História Girly - Feminino

- Channie? O que está fazendo? - o garoto baixinho perguntava, a voz encontrava-se um pouco mais aguda, as pernas desciam o resto das escadas do porão com esforço extremo, evidenciando o sedentarismo proeminente.

- Shhh, Baekhyuna. Não seja tão apressada. - o rapaz riu baixinho no tom naturalmente rouco, finalmente cessando o som dos pés batendo contra a madeira da escadaria, demonstrando que havia chegado no o local que desejava. 

Byun corou, definitivamente tinha conhecimento de que suas bochechas estavam em um rosa vivo, o coração batia fortemente no peito. Mesmo que não fosse a primeira vez, ele nunca se sentiria normal com Chanyeol o chamando da forma mais pura que ele gostaria de ser chamado, pois sempre foi ensinado que isso é completamente impróprio. Todavia, Baekhyun sempre se sentiu uma garota. Ele só... nasceu em um corpo ligeiramente diferente. Chanyeol disse que isso é normal, então ele acredita.

- D-desculpe. - ele falou em tom mais tímido, o cantinho do lábio inferior avermelhado era mordiscado fielmente perante a ansiedade. 

E então, o Park puxou uma cordinha que denotava a baixa tecnologia do local e uma lâmpada acendeu, de forma que logo depois algumas outras pequenas lâmpadas fossem responsáveis pela iluminação do porão e, então, Baekhyun conseguiu ver o que o mais novo lhe havia preparado.

Em uma mesa de madeira antiga, jazia um pano que definitivamente lembrava cetim, de cor branca. Em cima dele, maquiagem. Não apenas um pequeno kit com sombras de cores opacas, mas sim uma série de batons das mais variadas cores, rímel, lápis e delineadores, além de um vestido longo e rosa clarinho. 

Não havia como segurar, Baekhyun chorou sem se importar se seus soluços foram altos demais ou se seu corpo tremia exageradamente pela surpresa e comoção. Os braços fortes do rapaz mais de dez centímetros mais alto que si, rodearam-no, sem que uma palavra fosse pronunciada por longos minutos.

- É seu. Eu sei que você não poderá usar na rua, mas essa noite, Baekhyuna, você é a minha garota. - a voz grossa sussurrou no ouvido alheio, fazendo o rapaz de corpo pequeno suspirar deleitoso. 

Amava Chanyeol, como nunca amou e como nunca fora amado por ninguém.

Foi em silêncio que Baekhyun limpou as lágrimas com pequenos pedaços de algodão de cima da mesa. Foi com a cantoria baixinha de Chanyeol e seu violão que ele passou base por todo o rosto, logo depois o corretivo sob as olheiras, mais além o batom, a sombra e o delineador, tudo nem extravagante demais, nem básico demais. O espelho era pequeno e estava colado fragilmente atrás de uma cadeira grande, que continha, pregado à fita, outra lâmpada pequenininha. 

Nada poderia ser mais perfeito.

Chanyeol não cantou enquanto Baekhyun tirava as roupas que tanto desprezava para vestir o vestido. Ele, preocupado, virou o rosto para deixar o menor mais à vontade quando viu que a calça estava sendo tirada, mas logo desviou os olhos para as belas curvas na pele clarinha enquanto ele já subia o vestido. Tentado, Park levantou-se e demoradamente ajudou a fechar o zíper que começava desde o fim das costas do outro.

Em alguns minutos, Baekhyun olhava-se admirado por um espelho um pouco maior, mas com menos iluminação que o organizado para ele se maquiar. Mas nada realmente poderia ser mais incrível que aquele dia. Ele sorria tímido, vendo que Chanyeol o olhava tão desejoso e ao mesmo tempo tão apaixonado. 

- V-você gostou? - ele perguntou em tom baixinho e acanhado, as mãos tentavam encontrar e realçar as próprias curvas que eram pouco salientes, passando-as pela cintura repetidas vezes. - Eu pareço... Bela pra você?

- Eu nunca vi uma garota mais bonita que você, Baekhyuna. 

E então, sem qualquer conhecimento que sua estadia ali era bem conhecida por uma série de pessoas da cidade, Baekhyun amou Chanyeol. Amou durante a entrada dos homens, amou durante o arrombamento da porta do porão, amou durante os rasgos de seu vestido tão amorosamente comprado e amou enquanto duas armas apontavam para ambas as cabeças. Baekhyun amou e foi amado, por uma pessoa apenas, ao longo de seus 17 anos. Mas odiado pela sociedade.