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História Graciosa noite - Glaciosa noite.


Escrita por: JohnVercetti

Notas do Autor


Só vai

Capítulo 1 - Glaciosa noite.


Ouvia-se os carros passando na rua cheia de lama, a chuva já caia fazia dois dias e duas noites e não mostrava nenhuma chance de dar trégua, no primeiro dia a chuva caia como pequenas gotas que refrescava as crianças que brincavam na rua alegres, mas nessa noite ela parecia um verdadeiro demônio enviado por Deus para castigar os mortais que contra ela podiam pouco fazer.

Pela janela de vidro fechada passava a luz gerada de faróis de viaturas que iam aceleradas para atender uma ocorrência iluminou por um momento o apartamento de John, o quadro de seu avô, um homem que passou toda sua vida trabalho de policial até ser encontrado morto em sua banheira sem os dedos dos pés e das mãos e com todo seus dentes arrancados, a polícia diz que foi um possível bandido que não gostava de John, porém ninguém tinha provas de nada. A mesma banheira que John se banhava todos os dias desde que herdou o apartamento de seu avô, já que seu salário de professor não permitia comprar algo descente, O retrato de Bean era um tanto quanto macabro, o artista tinha usado uma técnica de pintura que fazia parecer que Bean sempre estava olhando para as pessoas, especificamente seus olhos castanhos olhavam fixamente e analisavam a alma de John, o artista por pura falta de tinta e de profissionalidade  não se dedicou a pintar e dar detalhes e fez a pele dele parecer tanto lisa quanto pálida, seus cabelos eram mal pintados porém sua cor era castanha e eram curtos pois a calvície havia tomado conta do homem,  um objeto que puxava atenção era sua cruz de ouro (ou pelo menos ele dizia que era de ouro) no pescoço, que foi tomada pelo assassino dele.

E então a luz do farol passou e deixou o quadro na escuridão novamente e as únicas fontes de luz do apartamento era o abajur e a pequena TV que tinha o problema de distorcer a imagem de tempos em tempos.

John era um professor de português qualquer, possuía trinta anos (os quais ele julgava mais longos do que deveriam ser),em uma mesinha ao lado de sua poltrona  estava uma garrafa de whisky meio cheia, um copo com cerca de três dedos de whisky e um maço de cigarro, fora o cigarro já em sua boca, todos esses vícios adotados após a morte de sua esposa no parto de seu filho, e ao seu filho que nasceu morto, só não tinha adotado o vício de jogatina pois não havia mais nada a perder, porém todo o dinheiro que sobrava ia para o cigarro e a bebida. Ao lado da garrafa havia o retrato de sua esposa, uma bela mulher beirando aos trinta, tinha uma aparência jovem, com belos e longos cabelos castanhos, e a maior característica que perseguiu ela durante toda sua vida, sua saúde frágil (que se podia notar até mesmo na aparência).

Ao ver a foto de sua falecida esposa lembrou-se dos momentos com ela, de seu início de namoro perturbado com o pai dela o chamando de fracassado e utilizando tudo que podia para humilha-lo na frente dela e de outras pessoas (mas talvez ele não estivesse certo? John aos trinta anos ainda morava no apartamento onde seu avô morreu pois não tinha dinheiro para comprar outro, não tinha dinheiro para pedir Jenny em casamento) e chegando até mesmo a expulsar a filha de casa pois ela namorava um ‘’ vagabundo sem vergonha que só irá trazer desgraça a sua vida’’ (frase do pai da Jenny), não chorou apenas porque não tinha mais lágrimas para cair.

John corrigia redações de seus alunos, tinha pedido para fazerem uma história baseada em notícias do jornal, a maioria dos alunos tinha feito sobre coisas bonitas, comuns e calmas, porém uma chamou a atenção de John, o texto se baseava em um assassinato, um dos vários que estava acontecendo atualmente na cidade, a polícia até chegou a desconfiar que fosse um serial killer, porém os assassinatos não seguiam nenhum padrão, o que baseou o garoto foi de uma mulher enterrada viva em um cemitério, mas também havia de um mendigo cortado em cinco com um machado, um vendedor com o crânio arrebentado por uma marreta e outros, mas o mais chocantes foi a dor Senhor Franklin, um dos homens mais ricos da cidade, dono de vários restaurantes, encontrado carbonizado em um bordel (o qual ele visitava frequentemente, demostrando que de Senhor não tinha nada) e acabou chocando todo a elite da cidade.

John começou a ler o texto de seu aluno, a escrita dele era falha e cheia de erros, porém a história não, nunca tinha uma história tão macabra e obscena, sentiu sua moral e fé destroçada pelas coisas que leu, mas não conseguia tirar seus olhos do texto nem por um segundo, estava sendo engolido por aquela história, talvez estivesse sobre uma obra prima do horror, de certo modo seu aluno edificou todos seus medos em um texto, John estava tão perdido no texto que não via o mundo ao seu redor, não ouvia nada, nem mesmo o som da TV, aquilo não penetrava seu mundo.

Um trecho do texto puxou a atenção de John mais do que o resto, falava sobre o motivo que o Coveiro (seu aluno criou um personagem com este nome que perseguia mulheres) enterrou a mulher, o trecho era este:

‘’ Diga-me, porque implora por sua vida? Não basta ter vivido longos vinte e cinco anos? Já não sofreu o suficiente? Já não chorou o bastante? Imploras por sua vida e me chama de maníaco, mas meu dever é nobre, estou aqui apenas para lhe dar o maior presente que você irá ganhar, o descanso eterno, eu sou seu salvador, eu sou sua morte’’

O Coveiro era um personagem curioso, um velho de cinquenta anos que não se sabia muito sobre seu passado, apenas sabia que era um corcunda com profundar cicatrizes em seu rosto que apenas se conseguiria fazer com cortes com uma lâmina bem afiada, estava sempre vestido com uma capa de chuva preta

Porém foi interrompido pelo som do vento entrando e sua janela sendo aberta pela força do vento, John se levantou e foi rapidamente fechar a janela antes que a chuva entrasse e começasse uma poça de água, quando chegou na janela viu que estava trovejando, o texto de seu aluno era tão impressionante que nem o permitia ouvir os trovões, o vento forte fez abrir a porta do banheiro, fechou e então se virou para ir para sua poltrona para guardar as redações, aquela tinha sido a última redação, porém quando se virou um raio caiu e brilhou tanto quanto um sol, e por um segundo revelou uma criatura alta, com a pele tão branca como leite, nua (porém sem partes genitais), com profundos olhos vermelhos que penetravam a alma de John assim como seu avô, não possuía nenhum pelo e nem cabelo em todo seu corpo, ostentava um sorriso largo e macabro com afiados dentes, John chegou a largar seu copo de whisky  que ao bater no chão quebrou e espalhou seu líquido por todo o chão, porém na mesma velocidade que a criatura levou a surgir ela sumiu assim que a luz do raio já havia saído.

Por um momento o coração de John parou, seus pelos ficaram arrepiados e sua mente perdeu a sanidade por alguns segundos, o que era aquela criatura que tinha visto? E então outro raio caiu e a criatura já havia sumido, no banheiro não havia nada além da banheira de seu avô e o papel de parede com flores que a sua Vó tinha insistido para colocar quando ainda era viva com algumas manchas de sangue que não saíram não importa quanto John esfregasse, mas o que importava era que o ‘’ fantasma’’ havia sumido, mas por que ele teve essa alucinação? Talvez tivesse bebido demais? Foi essa a resposta que adotou pois já havia bebido quatro copos cheios de whisky, bebeu até mais do que era acostumado, porém ainda havia sede, e então foi a cozinha pegar outra garrafa, pois há havia esvaziado a garrafa que ele possuía, e também um pano para limpar a bebida derramada pelo chão, a cozinha ficava logo atrás da poltrona de John e da sala, a sala era um tanto quanto pequena, havia a poltrona de John apoiada na parede com a mesa do lado e então logo a frente havia a TV encima de um rack, a janela ao lado direito e o banheiro do lado esquerdo, com a cozinha ao sul.

John entra na cozinha ainda aflito por aqueles alucinações que a bebida havia lhe dado, não podia negar que mesmo sendo uma tolice ter medo de uma ilusão ainda possuía o medo por dela, vasculhou as estantes encima da pia procurando por um whisky porém eles já haviam acabado, achava apenas uma garrafa de vodca quase vazia, com apenas alguns goles, o suficiente para John conseguir dormir, já que bebendo era o único modo de fazê-lo dormir, pegou a vodca e bebeu todo o pouco que havia sobrado e então deixou a garrafa vazia encima da pia, logo assim pega um pano de chão, uma vassoura e uma pá e então volta para a sala para limpar o copo destruído e a poça de bebida no chão, fica de joelhos e então com o pano secava a poça, mas enquanto fazia isso não podia lidar com a sensação de ser observado, mesmo o ‘’fantasma’’ sendo apenas um provável efeito da bebida, ele não conseguia parar de pensar e até mesmo um pouco com medo, tentava continuar limpando o chão mas a sensação daqueles olhos lhe penetrando como agulhar não o deixava em paz, ouvia os raios caindo, um raio que brilhou mais do que os outros iluminou toda a sala novamente, e com ela o banheiro onde surgiu a criatura novamente, dessa vez John não conteve o susto, deu um grito que teria acordado todo o quarteirão se não fosse ofuscado por o som de outro raio que caiu no mesmo momento, se jogou para trás por instinto e acabou caindo nos cactos de vidro do copo, que assim machucaram suas pernas e começaram vários pequenos sangramentos nas suas coxas, John rapidamente saiu correndo mesmo com a dor e foi para a cozinha, já que a criatura não havia sumido na hora que ela tinha aparecido, na vez interior.

John desesperadamente abriu as gavetas em busca de alguma faca afiada, já que uma faca de cortar pão não é algo digno ou suficiente para enfrentar uma criatura desconhecida pelo homem, abria as gavetas e as jogava para fora, não conseguia achar nada, via a criatura se aproximando e então gotas de suor frio começavam a cair de sua testa, passando por todo seu rosto e então caindo no chão, John ao ver a criatura a um metro de si, ainda ostentando seu sorriso perturbador, pega a garrafa de vodca que havia deixado encima da pia e então quebra a mesma na cabeça da criatura que o perseguia, fazendo jorrar cactos para todos os lados, mas sangue não saiu, a horrenda criatura estendeu sua mão e agarrou o pulso de John, o apertou com tanta força que fez John desmaiar com a visão da criatura sorrindo para si.

Não conseguia mexer seus braços, apenas sentia uma dor que não parecia passar, fora a dor em suas pernas, toda vez que tentava meche-las sentia os cactos dentro de si, apesar de pequenos lhe causavam uma dor enorme, mas não havia sangrado muito, apenas o suficiente para algumas pequenas manchas em sua calça marrom, sentiu também que estava amarrado e então decidiu abrir seus olhos, se viu amarrado em uma cadeira pelas mãos, estava preso de frente com o quadro de seu avô, sentia novamente  a sensação de ser observado e analisado até a alma, movia a cabeça para olhar ao seu redor porém não via nada, apenas o retrato de seu avô o observando, trazendo novamente as imagens de seu passado que ele bebera tanto para esquecer.

Seu avô era um homem violento, chegava bêbado em casa e batia na sua esposa, reclamava que a esposa era uma vadia sem modos e educação, reclamava do pequeno John como se ele tivesse culpa de sua mãe ter sido engravidada por um cara qualquer, deixado a criança para cuidar e então fugiu e nunca mais foi vista, quanto mais tempo passava mais bêbado e furioso Bean chegava em casa, gastava todo seu dinheiro em bebida, fazendo a casa passar por dificuldades e até mesmo a fome, mas o ápice foi quando ele chegou tão furioso e sua esposa, doce dona Maria, tentou se defender na primeira vez da vida, o resto da história John só se lembra de estar em um campo cavando um buraco junto com seu avô para enterrar sua avó.

Não mudou muita coisa na vida de Bean, ele já não amava a esposa, e tinha a paranoia de que estava sendo traído, mas para John sim, John teve que começar a se virar em casa, fazer todas as coisas, para seu avô chegar bêbado e lhe bater.

Talvez John não tivesse ficado parecido com seu avô, já não gastava todo seu dinheiro se entupido de álcool? Não, ele evitava isso ao máximo, odiava tanto seu avô que o matou na banheira de seu apartamento, ah sim, bela noite, John se lembra de tudo como se fosse ontem, lembra-se de ter pegado a navalha que fazia a barba e invadiu o banheiro enquanto seu avô tomava banho, o velho não tinha entendido nada, tinha apenas começado a gritar contra John e falava para sair e que da próxima vez que entrasse no banheiro daquele jeito ia ser espancado, suas últimas palavras foram:

‘’ Olha aqui seu bosta, dá próxima vez que você entrar no banheiro desse jeito eu lhe quebro a pau e lhe faço ter que viver numa cadeira de rodas o resto da vida ‘’

John fez questão de primeiramente segurar a língua que fedia a bebida daquele velho e corta-la com a navalha, para John a expressão de seu avô era impagável, o velho olhando o sangue jorrar de sua boca enquanto não podia fazer nada, e logo então John cortou todos os dedos para se certificar que ele estaria morto.

A polícia não desconfiou de John, quem acharia que aquele jovem estudante que almejava ser professor iria matar o velho Beans? Provavelmente algum bandido que foi preso por ele invadiu o apartamento e matou o velho com prazer.

John então voltava ao mundo normal quando a criatura surgia novamente, com a garrafa de whisky que John bebera a pouco tempo em suas mãos, com o sorriso mais macabro ainda, John entrou em desespero, tentou se livrar das amarras mas tudo que conseguiu fazer foi a cadeira cair, John observava com metade do rosto apoiado no chão a criatura vir em sua direção, mas que sorte dos infernos! John havia caído perto de um lugar onde suas mãos poderiam pegar um cacto de vidro e então rasgar a corda, John fez isso freneticamente e por Deus conseguiu cortar as cordas, se levantou e então tentou fugir, mas para onde iria? Se quisesse sair do apartamento teria que passar pela cozinha, de onde a criatura vinha, não pensou, quanto mais a criatura andava em sua direção ele se afastava, até bater com as costas na parede perto da janela, o que poderia fazer para se salvar? Tentar enfrentar a criatura com um cacto? A criatura havia levado uma garrafada na cabeça e nem mostrou reação, mas enquanto pensava via a garrafa em sua direção, um barulho voou por todo o apartamento, a criatura havia quebrado a garrafa na cabeça de John, que enquanto caia para trás observava a criatura rindo dele, sua visão era atrapalhada pelo próprio sangue, por puro instinto perguntou porque a criatura estaria fazendo aquilo, pediu por misericórdia.

Mas a criatura apenas parou e observou ele, e soltou a mesma frase dita pelo Coveiro.

‘’ Diga-me, porque implora por sua vida? Não basta ter vivido longos vinte e cinco anos? Já não sofreu o suficiente? Já não chorou o bastante? Imploras por sua vida e me chama de maníaco, mas meu dever é nobre, estou aqui apenas para lhe dar o maior presente que você irá ganhar, o descanso eterno, eu sou seu salvador, eu sou sua morte’’

John não sabia o que fazer, o que sentir, apenas começou a rir histericamente, como se finalmente tivesse cedido a vida e tivesse perdido a sanidade, se afastou mais ainda e então caiu da janela.

John foi encontrado morto na manhã seguinte, a chuva já havia parado, uma multidão havia se reunido com suas botas sobre a lama para ver aquela pessoa que havia se jogado de seu apartamento, John havia caído com os braços abertos e o rosto virado pra cima, ostentando um sorriso igual a deu seu assassino, a polícia investigou o apartamento e chegou a conclusão de que ele havia cometido suicídio após o excesso de bebida e a depressão, o homem foi enterrado ao lado de seu avô e com ninguém no seu velório (apenas um coveiro que enterrou seu caixão), ninguém jamais soube sobre a história do homem.

Ouvia-se os carros passando na rua cheia de lama, a chuva já caia fazia dois dias e duas noites e não mostrava nenhuma chance de dar trégua, no primeiro dia a chuva caia como pequenas gotas que refrescava as crianças que brincavam na rua alegres, mas nessa noite ela parecia um verdadeiro demônio enviado por Deus para castigar os mortais que contra ela podiam pouco fazer.

Pela janela de vidro fechada passava a luz gerada de faróis de viaturas que iam aceleradas para atender uma ocorrência iluminou por um momento o apartamento de John, o quadro de seu avô, um homem que passou toda sua vida trabalho de policial até ser encontrado morto em sua banheira sem os dedos dos pés e das mãos e com todo seus dentes arrancados, a polícia diz que foi um possível bandido que não gostava de John, porém ninguém tinha provas de nada. A mesma banheira que John se banhava todos os dias desde que herdou o apartamento de seu avô, já que seu salário de professor não permitia comprar algo descente, O retrato de Bean era um tanto quanto macabro, o artista tinha usado uma técnica de pintura que fazia parecer que Bean sempre estava olhando para as pessoas, especificamente seus olhos castanhos olhavam fixamente e analisavam a alma de John, o artista por pura falta de tinta e de profissionalidade  não se dedicou a pintar e dar detalhes e fez a pele dele parecer tanto lisa quanto pálida, seus cabelos eram mal pintados porém sua cor era castanha e eram curtos pois a calvície havia tomado conta do homem,  um objeto que puxava atenção era sua cruz de ouro (ou pelo menos ele dizia que era de ouro) no pescoço, que foi tomada pelo assassino dele.

E então a luz do farol passou e deixou o quadro na escuridão novamente e as únicas fontes de luz do apartamento era o abajur e a pequena TV que tinha o problema de distorcer a imagem de tempos em tempos.

John era um professor de português qualquer, possuía trinta anos (os quais ele julgava mais longos do que deveriam ser),em uma mesinha ao lado de sua poltrona  estava uma garrafa de whisky meio cheia, um copo com cerca de três dedos de whisky e um maço de cigarro, fora o cigarro já em sua boca, todos esses vícios adotados após a morte de sua esposa no parto de seu filho, e ao seu filho que nasceu morto, só não tinha adotado o vício de jogatina pois não havia mais nada a perder, porém todo o dinheiro que sobrava ia para o cigarro e a bebida. Ao lado da garrafa havia o retrato de sua esposa, uma bela mulher beirando aos trinta, tinha uma aparência jovem, com belos e longos cabelos castanhos, e a maior característica que perseguiu ela durante toda sua vida, sua saúde frágil (que se podia notar até mesmo na aparência).

Ao ver a foto de sua falecida esposa lembrou-se dos momentos com ela, de seu início de namoro perturbado com o pai dela o chamando de fracassado e utilizando tudo que podia para humilha-lo na frente dela e de outras pessoas (mas talvez ele não estivesse certo? John aos trinta anos ainda morava no apartamento onde seu avô morreu pois não tinha dinheiro para comprar outro, não tinha dinheiro para pedir Jenny em casamento) e chegando até mesmo a expulsar a filha de casa pois ela namorava um ‘’ vagabundo sem vergonha que só irá trazer desgraça a sua vida’’ (frase do pai da Jenny), não chorou apenas porque não tinha mais lágrimas para cair.

John corrigia redações de seus alunos, tinha pedido para fazerem uma história baseada em notícias do jornal, a maioria dos alunos tinha feito sobre coisas bonitas, comuns e calmas, porém uma chamou a atenção de John, o texto se baseava em um assassinato, um dos vários que estava acontecendo atualmente na cidade, a polícia até chegou a desconfiar que fosse um serial killer, porém os assassinatos não seguiam nenhum padrão, o que baseou o garoto foi de uma mulher enterrada viva em um cemitério, mas também havia de um mendigo cortado em cinco com um machado, um vendedor com o crânio arrebentado por uma marreta e outros, mas o mais chocantes foi a dor Senhor Franklin, um dos homens mais ricos da cidade, dono de vários restaurantes, encontrado carbonizado em um bordel (o qual ele visitava frequentemente, demostrando que de Senhor não tinha nada) e acabou chocando todo a elite da cidade.

John começou a ler o texto de seu aluno, a escrita dele era falha e cheia de erros, porém a história não, nunca tinha uma história tão macabra e obscena, sentiu sua moral e fé destroçada pelas coisas que leu, mas não conseguia tirar seus olhos do texto nem por um segundo, estava sendo engolido por aquela história, talvez estivesse sobre uma obra prima do horror, de certo modo seu aluno edificou todos seus medos em um texto, John estava tão perdido no texto que não via o mundo ao seu redor, não ouvia nada, nem mesmo o som da TV, aquilo não penetrava seu mundo.

Um trecho do texto puxou a atenção de John mais do que o resto, falava sobre o motivo que o Coveiro (seu aluno criou um personagem com este nome que perseguia mulheres) enterrou a mulher, o trecho era este:

‘’ Diga-me, porque implora por sua vida? Não basta ter vivido longos vinte e cinco anos? Já não sofreu o suficiente? Já não chorou o bastante? Imploras por sua vida e me chama de maníaco, mas meu dever é nobre, estou aqui apenas para lhe dar o maior presente que você irá ganhar, o descanso eterno, eu sou seu salvador, eu sou sua morte’’

O Coveiro era um personagem curioso, um velho de cinquenta anos que não se sabia muito sobre seu passado, apenas sabia que era um corcunda com profundar cicatrizes em seu rosto que apenas se conseguiria fazer com cortes com uma lâmina bem afiada, estava sempre vestido com uma capa de chuva preta

Porém foi interrompido pelo som do vento entrando e sua janela sendo aberta pela força do vento, John se levantou e foi rapidamente fechar a janela antes que a chuva entrasse e começasse uma poça de água, quando chegou na janela viu que estava trovejando, o texto de seu aluno era tão impressionante que nem o permitia ouvir os trovões, o vento forte fez abrir a porta do banheiro, fechou e então se virou para ir para sua poltrona para guardar as redações, aquela tinha sido a última redação, porém quando se virou um raio caiu e brilhou tanto quanto um sol, e por um segundo revelou uma criatura alta, com a pele tão branca como leite, nua (porém sem partes genitais), com profundos olhos vermelhos que penetravam a alma de John assim como seu avô, não possuía nenhum pelo e nem cabelo em todo seu corpo, ostentava um sorriso largo e macabro com afiados dentes, John chegou a largar seu copo de whisky  que ao bater no chão quebrou e espalhou seu líquido por todo o chão, porém na mesma velocidade que a criatura levou a surgir ela sumiu assim que a luz do raio já havia saído.

Por um momento o coração de John parou, seus pelos ficaram arrepiados e sua mente perdeu a sanidade por alguns segundos, o que era aquela criatura que tinha visto? E então outro raio caiu e a criatura já havia sumido, no banheiro não havia nada além da banheira de seu avô e o papel de parede com flores que a sua Vó tinha insistido para colocar quando ainda era viva com algumas manchas de sangue que não saíram não importa quanto John esfregasse, mas o que importava era que o ‘’ fantasma’’ havia sumido, mas por que ele teve essa alucinação? Talvez tivesse bebido demais? Foi essa a resposta que adotou pois já havia bebido quatro copos cheios de whisky, bebeu até mais do que era acostumado, porém ainda havia sede, e então foi a cozinha pegar outra garrafa, pois há havia esvaziado a garrafa que ele possuía, e também um pano para limpar a bebida derramada pelo chão, a cozinha ficava logo atrás da poltrona de John e da sala, a sala era um tanto quanto pequena, havia a poltrona de John apoiada na parede com a mesa do lado e então logo a frente havia a TV encima de um rack, a janela ao lado direito e o banheiro do lado esquerdo, com a cozinha ao sul.

John entra na cozinha ainda aflito por aqueles alucinações que a bebida havia lhe dado, não podia negar que mesmo sendo uma tolice ter medo de uma ilusão ainda possuía o medo por dela, vasculhou as estantes encima da pia procurando por um whisky porém eles já haviam acabado, achava apenas uma garrafa de vodca quase vazia, com apenas alguns goles, o suficiente para John conseguir dormir, já que bebendo era o único modo de fazê-lo dormir, pegou a vodca e bebeu todo o pouco que havia sobrado e então deixou a garrafa vazia encima da pia, logo assim pega um pano de chão, uma vassoura e uma pá e então volta para a sala para limpar o copo destruído e a poça de bebida no chão, fica de joelhos e então com o pano secava a poça, mas enquanto fazia isso não podia lidar com a sensação de ser observado, mesmo o ‘’fantasma’’ sendo apenas um provável efeito da bebida, ele não conseguia parar de pensar e até mesmo um pouco com medo, tentava continuar limpando o chão mas a sensação daqueles olhos lhe penetrando como agulhar não o deixava em paz, ouvia os raios caindo, um raio que brilhou mais do que os outros iluminou toda a sala novamente, e com ela o banheiro onde surgiu a criatura novamente, dessa vez John não conteve o susto, deu um grito que teria acordado todo o quarteirão se não fosse ofuscado por o som de outro raio que caiu no mesmo momento, se jogou para trás por instinto e acabou caindo nos cactos de vidro do copo, que assim machucaram suas pernas e começaram vários pequenos sangramentos nas suas coxas, John rapidamente saiu correndo mesmo com a dor e foi para a cozinha, já que a criatura não havia sumido na hora que ela tinha aparecido, na vez interior.

John desesperadamente abriu as gavetas em busca de alguma faca afiada, já que uma faca de cortar pão não é algo digno ou suficiente para enfrentar uma criatura desconhecida pelo homem, abria as gavetas e as jogava para fora, não conseguia achar nada, via a criatura se aproximando e então gotas de suor frio começavam a cair de sua testa, passando por todo seu rosto e então caindo no chão, John ao ver a criatura a um metro de si, ainda ostentando seu sorriso perturbador, pega a garrafa de vodca que havia deixado encima da pia e então quebra a mesma na cabeça da criatura que o perseguia, fazendo jorrar cactos para todos os lados, mas sangue não saiu, a horrenda criatura estendeu sua mão e agarrou o pulso de John, o apertou com tanta força que fez John desmaiar com a visão da criatura sorrindo para si.

Não conseguia mexer seus braços, apenas sentia uma dor que não parecia passar, fora a dor em suas pernas, toda vez que tentava meche-las sentia os cactos dentro de si, apesar de pequenos lhe causavam uma dor enorme, mas não havia sangrado muito, apenas o suficiente para algumas pequenas manchas em sua calça marrom, sentiu também que estava amarrado e então decidiu abrir seus olhos, se viu amarrado em uma cadeira pelas mãos, estava preso de frente com o quadro de seu avô, sentia novamente  a sensação de ser observado e analisado até a alma, movia a cabeça para olhar ao seu redor porém não via nada, apenas o retrato de seu avô o observando, trazendo novamente as imagens de seu passado que ele bebera tanto para esquecer.

Seu avô era um homem violento, chegava bêbado em casa e batia na sua esposa, reclamava que a esposa era uma vadia sem modos e educação, reclamava do pequeno John como se ele tivesse culpa de sua mãe ter sido engravidada por um cara qualquer, deixado a criança para cuidar e então fugiu e nunca mais foi vista, quanto mais tempo passava mais bêbado e furioso Bean chegava em casa, gastava todo seu dinheiro em bebida, fazendo a casa passar por dificuldades e até mesmo a fome, mas o ápice foi quando ele chegou tão furioso e sua esposa, doce dona Maria, tentou se defender na primeira vez da vida, o resto da história John só se lembra de estar em um campo cavando um buraco junto com seu avô para enterrar sua avó.

Não mudou muita coisa na vida de Bean, ele já não amava a esposa, e tinha a paranoia de que estava sendo traído, mas para John sim, John teve que começar a se virar em casa, fazer todas as coisas, para seu avô chegar bêbado e lhe bater.

Talvez John não tivesse ficado parecido com seu avô, já não gastava todo seu dinheiro se entupido de álcool? Não, ele evitava isso ao máximo, odiava tanto seu avô que o matou na banheira de seu apartamento, ah sim, bela noite, John se lembra de tudo como se fosse ontem, lembra-se de ter pegado a navalha que fazia a barba e invadiu o banheiro enquanto seu avô tomava banho, o velho não tinha entendido nada, tinha apenas começado a gritar contra John e falava para sair e que da próxima vez que entrasse no banheiro daquele jeito ia ser espancado, suas últimas palavras foram:

‘’ Olha aqui seu bosta, dá próxima vez que você entrar no banheiro desse jeito eu lhe quebro a pau e lhe faço ter que viver numa cadeira de rodas o resto da vida ‘’

John fez questão de primeiramente segurar a língua que fedia a bebida daquele velho e corta-la com a navalha, para John a expressão de seu avô era impagável, o velho olhando o sangue jorrar de sua boca enquanto não podia fazer nada, e logo então John cortou todos os dedos para se certificar que ele estaria morto.

A polícia não desconfiou de John, quem acharia que aquele jovem estudante que almejava ser professor iria matar o velho Beans? Provavelmente algum bandido que foi preso por ele invadiu o apartamento e matou o velho com prazer.

John então voltava ao mundo normal quando a criatura surgia novamente, com a garrafa de whisky que John bebera a pouco tempo em suas mãos, com o sorriso mais macabro ainda, John entrou em desespero, tentou se livrar das amarras mas tudo que conseguiu fazer foi a cadeira cair, John observava com metade do rosto apoiado no chão a criatura vir em sua direção, mas que sorte dos infernos! John havia caído perto de um lugar onde suas mãos poderiam pegar um cacto de vidro e então rasgar a corda, John fez isso freneticamente e por Deus conseguiu cortar as cordas, se levantou e então tentou fugir, mas para onde iria? Se quisesse sair do apartamento teria que passar pela cozinha, de onde a criatura vinha, não pensou, quanto mais a criatura andava em sua direção ele se afastava, até bater com as costas na parede perto da janela, o que poderia fazer para se salvar? Tentar enfrentar a criatura com um cacto? A criatura havia levado uma garrafada na cabeça e nem mostrou reação, mas enquanto pensava via a garrafa em sua direção, um barulho voou por todo o apartamento, a criatura havia quebrado a garrafa na cabeça de John, que enquanto caia para trás observava a criatura rindo dele, sua visão era atrapalhada pelo próprio sangue, por puro instinto perguntou porque a criatura estaria fazendo aquilo, pediu por misericórdia.

Mas a criatura apenas parou e observou ele, e soltou a mesma frase dita pelo Coveiro.

‘’ Diga-me, porque implora por sua vida? Não basta ter vivido longos vinte e cinco anos? Já não sofreu o suficiente? Já não chorou o bastante? Imploras por sua vida e me chama de maníaco, mas meu dever é nobre, estou aqui apenas para lhe dar o maior presente que você irá ganhar, o descanso eterno, eu sou seu salvador, eu sou sua morte’’

John não sabia o que fazer, o que sentir, apenas começou a rir histericamente, como se finalmente tivesse cedido a vida e tivesse perdido a sanidade, se afastou mais ainda e então caiu da janela.

John foi encontrado morto na manhã seguinte, a chuva já havia parado, uma multidão havia se reunido com suas botas sobre a lama para ver aquela pessoa que havia se jogado de seu apartamento, John havia caído com os braços abertos e o rosto virado pra cima, ostentando um sorriso igual a deu seu assassino, a polícia investigou o apartamento e chegou a conclusão de que ele havia cometido suicídio após o excesso de bebida e a depressão, o homem foi enterrado ao lado de seu avô e com ninguém no seu velório (apenas um coveiro que enterrou seu caixão), ninguém jamais soube sobre a história do homem.


Notas Finais


Escrevi esse conto a 1 ano atrás, espero que alguém goste.


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