História Hello, Shooting Star - Gemini; Salmos 66:20

Gemini, Gêmeos

Era manhã de domingo e para Jongdae esse era o dia em que ele acordava cedo para ir a igreja junto ao pai. Como sempre, as seis em ponto ele já estava em pé com a cama arrumada e indo para o banheiro tomar seu banho, para que as seis e meia pudesse preparar o café da manhã para ele e para o patriarca que a alguns dias atras sofrera um acidente concertando as prateleiras do armário da sala de estar, acabando por sentir uma das madeiras pesadas bater em seu pé.

No final das contas, Jongdae levou o pai ao hospital e o mesmo engessou o pé, andando apenas com o auxílio de muletas. Como a casa deles era de dois andares, Jongdae com toda a educação que lhe foi ensinada, abriu o sofá-cama e o arrumou para o pai se deitar. Como o mais velho era orgulhoso de mais, ele não pedia ajuda ao filho com algumas coisas, só pedia ao filho lhe trazer um jarro d'Água e um copo que ele estaria bem. Nisso, naquele domingo, o homem não iria para a igreja só Jongdae. O filho disse que iria contar todas as palavras ditas pelo padre assim que voltar. Então partiu sozinho para fora da casa.

Olhou para o lado e viu Minseok acenar para si, vestido adequadamente assim como Jongdae, para poderem ir a igreja. Mesmo o mais velho não acreditando muito na palavra do senhor, seus pais eram cristãos, então nada mais justo acompanhá-los em algo bem importante para os dois, mesmo eles dizendo que Minseok não precisaria ir se não quisesse, mas o garoto de cabelos castanhos viciado em astros negou, avisando que iria e nada o faria mudar sua escolha.

O Kim mais novo não pode deixar de sorrir e admirar a beleza que era o mais velho. Cabelos lisos e muito bem penteados, pele clara que brilhava ao sol e aqueles olhos. Ah! aqueles olhos! Castanhos tão claros que ao refletirem a luz solar, deixava suas íris resplandescentes, além das coxas fartas visíveis naquela calça jeans azul. Como sempre, Minseok estava perfeito, e Jongdae sorria feito bobo para o melhor amigo.

Lembrava-se do dia em que Minseok comentou consigo sobre suas dúvidas em relação a religião que tanto seu melhor amigo quanto seus pais seguiam.

— Eu não sei ChennyChenny — Disse Minseok jogado em sua cama vendo o mais novo mexendo em seu computador jogando um jogo qualquer do mesmo — Sei que você, Omma e Appa são cristãos quase que de sangue. Mas, eu não me vejo crendo em um ser onipotente.

Jongdae que até agora só escutava o amigo reclamar sobre a própria indecisão, resolveu dizer:

— Você decide o que quer Minnie, não precisa acreditar em algo que não queira — O mais novo levantou da cadeira de rodinhas, atravessou o quarto bagunçado com cuidado por estar cheio de livros de astronomia e astrologia — alguns até bem antigos — de Minseok, que mesmo ouvido a mãe reclamar diversas vezes sobre o quarto estar bagunçado, não dará atenção por preguiça de arrumar o mesmo. Sentou-se na cama, vendo o mais velho se sentando também, com os rostos próximos, Jongdae sorriu e deu um beijo na bochecha de Minseok vendo o mesmo corar pelo ato surpresa com os cabelos castanhos bagunçados de tanto esfregar as mãos — Você é o que você é, eu continuarei sendo seu melhor amigo, mesmo querendo acreditar na ciência ao invés da religião.

Com isso, um sorriso apareceu no rosto de Minseok, o mais maravilhoso de todos que Jongdae já viu. Os raios lunares batendo na janela e refletindo na pele branca do pequeno astrônomo com o sorriso enaltecendo a beleza do Kim mais velho. Jongdae jamais esquecerá esse dia, principalmente depois do beijo estalado na bochecha que recebeu de Minseok.

Agora naquela manhã de domingo, sentiu o abraço quente e envolvente do amigo e deixou-se aconchegar a cabeça no ombro do outro. Logo sentindo sua mão sendo puxada em direção ao norte, na qual se encontrava a igreja. Os pais de Minseok sorriram, já sabendo que daquela amizade nasceria algo ainda maior, olharam pela janela da casa do Kim mais novo e viram o pai do mesmo ficar desgostoso com aquela interação dos dois jovens rapazes sumindo de vista logo em seguida.

Mas senhora Kim sabia, que o mesmo só se sentia sozinho e tinha medo do filho acabar lhe deixando. Deixou isso de lado e continuo a andar com o marido.

[…]

— Parece que Junmyeon se tornou coroinha novamente — Baekhyun comentou vendo o mais velho bem ao lado do padre, usando um robe branco com detalhes dourados, segurando uma taça também de coloração dourada que mais parecia ser de ouro, dando ao homem de idade e saindo de perto para ficar um pico distante do mesmo. Os cabelos castanhos bem arrumados e alinhados com um rosto meramente pálido e de sorriso bondoso nos lábios — Ele não tá meio velho pra isso?

— Aquele lá é mais religioso que o meu pai — Jongdae disse e não pode deixar de rir junto dos amigos, que decidiram ficar na última bancada próxima da porta, enquanto os pais de Minseok ficaram mais para frente juntos dos pais do Byun. Chanyeol acompanhava o namorado junto de Sehun e Luhan. Esses dois últimos se sentarem nas pontas, por não quererem se encararem desde o natal, que como presente do Baekhyun era o beijo deles.

— Ata — Baekhyun riu em escárnio — Ele anda se pegando com o Yixing.

— O professor de química do terceiro ano? — Sehun perguntou, já que ele era o mais novo deles e ainda não estava na faculdade. Baekhyun assentiu, vendo o rosto de chocado de todos, principalmente do tatuado com constelações no pescoço — Logo o meu crush.

— Ele é teu crush também? — Baekhyun perguntou e viu Chanyeol olhar pra si arqueando a sobrancelha. Luhan olhou para Sehun e notou que o mesmo ainda se sentia desacreditado, queria ir lá falar com ele, mas perdeu a coragem e ficou calado no seu canto.

— Como é? — Ele indagou, com ciúmes.

— Vocês pelo amor de Deus, calem a boca — Jongdae disse com raiva, Minseok que estava ao seu lado concordou, balançando a cabeça apoiando o amigo — Quando sairmos daqui, vocês se resolvem.

— Há mas vamos com certeza — Chanyeol disse muito enciumado. Ele não tinha culpa se sentia inseguro. Afinal, os pais de Baekhyun ainda não apoiavam o namoro e ele tinha medo do mais velho lhe largar por outra pessoa.

Baekhyun revirou os olhos dando um beijo na bochecha de Chanyeol e segurando sua mão, fazendo o tatuado logo amolecer e ficar tranquilo abraçando o mais baixo quando finalmente puderam sentar.

Porém, Jongdae passou a missa toda admirando Minseok. Só percebeu que ela acabara quando o mais velho se levantará com o resto das pessoas e chamando sua atenção, balançou a cabeça tentando sair de seus devaneios completamente envergonhado sendo puxado pelo melhor amigo para fora da igreja.

[…]

Agora o grupo estava reunido no mesmo café de sempre, os pais do mais velho foram para casa e deixaram que o filho acompanhasse os amigos. Então lá estavam os seis amigos rindo de uma piada ruim na qual Chanyeol contou, não estavam rindo da piada e sim da expressão de incrédulo que o ruivo fez ao perceber que ninguém ria da brincadeira, nem mesmo Baekhyun. Mesmo todos sabendo que os pais do Byun não gostavam tanto da ideia, não pelo fato dele estar perto de pessoas homossexuais e sim por estar próximo de Chanyeol que até hoje não era bem visto pelos pais do mais velho. 

Mesmo quando o tatuado de cabelos avermelhados conversou com os pais de Baekhyun, dizendo que ele não era uma pessoa ruim, gostava de música e até mesmo de muitas músicas religiosas que os próprios pais escutavam. No entanto, isso não os convenceu deixando eles frustados 

Foi quando eles viram Junmyeon entrar pela porta e o chamaram para se sentar com eles, mas perceberam que o rapaz estava olhando o telefone celular a cada minuto. Baekhyun então achou que aquela hora seria perfeita. Abriu a boca pra falar, mas a fechou assim que ouviu o som do sino da porta de entrada do café bater e seguir o olhar apreensivo de Junmyeon para a mesma.

Kim Junmyeon era nada mais nada menos que o filho que todo pai gostaria de ter. Foi presidente do conselho estudantil, nunca tirava notas baixas sua nota mínima era nove e meio, ganhava vários prêmios por mérito, bom em esportes, trabalhava diariamente para ganhar dinheiro para doar a orfanatos que precisavam de reformas ou na ajuda de proteção ao meio ambiente, além de ser aceito e muitas universidades tanto coreanas quanto de outros países, e é claro não menos importante, um seguir cristão nato. Mas havia um porém. Junmyeon era queridinho dos professores desde o começo do ensino médio, mas ele era o mais querido por um específico e esse estava naquele momento, entrando pela porta do café, onde lhe foi direcionado o olhar de todos na mesa em que Junmyeon se encontrava. 

Os cabelos sedosos e negros feitos em um topete, os óculos redondos de grau escondiam os olhos escuros como à noite. O sorriso em seu rosto ao encontrar o mais novo, teve direito a covinhas profundas muito mais que as de Jongdae e Chanyeol. A blusa social branca marcava os músculos do braço e a calça social preta marcava suas coxas combinando com os sapatos sociais de couro da mesma cor. Resumindo tudo, ele era o rapaz mais elegante que tinha ali, tendo total atenção não só do grupo de amigos, mas como também de outros homens e mulheres que não paravam de lhe encarar.

— Caramba, que homem gostoso! — Minseok soltou quase no automático, todos se viraram para si incrédulos, como assim o mais velho falara daquela forma? Ficaram chocados por nunca terem presenciado algo do tipo antes. Mesmo que profundamente concordavam com Minseok, até mesmo Jongdae – Que foi?

— Nunca pensei que viveria para ver Minseok falar desse jeito — Junmyeon disse, vendo eles assentirem, mas voltarem a atenção a Yixing que já se encontrava em frente aos garotos — Oi amor!

— Ai caralho, shippei — Sussurrou Baekhyun para Luhan, que tapou a boca pra não rir. Ele não podia evitar, o Byun era a pessoa mais engraçada que ele já conhecerá em toda a sua vida, senão até agora. 

— Oi meu príncipe — Yixing riu e acenou para Sehun que saldou apenas mexendo a cabeça, pegou uma cadeira vazia e se sentou de frente aos garotos. Se lembrava de muitos dos garotos, do Byun que não parava de tagarelar em suas aulas, do chinês que sempre tinha algo para lhe enrolar e deixar a aula passar sem dar matéria, de Jongdae que lhe entregava todos os deveres no prazo e sempre de sorriso no rosto, logicamente de Jumyeon, seu aluno favorito no qual é apaixonado e nada mais nada menos que Minseok, o garoto ingênuo e tímido que tinha medo de fazer perguntas porque não queria chamar atenção, porém os brilhavam de paixão quando comentava sobre astronomia. Sentia falta deles, e infelizmente só teria Sehun por mais esse ano. Confessava que todos formaram uma de suas turmas favoritas. Yixing não se importava, já que eles não eram mais seus alunos, então podia andar livremente com Junmyeon sem medo, até mesmo Sehun que com certeza deixaria aquilo em segredo — E então, como anda a faculdade de vocês?

Passaram a tarde toda conversando e tomando café, com direito de beijos e selinhos dos casais, e incômodo dos solteiros e claro com doces. 

[…]

— Sério ChennyChenny — Disse Minseok rindo, depois de ter tido um ataque de cócegas vindo de Jongdae — Temos que ver a chuva de estrelas, vai acontecer daqui a um mês e eu quero estar preparado pra ver com você. 

— Não se preocupe — Jongdae disse se deitando ao lado do menor, que estava jogado no gramado do quintal de sua casa. Ambos felizes por estarem em um momento sozinhos naquele dia depois de terem passado-o com os amigos. O mais novo suspirou colocando a mão no rosto — Amanhã tem faculdade.

— Não fique assim, sempre passa rápido.

— Você tem razão — Disse Jongdae por fim, suspirando e olhando para o céu estrelado sentindo o vento frio bater em seu rosto deixando tudo mais calmo, quando de repente escutou algo desligar e abriu os olhos ao perceber que falou luz em seu bairro. 

O Kim mais novo se levantou depressa apoiando o corpo com os braços, vendo se estava tudo bem, porém tranquilizou-se ao ver Minseok sorrir para si, com os olhos castanhos brilhando junto da luz lunar. Logo vendo o mesmo apontar para cima e seguindo a sua direção.

— Consigo ver a constelação de Aquila* e de Cisne daqui — Falou o mais baixo sorrindo, Jongdae se deitou novamente e prestou bastante atenção — Essas duas constelações possuem uma história no Japão.

— E qual é? 

— Na cultura japonesa Vega, a maior estrela da constelação de Cisne é Orihime e Altair, a maior estrela da constelação de Aquila é Hikoboshi, amantes que foram separamos e só podem se ver todo ano apenas no 7º dia do 7º mês — Minseok ditou sentindo um nó na garganta, chegando mais perto de Jongdae — Não quero que isso aconteça com a gente também. Eu te amo demais.

— Ei, não fique triste — O mais alto disse puxando o mais baixo para um abraço levantando-o e fazendo ele olhar para si — Eu também te amo, não quero nunca ficar longe de você.

Então o silêncio reinou por alguns minutos, até Minseok suspirar.

— ChennyChenny, posso pedir uma coisa?

— Claro.

— Quero um beijo seu… mas na boca.

Então os olhos de Jongdae se arregalaram, o coração começou a bater muito e o rosto a ruborizar, mas isso também acontecia com Minseok naquele momento. O Kim mais novo engoliu em seco e não sabia se fugia ou se agradecia a Deus por ele ter pedido aquilo.

— Tem certeza?

— Sim, eu quero.

Com esta afirmação, Jongdae aproximou seus lábios dos lábios de Minseok, ambos entreabertos prestes a se tocarem, começando a se rasparem. Os dois estavam ansiosos e receosos, imaginando que algo iria atrapalhar eles a qualquer momento. Porém isso não aconteceu, pois agora Minseok sentia os lábios finos de Jongdae e Jongdae sentia os carnudos e doces de Minseok tocarem os seus selando-os. O ato resultou em algo que eles não imaginariam.

Jongdae deixou Minseok na grama, ficando por cima e fazendo-o entrelaçar as pernas em sua cintura continuando a se beijarem pedindo passagem com a língua. Ficaram daquela forma até o ar ser necessário e terem que se separarem. 

Os dois ficaram se encarando, com as respirações ofegantes, Jongdae sorriu desacreditado acariciando o rosto de Minseok vendo ele sorrir também e se aproximando de novo.

E novamente naquela noite estrelada, os dois se beijaram.

"Bendito seja Deus, que não me rejeita a oração, nem retira de mim o seu amor." – Salmos 66:20