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História Glass Reality - Do Kyungsoo


Escrita por: Hyrulian

Notas do Autor


ATT? ATT
Eu fico inquieta quando já tenho cap pronto pra fic e acabo postando quase tudo de uma vez akhsa
Só faltam mais dois para terminar, mas eu vou deixar para amanhã

Bom capítulo!

Capítulo 5 - Do Kyungsoo


- Do Kyungsoo –

Eu sei onde ele está

O que Sehun tinha me dito ainda tava ecoando na minha mente. Minha cabeça doía e sentia como se tivessem me balançado até que eu estivesse prestes a vomitar, mas consegui me manter um pouco firme.
As cenas ainda se passavam na minha cabeça e eu tentava assimilar todas.
Eu bati naquele garoto com orelhas enormes, me tranquei no apartamento com a vadia da academia e ainda cuidei dele.

 

O que estava acontecendo comigo?

 

Uma das principais regras do General era nunca, nunca, dividir sequer um quarto com essas bichas contaminosas. A gente só pode se aproximar se for pra aplicar o castigo ou ver se corrige esses dementes, mas o que eu fiz não tem explicação.
Eu não faço ideia da penalidade que levaria quando o General soubesse disso.

 

- Kyungsoo, o que aconteceu? – Sehun me perguntou, ainda estávamos no carro e eu o encarei por um tempo, mas sem responder – Eu estou falando sério, te largo no meio da estrada se não me explicar o que deu em você.

 

Como é que eu explico algo que nem mesmo sei?
Só conseguia ver aquilo tudo como se fosse um filme. Não era realmente eu protegendo e cuidado da bicha da academia, não é? Eu não estava nem sequer perto dele, estava?


- Eu estava com Luhan – falei e acabei franzindo a testa, lembrando de JongIn perto de mim.

 

Não, eu não estava com LuHan.
Tudo aquilo tinha acontecido, eu fiz todas aquelas coisas, mas não foi meu hyung a quem ajudei.
Foi Kim JongIn.

 

- Como você sabe onde meu irmão está, Sehun? – perguntei percebendo agora como era estranho aquele garoto que eu, há algumas semanas, nem sequer sabia que existia, sabia onde tava o meu irmão. Vi ele limpar a garganta e segurar o volante com força.

 

- Eu vou te contar quando estivermos lá – só respondeu isso e passamos o resto da viagem em silêncio.

Não demorou para chegarmos em frente a um condomínio luxuoso. Sehun baixou a janela e só precisou mostrar seu rosto pro segurança liberar e já estávamos dentro. As casas eram parecidas com a mansão do General e os outros amigos militares que íamos visitar. A casa que estávamos indo uma das últimas, mas chegamos bem rápido e em poucos minutos ele já destrancava a porta da frente.

 

- Essa casa é sua? – perguntei e vi ele confirmar lentamente, me dando espaço para entrar no lugar – E por que diabos meu irmão ia estar aqui?

 

- Kyungsoo, acho melhor você sentar primeiro – ele disse com calma, mas eu já estava sem paciência nenhuma.

Assim que ele fechou a porta imprensei seu corpo ali, fazendo um barulho oco. Não tinha aplicado força o suficiente para machucar, só para fazer o barulho e assustar, apesar de algo dentro de mim ter sentido a vontade de usar a força para machucar.

 

Disciplina

 

Pensei e respirei fundo. Era a disciplina que me mantinha centrado, que não me deixava ir longe demais.

 

Então por que fiz aquilo com JongIn?

 

Balancei a cabeça. Aquele garoto não ia sair mais da minha cabeça? Quer merda

 

- Vou perguntar mais uma vez – disse finalmente voltando a atenção para Sehun, afrouxando um pouco o aperto que fazia na gola de sua camisa. Acho que estava distraído demais, por que ele parecia estar quase desmaiando - Por que diabos meu irmão está aqui? Ele está mesmo, não é? – o vi afirmar lentamente com a cabeça e franzi a testa na hora, percebendo que o carro em que estava era o mesmo que tinha visto passar com pressa por mim, mais cedo – Então foi você - falei com desprezo – Foi você quem levou meu irmão para essa coisa doentia, que transformou ele em uma puta...

 

- Kyungsoo...

 

- NÃO DIZ MEU NOME, SEU IMUNDO – gritei o sufocando mais – A culpa é toda sua. Você estragou Luhan.

 

- Por favor... Ele finalmente dormiu – o mais novo disse com dificuldade e eu senti como se tivesse levado um tapa.

 

Ele não estava negando, não implorava para que eu parasse de apertar sua garganta e estava prestes a desmaiar, mas só me pedia para fazer silêncio.

 

- Eu... Eu vou explicar... tudo – falava com dificuldade e eu ainda o olhava um pouco perplexo – Por favor... vamos sentar – completou

 

Eu pisquei diversas vezes e o soltei. O que estava acontecendo comigo

Me sentia assim desde que JongIn tinha entrado na academia. Era revoltante ver como ele gostava de manter aquela postura de viadinho que tinha, desfilando na minha frente e me provocando como se eu não fosse fazer nada sobre isso. Ele precisava de uma punição, o General tinha ensinado assim, e eu tinha que cumprir o que ele me ensinou.

 

Disciplina

 

Era sempre ela. A que me dominava.
Mas mesmo depois de aplicar a punição, mesmo ele ficando tanto tempo longe, eu não conseguia me sentir em paz. Aquelas imagens dele dançando no primeiro dia – e depois, quando eu entrava na sala e ele ainda estava lá – passavam sempre pelos meus olhos e o ódio que eu sentia, que tomava meu corpo com uma fúria do diabo, não era mais a mesma coisa.

Foi no dia que Sehun, no antes do almoço com o General, dançou para me irritar que eu entrei no buraco que estou agora.


Ele dança muito melhor
É com a alma, não o corpo

 

O que eu tinha pensado naquele dia voltou para minha cabeça e eu senti o desespero vir junto.

 

Estava prestando atenção da dança dele?

Também é uma bichinha como ele, não é?

O que o General vai pensar quando souber que você também vai começar a dar a bunda? E para um bailarino

 

Eu sentia minha cabeça doer como se estivesse levando socos.
Precisava parar com aquilo, precisava parar, precisava parar...

 

- Kyungsoo! – olhei pra cima e vi Sehun bem perto, ele segurava meu braço e percebi depois que sua outra mão estava no meu ombro – Está me ouvindo? – ele perguntou e eu só olhava para ele. Claro que eu tava ouvindo, o que ele queria dizer com aquilo? – Você está bem?

 

- Por que tá me perguntando isso? – vi os olhos dele se arregalarem um pouco, mas voltarem ao normal no mesmo instante.

 

- Nada – disse e me soltou, indo para minha frente – Vem, eu vou te contar tudo.

 

Eu sentei longe dele, vi que tinha suspirado alto, mas eu estava me lixando. Se não fosse por Luhan eu já teria matado aquele desgraçado. Eu já sabia que meu irmão tinha sido contaminado por aquela corja, mas não esperava que ele ia ter a cara de pau de querer fazer amizade comigo.
Esses viadinhos são um bando de filhos da puta.

 

- É uma longa história... – ele começou me tirando dos meus pensamentos.

 

E então eu entendi.
LuHan tinha conhecido Sehun em um jogo qualquer na internet. Eles tinham montado algum tipo de grupo juntos e começaram ali a conversar.

E se aproximar

 

- Ele me disse tudo sobre sua mãe e seu... sobre o General – se corrigiu e eu percebi que ele realmente sabia de tudo – Não espero que não tenha raiva de mim ou que não me bata ou machuque, mas eu só queria deixar uma coisa clara, Kyungsoo: Eu não transformei Luhan no que ele é agora e nem ele me transformou. Não tem culpado nenhum do que somos, por que simplesmente acabamos por ser assim – ele dizia e eu fechei os olhos com força, não queria mais ouvir – Eu sei que não deve estar concordando com nada do que eu digo e que não adianta eu dizer todas as outras coisas que eu queria, por que o que o General fez com vocês todos esses anos...

- Não ouse falar...

- Não iria difamá-lo, eu juro – me interrompeu, mas levantou as mãos em seguida e as juntou em um pedido de desculpas silencioso. Luhan havia mesmo dito tudo a ele – Só acho que seus métodos acabaram por pressionar demais vocês. Vocês eram apenas crianças e tiveram uma doutri... educação muito pesada – continuava a falar e me encarava, sem quebrar o contato – Poxa, Kyungsoo, você mesmo está percebendo como isso está te deixando louco. Eu sei que você e Luhan são muito chegados desde criança, por isso sei que ficou tão preocupado com o que aconteceu hoje de manhã

- Ele te contou até sobre o pacto? – ele permaneceu com a mesma expressão, mas eu sabia qual era a resposta e aquilo me incomodava muito – Onde ele está?

- Kyungsoo, ele confia em mim, por isso contou...

- Onde ele está? – repeti sério e o vi ficar calado, parecia pensar se me dizia mesmo ou não – Eu não quero saber se vocês se comem ou não e todo esse papo. Eu quero ver meu irmão – deixei logo claro.

 

Estava cansado daquilo tudo. O dia tinha sido uma merda, tudo vinha como um soco na minha cabeça e eu me sentia um lixo.

 

Mas estava seguindo toda a Disciplina do General

 

Ao mesmo tempo que eu sabia que isso era certo, algo em mim insistia em ficar incomodado e em querer questionar tudo aquilo.


Mas eu não posso questionar
Não se for o General

 

- Kyungsoo – Sehun me chamou e eu vi, mais uma vez, o mais novo muito próximo e segurando meu braço e ombro de novo.

- Mas que merda – falei me afastando, sem entender – Tá querendo me beijar ou o que? Sai de perto de mim

- Você estava se batendo, seu idiota – ele falou bufando – De novo – completou e começou a andar, me chamando com a mão para ir atrás dele – Eu nem vou me dar ao trabalho de explicar nada, acho que já foi demais para um dia – continuava a falar, mas acho que ela mais para ele mesmo do que para mim

 

Resolvi ignorar isso e continuar seguindo ele pela casa.
Subimos a escada e andamos por um corredor largo com poucas portas em cada lado. Sehun parou na última e olhou para mim, parecia estar nervoso.

- Tente ser legal com ele, Kyungsoo. Falo sério. Ele não está nada bem, ainda mais por que você... Bem, você... – ele não terminou e nem precisava. Eu sabia – E se acontecer alguma coisa eu não me importa se é lutador ou não, eu te mato aqui mesmo

Eu normalmente iria rir na cara dele. Um viado dizendo que ia me matar era uma piada, mas eu conheci Sehun e sabia que ele não era nada do que o General dizia sobre aquele tipo de gente. E Sehun nunca iria brincar comigo assim, eu tinha certeza.

Acenei com a cabeça e ele me deixou entrar no quarto de uma vez.
O lugar estava escuro e assim que eu entrei Sehun fechou a porta atrás de mim. Andei devagar tentando me situar pela sombra das coisas e cheguei até a cabeceira da cama. A mesma rangeu e ouvi um pequeno gemido dali.

Estiquei a mão para a cabeceira e procurei por uma lâmpada, abajur, qualquer coisa, e encontrei um botão, acendendo o que eu ia descobrir depois ser uma luminária.

Quando a luz se fez presente iluminou somente a parte de cima da cama, mostrando o rosto de Luhan, e eu agradeci por isso.
Eu deveria estar chocado, por que pareceu passar horas até eu perceber que os olhos do meu irmão estavam abertos e que me encaravam.

- Lu – falei assim que sai do meu transe e me ajoelhei ao lado da cama. Queria pegar sua mão, mas se seu rosto estava naquele estado, eu sabia que o resto do corpo não estava muito melhor – Lu – chamei mais uma vez e os olhos do meu irmão voltaram a focar em mim.

- Parece – ele falou, mas começou a tossir bastante, sua voz estava seca e fraca.

Vi um copo ao lado da cama e fiz ele sentar minimamente para tomar um pouco do líquido. Deixei ele deixar de novo logo depois, ele parecia ficar com ainda mais dor se estivesse sentado, então era melhor continuar na posição de antes.

- Parece Kyung falando assim – ele completou e deu um pequeno sorriso, mas parecia muito triste.

- Lu – eu chamei novamente, chegando mais perto.

Percebi agora por que eu não tinha percebido que os olhos de Luhan estavam abertos, é por que realmente não estavam. Levei a luz um pouco mais para seu rosto e vi como estavam inchados e vermelhos.

- SEHUN TIRA – ele gritou assim que sentiu a luz sobre si e eu afastei a lâmpada depressa.

- Desculpe – eu disse – Desculpe, Lu. Por favor. Desculpe – eu acabei dizendo aquilo tantas vezes que me perdi em minhas palavras, só parando quando o choro engasgado na garganta se soltou.

Eu soluçava alto e não me importava de deixar as lágrimas rolarem pelo meu rosto.
O que eu tinha feito com Luhan?

 

O que você não fez

 

Me corrigi e acabei por chorar ainda mais por tudo aquilo.

 

- Hunnie – Luhan chamava baixinho e eu o olhei. Ele esticou uma das mãos e eu a segurei com cuidado, sentindo algo estranho nela, ao mesmo tempo que via o rosto dele se contorcer.

 

Quando a levei para a luz, consegui ver os pequenos buracos de cigarro que estavam ali, tirando os dedos deles e encostando levemente na palma de Luhan, que estava se machucados.

 

- Quem é você? – ele falou de repente e eu me assustei, quebrando o toque com sua mão – Suas mãos... Sehun não tem essas mãos – ele dizia com dificuldade, sua voz parecia querer sumir a cada segundo e eu fiquei ainda mais nervoso.

 

Não sabia o que dizer, não sabia por onde começar.
Não sabia mais como falar com Luhan.

 

- Ele veio te ver, Hannie – dei um pulo ao ouvir a voz grossa atrás de mim. Não precisava ir para luz para saber que era Sehun – Mas se quiser eu o mando embora – completou e senti sua respiração em meu ouvido, sua voz ficando mais baixa – Eu ouvi o grito – ele sussurrou e eu me virei para responder, mas ele segurou minha cabeça no lugar – Não te avisei sobre a luz para que visse, mas tome mais cuidado agora – ele voltou a ficar totalmente de pé e aumentou a voz – Hannie?

- Ele está aqui? – Luhan perguntou e eu estiquei a mão, tocando na sua de novo.

- Estou – consegui dizer e o senti ficar tenso – Lu, não fique assim, por favor...

- Ele usou os charutos dessa vez, Kyunggie – ele me interrompeu e sua voz agora soava brincalhona e eu me espantei – Acho que ele só fez isso daquela vez que roubamos as amoras do parque... Faz tanto tempo – sua voz quebrou no final da frase e ele começou a tossir.

Peguei o copo de água mais uma vez, mas quando fui tentar levantar ele, ele negou com a cabeça e me afastou.

- Ele me colocou na Cadeira e começou com as mãos – ele disse com a voz em um fio e levantou as suas mãos, levantando na frente do rosto, como se pudesse ver – Ele ficava me perguntando se eu tive contato com “um deles” – riu ao dizer isso e tossiu novamente, mas agora foi uma tosse curta – Ele só parou quando eu disse que sim. Depois me perguntou se eu gostava deles. Eu fiquei calado, você sabe que as vezes é melhor não falar – ele deixou as mãos caírem e virou a cabeça para a esquerda, me mostrando o lado da sua cabeça. Onde ficava o cabelo castanho e liso, estava uma parte raspada e cheia do que eu achei ser gomos. Acabei percebendo que aquelas “falhas” estavam sobre a cabeça inteira de Luhan – Ele usou aquele estilete para que eu respondesse, e eu disse que sim, eu gostava – suspirou fundo e eu percebi que sua respiração estava muito alterada.

- Lu, é melhor...

- E sabe, Kyunggie, eu não lembro das outras perguntas. Acho que ele não precisou de mais nenhuma. Eu não conseguia mais reprimir os gritos quando ele começou a apertar e torcer meus olhos. Mas eu acho que ele me perguntou uma última coisa antes de Sehun conseguir me tirar de lá – ele soluçou um pouco e eu percebi que meu irmão estava chorando, mas as lágrimas não escorriam de seus olhos. Eles estavam tão inchados que “barraram” o canal lagrimal – Você deu para quantos, sua puta imunda? – sua voz se perdeu, mas ele continuou a falar e eu li em seus lábios.

 

Só um

 

E eu sabia quem era, mas nada me importava. Afaguei cuidadosamente a cabeça do meu irmão, tomando cuidado para que meu carinho não o machucasse ainda mais. Via seu corpo retesar e sabia que ele estava chorando, mas com sua garganta praticamente fechada e seus olhos inchados, aquela imagem era somente perturbadora e estranha.

Quando eu e Luhan éramos crianças tínhamos prometido cuidar um do outro. Tínhamos feito um pacto, como vimos em um dos filmes de terror. Cortamos os dedos e misturamos nossos sangues. Já sabíamos que não éramos mesmo irmãos, mas a partir daquele dia, do nosso pacto, estávamos unidos para sempre.
 

Eu iria cuidar dele e ele de mim.
Para sempre.

 

Mas eu não sabia que, quando ficasse mais velho, o General iria me ensinar tudo aquilo e, muito menos, que eu iria... aceitar? Não sei qual seria a palavra, mas eu cumpri todas as palavras que ele me disse.
Naquele dia, dentro da casa de Sehun e com Luhan chorando em silêncio em sua cama, eu percebia a fenda caindo dos meus olhos e estava petrificado em como vivi até agora toda uma mentira. 

Esperei até que Luhan ficasse mais calmo, sua respiração voltasse ao normal, e eu levantei, indo para o banheiro que tinha ali, acendendo a luz.

 

- Kyunggie? – ele me chamou depois de um tempo

- Estou aqui, Lu. Só espere um pouco – respondi com a voz um pouco abafada.

 

Tirei o pote que carregava do bolso e o coloquei em cima da pia, me virei e abri a torneira para encher a banheira. Esperei que ela ficasse até a metade cheia e fechei a água. Olhei para os produtos que Sehun tinha na prateleira e peguei um sabonete líquido de ervas. Seria perfeito.
Coloquei na água que tinha na banheira e misturei calmamente com uma mão, levantando quando a espuma já estava boa.

Fui até Luhan na cama e direcionei a luz da luminária para seu corpo. Ele só usava uma blusa larga e grande e eu me perguntei se Sehun teria tirado as roupas que ele usava ou se foi o General.
Vi que seus braços não estavam tão machucados e o segurei pelos cotovelos, fazendo ele se mexer assustado.

- Calma, sou eu – o tranquilizei – Vamos, eu vou cuidar de você hyung – falei calmamente e o senti ainda incerto – Eu sei que é um pouco tarde, mas eu vou cumprir nosso pacto agora. Eu não vou mais deixar ele nem ninguém te machucar, Lu – afirmei

- Foi você quem mais me machucou, Kyungsoo – ele disse e suas palavras soaram como uma lâmina em mim – Você já sabia, não é? Eu sei que sentia o cheiro do hidratante, que me via voltar à noite com aquelas roupas... Mas nunca falou nada – ele deixou que eu o levantasse, mas só se permitiu ficar sentado, apesar de eu saber que deveria estar doendo – Por que nunca disse nada? E se sabia, por que não foi você que me aplicou a punição, hyung? Eu preferia que tivesse sido você – sua voz engasgou mais uma vez e eu o puxei para que se levantasse, apesar dele quase gritar de dor de novo.

- Que se foda essa punição do caralho – disse irritado e o levei devagar até o banheiro

 

Ficamos calados até chegar no cômodo. Tirei a blusa que ele usava e o fiz colocar o pé dentro da banheira. Ele quase gritou, mas eu o fiz entrar de uma vez. Fui até a porta do banheiro e a tranquei, sabendo que Sehun estaria ali em poucos segundos.
Luhan se remexia inquieto e tentava se levantar, mas cada vez que a água batia em seu corpo os ferimentos eram atingidos e um novo grito saia de sua boca.

 

- LuHan, fica calmo – tentei falar e segurar ele, mas ele me deu um tapa, apesar de não estar me vendo.

- ME TIRA DAQUI – gritava desesperado e eu corri para pegar o pote que estava em cima da pia, abrindo depressa – DOI DEMAIS, KYUNGSOO. ME TIRA... – ele parou de falar assim que eu comecei a passar o produto, gritando mais uma vez.

Eu passava da melhor forma que conseguia, tomando o máximo de cuidado com as feridas abertas, mas Luhan se mexia cada vez mais, o que me fazia enfiar o creme praticamente todo dentro das feridas.

- LUHAN, FIQUE PARADO, AGORA – acabei gritando e o vi se acalmar um pouco, mas não completamente.

Na porta eu já conseguia ouvir os murros de Sehun, junto com alguns gritos desconexos, mas ignorei.
Os gritos de Luhan iam diminuindo a medida que o remédio fazia efeito.
Eu já estava passando nas mãos, o lugar que eu percebi ser o menos pior de todo o corpo de Luhan, quando Sehun conseguiu arrombar a porta. O mais novo me derrubou no chão e tinha uma pistola na mão, apontando para o meu peito.

 

- SEU FILHO DA PUTA, O QUE EU DISSE PARA VOCÊ? – ele gritou e chutou minha costela com força, me deixando surpreso. Não sabia que ele tinha tanta força - Sehun – Luhan chamou baixinho, ainda sentia dor, mas os gritos se transformaram em pequenos gemidos.

O mais novo não o ouviu e tentou me chutar mais uma vez, mas eu rolei para o lado. No mesmo momento, Sehun puxou o gatilho e furou o chão ao meu lado, o barulho da arma fez Luhan se sobressaltar e eu o encarava assustado.

 

– EU TE AVISEI, CARALHO – ele gritou mais uma vez e ia se aproximar mais, a arma agora apontada para a minha cabeça, mas algo pareceu prendê-lo.

- OH SEHUN – Luhan gritou dessa vez e teve um ataque de tosse em seguida

 

O mais novo se aproximou do meu irmão e o olhou de forma preocupada, mas sem deixar a mira em mim se perder. Ele olhou para o rosto do outro e logo para seu corpo, arregalando um pouco os olhos.

- Não dói mais, está tudo bem – Luhan assegurou e pegou a mão do outro, segurando-a com mais firmeza do que antes – Viu?

- O que... o que você fez? – Sehun perguntou, agora mais calmo, e guardando a pistola ao lado do corpo.

- É uma receita antiga – expliquei depois de um tempo, me levantando do chão – Dizem que nasceu com o judô. Sempre usamos para cuidar dos ferimentos quando estamos no campeonato

- Eu nunca ouvi falar disso – o mais novo disse e ainda analisava o corpo de Luhan. Eu o afastei e fiz que ficasse mais distante. Aquela aproximação toda me incomodava

- Nem deveria. Além de serem plantas raras, é muito difícil de ser produzido – falei e recolhi o pequeno pote sem rótulo ao lado da banheira, colocando de volta no bolso – Não faz milagre, Luhan ainda vai sentir muita dor, mas ajuda bastante – completei e passei o resto do creme que tinha nos dedos pelo rosto de Luhan, tomando cuidado para não pegar nos olhos.

Esperei alguns minutos, nenhum de nós falava nada e quando deu quase uma hora joguei a água no corpo do meu irmão, lentamente para tirar o excesso. Quando estava bom, fiz Sehun sair do banheiro e tirei Luhan da banheira, colocando a blusa de volta. Levei ele de volta pra cama e o fiz deitar, cobrindo sua cintura para baixo.
Apesar de querer que ele vestisse mais alguma coisa, sabia que iria incomodar mais tarde.

 

- Deve arder de novo mais tarde, mas tenta ficar calmo, por que vai passar

- Você vai embora? – Luhan perguntou e aquilo me quebrou ainda mais por dentro

- Eu queria te levar, mas tenho que resolver uma coisa antes – expliquei me sentando na ponta da cama e me deitando com cuidado em seu peito. Ele reclamou um pouco e eu iria levantar, mas ele me fez ficar ali.

- Não demora – ele pediu e eu ri com o jeito manhoso que ele estava. Me fazia lembrar quando éramos crianças.

- Não toma banho até eu voltar – falei sério e encarei Sehun, o ameaçando diretamente

 

Luhan riu alto e vi o mais novo dar um sorriso amarelo para mim, mas eu continuei de cara fechada.
Deixei um beijo no topo da cabeça de Luhan e me despedi, dizendo que voltaria no dia seguinte.

- Me desculpe – Sehun falou quando estávamos no corredor – Os gritos me assustaram. Parecia os que ele estava dando quando eu cheguei na...

- Eu sei, e sei também que não confia em mim – o cortei – por isso invadiu o banheiro daquele jeito, e por que se deu o trabalho de me explicar tudo o que eu já sabia - ele ergueu uma sobrancelha e parou em frente a porta de saída

- Então por que nunca falou nada? – perguntou e eu acabei rindo em deboche

- Por que era realmente eu quem iria aplicar a punição – confessei e o vi retesar – Mas eu esperei que o General me desse a permissão.  E ele não me deu – eu ri novamente – Ele nem ao menos sabia

Tudo aquilo me parecia uma grande piada agora.
Toda minha vida eu tinha visto o General com a imagem que ele mesmo havia construído: O soberano que sabe de tudo que fazemos e que deve ser respeitado e obedecido.
A mentira se desfazia agora, em frente aos meus olhos e, por mais que doesse ver todo o meu mundo desabar, doía ainda mais ver Luhan naquela cama e ouvi-lo gritar e sofrer tudo aquilo. Eu poderia ter impedido isso tudo se não fosse por toda a Disciplina. Se não fosse pelo General.

Sehun pareceu entender como eu estava e deu leves tapinhas em meu ombro, enquanto me encarava meio incerto, mas eu me afastei.

- Não quero você encostando em mim – falei fechando a cara – Temos muito o que conversar ainda. Ninguém fica assim com meu irmão sem eu saber – declarei e o vi dar um sorriso de lado.

- Me desculpe, sensei – disse debochado e eu lhe dei um tapa leve, nós dois rimos em seguida.

Me despedi finalmente de Sehun e usei seu carro para voltar para casa.
Amanhã seria um dia cheio.


Notas Finais


Até!


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