– Vamos, Carlos! – Bruna Lavínia aperta a buzina de seu Up vermelho novinho em folha na entrada da belíssima mansão dos Arruda. Biii! – Já estamos atrasados!
– Já vou! Já vou! – ele desce os degraus de pedra de sua casa. Bruna o analisa em sua bermuda, que alcançava ate os joelhos. Ela era de um modelo com palmeiras. A sua camisa em gola pólo vermelha lhe caia muito bem, assim como tudo o que Bruna escolhia.
Carlos entra no carro com aromatizante de lavanda. O preferido da amiga.
– Você está uma gatinha.
– Eu não estou uma gatinha, idiota – ela masca o seu chiclete de maçã e encara o menino sob os óculos de sol. – Eu sou uma gatinha.
– Linda. Sexy! – Carlos beija a testa da companheira.
Bruna dá a partida. Ela usava sandálias rosa em contraste com o seu maiô amarelo. Na real, preferia estar de biquíni, como suas amigas, mas estava acima do peso. A sua pele brilhava aos raios de sol que faziam seus olhos arderem. Por sorte, a tarde estava chegando ao fim.
O carro desce a rua da casa de Carlos que leva para a parte mais movimentada da cidade, depois dali, eles estariam no bairro de Tainá.
– Quem é aquela garota? – Bruna se aproxima do volante para ver melhor. Ela não acreditava no que estava vendo. A mocinha estava realmente saindo daquela casa? – Mentira!
– O que foi, menina? – Carlos tinha acabado de mudar a estação do rádio para uma mais agitada.
– Compraram a casa dos Tomaz! Compraram a casa! – ela solta o volante. Não podia estar mais feliz. Agora, poderia visitar Tainá sem se preocupar em olhar para a velha construção com a mesma cor, o mesmo jardim descuidado. Enfim, poderia esquecer o passado de vez.
Biii!
Ela aperta a buzina mais uma vez. Foi segurando até ultrapassarem a menina de aparelho cor de rosa com a mãe, que aparentava ser muito mais jovem do que a idade permitiria.
– Uhuul! – Bruna coloca a cabeça para fora da janela.
– Você está louca?
Carlos a puxa para dentro do Up. Ele a encarava, incrédulo. Eles não a conheciam. Ela acabara de se mudar.
– Carlos, você não sabe o quanto estou feliz! – ela batia os pés no chão do carro. Carlos não teria coragem de pará-la. – E, depois, você deveria investir nessa garota. Ela é bastante atraente.
Carlos continua a encará-la. Bruna queria dizer, de forma subliminar, que ele deveria desistir de Tainá.
– Assim... – ela retoma a direção e ver a mãe pulando na calçada. Ela era bem mais agitada que a filha. Bruna sorri com a cena. Faria amizade com a garota. – Ela é nova aqui. Daqui a pouco todos os garotos vão querer sair com ela. Você pode ter vantagens. Aproveite a festa.
Ela estaciona o carro na garagem dos Borges. Aquela era a sua vaga oficial. Tainá a dera semana passada, assim que soube que a amiga ganharia um carro de aniversário.
– Me ouviu, senhor Arruda? – Bruna se vira para o amigo.
Ele sai do carro, batendo a porta. Carlos levava muito a sério o lance com Tainá. Apesar dela não o tratar da forma merecida. Às vezes em que o beijou, deve ter gostado, mas não levaria adiante. Bruna sabia quando isso ocorria, em que ocasião com mais frequência. Porque, no outro dia, na escola, Carlos esperava uma nova reação da menina. No entanto, Tainá continuava a mesma. O modo como ela reagia o deixava sem graça, magoado. Também feria Bruna de uma forma indireta, quase como um efeito colateral.
Dois homenzinhos sem expressão abrem as portas duplas de madeira da casa. O Sr. Borges sabia preparar festas.
– Vou lá em cima ver as meninas. Me espere aqui.
– Eu vou estar lá fora. Estou faminto.
– Quando você não está?
Bruna ver o amigo correr para o quintal. Ele estava maior e mais forte do que no último verão. Ela o amava. Ele era como o seu irmão mais novo. Mas, no momento em que mais precisou, ele foi o seu irmão mais velho.
– Oi, gatas! – Bruna pula na cama de casal do quarto de Tainá logo que entra no quarto.
– Brunaaa! – Tainá se joga em cima da amiga para abraçá-la. Amava o cheiro de cacau da menina e dizia que combinava ainda mais com a pele negra dela. – Você está linda.
Bruna olha o biquíni florido dela e de Clara. Eram idênticos. Ela imaginou fazer parte do time, poderia ser real, se pudesse mudar o passado.
– Meninas? – o Sr. Borges bate na porta. – Desçam lindas. Os convidados já estão chegando.
– O seu pai é um amor, Tatá – Clara se junta às meninas na cama. Elas ficam abraçadas por um tempo, sem se importarem de misturarem os perfumes.
– Nós sabemos muito bem porque ele é um amor – Tainá se solta do abraço de Bruna.
– Que coisa, Tainá! – A mestiça a encara. Ela era a mais velha. Tinha um pouco mais de autoridade no olhar.
– Ai, Bruna! Estava brincando. Vocês sabem que eu o amo – ela puxa as suas duas confidentes para mais perto. – Vamos descer?
Clara abre a porta e as três atravessam o corredor de braços cruzados.
Bruna chegou a desconfiar da lealdade de Tainá por um tempo. Ela parecia mais próxima de Sara e o jeito como demonstrava o amor pela amiga a fazia ter medo de deixá-la de lado, ou traí-la. No fim, o que passou a fez ver que Tainá era, sim, sua amiga. Uma das melhores. O modo como a defendeu e a tirou do toque de Murilo naquele dia fez Bruna querer abraçá-la cada vez mais forte.
Elas descem as escadas.
Tainá abriu um sorriso assim que viu o seu garoto preferido. Carlos. Ela o amava? Mais do que amigos?
Ao seu lado estava... Rafaela. O que ela fazia em sua casa? Ela não havia sido convidada. Tainá não a queria por perto, ainda mais de seu garoto.
Aliás, o que ele segurava na mão? O envelope vermelho era o mesmo dos que foram entregues com os convites para a festa dentro. Mas nele tinha escrito alguma coisa em uma letra distorcida.
Bruna conseguiu decifrar o garrancho e pôde ler a mensagem.
Você vai encontrar o que mais quer esta noite.
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