História Happy End - Dias Comuns

  Foi com um esvoaçar de cabelos.

  As mãos unidas na frente como se prometesse algo, os fios pretos ondulando com o vento e o sorriso infantil, era tudo o que ofereceu, e tudo que precisou.

  Começou naquele dia frio seus momentos mais coloridos, com ele conheceu bons e maus momentos, mas sempre voltavam, a chama tão quente quanto na primeira vez.

  Quando se formou e arranjou um emprego ele ainda fazia bicos, ele não gostava dos estudos mas admirava ela cada dia mais.

  Casaram-se.

  Primeiro veio uma filha, não era o que ele torceu, mas amou-a o mesmo tanto para felicidade dela, o nome de pai pesou nos ombros e decidiu que devia se endireitar.

  Trabalhou em um escritório, bem diferente da médica doutorada com quem casou-se, o peso só parecia dobrar nos ombros já não tão jovens.

  Nos primeiros dias eram minutos, depois foram horas, discutiam, ela se preocupava com as demoras que ele recusava explicar, já não sabia se ele era o mesmo por quem se confessara, era triste ver como mudaram.

  Uma última noite ele se atrasou, foi promovido, eram enfim horas com o chefe, desculparam-se, amaram-se novamente, era ele mesmo, ainda era por quem se confessou.

  A segunda filha veio, riu do marido azarado que já deixara de torcer, amaria as três garotas de sua vida.

  Juntos viveram bem, as duas cresceram, a primeira casou-se e passou a trabalhar no restaurante do marido no mesmo dia em que a mãe se aposentou.

  Quando o primeiro neto veio ele seguiu o exemplo da mulher, os cabelos brancos já decoravam os dois, estavam velhos.

  Foi antes de dormir, deixaram a janela aberta apesar do frio, aos olhos dele, uma vez mais o vento soprou, os cabelos pareciam tão pretos quanto na primeira vez, deitaram-se de mãos dadas, e foram juntos.