Capitulo 23 – Conflitos.
Um relâmpago voou pela arena fazendo um chiado forte, um facho de luz atravessou a arena para se posicionar em outro canto, palavras arcanas surgiam no ar enquanto magos conjuravam suas magias.
Esse era mais um duelo na arena da academia, uma semana após Jinshu e Darch terem sua luta outra já ocorria no mesmo lugar, mais uma vez Jinshu protagonizava a luta, mas seu adversário era outra pessoa, alguém que estava conseguindo pressiona-lo ao máximo e fazer todos acreditarem em sua derrota.
- Eu não consigo acreditar, o Jinshu está mesmo perdendo... – dizia um aluno incrédulo.
- A Ryna era tão forte assim? Eu não fazia ideia – disse outro observando tudo no mesmo estado.
- Maldição, vou perder a aposta de novo! – reclamou outro frustrado.
O que estava acontecendo na arena era realmente inesperado, Jinshu ofegante e de joelhos no chão enquanto Ryna estava muito bem e pronta pra ataca-lo, uma aura luminosa revestia o corpo dela enquanto várias esferas brancas flutuavam ao seu redor como vagalumes.
- Eu realmente não esperava por isso – disse Jinshu se levantando – não que eu duvidasse da sua força, mas esse truque é novo pra mim.
- Eu espero que você não esteja pegando leve – dizia Ryna – pelo fato de eu ser mulher e tal.
- De forma alguma, uma vez que eu confirme a força do meu oponente eu não faço distinção – respondeu ele – embora seja verdade que eu não maltrate mulheres.
Jinshu conjurou sua magia e do seu lado surgiu um animal invocado, era um grande felino vermelho com pelos fartos nas costas, o animal invocado ouviu o comando do seu mestre e correu em uma direção, já Jinshu correu na direção oposta, os dois visavam Ryna por ambos os lados.
- Então ele vai tentar um ataque em pinça não é? – analisava Reina – não vai adiantar.
A vantagem do ataque em pinça é que não dava pra defender igualmente algo que atacava pelos dois lados, se Ryna quisesse defender ou atacar precisaria começar por um deles, apesar de estar acompanhando os movimentos de ambos Ryna decidiu eliminar primeiro o felino invocado, afinal ele era o que se aproximava primeiro.
O felino abriu sua boca e uma pequena bola de fogo se formou, ele atirou na direção de Ryna que foi obrigada a desviar, com uma simples esquiva ela evitou a bola de fogo e reagiu ao felino que saltou na direção dela, ao mesmo tempo Jinshu já tinha chegado por trás e se preparava para corta-la com sua glaive.
As luzes que giravam em volta de Ryna rapidamente reagiram, metade delas atacaram Jinshu enquanto a outra metade foi para o felino, essas esferas eram geradas pela magia [disparo arcano] da mesma forma que Darch usou em seu duelo, mas transformadas pelo poder da luz eram mais rápidas e poderosas, Jinshu alvejado por três delas foi jogado pra trás.
- {Nobre luz que ilumina nossas almas, recaia sobre nós e limpe os impuros} – conjurava Ryna em alta velocidade – [pilar divino!]
Apontando a mão para o alto Ryna comandou a luz dos deuses, um pilar caiu sobre Jinshu que gritou como se estivesse em chamas poderosas, quando a luz se dissipou ele estava caído no chão inconsciente, não precisou de mais nada para Koren declarar Ryna a vencedora.
- Incrível! Ela venceu mesmo! – Reina estava tão feliz que socou o ombro de Darch ao seu lado.
Ele olhou feio pra Reina e esta pediu desculpas constrangida, na arena Ryna ajudava Jinshu a se recuperar com uma magia de cura, algo que ela aprendeu recentemente, o Mana dela estava quase no fim, mas ela usou cada magia conjurada sabiamente, simplesmente não houve nenhum movimento desperdiçado.
- A primeira magia que ela conjurou na luta foi a [velocidade da luz] – analisava Darch – com isso ela aumentou enormemente sua velocidade física, bem como a rapidez em conjurar magias.
- Com tamanha velocidade ela conseguia abrir distância entre ela e o oponente – completava Reina – e com a velocidade extra de conjuração podia conjurar suas magias despreocupadamente.
A partir daí a luta ficou completamente sob seu controle, com a super velocidade Ryna evitava ser pega por Jinshu e conseguia conjurar as magias que queria, com essa liberdade ela conjurava os buffs* um atrás do outro até estar devidamente protegida e fortificada, e foi que ela partiu pra ofensiva.
Rodeada por esferas luminosas Ryna tinha o ataque e defesa perfeita, se Jinshu chegasse perto era alvejado pelas esferas, se ficasse longe recebia tiros de raios laser, mesmo gastando todo o seu Mana Ryna simplesmente já tinha decidido a luta.
- Mas conjurar magias do 4º nível estando no 3º ano, a Ryna é mesmo genial – elogiava Darch – quero dizer, há outros alunos capazes disso, mas não com a facilidade que ela faz.
- Ela está estudando bastante, e sempre tendo ideias novas – respondeu Reina – além disso ela passou um dia inteiro fazendo simulações desse duelo, ela sabia quais passos dar e estimar quais passos o adversário daria em resposta.
Os dois deixaram as arquibancadas e foram tentar encontrar Ryna, ao vê-la ela estava cercada por fãs que pediam ajuda com seus estudos e tudo mais, ela tentava ser gentil dando atenção a todo mundo e fazendo o possível para ajuda-los, mas de longe Darch ria ao vê-la perdida.
- Parece que você foi completamente esquecido – comentou Darch ao ver Jinshu.
- Não faço questão de atenção assim, mas estou de olho na Ryna agora – respondeu ele – uma mulher capaz de me derrotar, ela deveria ser a minha consorte de qualquer jeito.
- Nem pensar! Absolutamente nem pensar!! – gritou Reina furiosa – nem pensa em incluir o nome dela na sua lista de esposas!!
- Hã? Por que? – perguntou ele confuso – por acaso você quer o lugar dela? Não se preocupe, seu nome também está na lista.
Darch se acabava de rir vendo a Reina ferver de raiva e o Jinshu sem entender nada, na cultura dele era uma grande honra uma mulher se escolhida para um harém, e uma honra maior ainda ser a consorte que seria tratada como esposa oficial.
E quando Ryna finalmente se livrou dos fãs ela foi até eles, logo Emílio apareceu com a parte dela nas apostas, não foi um duelo tão esperado como foi o do Darch, mas ela até que faturou uma boa grana.
- O que vai fazer com a sua parte? Você não precisa não é? – perguntou Darch.
- Eu vou guardar, estou determinada a comprar itens mágicos – respondeu ela.
- Hein? Mas você não precisa juntar, você é rica não é? – disse Darch sem entender – ou por acaso sua família mandou uma carta dizendo que estão falidos?
Ryna riu disso e explicou a situação, se ela usasse o dinheiro da sua família poderia comprar itens do rank mais alto, uma vez equipada com eles poderia fazer frente até mesmo aos professores da academia.
Mas isso não é força de verdade, ela queria comprar itens com dinheiro conquistado através do seu próprio esforço, assim eles estariam a par com suas habilidades, eles iram reforçar suas habilidades em vez de supera-las.
- É um pensamento muito nobre e inteligente – elogiou Darch – a maioria das pessoas não hesitaria em se entupir de itens mágicos e ficar poderoso.
- O seu amigo está certo, usar itens mais poderosos que seu próprio nível pode nublar suas habilidades – explicava o professor Shadi – o ideal é usa-los para cobrir seus pontos fracos.
- Oh professor, muito obrigado pelas instruções de ontem – dizia Ryna satisfeita.
- hahahaha foram suas próprias ideias, eu só a orientei – respondeu ele – em todo caso, você já é capaz de usar magias do 4º nível, isso mostra que você superou a primeira barreira.
A barreira que ele falava era o grau de dificuldade das magias, a maioria das escolas de magia só ensinam até o 3º nível, pois é muito difícil passar desse nível e chegar ao nível intermediário.
Por isso o talento de um mago era medido ao passar desta barreira, aqueles que só chegavam até aí eram considerados normais, os que passavam desta barreira eram chamados de talentosos, e aqueles que passavam da segunda barreira e aprendiam magias do 7º nível eram chamados de excepcionais.
E se pessoas que alcançavam o 4º nível eram talentosas mais ainda eram aquelas que dominavam dois caminhos da magia, e por isso mesmo os arquimagos (que dominavam três caminhos) eram vistos quase como deuses da magia.
- Ah sim Darch, eu vou precisar de você pra uma aula amanhã – dizia o professor Shadi – você está disponível não é?
- Apenas se minha professora não acabar comigo hoje – respondeu ele tranquilo – a Misty anda de muito mau humor, por eu ter perdido aquele duelo.
- Eu ouvi falar do demônio da academia, gostaria de conhece-la também – disse Jinshu curioso.
- Acredite, você vai adora-la – dizia Emadora que chegava agora – ela faz um truque com a língua que te faz vibrar!
Emadora cumprimentou a todos e depois puxou Jinshu para junto dela, a garota queria entrevista-lo e aprender tudo sobre a sociedade dos dragões, ele não viu nenhum problema nisso desde que ela lhe explicasse sobre as magias mentais.
- Se esses dois se juntarem vai ser uma catástrofe – dizia Darch preocupado.
Depois de se preocuparem com isso eles foram embora, enquanto isso alguém que observava de longe sorriu, tinha chegado a hora de por seu plano em andamento.
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- Que pena que vamos perder o duelo da Ryna hoje – comentava um rapaz em meio aos outros – espera, a essa hora já deve ter acabado.
- E eu que apostei no Jinshu, espero que ele vença – dizia uma garota com duas espadas nas costas – mais um pouco e eu vou poder comprar um conjunto de espadas magicas.
- Por favor pessoal, mantenham o foco aqui – pedia o que parecia ser o líder – amanhã vamos saber quem ganhou e pegar o resultado, e só pra constar: eu apostei na Ryna.
O grupo inteiro riu enquanto andavam, eles atravessavam um bosque próximo de um vilarejo, e agora finalmente encontraram seu objetivo.
- Então é aqui que a tal fera habita? – perguntou um rapaz olhando a caverna.
- Eu espero que o habitante não seja proporcional à habitação – disse uma jovem observando o tamanho da caverna.
Diante da entrada estavam alguns alunos da academia, alunos estes que estavam no 5º ano e saíam pra missões assim que designados, e a missão dessa vez era eliminar um monstro perigoso.
- Que informações temos sobre o monstro? – perguntou o aluno que liderava a missão.
- Eu desisti de tentar entender a descrição que os camponeses deram – respondeu outro – ou o monstro muda de forma ou ninguém realmente sabe como ele é.
- Isso é uma boa notícia, um monstro que fosse marcante ao ponto de ser inesquecível seria terrível – disse outra garota – se ninguém lembra direito como ele é então não é tão terrível assim.
Era uma possibilidade apenas, alguns monstros simplesmente causavam tanto terror à suas vítimas que era indefinível, outros sabiam confundir as pessoas de modo a evitar ser descoberto, mas em geral se fosse um monstro poderoso não deixaria testemunhas.
- Vamos seguir com o planejado, o Urich ficará aqui fora aguardando e vigiando – instruía o líder – o resto de nós investigará a caverna, se o monstro estiver fora do nosso alcance enviaremos um sinal.
- E eu irei traze-los de volta – completou Urich checando sua mochila – bom, desde que vocês não vão mais longe que 1km.
Urich colocava algumas estacas no chão ao redor dele, depois deu um colar de bronze para cada um dos seus companheiros, ele que era um mago dimensional usaria a magia [retorno seguro] para traze-los de volta em caso de perigo, após os colares ele também deu uma estaca para o líder do time, ele deveria crava-la no chão se fossem mais longe que 1km, o outro aluno que sabia magias dimensionais a usaria para retornar até aquele ponto.
Com isso os 5 alunos entraram na caverna, o líder que era um mago da luz seguia guiando o grupo, ele conjurou uma magia que criava um globo de luz e assim ela seguia na frente iluminando tudo, ele também conjurou globos menores e colocou sobre a cabeça de cada um.
- {Mãe natureza, revele os segredos das entranhas da terra} – conjurava uma das garotas do time – [guia do subterrâneo]
Com a magia ativada e um mapa em branco a garota mostrou suas habilidades, a medida que andavam linhas se formavam no mapa, ela estava mapeando a caverna a medida que seguiam em frente, as linhas sempre revelavam o caminho até 10m à frente e com isso eles sabiam exatamente por onde passaram e tinham uma noção de onde estavam indo.
- Hei Sylvana, o que vãos fazer se essa caverna tiver vários níveis? – perguntou o mago de combate do time.
- Sem problemas, eu tenho outros em branco aqui – explicava ela observando o mapa se formando – se colocar todos sobrepostos vai gerar uma imagem maior, mas essa caverna é muito estranha.
- Nem me fale, ela parece ter sido escavada com magia – dizia o mago de combate – os tuneis são muito regulares e quase do mesmo tamanho em toda a extensão, isso aqui definitivamente é o ninho de um monstro.
- Vamos ficar prontos para o combate – dizia o líder Marchel – Kurina, conjure algumas magias de proteção, Embrio fica pronto pra ofensiva, mantenha uma magia carregada o tempo todo.
A maga de combate chamada Kurina conjurava a magia enquanto andava, logo todos estavam envolvidos por uma aura protetora que poderia bloquear fortes golpes, Embrio conjurou uma magia de ataque e a deixou armazenada na ponta da lança que portava, tudo o que ele precisaria fazer era aponta-la para um alvo e dizer o nome da magia liberando-a, os outros faziam seus próprios preparativos e assim o grupo estava pronto pra uma luta.
- O ar está ficando mais quente e fedido – avisava Sylvana – sentem esse cheiro podre?
- Também chegamos na marca de 1km, esse labirinto é enorme! – dizia o mago mental chamado Jinon – eu vou colocar a estaca marcadora, em caso de perigo eu posso no trazer de volta pra ela.
Ele fez como disse e colocou seu Mana na estaca, sua magia secundaria era a magia dimensional e por isso não era tão bom quanto o companheiro lá fora, já o resto do grupo fazia mais preparativos, não havia como saber o que iam enfrentar.
Após uma boa andança o mapa da Sylvana registrou algo em frente, era uma área bem aberta que certamente era o covil do monstro, os magos de combate tomaram a dianteira junto com Marchel deixando os outros de suporte, logo eles entraram na área aberta, era um covil enorme e vazio, com uma figura sombria no centro, Marchel fez o globo de luz voa para bem alto iluminando todo o lugar.
- Mas o que é isso? – perguntou Embrio vendo o monstro que procuravam.
- É um minotauro, só que uma versão muito mais selvagem – respondeu Sylvana.
Diante deles estava uma criatura com corpo humanoide, coberto de pelos e a cabeça de um touro, seus chifres estavam posicionados de modo a perfurar numa investida, sua boca espumava como se ele estivesse fervendo em ódio, o seu corpo estava coberto por uma roupa de peles de presas abatidas, tão mal costurado que doía na vista.
- Se você for inteligente eu lhe oferecerei uma chance de rendição – disse Marchel – se aceitar você será capturado em vez de morto.
Não era como se ele estivesse com medo ou algo assim, Marchel simplesmente queria evitar qualquer possibilidade dos seus companheiros se ferirem, Sylvana podia curar bem os ferimentos, mas se ela própria fosse a ferida seria difícil pros outros.
- m-ma-mas afi-afinal o que é isso? – perguntou-se Jinon – essa coisa é mesmo um minotauro? Impossível!
- Hã? O que foi? Você parece prestes a molhar as calças – zombou Embrio.
- Essa coisa não pode ser um minotauro, o Mana dele tá no mesmo nível do Mana de um dragão! – dizia ele nervoso – minha magia que permite ver auras magicas quase me deixou cego!
Quando ele disse isso todos os outros imediatamente entraram em uma prontidão nervosa, os dragões tinham uma quantidade absurda de Mana ao ponto de só arquimagos terem mais, se um simples minotauro tinha algo assim ele deveria ser um monstro dos mais terríveis.
O minotauro que até agora estava sentado no chão cuspiu um osso e se levantou, ao redor dele dava pra ver várias carcaças, quase todas de animais, mas dava pra notar uma ou duas de humanos, enquanto se levantava ele também pegava uma espada de lamina larga, algo que um minotauro selvagem jamais teria chance de possuir.
- Jinon, se prepare para nos fazer retornar para o ponto marcado – ordenava Marchel – como é sua magia secundaria deve levar mais tempo, vamos dar cobertura caso ele ataque.
O rapaz começou a conjuração enquanto os outros se colocavam em sua defesa, diante de um monstro desconhecido com Mana equivalente a um dragão fugir era a melhor escolha, mas quando a magia estava quase completa se desfez, Jinon sentiu como se alguma coisa poderosa tivesse interrompido sua magia.
- Para todas as moscas que vieram a minha teia, eu agradeço – disse o minotauro com gestos e tom cordiais – na verdade vocês são mais que moscas, como deveria chama-los? Borboletas?
- Um minotauro selvagem falante, com jeito de nobre e com Mana absurdo – dizia Kurina com suas duas espadas tremendo – onde foi que nos metemos dessa vez?
Marchel olhou para todos os seus amigos do 5º ano, Sylvana parecia estar rezando por sua vida, os outros estavam igualmente assustados, mas os magos de combate pareciam dispostos a se sacrificarem para os outros fugirem, ele que foi nomeado líder do time tinha que tomar a melhor escolha.
- Não precisa hesitar Marchel, você sabe o que fazer – dizia Kurina – eu e o Embrio vamos atacar, você e os outros recuam.
- Se alguém tem que ficar pra trás não deveria ser o líder? – disse ele frustrado e irritado.
- Como se você pudesse lutar contra aquilo sem magia de combate – respondeu Embrio – Kurina e eu temos mais chances que você de sairmos vivos, deixe com a gente.
- Cavalheiros, se me permitem a palavra... – dizia o minotauro.
- argh, ele falar dessa forma é a parte mais bizarra aqui – disse Kurina.
- Como eu estava dizendo, sua discussão sobre quem deve se sacrificar é interessante – dizia o minotauro – mas antes de se ater a ela, vocês não deveriam estar considerando se é possível fugir?
Quando ele disse essas palavras cravou a espada larga no chão, ao fazer isso todo o espaço se deformou, não havia mais a sensação de estar pisando em chão firme, não havia mais a noção de cima ou baixo, simplesmente havia um universo infinito ao redor deles, tão grande que os globos de luz que iluminavam a caverna pareciam estrelas ínfimas agora.
- não precisa sentir remorsos nobre líder – dizia o minotauro como se a situação não o afetasse – você não precisará sacrificar ninguém, isso não é ótimo?
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- A magia costuma afetar o corpo daqueles que a possuem, já que um Mana especifico circula por dentro dele – explicava Shadi – através de décadas de pesquisa foi possível reconhecer certos sinais.
Atrás do professor de magia branca estavam duas pessoas, uma dela era Darch sentado em um banco como se fosse uma espécie de cobaia, o jovem mago negro as vezes tinha medo de ajudar nesta aula, pois quase sempre testavam alguma magia nele.
A outra pessoa era um completo desconhecido, na verdade tratava-se de um mago negro criminoso capturado recentemente, entre os seus crimes estava a tentativa de impor terror à um vilarejo para governa-los, foi preso pelos alunos da academia e trazido aqui para uma experiência, por questão de segurança um aluno do 5º ano da magia de combate estava de prontidão atrás dele, pronto pra cortar sua cabeça se tentasse alguma coisa.
- Costuma-se dizer que magos da luz possuem traços angelicais, a nossa querida Ryna dá razão à esses boatos – dizia Shadi apontando para Ryna – outros aqui também possuem alguma característica nobre ou angelical não é?
Todos os alunos presentes olharam pra Ryna que ficou vermelha de vergonha, era verdade que magos da luz tinham alguns traços incomuns, muitas vezes eles tinham cabelo ou olhos em cores prateadas ou douradas, alguns rapazes pareciam um pouco afeminados mas bonitos, e algumas garotas pareciam anjos tamanha a sua beleza, por isso quando um filho podia usar magia da luz era considerado sinal de boa sorte na família.
- Por outro lado os magos das trevas tem algo que chamamos de estigma, uma marca ou sinal de corrupção – explicava Shadi um pouco triste – mas lembrem-se que é perigoso tentar deduzir a identidade de um mago negro apenas por essas marcas, já houve casos de má identificação que resultou na condenação de inocentes.
Shadi foi até o mago negro capturado e falou com ele, o homem a contragosto levantou a manga da camisa, perto do ombro havia uma mancha em forma de tarântula, não era perfeita mas parecia real demais para ser uma marca de nascença.
- Eu já vi pessoas que tinham olhos vermelhos ou roxos, também tinha um que tinha dentes afiados – explicava Shadi – a magia negra corrompe mas é discreta, em geral são coisas que dá pra esconder, claro que nem sempre mas costuma ser assim.
Ele lembrou de um caso bem estranho e riu disso, contou para os alunos que uma vez conheceu uma maga negra que tinha tatuagens de asas negras em suas costas, um dos alunos perguntou como ele viu a marca, Shadi então riu constrangido e mudou de assunto.
- Muito bem, será que Darch poderia nos mostrar a sua marca? – pedia Shadi – ah sim, se for algo constrangedor tudo bem em não mostrar.
- Não é que seja constrangedor, é que... eu não me lembro de nada especifico – dizia ele pensando – bem, tem aquela cicatriz, será que é isso?
Darch começou a desabotoar seu uniforme para revelar o peito, ao fazer isso as meninas da turma começaram a assobiar e bater palmas, Darch parou de abrir a roupa diante disso e elas mostraram sinais de insatisfação, uma delas começou a gritar “tira!” e os rapazes se acabavam de ir, Ryna que estava sentada quase no meio tinha uma expressão de vergonha mas estava rindo também.
- Entendo, é a primeira vez que vejo algo assim, você nasceu com ela? – perguntou Shadi ao ver o peito do Darch.
- Na verdade não, eu fui ferido por um demônio quando criança – respondeu ele minimizando os detalhes – uma maga natural tentou cuidar do ferimento mas acabou ficando essa cicatriz.
Aqueles que não conheciam a história do Darch ficaram surpresos, encontrar um demônio era o mesmo que encontrar a morte, se ele estava vivo ou um milagre aconteceu ou algo muito suspeito, o outro mago negro encarava Darch como se procurasse alguma maldade nele, os alunos também o observavam e notavam uma certa frieza no olhar dele, já Ryna que sabia de sua história só lamentava o azar que abateu-se sobre ele.
- Pode levar o nosso convidado de volta pra cela dele – pediu Shadi – quanto aos outros estão dispensados por hoje, mas eu ainda quero aquele trabalho sobre os tipos de cristais e como a magia branca reage a cada um deles.
Os alunos agradeceram a aula e saíram juntos, alguns foram falar com Darch que ia pro refeitório, outros foram aos dormitórios pra descansar um pouco, já a Ryna notou que seu companheiro Arik estava de cabeça baixa na sala, disposta a ajuda-lo caso precisasse Ryna sentou ao seu lado para conversar.
- Só estou um pouco deprimido, eu já falhei em um teste e provavelmente vou falhar no próximo – explicou ele quando Ryna perguntou – em contraste a isso ontem você mostrou que já está a frente de todo mundo aqui.
Não é como se ele estivesse culpando-a, mas quando se está atrasado ver alguém adiantado era desolador, Ryna tentou consola-lo mas Arik ainda estava triste, dos 10 testes que ele faria ao ano precisava passar em no mínimo 6, assim ele poderia tentar uma prova especial para se recuperar.
- Não fique assim, se precisar eu vou te ajudar com a próxima prova – disse ela animada – você só falhou em uma, o que significa que na prova especial vai precisar de um resultado menor.
- Você é bem otimista não é? Talvez por isso conseguiu ficar amiga de um mago negro – brincou ele.
- Todos que conhecem o Darch por mais de um ano o aceitam, eu só precisei passar por uma boa pra aceita-lo antes – respondeu ela – você também passou por isso não foi?
Ele lembrava muito bem, no 1º ano Arik junto com seus amigos se juntaram para perturbar Darch, o intuito era faze-lo ser expulso da academia e manter a pureza do lugar.
Eles realmente fizeram de tudo, desde intimida-lo até espanca-lo, no final até tentaram outros golpes mas não adiantou, infelizmente uma psicopata aproveitou-se disso, a Karen que era secretamente uma maga negra foi usando seus amigos para tentar incriminar o Darch, no final uma colega deles morreu no plano arquitetado por ela, Ryna foi usada como refém e Darch foi o único que se arriscou para salva-la.
Por isso Arik até hoje vive arrependido, na verdade ele achava que seu azar neste ano era uma punição tardia pelos seus crimes, se fosse verdade ele aceitaria tal pena.
- Você conhece a barreira do 3º nível não é? Você já a ultrapassou, mas para os outros essa barreira é que determina se vamos progredir ou não – dizia Arik – e se eu não tiver o talento para ultrapassa-la?
- O sistema dessa academia visa explorar o máximo possível do potencial do aluno, independente do seu talento – dizia Ryna – quando se reprova você recua um ano, para muitos esse sistema é injusto, mas na verdade ele te faz voltar para maximizar seu potencial antes de tentar de novo aquilo que te barrou.
- Então o que você está dizendo é que não é tão ruim reprovar uma vez não é? – ele quase riu.
- Apenas não ache que é o fim de tudo se chegar a acontecer, vai ser apenas uma nova chance – disse ela – se pensar dessa forma você tira o peso dos ombros, e talvez consiga passar com mais facilidade.
Arik agradeceu pelo conselho e com isso Ryna se despediu dele, saindo da sala ela logo encontrou alguém no corredor, ela lembrava de já tê-lo visto mas não recordava o seu nome ou qual magia estudava.
- Olá Ryna Brigth, eu sou Gellen Hostaf – cumprimentou ele curvando-se para ela.
- A família Hostaf, é uma das famílias nobres subordinadas da família Helloram – disse ela recordando-se do que aprendeu – posso ajudá-lo em alguma coisa?
- Na verdade pode sim, como deve saber a minha família está um pouco... decadente no momento – dizia ele cordialmente – mesmo nos subordinando a uma das famílias reais ainda passamos por esse problema.
Ryna conhecia bem esse sistema, famílias nobres muitas vezes se filiam à famílias reais em troca de benefícios, uma vez filiadas eles seguiam as ordens do seu patrono e os apoiavam incondicionalmente, mas muitas vezes uma família nobre decaia e era abandonada pela família real a quem servia antes, quando isso acontecia era quase impossível se reerguer.
- Eu sinto muito por isso, mas a condição de uma família nobre depende dos atos dos seus integrantes – respondeu Ryna – o que levou à queda da sua família?
Gellen não entrou em detalhes, mas disse que a culpa foi de negócios mal feitos por familiares, graças a isso a reputação da família caiu, e com isso eles vem perdendo influencia e lucros.
- É lamentável, mas o que você espera que eu faça por você? – perguntou Ryna insatisfeita com a situação.
- Alguém em sua posição deve ter influência suficiente, eu gostaria que nos ajudasse a recuperar o prestigio que tínhamos antes – respondeu ele – em troca certamente a minha família ficará do seu lado.
- Não sei que nível de influência você acha que eu tenho, mas não sou capaz disso – respondeu ela direta – você deveria apelar para a família a qual você é subordinado.
- Já tentamos isso, mas eles estão nos ignorando – respondeu Gellen – contundo, se sua posição como herdeira da família Brigth não é suficiente... será que sua posição como herdeira da família Reiges não seria?
Ryna tomou um susto ao ouvir isso, Reiges era o sobrenome da família imperial, um nome que ela só ia herdar quando fosse efetivamente a princesa reconhecida, se essa pessoa sabia sua real identidade sabia também que ela era a filha do imperador.
- Já que eu tenho a sua atenção podemos conversar agora? – perguntou ele – o assunto é do seu interesse também.
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- Eles sumiram? – perguntou Misty.
- Quase toda a equipe enviada, o único que voltou foi o rapaz que ficou de fora – relatava Ardof – eu fui investigar pessoalmente, e não havia sequer uma poeira no local.
E por isso ele veio falar com Misty, a missão que era exterminar um monstro tornou-se em algo muito maior, Ardof que era um arquimago dimensional descobriu que uma poderosa magia dimensional foi usada no local, um simples monstro não seria capaz disso, e todo aquele labirinto na montanha era suspeito demais, o rapaz que voltou relatou que sentiu como se tudo estivesse se distorcendo lá dentro, foi quando perdeu contato com os amigos.
- Se você me procurou deve ser porque acredita ser obra de um demônio não é? – dizia Misty – mas eu estou presa aqui a mais de 200 anos, eu não sei como andam as coisas lá fora.
- Oh minha querida Misty, quer dizer que você não se informa das coisas quando manda a Inuka lá fora? – perguntou Ardof.
Misty sorriu com isso, era verdade que ela usava sua magia para mandar Inuka pra fora da academia, geralmente para lhe fazer compras, enquanto a garota cumpria suas ordens informantes que trabalhavam para Misty mandavam notícias através dela.
- Não é como se eu soubesse tudo, eu só acompanho os passos dos arquidemônios – respondeu ela – e eu não acho que um deles estaria perdendo tempo aterrorizando vilarejos.
- Mas não foi justamente um deles que atacou o vilarejo onde Darch morava? – perguntou Ardof coçando sua barba.
Escondido em um canto Darch ouvia tudo, quando essa informação foi revelada ele quase surtou, ao que tudo indicava Ardof conhecia o demônio que atacou sua vila, e pelo jeito não era um demônio qualquer, escondido atrás de um pilar ele fazia o máximo para ouvir mais.
- Aquele cara é um excêntrico, não serve de parâmetro – respondeu Misty – Eidon tem manias estranhas, é um esquisito que gosta de fazer experimentos com humanos.
- Você ficou brincando de gato e rato com o antigo reitor daqui por mais de uma década – disse Ardof suspirando – e ainda tem a cara de pau de criticar os hábitos dos outros?
- Todos precisam de um passatempo – respondeu ela se espreguiçando no sofá – de qualquer jeito eu não sei de nada, ou é alguém novo ou não é um demônio.
- Entendo, então eu investigarei mais por conta própria – disse Ardof ajeitando o chapéu – tenha uma boa aula.
- E quando estiver saindo diga ao moleque ali pra vir aqui – disse ela.
Ardof tomou o caminho da saída, ao passar pela pilastra cumprimentou Darch que continuou como se estivesse escondido, depois que o reitor se foi ele saiu de onde estava e foi até Misty.
- Sem perguntas, eu não estou com saco pra isso – disse ela – em vez disso vamos ter uma aula interessante.
Ela estalou os dedos e Inuka foi buscar algo, ela voltou trazendo alguém acorrentado numa cadeira com uma mordaça na boca, Darch o reconheceu como sendo o mesmo mago negro que estava na aula do professor Shadi.
- O que ele está fazendo aqui? – perguntou Darch.
- Eu o peguei como material de estudo – disse Misty de pé ao lado do homem – você aprende muitas magias mas nenhuma letal, chegou a hora de te ensinar como matar os outros.
- Sei, e você quer que eu pratique nele não é?
Quando Darch disse isso os olhos do homem expressaram puro terror, ele tentava gritar e implorar ajuda, mas a mordaça era muito bem feita, Misty apenas ria disso, já Darch pensava no que fazer, ele não tinha qualquer apreço pela vida daquele homem, mas ele também não tinha estomago pra ficar torturando os outros.
- “Ah bem, eu não esperava passar daqui sem sujar as mãos algum dia” – pensou Darch suspirando e se preparando para a aula.
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- Uma batalha na fronteira sul? – perguntou Ryna surpresa – mas por que?
- Não sei ainda dos detalhes, mas foi o meu pai que me informou – respondeu Reina – estamos no sudoeste e portanto não muito perto, mas ele quis que soubéssemos por qualquer eventualidade.
Ryna parou para pensar sobre o que sabia da região, na fronteira sul havia um pequeno país governado por uma monarquia, não havia qualquer coisa que valesse a pena conquistar lá, e um país tão pequeno não iniciaria uma guerra contra um nação tão grande, de modo que esse conflito é muito estranho.
- 5 mil soldados foram destacados para a batalha, e muitos magos reais também – explicava Reina – um país tão pequeno como aquele deve cair em um mês de batalha.
- O país de Naralkar é pacifico e cordial, não vejo qualquer razão para o papai ordenar um ataque – dizia Ryna insatisfeita – quando eu tiver uma chance vou questiona-lo sobre isso.
- Quanto a isso, o mais provável é que o nosso estado ao sul tenha incitado o conflito, e o imperador esteja resolvendo – avisou Reina – as vezes essas questões nem chegam à família imperial, tudo é resolvido entre o inimigo e a família real local.
Mesmo assim Ryna não aceitava a situação, era sabido que famílias reais muitas vezes desejavam expandir seus territórios, nesse caso eles arranjavam pretextos para atacar países vizinhos, pretextos eram necessários porque mobilizar um exército consumia recursos e arriscava as vidas de soldados, além disso atacar um país vizinho sem uma razão aceitável faria com que outros países se mobilizassem contra eles.
- A grande invasão será em menos de 10 anos, esse é o momento de nos fortalecermos para lutar contra os demônios – reclamava Ryna – e não de ficar atacando nossos vizinhos!
- Foi só essa notícia que te deixou de mal humor assim? – perguntava Reina estranhando o comportamento dela – ou algo mais a irritou hoje?
- Você conhece Gellen Hostaf? – perguntou Ryna – eu tive o desprazer de conversar com ele hoje.
- Hostaf? Eu tenho certeza que já vi esse nome na lista de famílias nobres – disse a outra pensando – mas você está acostumada a lidar com gente como ele, o que aconteceu?
- Hoje eu descobri que ele é a pessoa que meu pai arranjou para me vigiar aqui – respondeu Ryna – ele segue todos os meus passos e relata ao meu pai, por isso ele sabia de tudo o que acontecia aqui.
Reina já sabia que o pai da Ryna a vigiava, na verdade era a função dela fazer isso, mas o imperador sabia que Reina jamais prejudicaria a sua querida prima, por isso botou outra pessoa para fazer o serviço, agora elas sabiam quem era.
- E não é só isso, Gellen quer que eu use todos os meios para elevar o status da família dele – continuava Ryna – e que eu faça a vida dele aqui mais fácil, coisa como conceder privilégios.
- No que ele está pensando? Você pode ser a princesa imperial mas não tem nenhum poder agora – dizia Reina irritada – pelo menos não mais que qualquer nobre, e o que ele ganha por te irritar assim?
- Ele está confiante de que posso fazer tudo isso, e se eu não fizer ele vai relatar coisas absurdas para meu pai – explicou Ryna mostrando toda a sua frustração – como por exemplo que eu esteja tendo um caso com o Darch.
Reina parou de respirar por alguns segundos e quando voltou a respirar acabou engasgando, se tal coisa chegasse aos ouvidos do imperador seria um pandemônio, tanto dentro como fora da família imperial a reputação da Ryna seria destruída, o próprio Darch poderia ser caçado por desonrar a princesa e a Ryna trancada no palácio para sempre.
- O que... como ele ousa lhe ameaçar!? – disse Reina furiosa – isso é no mínimo traição para com a família imperial, você poderia denuncia-lo e destruir completamente a sua família!
- Ele já pensou nisso, do jeito que as coisas vão a família dele vai perder seu status em alguns anos – explicou Ryna – ele acha que não tem nada a perder, então apostou tudo nesse plano.
- Ainda assim...
- Se por acaso eu me voltar contra ele Gellen contará a todos aqui quem eu realmente sou – disse Ryna – todos na academia saberão que eu sou a princesa imperial, a herdeira do trono que governará a todos.
E isso seria o fim para tudo o que Ryna desejava, se as pessoas souberem disso terão cuidado até de pisar na sombra dela, outros a bajularão esperando favores (algo que até já acontece agora) e nunca mais ela teria um tratamento igualitário, além disso Ryna queria construir relações baseadas na confiança e não na posição social, se sua identidade fosse relevada ela pensaria “esta pessoa me segue por acreditar em mim ou por meu status?” E jamais conseguiria confiar nas pessoas ao seu redor.
- Você quer que eu o mate? – perguntou Reina diretamente.
- O que!? De jeito nenhum!! – respondeu Ryna surpresa e assustada – eu não quero ficar eliminando pessoas como se fossem incômodos, não é assim que eu quero resolver meus problemas!
- Eu sou sua espada e seu escudo, se alguém a ameaça é o mais natural possível que eu acabe com essa ameaça – respondeu a outra – eu não me importo em sujar as mãos, nem em ser alvo do ódio dos outros.
- No futuro eu terei que lidar com muitas pessoas assim, eu não posso escolher o caminho mais fácil – respondeu Ryna – vou resolver isso com ele com diplomacia, como terei que fazer pelo resto da minha vida.
Nesse momento alguém bateu duas vezes na porta, sabendo quem era as duas cessaram a discussão, segundos depois Varatane entrou no quarto com uma cara preocupada, Ryna e Reina já se perguntavam se mais más notícias estavam a caminho.
- Acabaram de anunciar no mural da escola, 5 alunos do 5º ano desapareceram numa missão ontem – informava a garota – amanhã faremos uma homenagem a eles pela manhã.
- Minha nossa, alguém sabe o que aconteceu? – perguntou Ryna preocupada.
- Ninguém sabe os detalhes, mas parece que a missão era exterminar um monstro – respondeu Varatane – se eles sumiram significa que foram mortos não é?
Era algo assustador para alguém como Varatane, no 5º ano os alunos são enviados em missões para ganhar experiência em situações reais, mesmo que ainda fossem alunos eles já podiam se chamar de magos verdadeiros (afinal já estavam aprendendo magias do 5º nível), se algo podia matar 5 deles então esse algo era absolutamente terrível.
Reina deixou as duas conversando e saiu para dar uma volta, estavam no meio da noite e logo o toque de recolher começaria, enquanto andava pelo jardim em volta do dormitório ela pensava na melhor solução para resolver o problema da Ryna.
- Não há o que fazer, se ela mostrar fraqueza vai ficar nas mãos dele – disse Reina socando uma parede – se ele começar um escândalo todos serão prejudicados, o único jeito é me livrar dele!
Reina pensava em como fazer isso, ela nunca matou ninguém antes mas como uma guerreira e guardiã ela sabia que esse dia chegaria, mas o maior problema era se livrar do Gellen sem prejudicar a Ryna, ela faria isso mesmo que sua prima a odiasse, contato que seu nome permanecesse limpo.
Foi quando uma ideia lhe ocorreu, existia um jeito de se livrar de tal incômodo para Ryna, rapidamente Reina correu para a área dentro da torre da academia, virando em alguns corredores ela chegou na área proibida, mesmo sem entrar lá Reina pegou um papel e escreveu um recado, pregando-o na parede perto da entrada ela sabia que ele veria.
Depois disso ela foi para seu quarto, Emadora como sempre estava lendo um livro até a hora de dormir, após cumprimenta-la reina tirou seu uniforme e vestiu o pijama limpo, e horas depois ela que estava atenta viu uma pedrinha acertar sua janela.
- É o Darch? – perguntou Emadora que acordou ao ouvir a outra levantando.
- Volte a dormir, é um assunto particular – pediu Reina.
Ela que estava morrendo de sono deixou isso de lado e voltou a dormir, já Reina conjurou a magia de proteção e saltou pela janela caindo ilesa no chão, Darch esperava por ela embaixo de uma arvore para não ficar na vista dos outros.
- Essa é a primeira vez que você me chama assim – comentou ele.
- Eu preciso de sua ajuda para uma coisa – disse Reina sem rodeios.
- Bom, se for algo ao meu alcance... – respondeu ele.
- Eu preciso que me ajude a dar sumiço em uma pessoa – disse Reina de uma maneira séria e direta.
Continua.
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