele escondia. E sentiu-se grato por isso. Por fim, fecharam a porta, resolvendo não interromper.


×

 

As janelas do quarto estavam abertas, deixando os raios solares da manhã invadir o ambiente, dando energia aos dois garotos sentados na cama de solteiro. Jeongguk segurou a pomada e a apertou sobre seus dedos, logo direcionando os olhos para o outro. Yoongi respirou fundo, um tanto hesitante, e retirou a camisa que usava, deixando o tronco à mostra. O Jeon tocou seu peito, fazendo Yoongi se contrair levemente por sentir a pomada fria sendo espalhada por sua pele, à medida que uma leve coceira e ardência se dava início. Era incômodo demais e difícil de suportar, mas sabia que era para o seu bem. Pensando de forma positiva, pelo menos tinha as mãos quentes do namorado tocando e pressionando seu corpo por alguns minutos seguidos todos os dias, então não era tão mal assim. Só precisava se segurar para não coçar.

Sentiu as mãos de Jeongguk seguir de seu peito ao pescoço, espalhando até seus ombros, e então os braços, e chegar finalmente às mãos, segurando-as firme, atraindo a atenção de Yoongi.

— As manchas estão diminuindo — Jeongguk disse animado para o namorado, sorrindo ao vê-lo fazer o mesmo.

— Mesmo?

Yoongi olhou para as próprias mãos, percebendo que os machucados e as manchas da mão esquerda haviam sumido completamente. Apenas a direita ainda tinha algumas manchinhas não muito visíveis.

— Até mesmo as do pescoço estão menores, e quase da mesma cor da sua pele — sorriu, feliz por ter insistido o suficiente para Yoongi permitir que o levasse a um dermatologista e o deixasse cuidar dele; sabia o quanto Yoongi se sentia constrangido por ter aquelas manchas, por isso quis ajudá-lo — O que acha de usar mangas curtas hoje? Está calor lá fora — tentou, sentindo-se esperançoso ao ver um pequeno sorriso surgir no rosto de Yoongi.

— Acho que ainda não estou pronto para isso. Talvez da próxima vez.

Yoongi riu um pouco ao ver o bico que os lábios do namorado haviam formado. Jeongguk tampou a pomada, e se levantou da cama, apressando-se em pegar algo no guarda-roupas ao lado e segurá-lo em frente ao Yoongi.

— Então, veste essa daqui pelo menos.

Yoongi olhou para a peça de roupa que o outro segurava. Era uma camiseta cinza de manga longa que Jeongguk havia comprado especialmente para ele, há uns meses atrás, por ser larguinha e de um tecido um pouco mais fino, assim não sofreria tanto no calor. Yoongi concordou, se levantou da cama e pegou a peça, vestindo-a.

— Você não acha estranho? — Yoongi perguntou ao se virar para o espelho na porta do guarda-roupas e ajeitar a blusa.

— A blusa? — Jeongguk o olhou confuso, receoso de que o outro decidisse usar um de seus moletons pretos e grossos — Não, ficou ótimo.

— Não. Eu quis dizer os meus pais. — virando-se de frente para ele, direcionou os olhos para o mais alto, mordendo o lábio ao tentar colocar em ordem os pensamentos — Não acha estranho sairmos todos juntos hoje, como uma família de verdade? Digo, meus pais nem estão juntos, então, por que fazer isso?

Jeongguk sorriu ao entender o que se passava. Entrelaçou as mãos às de Yoongi e notou a expressão confusa em seu rosto. Adorava quando ele ficava assim, especialmente o biquinho que fazia.

— Estão fazendo isso porque amam você e querem te ver bem.

— Mas não é como se eu fosse uma criança que precisa de atenção vinte e quatro horas por dia — riu um pouco constrangido sustentando o olhar apaixonado que Jeongguk lhe direcionava — Até mesmo o Yugyeom hyung vem no meu quarto de cinco em cinco minutos para perguntar se está tudo bem, e ele nem disfarça mais.

O Jeon sorriu, soltando uma das mãos e a erguendo até alcançar o rosto de Yoongi, deixando leves carícias por sua pele. Subitamente lembrou-se de sete meses atrás quando o encontrou sobre a cama de hospital, todo pálido e magro, com lágrimas nos olhos e marcas roxas e avermelhadas no pescoço, o pedindo desculpas.

Fechou os olhos, e o puxou para um abraço apertado, deixando Yoongi confuso e um tanto preocupado com essa mudança repentina. O moreno envolveu o tronco do Jeon, retribuindo o abraço, e acariciando suas costas. O mais alto respirou fundo, contendo os sentimentos angustiantes que aquelas lembranças carregavam — e que o haviam atormentado tantas vezes em seus pesadelos. Deu um beijo breve no pescoço de Yoongi, causando um leve arrepio por sua pele, e apoiou a cabeça na curva de seu pescoço.

— Você... acabou nos deixando com um trauma e tanto. — Jeongguk disse com a voz abafada, rindo um pouquinho amargurado; desfez-se do abraço, mas manteve seu corpo junto ao do namorado, com as mãos postas em sua cintura, fazendo um carinho lento, enquanto fitava os olhos castanhos de Yoongi, o homem que tinha seu coração por inteiro — Vai ter que se acostumar com toda essa atenção. Porque eu nunca mais vou sair do seu lado.

— Nunca?

Yoongi levantou a mão, tocando o rosto de Jeongguk com a ponta dos dedos, acariciando-o, e observou o namorado inclinar o rosto em direção à sua mão, beijando sua palma, e voltando a fitá-lo de forma apaixonada, com um sorriso brincando nos lábios. Um suspiro involuntário saiu dos lábios de Yoongi, enquanto sentia o coração saltitar ao ver o Jeon encurtando a distância entre eles, ficando próximo o suficiente para sentir a respiração quente de Yoongi contra sua face.

— Nunca — afirmou, convicto; seus olhos percorrendo o rosto belo do namorado — De agora em diante, Yoongi, vamos criar um futuro só nosso.

Os olhares estavam conectados, numa troca silenciosa de juras de amor. Até que Yoongi quebrou o contato visual, e encerrou a distância entre eles. Seus lábios se juntaram, de maneira terna, sem pressa alguma, enquanto seus corações batiam em sincronia. Jeongguk envolveu o corpo do namorado num abraço apertado, sentindo Yoongi fazendo carícias em sua nuca, conforme se beijavam.

O Jeon quebrou o beijo, e encostou sua testa à de Yoongi, ainda de olhos fechados, apenas sentindo a presença e o calor um do outro.

— Eu te amo, Jeongguk — sussurrou.

— E eu também te amo, Yoongi. — sussurrou de volta — Para sempre, e sempre.

E o encheu de beijinhos por todo seu rosto, sentindo-se aquecido ao ouvir a risada gostosa do namorado preenchendo o cômodo.

Yoongi sentia-se agradecido por estar nos braços daquele que amava. Por ter tido uma segunda chance; por não ter conseguido dar fim à sua vida; os motivos eram inúmeros, mas a gratidão e a felicidade que sentia era imensa. Tanto, que as lágrimas não tardaram a cair. Lágrimas, não de tristeza, mas de felicidade, por ter uma pessoa que o ama na mesma medida.

A angústia e a tristeza, que antes o perturbavam dia e noite, não haviam sumido completamente. Às vezes tomavam espaço em sua mente, durante algumas horas, ou dias. Mas, contanto que Jeongguk estivesse ao seu lado, o dando apoio, assim como sempre fazia, Yoongi conseguiria seguir em frente.

Afinal, Yoongi não era a barreira que impedia Jeongguk de ver o sol — nunca fora, na verdade. Jeongguk era o próprio sol, que o iluminava e aquecia, tanto por fora quanto por dentro. E era exatamente assim que deveria ser.


FIM


Notas Finais


Obrigada a quem leu, e até uma próxima ❤

Links:

- Playlist: https://www.youtube.com/playlist?list=PLCpnK6LFGhfdbsyEVevGy6gSCneh_KwWw

- Neverland Edits: https://spiritfanfics.com/perfil/gotoneverland


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