História Golden. - Big News

Sophie passou a tarde me ajudando com a mudança. Não tinha muito o que se fazer, o apartamento já era mobiliado. Só precisava mesmo desencaixotar livros, roupas e em grande maioria acessórios pessoais. 

A localização da minha nova casa é um pouco distante da mansão McVey, infelizmente ficarei longe da minha estufa que foi minha companheira nessa ultima semana. 

Passei praticamente todas as minhas manhãs cuidando de flores e lendo livro. Era meu horário de sossego e de tentar resgatar minha paz interior. 

A saudade a cada dia aperta mais. Tanto de Brad quanto da minha família e amigos no Brasil, além de Emily e Annabela que raramente nos falamos. 

Tão ruim perder o contato aparentemente sem motivo com as pessoas. Sei que tá todo mundo ocupado e seguindo suas vidas, mas poderíamos dar um jeito de aumentarmos a conexão. 

Mas eu sou estranha demais, as vezes só quero ficar na minha, numa infinita reclusão do mundo. Procuro na cabeça a razão para essa minha atitude, mas as vezes nem se quer percebo. Quando acordo não tem mais ninguém ali, e não fora culpa delas, eu apenas sumo. 

A pessoa que mais se apega em pouco tempo foge de apego permanente. Como pode haver uma diversidade de eus? Como pode não conseguir me entender, não conseguir definir minha personalidade? Eu sou simplesmente um emaranhando de sensações, um infinito de contraditórios. Sou 8 e 80. Queria estabilidade emocional por que não tê-la me deixa estagnada. Como dizem por aí "não estou vivendo, estou apenas existindo". 

Não lembro quando foi que parei de sonhar, que perdi o interesse nas coisas que me faziam bem, que me tiravam do fundo do poço. 

Um dia o céu é azul, noutro ele é cinza. 

Quantas incertezas, confusões e insatisfações. Quantas Catherines presas dentro de um só corpo. 

— Cath? —  Sophie chamou por mim me tirando da viagem mental que eu fazia. — Está tudo bem?

— Está sim. — forcei um sorriso.

— Acabei aqui. Tenho que ir embora agora, vou me encontrar com umas amigas para terminarmos uma atividade de história. Ok?

— Obrigada pela ajuda, prima. — levantei da cama para abraçá-la e agradecer. 

— Qualquer coisa me liga, se ficar com medo de dormir só posso vir para cá.

— Que neném mais fofa você é. Obrigada por tudo. Manda um beijo a todos, venha sempre que precisar. Amo você. — Abracei-a novamente e depois a acompanhei até a porta do apê. 

Agora era só eu e minha consciência mais uma vez. Ou não... Do nada meu celular começou a disparar com infinitas vibrações. Era notificação em todas as redes sociais. Meu Deus, o que tá acontecendo? Não consigo nem desbloquear a tela, meu celular está sendo bombardeado. 

Quando finalmente tive acesso ao que era, eu só queria desver tudo aquilo. Tirar da minha mente cada palavra lida. Mas agora já era, tudo que eu conseguia era ver era "Fã de banda The Vamps afirma está grávida de vocalista". Puta que pariu, que merda é essa?

Meu Twitter os haters me pisoteiam e parecem se alimentar da minha derrota. "Corna" era a palavra mais bonita. Quantas pessoas felizes por minha tristeza me assustava. Antes de ligar para Brad comecei a ver as fotos da tal garota. Nome dela é Suzie Lamartine segundo a página francesa que anuncia no Twitter. 

Não quero acreditar nisso tudo, mas sinto meu estômago revirar, meu corpo arder e os olhos marejando. Preciso que não seja verdade.

— Me diga que essa merda toda é mentira. — o choro e o nervosismo me fazem xingar e gritar com Bradley. 

— Me desculpa, Catherine. Por favor. Eu te amo. 

— Então é real? 

— Me desculpa. — o desgraçado só sabia dizer isso. Enquanto eu sentia cada pedaço do meu coração se desmontar.

— Desde quando você sabe disso? 

— Há uns dois dias. Eu não sei se esse filho é meu, mas eu vou pagar por um exame de DNA antes do nascimeto. 

— Há uns dois dias? E quando planejava contar para a otária aqui? Nunca, né? Muito mais fácil quando se tem as redes sociais para fazer isso por você, seu traidor corvade. E o problema não é só se o filho é teu ou não, de qualquer forma tu me traiu e eu nunca mais quero olhar na tua cara. Quantas vezes você ficou com alguém e depois veio dizer que me amava que estava com saudade? 

— Foi só uma vez, Cath. Eu juro. Eu estava bêbado demais e o tempo todo vendo vídeos seus ao lado daquele tal de Wren. Agi sem pensar.

— Quer dizer que agora a culpa é minha? Vá se foder. Eu te amei demais, estava aqui o tempo todo esperando e querendo você. Me deixa em paz, segue sua vida.

— Não faz isso comigo, eu amo você. Me perdoa por favor.

— Cala essa boca, não venha dizer que me ama. Já não basta ter transado com outra garota ainda a engravidou. Que porra é essa? Quantas foram nessa viagem? E eu aqui sofrendo por ti, morrendo de saudade e pensando que tu estava sendo fiel. Eu acreditei em você. Por que isso está acontecendo? O que fiz para merecer? E o pior é que tu é um figura pública, estou sendo humilhada de todas as formas. O mundo todo sabe que sou uma corna idiota. Meu Deus, o que eu fiz pra merecer essa merda? Caralho, Bradley. Seja feliz com sua mulher e seu filho. Eu não pude ser a primeira a te dar um e nem serei a próxima. Adeus.

Antes que o vagabundo dissesse qualquer outra coisa eu encerrei a chamada. Não sei explicar o lixo que estou me sentindo. Parece que tem um buraco no meu peito. 

Nunca mais quero falar com ele, e nem ver mais nada nessa desgraça de internet. 

Não queria ficar aqui deitada chorando ainda mais do tanto que estou, queria o colo de alguém, o colo de uma mãe.