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História Goner - Capítulo 6


Escrita por: ALUSIE

Notas do Autor


Oiiii estou de volta, gente (não que alguém se importe, mas é isto) depois de 10 meses. Olha só, peço perdão pelo vacilo, mas eu não sabia o que escrever pro próximo capítulo e tudo que eu escrevia ficava ruim, aí eu desanimei, né. Mas agora eu voltei e vou tentar postar semanalmente, a gente já tá chegando na metade da história kkjjkk. Mas é só isso desculpa de novo e agora fiquem com o capítulo, boa leitura!

Capítulo 7 - Capítulo 6



                                                                                    BARRY
      Eu não havia conseguido dormir direito na última noite. Sonhos confusos e obscuros envolvendo a mim, Eleven e alguns garotos desconhecidos me assombraram durante as poucas horas que tive de sono. Parecia que estávamos nos preparando para enfrentar alguma coisa que nos atacava das sombras, algo sombrio, terrível, malvado. 
      Eu havia finalmente conseguido estabilizar meus sonhos perturbados quando um estrondo ruge nos meus ouvidos e eu acordo sobressaltado, olhando para todos os lados procurando o causador daquele som. Esfrego meus olhos e estes se acostumam rapidamente com a forte luz amarelada que entrava pelas janelas e atravessa as persianas entreabertas e o cansaço matinal foi expulso de meu corpo no mesmo instante em que vejo meu irmão, Ben, parado na porta de meu quarto, o rosto vermelho e franzido em uma expressão da mais pura fúria, os dentes trincados e suas mãos fechadas em punhos tremiam tanto que um soco desferido por eles poderia arrancar todos os dentes da boca de alguém.
      E algo me dizia que eu seria esse alguém.  
      - Humm, Bom dia? - pergunto, cauteloso. 
      Ele me ignora, avança para cima de mim e agarra meu pulso, me puxando violentamente para fora do conforto de minha cama e me arrasta pelo chão de madeira lascada e cera descascada da casa.
      - Ei! O que está fazendo?! Me solta! - grito. 
      Ele não interrompe o ato agressivo nem mesmo ao passar em frente ao quarto de nossa mãe (que já estava acordada e ao ver aquela cena arregala os olhos e grunhe, tentando impedir). Ele deveria ter pelo menos um pingo de respeito a ela e seu estado, ou quando começa a descer as escadas me obrigando a fazer um esforço tremendo para não tropeçar nos meus próprios pés e derrubar a nós dois. 
       Chegando na cozinha, Ben dá um chute poderoso na porta de tela dos fundos da casa e continua me puxando, desta vez passando por cima da grama seca e cortante e pela terra úmida, em direção ao celeiro e eu sinto um aperto na garganta. 
      Pela porta aberta da construção pude ver a silhueta de Eleven sentada em um fardo de feno, provavelmente nos esperando. Ben me empurra para dentro do lugar e por causa do movimento tão bruto eu acabo tropeçando e caindo em um monte varrido de trigo velho ao lado de onde a menina estava. Alguns dos fios arranham meu rosto e minhas mãos e braços, fazendo finos cortes que imediatamente começam a arder e coçar. Com um grunhido irritado me levanto e vejo Ben fechando as largas portas do celeiro enquanto Eleven, já de pé, encarava meu irmão com o olhar de quem pudesse matá-lo somente com o poder da mente. Provavelmente eu teria rido deste pensamento absurdo, caso a situação não fosse tão tensa e o ar pesado e frio do outono nos esmagando como moscas. 
      Ben para à poucos metros de nós, braços cruzados sob o peito e a expressão séria, e o seu olhar mortífero confirma minha teoria de que ele irá me dar um soco na cara.
      - Senta. - ele diz com a voz firme e indica o fardo de feno com o queixo. Eu o obedeço e puxo o braço de Eleven em um pedido silencioso para que ela fizesse o mesmo. - Acho que você me deve algumas explicações. 
      Engulo em seco, sentindo a garganta arranhar, como se eu estivesse engolindo várias lâminas. Ben respira fundo, fecha os olhos e troca o peso do corpo de um pé para o outro, a impaciência quase estourando seus neurônios. 
      - O que é isto? - começa, ainda de olhos fechados.
      - Uma garota, ué. - respondo tentando me esquivar das suas perguntas. 
      Meu irmão bufa e passa a mão pelo o rosto. Parecia prestes a explodir de raiva, mas Ben continuava se forçando a relaxar para não ter de me levar para o hospital para colocar meu nariz no lugar e consertar alguns dentes meus. 
      - Não se faça de idiota, quem é essa garota?
      Minha garganta fica seca. Eu havia me distraído tanto em cuidar da menina e deixá-la confortável durante estes dois últimos dias enquanto Jenna e eu procurávamos os seus pais ou qualquer pista sobre o que eram aquelas bizarrices que eu vi naquela noite que nem me preocupei em pensar em uma desculpa sobre ter uma garota estranha morando embaixo do teto de nosso celeiro. E eu não sabia se o certo a se fazer era contar a verdade, pois eu tinha uma vaga noção de como Ben reagiria, e não seria nada boa. 
     Quando eu encontrei Eleven na Floresta da Escuridão a menina estava apavorada, sendo perseguida por algo que atormentava sua mente profundamente e depois de acolhê-la e ter uma conversa comigo e Jenna a menina passou a se sentir segura e o medo havia se tornado uma mera faísca no fundo de sua mente. Uma reação muito explosiva vinda de meu irmão poderia fazer esta chama se acender novamente, dando-lhe uma falsa sensação de segurança que faria com que ela nunca mais confiasse em mim, e as chances de a garota fugir e ficar exposta aos perigos que a perseguiam seriam muito grandes. Eu prometi que a protegeria e vou cumprir esta promessa. 
      - Ela... Ela é... Uma amiga da minha turma de química e eu chamei ela aqui pra gente estudar e acabou que ela dormiu aqui. - seco as palmas de minhas mãos úmidas de suor nas calças cinzas do meu pijama. 
      - Ah é? No celeiro?
      - Não, ela esqueceu o caderno aqui e veio buscar, né? - me viro para Eleven, que percebe minha linha de raciocínio e concorda com a cabeça. 
      Ben ergue uma sobrancelha e abre um sorriso que dizia algo como "te peguei". 
      - Então porque ela não me responde o porquê de estar dormindo aqui? - E lança um olhar na direção da garota, que, pega de surpresa, fica sem reação e abre e fecha a boca, sem conseguir formular uma boa resposta, mas eu já imaginava isso. 
      - Ficamos acordados até tarde estudando e ela deve ter caído no sono aqui mesmo de tão cansada. - a menina acena novamente com a cabeça, dessa vez com mais insistência. 
      Ben bufa e massageia as têmporas, cansado daquilo. 
      - Já chega. Ou você me diz a verdade ou as coisas vão ficar bem desagradáveis por aqui.
      - Mas... 
      - O que é agora, Barry? Qual é a desculpa da vez? Eu estou cansado dessas suas brincadeiras, é bom que você comece a contar.
      Inspiro profundamente. Não tinha outra escapatória, esse é o único caminho e eu fui forçado a segui-lo. Expiro lentamente, me sentindo derrotado e começo contar tudo a ele, sem muito mais o que fazer. Dou a ele todos os detalhes do que aconteceu desde o dia em que a encontrei, a quatro dias atrás, até aqui, contando como eu lhe trazia água, comida e agasalhos. Meu irmão ouvia a tudo, atento a qualquer detalhe que parecia faltar ou a alguma mentira minha. Ele não esboçou nenhuma reação durante toda a história, somente me fuzilava com o olhar e eu me peguei imaginando o que ele faria comigo.
      Ao final da história Ben me encarava profundamente, absorvendo as informações. Era quase com se tentasse ver a verdade escrita nos meus olhos, e, honestamente, aquilo me deixou extremamente incomodado de modo que eu tive que desviar o olhar. Ben suspira, depois de alguns segundos, e começa, gesticulando com as mãos:
      - Deixa eu ver se entendi. Então... - faz uma pequena pausa, tentando assimilar os fatos e colocando-os em ordem na mente. - você encontrou uma garota estranha saindo de dentro de um um tronco de árvore nojento e gosmento e a primeira ideia que você teve foi trazê-la pra casa e cuidar dela como se fosse um cachorrinho perdido?
      - É. - respondo, simplesmente. 
      Ben me encara por um momento, atônito. Seus olhos iam de mim até Eleven, enquanto ele nos analisa, procurando qualquer sinal de que aquilo era algum tipo de brincadeira. E então, depois de muito ponderar, ele chega a uma conclusão. 
      Ben se dobra pra frente e começa a gargalhar.
      A garota ao meu lado me olhava com um misto de confusão e susto pelo ato repentino de meu irmão. Ben ria tão alto que eu me pergunto se ele conseguiu acordar as vacas do outro lado da fazenda. Depois de tanto rir ele seca as lágrimas que se acumularam no canto dos olhos e pigarreia, recompondo-se aos poucos. Quando ele finalmente me pareceu são digo, logo:
      - O que diabos foi isso?
      - Eu nunca pensei que você fosse tão criativo assim, Barry, mas admito você me surpreendeu. Já pensou em escrever um livro? - a pergunta sai entre algumas risadinhas. 
      Encaro-o, incrédulo. Eu sei que parecia loucura e até uma história saída direto de um dos meus quadrinhos favoritos, mas eu nunca mentiria sobre algo assim, mesmo que pareça uma mentira. Era óbvio demais. Eu estava esperando que Ben fosse me chamar de louco e gritar na minha cara sobre o quão irresponsável eu sou, como sempre faz quando eu faço algo errado. E, pra falar a verdade, eu preferiria que ele fizesse isso mesmo. Meu irmão às vezes consegue ser muito imprevisível e quando isso acontece sempre acaba com alguém machucado, e, na maioria das vezes, esse alguém era eu. Então eu fiquei bem assustado e desconfortável com a reação dele. E, pelo olhar em seu rosto sujo de terra, Eleven se sentia da mesma forma que eu. 
      Ela estava quase tão assustada quanto eu. Parecia prestes a sair dali correndo, indo para qualquer lugar, contanto que ficasse longe de mim ou do meu irmão. E eu precisava reverter aquela situação e rápido. 
      - Tá legal, qual a graça? - pergunto com um leve tom de irritação na voz começando a crescer. 
      - Fala sério, essa sua história é hilária, não tem como não rir. 
      - Mas não é para rir, você me pediu a verdade e eu lhe dei ela. 
      Ele para de rir e fixa seu olhar em mim. Ben franze as sobrancelhas e inclina a cabeça para o lado. 
      - O quê? - pergunta, confuso. 
      - É isso mesmo. 
      Ele balança a cabeça e solta uma risada irônica Ainda sem acreditar em mim e a minha irritação cresce Ainda mais. Era tão difícil assim acreditar em mim?
       - Escuta aqui, é melhor você parar com isso ou eu vou contar para o pai que você está escondendo uma garota estranha e dando a ela nossa preciosa comida e água. - Ben sibila. 
       Já chega daquilo. Fecho as mãos em punhos e me levanto. Eu já mal conseguia conter minha raiva. 
      - Escuta aqui você. Eu já te contei a verdade.
      - Pelo amor de Deus, Barry, você não é mais uma criança e muito menos burro! Você sabe que estamos passando por dificuldades! O pai mal está conseguindo colocar comida na mesa e você fica aí brincando de casinha com a Jenna, adotando a primeira criança que vê em uma floresta qualquer! Você tem de aprender a ser homem e tomar decisões mais maduras! - ele grita. 
      - Mas eu tomei uma decisão madura! Eu não podia deixá-la lá sozinha, com frio e com medo!
      - Sim, você podia! Essa garota não tem nada a ver com você, ela nem ao menos sabe falar! - ele desvia o olhar de mim para Eleven, que se encolhe no fardo de feno. - Isso é ridículo, eu vou contar para o pai o que você tem feito. - ele se vira e caminha em direção à porta do celeiro. Eu não podia deixá-lo fazer isso. O que seria de mim? Ou de Eleven?
      - Não! - grito. - se você sair por essa porta você vai se ver comigo!
      Ele para e gira lentamente nos próprios calcanhares. Seus olhos queimavam de raiva diante da minha ameaça e suas mãos voltam a se fechar. Agora sim eu iria apanhar. Sinto uma presença forte atras de mim e vejo Eleven parada a poucos centímetros de mim, com o mesmo olhar intenso de Ben, porém com uma aura mais... assustadora ao seu redor. Faço um sinal para que ela se afastasse, mas fui totalmente ignorado. Eu não sei o que ela pretendia fazer mas algo me dizia que não acabaria bem. 
      - O que você vai fazer? - Ben pergunta em um tom extremamente perigoso e eu me volto para ele. 
      - Você sempre me pedia para guardar os seus segredos sempre que você fazia e eu sempre acobertei você! Sempre te apoiei e ajudei! Nunca dei um pio sobre todas as merdas que você fez, qual o seu problema em fazer o mesmo para mim pelo menos uma vez! - minha voz aumenta gradualmente enquanto falo. - esta garota está assustada! Ela não tem para onde ir, Ben! Ela está com medo, será que você não percebe?! Ela precisava de ajuda! Então, pelo amor de Deus, deixe de ser um babaca ignorante pelo menos uma vez na sua vida e me escuta! Mas que droga!
      Inspiro profundamente e expiro lentamente mais uma vez em uma tentativa de relaxar. Toda situação havia me deixado com medo e irritado, eu já nem conseguia mais conter meus sentimentos. E meu irmão também parecia prestes a estourar. 
      Seu corpo treme de raiva e seu maxilar estava travado. As articulações de seus dedos estavam brancas. Ele ergue seu punho e eu me preparo para sentir o impacto e ver estrelas mesmo estando de baixo do telhado do celeiro. Mas ao invés disso ele soca a pilastra de madeira ao seu lado e diz com a respiração ofegante de raiva:
      - Vá se trocar, nós temos que fazer um trabalho para os Smith. 
      Engulo em seco e balanço minha cabeça afirmativamente. Ele não ia contar para ninguém sobre Eleven, mas qualquer deslize meu e eu estava perdido. 
     Murmuro um 'volto já' para a garota e saio do celeiro em direção à casa. Tudo estava bem. Por enquanto.



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