- Clarke, você tomou chá de cogumelo? Só pode estar chapada. Disse Murphy, sussurrando, impressionado com o que Clarke propunha.
- Clarke, você perdeu a cabeça. Concordava, Raven.
Octavia se mantinha calada.
Os quatro estavam encostados em um canto, num bar que ficava quase em Nova Jersey.
Clarke revirou os olhos:
- Parem de gongar. Vai dar certo, eu sei o que to fazendo.
- Merda! É isso que você ta querendo fazer. Minha vontade é te arrastar até sua mãe agora mesmo. Reclamou Raven.
- Fora a GoPro, o que mais você precisa? Perguntou Octavia, ignorando os amigos de Clarke.
Os dois se olharam indignados, Clarke a encarou:
- O ideal seria uma câmera menor, GoPro ainda é muito grande, queria uma câmera de segurança, algo numa caneta ou que eu possa espetar na minha roupa, com microfone acoplado, claro. Disse.
- Meu deus, você ta se ouvindo. Disse Raven se irritando. – Cê ta pedindo equipamentos que provavelmente vá ter é nesse lugar aí que te raptaram ou no próprio FBI, porque não pedimos pra eles? Disse com ironia.
Clarke coçou a testa, pensativa:
- Vou ver o que posso fazer, conheço um cara. Disse Octavia, colocando as mãos no bolso.
Todos franziram as sobrancelhas, estranhando o tal cara.
- Que cara? Perguntou Murphy completamente incomodado.
Octavia o olhou e ignorou a pergunta.
Raven cutucou ele, chamando a atenção:
- Segura esse ciúmes. Sussurrou.
Murphy revirou os olhos.
- Ta, vamos recapitular então, preciso da GoPro. Preciso de dinheiro. Eu não posso me movimentar sem pedir ajuda pra essa pessoa que está me abrigando.
- Pessoa que você não revela quem é. Disse Murphy incomodado.
- É pra segurança de todos, principalmente dela, Murphy. É muito importante pra mim mantê-la segura, espero que entendam. Pediu.
Murphy levantou as mão em rendição.
- Rav, você fica em cima do Titus, tudo o que ele faz, com quem conversa, o que conversa, aonde vai, tudo mesmo. Fechado? Perguntou.
Raven concordou prontamente.
- Murphy...
- Vou hackear todo o sistema do Titus, vou nesse endereço que você me passou e vejo o que posso descobrir dessa agencia. Repetiu o plano de Clarke.
- Isso. O?
- Vou te arrumar equipamentos de flagrantes e espionagem.
- Isso. Quando acha que consegue? Faz assim, conversa com a Raven, passa o que precisar passar pra mim pra ela.
- Não posso ter uma conexão direta com você? Perguntou sua irmã, incomodada.
- Melhor não. Estamos tomando o maior cuidado com essa, se existir outra pode ser muito arriscado. Estamos todos entendidos? Disse, e todos concordaram com a cabeça.
- Clarke. Disse Raven. – Como vai fazer pra voltar pra lá?
- Eu ainda não sei, vou sondar mais, descobrir mais, preciso conseguir tirar fotos dos cativeiros, vocês não tem ideia do que eu to falando. O lugar é enorme, as jaulas são minúsculas e completamente armadas pra torturarem as pessoas e tudo feito no nariz da policia, é um absurdo. As pessoas precisam saber disso. Disse decidida.
- Meu deus, quanto risco, quanto risco. Não acredito que estamos te deixando fazer isso. Disse Murphy passando a mão no rosto, incomodado.
- Murphy, o que quer que eu faça? Sério, me da uma solução melhor que essa? Eu devia o que, aparecer pra todo mundo? Dizer: Olha mãe, to aqui, bem da viva. Titus to aqui viu, meu bem, você tentou me foder, mas to aqui. Eu não dou um dia pra me apagarem. Me disseram, que ninguém vai investigar Titus, que eu sou culpada independente da realidade, se eu não ataca-los, Murphy, se eu só me defender, eles vão vir atrás de mim de novo. Disse irritada.
- Não acredito que papai fazia parte disso. Disse Octavia decepcionada.
- O. você precisa de um tempo pra digerir isso, assim como eu precisei, mas não esqueça, papai nos amava com todo coração e era uma boa pessoa, sua profissão podia não ser das melhores, mas não manchou quem ele era. Disse segurando as mãos da irmã.
- E agora? O que você vai fazer? Perguntou Raven.
- Agora vou voltar pro meu abrigo. Disse, conformada.
- Essa pessoa aí, que você quer proteger, ta te tratando bem? Perguntou Raven.
- Eu acho que não seria melhor tratada nem num hotel cinco estrelas. Disse com um sorriso inevitavelmente bobo.
- Você ta...Transando com essa pessoa, Clarke? Perguntou a amiga.
- Raven! Censurou Clarke. – Minha irmã ta aqui, pelo amor de deus.
- Ah Clarke, me poupe. Eu sei que você não é virgem desde que escreveu no seu diário. Disse revirando os olhos.
- Você lia meu diário? Perguntou a loira se virando pra irmã, indignada.
- Claro, quem você acha que contou pro papai que você achava que tinha pego candidíase de um cara da faculdade? Perguntou, como se fosse óbvio.
- Ooooooooook! Disse interrompendo a irmã. – Acho que conseguimos fazer essa reunião ser bem proveitosa, eu entro em contato com vocês se tiver novidades. Obrigada por tudo pessoal. Eu não sei o que faria sem vocês me ajudando assim. Disse olhando os amigos.
- Sempre vamos ter sua retaguarda, Clarke, sabe disso. Disse Raven abraçando a amiga.
- Você é família, Clarke. Eu me meto em encrencas infinitas por família. Disse Murphy abraçando as duas.
Octavia sorriu com o canto da boca, sentindo uma pontinha de inveja ao ver a relação bonita que sua irmã tinha com os amigos.
Os amigos foram embora, deixando as irmãs sozinhas.
- Agora somos eu e você, mocinha. Disse Clarke se virando e encarando a irmã.
- Parece o papai falando. Disse revirando os olhos.
- Não, papai não dizia mocinha, dizia...Disse tentando se lembrar.
- Doninha! Disseram juntas. Sorriram nostálgicas.
- Que saudade que tenho dele, Clarke. Disse Octavia.
- Eu sei O. eu sei. Disse apertando o ombro da irmã, ternamente. – O que ta rolando com você? Anda sumindo, toda rebelde com a mamãe? Qual é? Perguntou.
- Já fizeram fofoca de mim?
- Não é fofoca. Disse em tom de bronca. – Eu sou sua irmã e quero saber de você.
- Não foi o que pensou quando se mudou pra longe da gente e simplesmente sumiu. Disse magoada.
- Eu errei e me arrependo. A realidade tava muito pesada de carregar, eu fui egoísta e não vi que vocês seguravam o mesmo peso, um peso ainda maior pra mamãe. Disse.
- Me irrita como ela confia no seu chefe. É como se ele estivesse sempre certo e ainda tem aquela insuportável da Nia que sempre quer saber a que pé anda as investigações sobre você. Disse irritada se encostando na parede mais próxima.
- Nia? O que Nia tem a ver com qualquer coisa? Porque ela quer saber? Perguntou estranhando.
- Porque ela é uma enxerida, que adora meter o nariz onde não deve. E não para de me encher pra assinar a droga do contrato de venda.
- Você vai assinar?
- Não. Aquela casa é nossa, não sei nem o porque ela que mora lá. Disse incomodada.
- Esse interesse dela, presta atenção, escuta as perguntas dela com atenção e repara na reação dela quando ouvir as respostas e me conta tudo. Disse.
- Tudo bem.
- Mas e você? Como ta a faculdade?
- As aulas voltam daqui pouco tempo, mas acho que vou trancar.
- Trancar, O? Porque? Você gosta tanto.
- Eu não tenho cabeça, Clarke, pra mais nada.
- O. Seja sincera comigo, como estão as crises? Perguntou, a encarando nos olhos, intensamente.
- Não tive mais. Mentiu
Clarke conhecendo a irmã, apertou seu antebraço com força.
- Ai. Reclamou.
- Sabia. Disse e pegou o braço da morena com brusquidão, levantando a manga.
- Me deixa. Pediu.
Clarke se deparou com uma faixa branca, gazes, embalando o braço da irmã.
- Foi tão fundo dessa vez que precisou de curativo? Meu deus. Disse se afastando.
- Não é isso. Eu encontrei um cara, fiz amizade e ele se ofereceu pra limpar. Só levei alguns pontos. Disse abaixando de volta sua manga.
Os olhos de Clarke lacrimejavam, com lágrimas fujonas:
- O. Porque você faz isso? A mãe viu?
- Claro que não. Disse.
- Era bom que tivesse, você tem que voltar pra terapia, tem que fazer algo. Disse em desespero.
- Não tenho tempo, preciso te ajudar, não preciso? Então, vou focar nisso.
- Promete? Só nisso, nisso e na faculdade. Não tranca ainda, promete pra mim. Pediu.
- Prometo.
Clarke puxou a irmã e a abraçou, soltou suas lágrimas presas e matou a saudade que sentia. Era bom tê-la perto, nos seus braços, onde podia protege-la, como antes, como sempre fizera. Octavia sentia o mesmo, a apertou forte, com medo de deixar a irmã partir, com medo do que poderia acontecer se esse plano não desse certo, como perder mais alguém? Ela não sabia. E a possibilidade parecia insuportável.
- Preciso de outro favor. Disse Clarke, enquanto as duas se soltavam do abraço e enxugavam as lágrimas.
- Qual?
- Dinheiro pro taxi. Disse sorrindo.
**********
Octavia esperou Clarke entrar no taxi, e tentou ver onde a irmã ia. Mas o taxi entrou num trânsito e acabou se perdendo num emaranhado de carros. Se sentia perdida, voltar pra casa e enfrentar o sofrimento de Abby mesmo sabendo que Clarke estava bem ou dar uma volta e respirar um pouco?
Nenhum dos dois!
As duas alternativas lavariam pra um caminho de sofrimento que Octavia conhecia bem, seu corpo conhecia bem...Seus braços conhecia bem. Pegou o celular e ligou pro seu mais novo amigo. Marcaram de se encontrar num café qualquer, perto do centro.
*****
- Você demorou, Lincoln. Disse Octavia ao ver seu enfermeiro particular se sentar na cadeira a sua frente.
- Estamos no meio do dia, O. eu nem podia estar aqui. Disse o rapaz.
- E pra que veio então? Disse, turrona.
- Quer mesmo saber? Perguntou arqueando uma sobrancelha.
- Não. Respondeu sem jeito. – Preciso da sua ajuda.
- O que eu puder fazer...Disse.
- Mas antes, tem que me prometer que não fara perguntas. Nenhuma. Promete?
- Se isso não for afetar sua saúde física e mental de nenhuma forma, eu prometo. Disse o rapaz, levantando as mangas da camisa e revelando tatuagens.
Octavia reparou, se movimentou na cadeira incomodada com a urgente atração.
- Não vai. É realmente pra me ajudar. Eu preciso de equipamentos de espionagem. Disse.
Lincoln franziu a sobrancelha:
- Eu não vou te perguntar pra que você precisa, mas vou perguntar...O que te faz pensar que tenho acesso a essas coisas?
- Eu sei la, você entende de tudo, de primeiros socorros, de cozinha, de mecânica, pelo menos foi o que me disse quando nos conhecemos. Me pareceu que saberia onde eu poderia achar algo assim.
Lincoln quis dizer algo, simulou alguma frase, mas não expressou nenhum som, sem saber o que dizer exatamente:
- Eu não tenho mais ninguém pra pedir ajuda. Admitiu, encarando uma xícara de chá.
- Do que exatamente você precisa? Disse, se rendendo.
- Câmera, alguma câmera pequena, pode ser aquelas camerazinhas de caneta ou qualquer outa coisa que dê pra enfiar numa roupa. Com microfone acoplado. Explicou.
- Eu to tão curioso pra saber o que você vai fazer com isso. Disse coçando a testa.
- Sem perguntas. Avisou a morena.
- Eu vou ver o que posso fazer. Disse.
Octavia sorriu, com empolgação.
- Eu acho que nunca tinha visto esses dentes aí. Disse com a mão no queixo, pensativo.
Octavia revirou os olhos:
- Como você ta? Perguntou o rapaz, pegando carinhosamente na mão de Octavia que repousava em cima da mesa.
Octavia respirou fundo e retirou a mão, incomodada:
- Eu to bem.
- E sua irmã? Alguma notícia? Sondou.
- Não. Disse depressa.
- Ela vai aparecer, você vai ver. Incentivou.
Octavia limpou a garganta, incomodada com o assunto:
- Você não me disse ainda no que trabalha...
Lincoln achou graça do interesse da morena em seu trabalho, e em como mesmo sendo grossa, conseguia ser encantadora.
*****
- Bom dia! Disse uma Lexa sorridente e empolgada para a recepcionista.
- Bom dia, Sra. Woods. Correspondeu a recepcionista.
- Bom dia, que vestido maravilhoso, ficou belíssimo em você. Disse Lexa quando entrou em sua sala e avistou uma de suas colegas de trabalho.
- Oh...Obrigada. Respondeu, confusa com seu vestido que repetia pela terceira vez naquele mês.
Lexa entrou em sua sala assoviando, enquanto ligava seu computador. Ouviu a porta estalar contra a porta:
- Onde você foi parar ontem, Lexa? Perguntou Ontari, furios adentrando a sala.
- Bom dia pra você também, Ontari, querida. Disse a morena, sem dar atenção a todo mal humor da mulher.
- Que raio de bom humor é esse? Hoje é segunda, você é sempre um porre na segunda. Disse fechando a porta e se sentando na cadeira na frente de Lexa.
- Acho que foi o sol aparecer. Acho que tava precisando de um pouco de vitamina D. Disse começando a mexer no computador.
- O que você fez ontem? Perguntou.
- Mas que questionamento é esse, Ontari? Disse Lexa, começando a perder seu bom humor.
- Não posso saber onde minha namorada passou o domingo, que não me avisou?
- Ahh. Disse dando risada e encarando Ontari. – Quer dizer que agora sou sua namorada?
- Ué, sempre foi. Eu só não me prendia a rótulos.
- Pelo que me lembro, você disse não pra todas as vezes que eu pedi. Além do mais, quem não se prende a rótulos agora sou eu. Disse voltando sua atenção para o computador.
Ontari se levantou e se aproximou de Lexa, que focada no monitor, não deu atenção. Puxou sua cadeira e sentou em seu colo:
- O que você ta fazendo, Ontari? Alguém pode entrar. Disse Lexa sem paciência.
- Ninguém incomoda você sem te ligar, você sabe disso. Além do mais, todo mundo aqui sabe que você é minha. Disse beijando seu pescoço.
- Ontari, levanta por favor. Disse incomodada.
- Quer que eu levante mesmo? Perguntou roçando seus lábios no pescoço da morena.
- Quero. Disse Lexa, decidida.
Ontari a encarou e travou seu maxilar, se levantou irritada:
- Eu não sei o que infernos ta acontecendo com você. Mas vou no seu apartamento hoje.
- Hoje não posso, Ontari, tenho que ir até a TI e depois...
- Eu não quero saber. Eu vou até lá e vou arrombar aquela porta se você não estiver lá. Eu to com saudades de você, to carente pra caralho, pro seu bem, é bom que me foda gostoso essa noite, Lexa. Disse em tom de aviso, saindo da sala e batendo a porta.
Lexa encarou a porta, sem saber o que dizer:
- Claro, Ontari, vai em casa...Ótima ideia, podemos inclusive fazer um sexo a três, eu você e a fugitiva mais procurada da agencia. Disse ironicamente com raiva, socando a mesa enquanto falava.
*****
Após o almoço, Lexa ligou pra Clarke atrás de notícias, a loira atendeu prontamente. Disse que estava bem, porém, entediada. Ficaram bons minutos no telefone, o que deixou o dia de Lexa ainda mais bonito.
Ela desceu até o departamento de TI pra falar com seus dois amigos, em busca de ajuda. Contou tudo o que Clarke havia dito sobre o plano de Titus:
- E ai? Perguntou, sentada na cadeira na frente dos dois. A sala como sempre, estava vazia. – Temos como provar que ele plantou esse vírus?
Jasper encarou o teto, colocou a mão no queixo pensativo:
- Podemos ver o histórico de atividades dele. Com sorte ele não vai ter apagado.
- Jasper, lembre-se que estamos falando de um gênio. Ele sim é o verdadeiro gênio que vocês tanto queriam conhecer. Avisou a morena.
- Você ta pedindo uma coisa praticamente impossível, Lexa. Disse Monty, que estava em pé, andando de um lado pro outro.
- Eu sei. Sei disso. Mas estejam cientes que se provarmos isso, vocês dois vão salva a vida da filha de Jake Griffin.
Os amigos se entre olharam, concordando que isso era motivo o bastante:
- A gente topa. Disseram em coral.
- Como começamos? Perguntou Lexa empolgada.
- Precisamos do computador aqui. Físico em nossas mãos. Disse Jasper.
- Porra, Jasper. Assim você me lasca. Disse Lexa encostando a cabeça na cadeira em desespero.
- A possibilidade de tentarmos outras alternativas por acesso remoto é bem menor. Além do mais, não é perigoso ficar fuçando no computador do cara no próprio trabalho dele?
- Mas que merda, Jasper. Ta, vou dar meu jeito. Conseguem acessar a câmera da redação por aqui? É tudo o que preciso. Pediu
- Sim. Confirmou, Monty.
- Ótimo. Desliguem ela. Vou buscar o notebook essa noite. Disse decidida.
Os garotos concordaram com a cabeça.
*****
Mais tarde naquele dia, Lexa foi até a mesa de Lincoln:
- Saí desse celular, Lincoln. Disse ao se aproximar.
O rapaz desfez o sorriso ao ver uma mensagem de Octavia e guardou o celular no bolso.
- Preciso de você essa noite.
- Hoje? Porra, Lexa, me libera dessa...Hoje especificamente tenho um compromisso importantíssimo.
- Me encontre na frente da redação daquele tal jornal. Disse sussurrando.
- O que vamos fazer lá? Perguntou
- 8 horas. Não se atrase. E não preciso nem dizer pra não avisar ninguém, né?
Disse e antes que Lincoln pudesse protestar novamente, Lexa voltou pra sua sala.
*****
Lexa aguardava Lincoln na rua do jornal onde Clarke trabalhava. Estava frio e a morena estava impaciente.
- Lexa. Sussurrou o rapaz para não assusta-la.
- Lincoln 8 horas são 8 horas. Disse irritada.
- Eu precisei passar num lugar antes, desculpa. Disse com as mãos no bolso. – O que vamos fazer?
- Eu preciso pegar o notebook do chefe da Clarke. Jasper e Monty vão descobrir algumas coisas lá que podem ajuda-la. Disse visualizando a entrada do jornal por um binóculo.
- Será que já saíram todos? Alguns jornalistas ficam após o horário né? Perguntou, encarando a entrada ao lado de Lexa.
- É isso que você vai descobrir pra mim.
Lexa explicou seu plano pra Lincoln, que agiu assim que ela terminou de dizer sua missão.
Ele seguiu até a recepção do prédio e falou com o rapaz que estava atrás do balcão:
- Boa noite, eu preciso ir até a redação do jornal fazer uma pequena entrega. Será que o senhor faria a gentileza de ligar pra algum ramal e ver se alguém pode receber? Pediu.
- Que entrega é essa? Perguntou curioso.
- Cara, é essa caixa aqui. Disse tirando uma pequena caixa de papelão vazia do casaco. Só ta com o endereço do andar e prédio. Mas me pediram pra entregar só agora acredita? Tava indo pra casa, os caras me aprontam uma dessas...Disse, falsamente reclamando.
- Tem patrão que não tem noção.
- Porra cara, eu só queria ver minha mulher e assistir meu Yankees jogar. Disse irritado.
- Cê não acredita, rapaz. Meu primo tinha dois ingressos pra esse jogo.
- Mentira! Disse.
- To te falando, quase no campo. Pertinho.
- E tu perdeu, porque?
- Meu patrão, não me liberou, acredita nisso?
- Que babaca, pelo amor de deus.
Assim que Lincoln entrou no prédio, Lexa passou abaixada pelo balcão da recepção, fora do ponto de vista do recepcionista, seguiu agachada até a porta de emergência, que ficava na parede atrás, onde entrou disfarçadamente, tentando não fazer tanto barulho. Não conseguira, mas Lincoln batia na mesa enquanto fingia irritação, abafando os sons da porta que Lexa entrava, bater.
Ela iluminou o quarto de emergência, onde haviam extintores, fiação e a fonte de energia. Mas ainda precisava do sinal de Lincoln.
- Rapaz, to ligando aqui, mas ninguém atende. Disse desligando o telefone.
- Eles costumam atender? Será que tem alguém que ta lá, mas pode ta meio longe do telefone? Disse coçando a cabeça.
- Na verdade, tem sempre uma duplinha que fica por aqui depois de todo mundo, mas eles também já saíram. Disse.
- Poxa vida, quer dizer que não tem ninguém? Disse Lincoln num tom de voz mais alto.
- Só amanhã agora, campeão. Disse com sincero pesar.
- Tudo bem, eu volto então. Obrigada cara, boa noite pra você. Disse simpático e se afastou indo até a porta.
Lexa ouvindo que não tinha ninguém no andar desligou a fonte de energia do prédio todo.
- Ave Maria. Disse o recepcionista ao perceber que tudo estava completamente escuro.
Lexa seguiu até a escada e foi até o andar da redação. Passou pela porta que era trancada eletronicamente sem problemas. A câmera ainda filmava, mesmo sem energia, mas Monty estava controlando tudo pela agencia, todas as imagens capturadas iam diretamente pra ele. Ele deu sinal pra Lexa pelo celular, dizendo que era segura entrar.
Lexa foi até a sala de vidro, já conhecendo bem a sala de Clarke tantos foram os dias em que olhou pela câmera seus movimentos. Entrou na sala, aberta e pegou o notebook. Voltou pro térreo rapidamente, passando atrás do balcão novamente, visualizou o recepcionista desesperado, tentando entender o que havia acontecido:
- Cara, vi que tudo escureceu, o que houve? Perguntou Lincoln retornando.
- Rapaz me ajuda, tem gente trabalhando aqui ainda, preciso ver porque ta tudo escuro. Pediu em desespero.
- Vamo lá, te dou uma mão. Disse e foi com o porteiro pra sala de emergência, pra atrasa-lo.
Lexa seguiu pela porta da frente, assim que os dois adentraram a sala e entrou numa van estacionada na esquina, entrou e entregou o notebook:
- Faça sua mágica. Disse, assoprando as mãos tentando aquece-las.
Jasper agarrou o notebook e nem mesmo encarou Lexa.
- Vou entrar aqui, tentar quebrar essa maldita corrente, mas se eu vier por aqui, esse anti vírus lixo que ele instalou vai me dar bloque, mas quer saber, tem um código excelente...
- Que? Perguntou Lexa, irritada.
- Eu to falando comigo mesmo, não se preocupe. Disse o rapaz, sem jeito.
1 hora havia se passado.
1 hora e meia
Quase duas horas...
- Jasper! Disse. – Eu realmente preciso devolver isso e tirar o Lincoln de lá, me diz que temos resultados. Disse impaciente.
- Quase, Lex. Respondeu concentrado.
- Lex? Sussurrou Lexa pra si mesma, estranhando.
Mais dez minutos depois.
- Sucesso. Disse fechando o notebook.
- Temos provas? Perguntou empolgada.
- Não sei ainda. Mas consegui acessar todo o histórico dele dos últimos três anos. O cara têm esse notebook a séculos e ta tudo aqui. Disse retirando seu pen drive que estava espetado no notebook.
- Só isso, Jasper?
- Só isso? Ele colocou trinta milhões de empecilhos, é bem impossível conseguir isso aqui. Na realidade, ele apagou boa parte, mas recuperei tudo. Disse sorrindo, orgulhoso.
- Apagou qualquer prova que estivemos aí? Perguntou.
- Quem esteve aqui? Eu to no trabalho, na agencia, ninguém pode provar o contrário. Disse piscando.
Lexa sorriu, orgulhosa de seu pupilo.
Voltou pra sala da redação, deixando o notebook onde estava. Estava de luvas, mas limpou suas digitais da máquina mesmo assim.
Mandou mensagem pra Lincoln, sinalizando que ele poderia sair:
- Eu joguei a bola a sete jardas, sei la a quantos quilômetros por hora, podia ter sido jogador fácil, cara. Disse Lincoln sentado no chão na sala de segurança com o recepcionista.
Seu celular apitou com o sinal de Lexa:
- Tive uma ideia, talvez o problema seja mais simples do que a gente imagina. Disse se levantando e voltando a caixa de energia. A ligou.Todas as luzes se acenderam.
- Eita, rapaz, que que era?
- Lembrei quando aconteceu isso no meu apartamento. Só tinha desarmado. Acontece as vezes. Disse dando de ombros.
Se despediu do recepcionista educadamente e correu para esquina, entrou na van e seguiu até sua casa, onde Lexa o deixou.
*****
Mais cedo naquela noite, no apartamento de Lexa, Clarke havia limpado todo o lugar, feito o jantar...Frango. Mas dessa vez decidiu deixar no ponto pra quando Lexa chegasse, ela fritasse. Assistiu filmes, séries, tomou banho, leu um livro, viu as notícias, tentou contato com Raven que ainda não tinha novidades e assim seguiu seu dia. Quando eram 9 horas da noite, alguém bateu na porta:
- Será que ela esqueceu a chave? Mas disse que ia chegar tarde hoje. Disse Clarke pra si mesma.
- Lexa, abre essa merda, eu sei que você ta aí. Gritou Ontari enquanto batia enlouquecidamente na porta.
Clarke arregalou os olhos e ficou na frente da porta, temendo pelo pior.
- LE – XA. Disse intercalando com as batidas. – A-BRE.
Clarke percebeu que as luzes estavam acesas, por isso a desconfiança da morena:
- Merda. Sussurrou.
- Você vai me deixar entrar por bem ou por mal. Chega de fugir de mim, vai me dizer o que ta acontecendo agora. Exigiu.
Clarke engoliu seco.
Ontari forçou a porta, uma, duas, três vezes, mas não conseguiu entrar.
Tirou seu cartão de crédito da carteira e forçou contra a tranca. Conseguindo abrir.
Ao ouvir o trinco se destrancar, Clarke correu para o quarto de Lexa e se escondeu dentro do guarda-roupa. Apertado, mas achou melhor do que embaixo da cama.
Ontari entrou e foi até a cozinha:
- Frango? Que que é, deu pra cozinhar agora, Lexa? Gritou.
Foi até a sala:
- Você quer brincar? Talvez eu goste disso...Disse sorrindo, maliciosamente.
Foi até o quarto:
- Achei! Disse abrindo a porta, mas não viu ninguém. – Chega vai, Lexa, cadê você? Eu to cansada, irritada e com muito tesão.
Clarke revirou os olhos com raiva. A porta do guarda-roupa era de madeira, com frestas, o guarda-roupa não era grande, mas era quase do tamanho de um closet. Ela vira Ontari se esquivando pelo quarto.
A morena olhou embaixo da cama, depois olhou na suíte de Lexa e nada. Saiu do quarto frustrada, apagando a luz.
Clarke que segurava a respiração, temendo qualquer ruído que fizesse, soltou o ar, parcialmente aliviada, tocou a porta do guarda-roupa, fazendo um som mínimo de contato com a madeira velha. Esperou alguns segundos, mas foi surpreendida pela luz se acendendo novamente e num piscar de olhos, Ontari abriu a porta do guarda-roupa. Num rompante, levando o coração de Clarke até a boca. A encarando intensamente nos olhos.
Clarke estava estática, Lexa não estava lá e Ontari podia mata-la ali mesmo. E ela sabia que não lhe faltava vontade.
Ontari sorriu ao avista-la na escuridão, dentro daquele guarda-roupa. Ficou surpresa, mas mais que isso, ficou satisfeita justamente pelo mesmo motivo que Clarke estava temendo...Ela poderia fazer qualquer coisa com a loira ali e ninguém saberia...
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