- Me deixe trabalhar Rogers! – Depois de limpo coloquei a pomada e pedi que ficasse sem camisa até que o produto secasse.
- Quer que eu fique sem camisa?
- Se colocar alguma coisa em cima vai grudar Steve! Vai remover a pomada...
- Tem certeza que não é só porque quer me ver sem camisa? – Pergunta brincalhão e reviro os olhos logo me levantando, porém sinto um puxão prá trás e me desequilibro, ele agarrou minha mão me fazendo voltar, com o desequilíbrio cai sobre seu colo e me assustei com a possibilidade de machucá-lo e tentei me levantar, só que ele manteve os braços firmes ao meu redor.
- Está louco? Acabou de remover o gesso de duas pernas quebradas e o curativo de uma queimadura grave, minha queda poderia te machucar!
- Mas não machucou! – Diz rindo.
- Porque fez isso? – Pergunto observando o quanto estávamos próximos e eu estava praticamente sentada em suas pernas.
- Queria te deixar com mais vergonha! – Brinca e como ele prendia meus braços alcancei seu peito nu e o belisquei.
- Ai! Não pode maltratar o paciente!
- Você está muito saidinho hoje! – Digo e aproveito que ele afrouxou os braços depois do beliscão para me levantar. Levanto e sigo pra cozinha. – Vou fazer o almoço!
- Ok! – O ouço rindo e vou me ocupar com a cozinha, demoro cerca de uma hora, o máximo que ouvi foi o som da TV que provavelmente Steve ligou, ao terminar apronto a bandeja com o almoço dele e sigo para a sala.
- É bom ter passado o seu momento saidinho senhor Rogers! – Entro na sala falando sem observar que ele não estava sozinho na sala, o rapaz que deduzi ser irmão dele estava lá sentado a seu lado. – Me perdoe, não sabia que tinha visita!
- Não vem com formalidade Nat! Já disse que não precisa! – Diz ele vestindo a blusa. – Acho que se lembra do Bucky do primeiro dia que veio aqui.
- Seu irmão certo?
- Pode-se dizer que sim! – Quem diz é o próprio Bucky se levantando e estendendo a mão pra me cumprimentar. Depois que entrego a bandeja pra Steve aceito o aperto de mão. – Nat?
- É Natasha, mas fique a vontade pra me chamar de Nat! Vai almoçar? – Pergunto.
- Não! Só vim ver como o capitão aqui estava já que foi remover o gesso hoje.
- Capitão? – Olhei pra Steve.
- Ele não te disse que é capitão no exercito? – Franzi o cenho.
- Não haveria por que... – Respondi tentando me lembrar de que aqueles eram clientes da empresa em que trabalho e que não poderia cobrar esse tipo de coisa de Steve.
- Bucky... – Steve o chama com olhar repreensivo e resolvo voltar à cozinha.
- Bem... Vou até a cozinha pra que fiquem a vontade, assim arrumo por lá.
- Nat pode almoçar aqui...
- Não! Vou pra cozinha, se precisarem de alguma coisa basta chamar. – Saio e os deixo a sós. Na cozinha almoço monotonamente me perguntando por que me senti mal em saber que Steve não me contava tudo, quase como se me sentisse traída, o que não fazia o menor sentido. Depois de almoçar comecei a lavar a louça e ouço passos pelo corredor logo chegando à cozinha.
- Me desculpe se te deixei desconfortável Natasha! – Fala Bucky se se encostando à soleira da porta.
- Não deixou! Pode ter certeza!
- Achei vocês tão confortáveis um com o outro e de repente aparece um estranho...
- Você é irmão dele, o estranho aqui sou eu não você! – Sorrio em sua direção e ele se aproxima sentando na bancada americana da cozinha.
- Sabia que ele estava em depressão?
- Isso é impossível! Já cuidei de pessoas depressivas e lhe garanto que não tem o comportamento de Steve, pelo menos não nas condições em que está hoje.
- Mas ele estava se duvida veja a gaveta do criado mudo dele, antidepressivos, remédio para dormir, calmantes... – Parei o que fazia pra entender onde ele queria chegar com aquela história.
- Aonde quer chegar?
- Steve acabou de sair de um grande abalo, ele era capitão no exercito e foi forçado a se aposentar depois do acidente, a vida de Steve era o exercito e a namorada. Ele te contou sobre o acidente?
- Sim!
- Então sabe que a namorada dele...
- Sei!
- Então... O mundo dele veio a baixo em menos de dois meses e foi inevitável a depressão, mas agora o vi falar tão feliz que me deu esperança que o capitão volte a ser como antes.
- E faz tanto tempo assim que não o vê?
- Também sou do exercito e estava em missão, voltei ontem...
- Entendi.
- Se te convidasse para sair aceitaria? – Involuntariamente arregalei os olhos com a pergunta. – Deixa eu me explicar, eu e Wanda, minha namorada, estávamos planejando um almoço no sábado pra tentar animar ele e iríamos chamar alguns amigos dele. Acho que ele ficaria feliz se fosse.
- Sábado eu trabalho...
- Trabalha aqui!
- É...
- Então?
- Tudo bem, se ele concordar!
- Ele já concordou.
Sorri envergonhada.
- Vou ajudá-la e colocar ele na cama, assim não precisa por força.
- Agradeço por isso!
Ele sai e fico novamente sozinha na cozinha, pensei no convite e no fato de que desde que me lembro não tinha oportunidades para socializar, talvez por isso fosse tão bicho do mato. Seria bom! O dia se seguiu como o esperado, iniciamos a fisioterapia e à tardinha fui para minha aula.
A semana voou, todos os dias antes da aula eu saia meia hora mais cedo e ia visitar dona Dulce que no momento ainda estava desacorda propositalmente, já que eles tentavam controlar a pressão arterial dela que estava muito alterada, porém segundo o que me disseram, ela estava estabilizada, só que ainda em estado grave. O Senhor Ader agora estava mais amigável e adorava passar a tarde me contando histórias de sua juventude.
Na sexta feira estava eu novamente com Steve, agora como à senhora Dulce não estava precisando de mim eu estava ficando quatro dias na casa de Steve e dois na casa do senhor Ader, isso pelo menos até que a senhora Dulce fosse para a enfermaria, o que não tinha uma previsão. Estávamos fazendo os exercícios da fisioterapia quando perguntei a Steve sobre a depressão.
- Posso te fazer uma pergunta? – Peço sem olhar seu rosto.
- Se eu souber a resposta... – Diz com a voz estrangulada devido à dor que a fisioterapia lhe causa.
- Bucky me disse que toma antidepressivos.
- Porque ele te disse isso? – Notei a mudança brusca em seu tom de voz e por um minuto notei raiva.
- Não sei exatamente, mas ele me disse que ficou feliz em ver que estava bem e que acha que se sente confortável com minha presença...
- Ele tem razão!
- Em que? – Termino os exercícios e começo a guardar as coisas.
- Eu tomava antidepressivos...
- Tomava?
- Parei a alguns dias.
- Por quê?
- Me deixam sonolento e não gosto de dormir durante o dia, caso contrário passo a noite em claro e precisaria tomar remédios pra dormir, em fim, é um ciclo de drogas que não leva a nada.
- E não se sente mais depressivo?
- Não!
- Sabe por quê?
- Sei! – Esperei que ele me explicasse, mas ele não o fez e fiquei com medo de estar sendo invasiva com aquilo.
- A pergunta que queria te fazer não era essa, queria saber se sábado posso levar alguém.
- Claro! Seu namorado?
- Não! – Digo um pouco alarmada. – Há anos que não sei o que essa palavra significa, é uma amiga do trabalho que sempre me convida para passeios, mas nunca tenho tempo e pensei em convidá-la. Ela é uma ótima pessoa, irá gostar dela.
- Tudo bem!
- Então eu já vou indo! Tenho aula e ainda preciso visitar a senhora Dulce.
- Tudo bem! Vejo-te amanhã que horas?
- Imaginei que no horário de sempre...
- Não Nat! Fica em casa, amanhã Bucky ficará comigo pra me levar até a casa dele.
- Tudo bem então, me passa o endereço que eu e Pep aparecemos lá. As onze está bom?
- Podemos ir te buscar!
- Não precisa!
- Melhor dizendo, posso ir te buscar?
- Não quero que se incomode com isso Steve!
- Não será incomodo, só quero garantir que não vai inventar uma desculpa e furar! – Ri do comentário e me levantei. Não sei por que fiz isso, mas me aproximei dele que estava sentado na cama e depositei um beijo em sua bochecha logo me virando pra ir embora.
- Amanhã as onze então! – Digo saindo do quarto sem ter coragem de me virar pra ver sua reação. Sai de lá querendo bater minha cabeça contra a parede do corredor. O que diabos eu fiz? Beijei o rosto do meu cliente? Foi isso mesmo?
Visitei a senhora Dulce e pra minha satisfação ela estava acordada e seria transferida para a enfermaria na segunda feira, o que implicava minha rotina voltar ao que era antes. Fiquei feliz pela senhora Dulce, mas ao mesmo tempo triste por não ter mais tardes com Steve e seu bom humor de sempre.
Ao dar o intervalo da faculdade liguei para Pepper.
- Então o que acha?
- Claro que eu vou Natasha! Esquece que assim como você sou uma pobre estudante que não tem vida social?
- Pois é!
- Que horas nós vamos?
- Quer dormir lá em casa?
- Me paga pelo menos um jantar antes Nat!
- To falando sério cara pálida! Steve vai nos buscar e ficaria melhor se você dormir lá hoje, amanhã não nos desencontramos.
- Você não me engana Natasha Romanoff! Sei que só quer que eu te dê uma carona pra casa!
- Não é uma má ideia voltar pra casa no conforto de um carro ao invés do metrô!
- Tudo bem! As dez passo ai na porta da tua faculdade!
- Até então!
Despedimos-nos e tive que entrar pra uma aula de direito civil, terminado a aula saio quase correndo pra encontrar Pep que já estava impaciente me ligando feito louca. Quando cheguei ao carro ela estava abatida e não entendi o que aconteceu, entrei no carro e sentei a seu lado.
- Aconteceu alguma coisa?
- O idiota do meu ex fica me ligando direto, não sei mais o que fazer!
- Porque não troca de numero?
- E todos os meus contatos? Não vou sacrificar meus contatos por conta de um idiota!
- Tem razão! Deixa que eu atendo na próxima vez que ele ligar.
Ao chegarmos a meu minúsculo apartamento que tinha basicamente um quarto, um banheiro e uma enorme sala cozinha, disse a Pepper que ela dormiria na minha cama e eu no colchão inflável.
- De jeito nem um! Deixa o colchão pra mim!
- Pepper eu pago o aluguel dessa birosca, então você fica com a cama e fim de papo.
- Têm horas que você me dá medo sabia? – Mostro a língua pra ela.
- A pizza deve estar gelando lá na cozinha, vamos logo!
Começamos a jantar e ela me pergunta.
- Então... Que história é essa do teu cliente te convidar pra um almoço entre amigos?
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