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História Herdeiros da Magia - Capitulo 24 Soluções Para Os Problemas.


Escrita por: zariesk

Notas do Autor


E lá vamos nós com a continuação!!
Como Ryna vai fazer pra superar a chantagem? A Reina vai mesmo matar alguém? O que os demônios andam aprontando? É hora de conferir!

Capítulo 24 - Capitulo 24 Soluções Para Os Problemas.


Fanfic / Fanfiction Herdeiros da Magia - Capitulo 24 Soluções Para Os Problemas.

Capitulo 24 – Soluções Para Os Problemas.

 

 

- Apenas para esclarecer, você pode explicar melhor o que disse? – perguntou Darch.

- Eu quero me livrar de um cara, seu nome é Gellen Hostaf do curso de magia da criação – respondeu Reina.

- Foi o que eu pensei, e você pode me dizer por que quer se livrar dele? – continuou Darch.

- Ele está ameaçando a Ryna, eu gostaria de evitar dar mais detalhes – disse a outra sem conseguir encara-lo.

- Quando você diz “ameaçando” com certeza não é algo físico, pois você poderia protege-la – dizia Darch – o que significa que ele está chantageando a Ryna, de uma maneira que você quer silencia-lo.

 

Reina não conseguia esconder a vergonha que sentia, após pensar cuidadosamente ele só conseguiu encontrar essa solução, e ainda por cima procurou o Darch que já ajudou tanto a Ryna, ela sentia-se envergonhada por achar que ele poderia sujar as mãos por seu desejo egoísta.

 

- Não tem sentido perguntar o que ele está usando contra vocês, pois seria mais uma pessoa sabendo disso – dizia ele – mas eu tenho que perguntar, o que ele está usando contra a Ryna vale a vida de alguém?

- A Ryna tem se esforçado por três anos para erguer as fundações de seu sonho – dizia Reina – por isso eu não consigo suportar a ideia de alguém prejudica-la por ganancia, do meu ponto de vista alguém que tente fazer isso é o pior inimigo.

 

Darch viu através dos olhos dela que estava falando sério, ele não podia dizer se era um motivo valido, mas ele sabia que para cada pessoa o seu próprio objetivo era a coisa mais importante, e no caso da Reina a proteção da sua prima Ryna era sua prioridade, mais que sua própria honra ou orgulho.

 

- Eu tenho certeza que você já discutiu isso com a Ryna, pois é muito direta e honesta – comentou ele – e tenho certeza que a Ryna lhe proibiu de fazer isso, pois ela é idealista demais pra aceitar um crime como solução.

- Você está certo, ela me proibiu de fazer isso – respondeu Reina – ela disse que daria um jeito nisso da maneira correta.

- Então você sabe que quando ele sumir a Ryna saberá imediatamente quem foi o responsável não é?

- Eu não fugirei da responsabilidade, e nem deixarei você ser culpado – avisou Reina – eu preciso da sua ajuda para garantir que outros não saibam, mas se descobrirem eu rapidamente assumirei a culpa.

- Então você é uma tola por não conhecer sua prima o suficiente – repreendeu ele – conhecendo a Ryna como eu conheço ela certamente assumirá a culpa publicamente, pois você estará cometendo um crime pelo bem dela, algo inadmissível para uma pessoa tão pura!

 

O choque para Reina foi ainda maior por ela saber que isso era verdade, em sua pressa de resolver esse problema ela não considerou como sua prima reagiria depois, se um assassinato fosse cometido para protege-la Ryna revelaria toda a verdade por si mesma, e depois assumiria a culpa do crime.

 

- Durante o curso de magia do combate você já viu colegas morrerem bem na sua frente não foi? – dizia Darch – mas você realmente nunca matou ninguém, não sabe o quanto isso é terrível.

- Você fala como se tivesse experiência – dizia a outra decepcionada consigo mesma – ah sim, você lutou contra a Karen, mas ela não...

- Eu matei um cara hoje – disse ele simplesmente.

 

Reina quase engasgou ao ouvir isso, ela olhava pro Darch e não conseguia ver qualquer diferença nele, mas olhando bem pros seus olhos parecia que ele estava pensativo e cansado, como se um grande peso o assombrasse.

 

- A Misty quis me dar aulas práticas de magia negra em humanos – disse ele – por isso ela arranjou uma cobaia, um mago negro capturado pelos alunos do 5º ano.

- Ufa, por um instante pensei que fosse uma pessoa inocente – disse Reina aliviada.

- Na hora de morrer não há muita diferença entre inocentes e criminosos – disse ele – o homem estava amarrado e amordaçado, mas ele conseguia implorar misericórdia só com os olhos, eu não vou esquecer aqueles olhos.

 

Darch olhou para o próprio punho, ele nunca tocou no sujeito mas sentia as mãos manchadas de sangue, a magia que ele usava era como um relâmpago negro, a magia cada vez que acertava parecia destruir a própria força vital convertendo-a em dor e feridas, Darch precisou usa-la 5 vezes para pegar o jeito, e a cada vez ele matava um pouco mais o homem preso diante dele, Misty assistia aquilo quase como se visse sexo diante dela.

 

- Eu pude suportar essa sensação porque em minha mente eu me convenci de que estava matando um criminoso – continuou Darch – mas torturar e assassinar um homem indefeso é bem diferente de matar em batalha, quando você está lutando por sua vida ou a de alguém, você é uma guerreira ou uma assassina?

- Eu... eu... eu quero ser alguém que protege e ajuda a Ryna, mesmo que me chamem de assassina – dizia Reina frustrada apertando os punhos – mas eu gostaria de estar ao lado dela sempre, como posso ajuda-la agora?

- Eu ainda não sei que tipo de problema é esse, mas eu acho que ela pode dar um jeito – respondeu o Darch – se você quer tanto apoia-la por que não confia nela pra resolver isso?

- Me desculpe, eu agi pateticamente na sua frente, e ainda o ofendi com o meu pedido – disse ela secando uma lagrima que quase apareceu – essa não é a forma que eu deveria agir.

- Eu não estou ofendido por você achar que eu não me importaria – disse ele – se um dia eu ver qualquer necessidade eu farei algo assim sem hesitação.

- Eu realmente não entendo, por que você é o único mago negro que presta? – perguntou Reina – até hoje nunca vi um mago negro justo e bondoso como você.

- Eu não acho que a magia que desperta na pessoa determina como ela vai viver – comentou Darch – o Arik é um mago branco, mas antes ele era um filho da puta, talvez se as coisas não mudassem ele se tornaria um desgraçado vergonhoso.

 

Reina entendeu o ponto dele, Darch era diferente porque ele tinha uma causa pela qual lutar, ele lutava para salvar a irmã e vingar as pessoas mortas pelo tal demônio, ele queria dizer que são as pessoas que escolhem trilhar um caminho.

 

- Uma última coisa, é verdade que você deve apoiar a Ryna mas também é verdade que as vezes a melhor forma de apoiar é se opondo – avisou ele – um dia o idealismo dela vai se voltar contra ela, pois ela não saberá agir quando o caminho correto não é visível.

- O que você quer dizer é que quando o idealismo dela se voltar contra ela eu devo agir? – perguntou Reina – eu devo fazer aquilo que ela não pode fazer pelo bem dela mesma?

- Infelizmente nem tudo é preto e branco, tem muito cinza no meio – explicou ele – a Ryna é pura demais e eu sou sombrio demais, seria ótimo se pudéssemos equilibrar as coisas.

 

Reina curvou-se para ele agradecendo por tudo, concentrando uma magia nas pernas Reina saltou para o topo da arvore e depois para a janela do seu quarto, quando ela se foi Darch bocejou e seguiu para o dormitório masculino, atravessou os corredores e chegou ao seu quarto.

 

- “Eu deveria tomar um banho, mas não quero acordar o Emílio” – pensou ele exausto – “que seja, amanhã eu faço isso”

 

Darch tirou o uniforme e deitou-se em sua cama, ele estava quase apagando quando novamente lembrou do rosto daquele homem, ainda que dormindo profundamente ele reviveu aquele momento várias vezes.

 

****************************************

 

Aqueles que viveram o pesadelo chamado Karen no primeiro ano acharam estar livres, mas mais uma vez estavam diante de um funeral trágico.

No memorial da academia um novo pilar de 2m de altura foi erguido, nele estavam os nomes dos alunos que sumiram na última missão bem como as circunstancias, um deles era filho do professor Jiron das magias mentais, e seu pai agora estava desolado em frente ao pilar.

 

- Ainda existe a possibilidade deles estarem vivos não é? – sussurrou um dos alunos enfileirados.

- Se foram pegos por um demônio é melhor morrer logo – respondeu alguém do lado – quando eles te pegam é pra fazer algo pior do que matar.

 

Darch que estava de pé logo atrás ouviu isso e ficou irritado, mas ele sabia que esse pensamento não estava errado, se sua irmã estava viva ela estaria passando um inferno pior que a morte, uma parte dele desejava que ela tivesse sucumbido logo e se poupado desse sofrimento.

 

- Estes jovens trilharam um logo caminho até o 5º ano, eram dedicados e capacitados, justamente por isso foram escolhidos – dizia Ardof em discurso – eu lamento o destino terrível que se abateu sobre eles, mas me orgulho de tê-los como estudantes desta academia.

- Velho maldito, é muito fácil falar sendo o reitor – dizia um aluno revoltado – não é ele quem passa por estes testes malditos que podem até nos matar.

- O senhor Ardof já foi aluno nesta academia, e depois de se tornar reitor ele revisou os testes baseado em suas experiências – defendia Ryna que tinha ouvido – ninguém gasta 50 anos de sua vida nisso se não tiver amor pelo trabalho.

 

O aluno baixou os ombros meio envergonhado, Ryna considerava que essa opinião seria normal depois do ocorrido, se ela recebesse uma missão assim e algo desse errado de quem seria a culpa? De quem deu a missão ou de quem participou? Somente quem passa por isso é capaz de dizer.

 

- Como reitor eu sou inteiramente culpado, sou eu quem escolhe as missões após um julgamento – dizia Ardof para todos – ganhar experiência real é parte importante de ser um mago, somente em situações reais que suas habilidades serão testadas, aqueles que passam por isso aprendem mais em um único momento que em todo um dia de aula.

 

Ainda assim ele pedia para os alunos não desistirem de obter essa experiência, Ardof se comprometeu em sempre melhorar o sistema e garantir que outras tragédias não acontecessem.

O funeral simbólico continuou seguido por uma prece ofertada por Shadi, os alunos foram dispensados de todos os deveres por hoje mas pediu-se que agissem com moderação, os alunos do 5º ano se juntaram e foram falar com Ardof, inesperadamente eles pediam que as missões não fossem canceladas.

 

- Entendo, é muito bom ver que vocês compreendem a importância disso – dizia Ardof satisfeito.

- Sinto muito decepciona-lo reitor, mas as nossas razões não são tão nobres – disse aquele que representava os alunos – queremos apenas a chance de pegar quem ou o que fez isso.

- Quando a oportunidade chegar vocês serão os primeiros a saber – respondeu Ardof como se compartilhasse do sentimento.

 

*************************************

 

- Chega! Eu não aguento mais!... – gritou um garota chorando – me mate logo, eu imploro!!

- Desculpe não ser capaz de lhes dar satisfação total no tratamento – dizia o minotauro coberto de sangue – prometo que todas as suas reclamações estão sendo anotadas e levadas em consideração.

 

Depois disso ele pegou um verme com mais ou menos 1m de comprimento, o verme penetrou por uma ferida na perna da garota e começou a se mover por dentro do corpo dela, a garota gritou com a terrível dor que seguia a cada movimento do verme, ela se debatia e esperneava, se contorceu ao ponto de seus ossos se deslocarem, com isso o verme saiu por outra ferida e caiu em uma bacia cheia de sangue.

 

- Hei você, poderia fazer a gentileza de restaura-la ao seu estado natural? – pediu o minotauro cordialmente.

 

A garota chamada Sylvana mesmo tremendo caminhou até a colega presa nas correntes, mesmo gaguejando um pouco ela conseguiu conjurar a magia de cura sobre a amiga e os ferimentos dela começaram a fechar lentamente, os seus outros companheiro capturados com ela estavam em estados lastimáveis também, a maioria á inconsciente pelo sofrimento.

 

- Pare com isso Sylvana, não a cure mais!! – implorava Marchel que liberou o time – por tudo que é sagrado deixe-a morrer de uma vez!

- Eu não posso, eu não posso, eu não posso... – ela repetia sem parar com os olhos vidrados no que estava fazendo.

 

Ela queria mas não conseguia parar, de todos do grupo ela foi a primeira a ser torturada pelo minotauro, depois disso seria a vez dos outros, mas o monstro disse que se ela colaborasse iria poupa-la do sofrimento, Sylvana se recusou da primeira vez, mas quando o rodizio se completou pela terceira vez ela já estava destruída física e mentalmente, agora pra evitar a tortura ela fazia tudo o que seu captor mandava.

 

- Que coisa insensível pra se dizer a uma amiga – dizia o minotauro bem próximo dele – não vê que sua amiga está preocupada com o bem estar de vocês? Eu ofereci a ela a oportunidade de aliviar o sofrimento de todos vocês.

 

Sylvana desabou em choro, o único motivo dela obedecer é que quanto mais eles durassem mais ela ficaria livre das torturas, assistir tudo o que acontece com eles reforça esse desespero, imaginar que chegaria a vez dela fazia Sylvana simplesmente agir como um cão obediente.

 

- Seu demônio... eu juro que você não vai se dar bem! – gritou Marchel – eu juro que vou sair daqui e acabar com a sua raça!!

- Sua proposta é deveras interessante, fiquei tentado a confirmar sua veracidade – respondeu ele – que tal assim? Minha contraproposta é que você mate um dos seus amigos preso nas correntes, em troca eu libertarei você e os outros dois que sobreviverem.

- O que!? – gritou ele incrédulo.

- Ora, não é satisfatório? Eliminando um a sua escolha você salvará a si mesmo e outros dois – continuou ele – claro que eu permanecerei com a guarda desta aqui, ainda temos muitas horas de interação esperando.

 

Marchel parecia que ia desmoronar com essa proposta, se ele matasse um poderia salvar três, Sylvana teria que ser deixada pra trás (e ela estava em pânico por causa disso) e eles teriam que fugir como fosse possível, ele cogitava se seria perdoado por aceitar a proposta, se poderia conviver consigo mesmo após matar um dos seus amigos, para ele esse amigo estaria sendo sacrificado ou poupado?

 

- Não tome decisões por conta própria, eles não lhe pertencem para você decidir liberta-los – disse alguém entrando na masmorra.

 

Os reféns e o minotauro olharam para a porta que não tinha sido aberta o dia todo, por ela entrava alguém completamente encapuzado ao ponto de não se poder ver nada, uma máscara também cobria seu rosto e abafava sua voz, definitivamente era alguém que não queria que sua identidade fosse revelada.

 

- Estes prisioneiros não são seus brinquedos, eles são importantes materiais – dizia o homem mascarado – na verdade você fazer tudo isso já compromete a qualidade do resultado.

 

O minotauro caminho na direção dele, e um tornado de escuridão envolveu o monstro, ele então transformou-se numa forma muito maior e mais terrível de si mesmo, uma forma que trazia uma elegância assustadora, uma aparência quase nobre mesmo para um demônio, alguns poderiam até dizer que ele era bonito de um jeito sombrio.

 

- Seu merdinha! Não venha falar comigo como se eu fosse um pedaço de bosta!! – vociferou ele – se ousar me dar ordens eu vou enfiar um lança no seu rabo!!

- “Como sempre essa contradição, seu exterior é sempre o oposto do interior” – pensava o mascarado – “e de uma hora pra outra ele inverte tudo, eu pessoalmente prefiro lidar com a forma feia que sabe ser educada”

- Você arrastou sua bunda até aqui pra encher o saco? Ou veio fazer alguma coisa? – perguntou o demônio irritado – se não tem assuntos a tratar comigo vá se fuder em outro lugar!

- Eu vim buscar os prisioneiros, preciso deles pra começar a próxima etapa – respondeu o mascarado – mas quantidade que tenho é insuficiente, vou precisar de muito mais.

- Foda-se, não é como se eu pudesse sair por aí pegando qualquer um – disse o demônio sentando num trono – e mesmo assim eu lhe arranjo um por dia, não é o bastante!?

- Magos de baixo nível não são o bastante, preciso de cobaias de nível maior – revelava o mascarado – se a qualidade das amostras for melhor não vou desperdiçar facilmente.

 

O demônio que estava em sua verdadeira forma voltou para a forma de minotauro, o mascarado mais uma vez notou a contradição entre aparência e personalidade, na forma de minotauro ele era sujo, feio e aparentava brutalidade feroz, mas sua personalidade era quase amável e ele tinha um grau de educação que fazia inveja a um nobre.

Depois de se transformar e se acomodar ele fez um gesto com a mão, a maga Sylvana rapidamente entendeu que ele queria a presença dela e sentou-se ao seu lado, o mascarado quase riu quando ele começou a acariciar a cabeça da jovem como se fosse um animal de estimação.

 

- Seus experimentos demandam material de tal nível? Realmente fico intrigado – disse o demônio – mas coletar magos de alto nível é complicado, eles são poucos e dispersos, e conseguem fugir se notam que vão perder, é uma tarefa árdua.

- O pagamento será proporcional ao que me trouxer – disse o mascarado – pode se concentrar nessa tarefa, eu e meus subordinados nos encarregaremos das amostras diárias.

 

O mascarado bateu palmas, e com isso uma legião de esqueletos entrou pela porta, cada um deles vestia trajes que variavam de armaduras despedaçadas à trajes de mordomos, depois que entraram eles receberam ordens para levar os magos capturados, assim pequenos bandos se encarregaram de tira-los das paredes e arrasta-los pelos corredores.

 

- Eu vou precisar dela também – disse o mascarado olhando para Sylvana.

- De forma alguma meu caro, eu me apeguei a ela – disse o demônio – pode-se dizer que aprecio a beleza jovial dela, não de forma vulgar é claro.

- Que seja, os outros devem ser suficientes – respondeu ele se levantando e acompanhando os esqueletos – a proposito, você pretendia mesmo liberta-los caso este rapaz seguisse sua ordem?

- Mas é claro, nós demônios sempre cumprimos nossa palavra – respondeu ele com entusiasmo – eu o deixaria ir mesmo que tivesse que eliminar você caso se opusesse.

 

Ao ouvir isso Marchel começou a chorar, se tivesse escolhido obedecer o demônio ele poderia ter salvo dois dos seus amigos, mais tarde ele aceitaria pagar pelo crime de matar um deles e deixar outro para trás, até aceitaria voltar para lutar contra este demônio até a morte.

 

- Muito bem minha querida, agora podemos continuar de onde paramos – disse o demônio após seu convidado partir – você prefere o esfolamento ou o ácido injetado? Podemos começar com o seu preferido, se eu não me engano é o ferro quente não é?

- es-e-esp-esper-re vo-ce prometeu que ia me deixar em paz! – disse ela chorando.

- Naturalmente, mas eu não faltei com a palavra aqui – disse ele encarando-a de perto – eu disse que enquanto mantivesse seus companheiros em forma eu pularia a sua vez, mas como pode observar não há mais nenhum amigo seu aqui.

 

A jovem entrou em pânico ao lembrar de tudo que já tinha passado, como a porta ainda estava aberta ela tentou correr e fugir dali, mas rapidamente foi pega pelo demônio, este a arrastou pelo cabelo e a acorrentou na parede, em seguida ele foi examinar seus instrumentos de tortura.

 

- Não tema minha cara, eu não vou deixa-la morrer – dizia ele verificando uma lamina enferrujada – para maximizar o meu hobby eu aprendi magias de cura, creio que estou num nível superior a você.

 

E esse foi o golpe derradeiro na sanidade dela, o demônio nunca precisou dela para nada, apenas seu sadismo obrigava a jovem a prolongar o sofrimento dos seus amigos.

 

***********************************

 

Ryna não estava acostumada a ficar sem fazer nada, era isso que ela notava enquanto tomava um café no refeitório.

Olhando em volta ela via pouquíssimas mesas ocupadas, alguns estudavam para a prova que teriam em breve, outros lanchavam, Ryna ficou um pouco rubra e desviou o olhar ao ver um casal se beijando apaixonadamente.

O clima de tristeza da manhã ainda afetava muitos, mas a maioria procurava alguma coisa para fazer e desestressar, quase todo mundo concordou em passear pela cidade, Ryna estava sem ânimo para isso mas pediu para Varatane fazer compras pra ela e se divertir um pouco no processo, pelo que imaginava Darch deveria estar praticando sua magia na masmorra como sempre.

 

- Posso me sentar com você? – perguntou alguém de pé ao lado dela.

 

Ryna bufou lamentando a cara de pau do Gellen, após ontem ameaça-la e fazer chantagem hoje agia como um cavalheiro, ela para não descer ao seu nível simplesmente fez um gesto com a mão oferecendo o lugar vago diante dela, Gellen cordialmente sentou de frente para Ryna e usou o açúcar da mesa para adoçar o café que ele trouxe.

 

- Pensou na minha proposta? – perguntou ele enquanto saboreava a bebida.

- Nossa, nem um dia se passou direito – disse Ryna cruzando os braços.

 

A pressa do Gellen vinha de sua estratégia, quanto mais tempo ele dessa à Ryna mais ela pensaria em como se livrar desse problema, Gellen queria ela presa em sua armadilha o quanto antes, por isso ele precisava pressiona-la rapidamente.

 

- Avaliando os prós e os contra você perceberá que minha oferta é de grande benefício – falou ele como um negociador – o nosso grande imperador confia nos meus relatórios, então se eu for seu aliado você estará livre para fazer o que quiser aqui.

- Por outro lado, se eu rejeitar esta aliança você usará essa confiança para engana-lo – dizia ela – enviando falsos relatórios e até mesmo me expondo como princesa.

- Falsos? Quer dizer que você é o Darch não tem um relacionamento secreto? – perguntou ele se fingindo de surpreso – vocês são tão próximos afinal, eu podia jurar que vocês...

- Me poupe do seu cinismo, você realmente tem muita coragem pra tentar chantagear a herdeira do trono – dizia Ryna irritada – isso é confiança demais ou tolice ingênua?

- Eu prefiro acreditar em coragem e perseverança – respondeu ele – se minha família cair eu vou me tornar um mero plebeu, então se é pra perder tudo eu prefiro arriscar com este plano.

- Muito bem Gellen Hostaf, eu vou lhe dizer o que eu conclui e concebi – começou Ryna – então preste bastante atenção.

 

O outro realmente dedicou sua atenção a ela, nos últimos dias mesmo antes de falar com Ryna Gellen já queimava os neurônios, em sua mente ele simulou todas as respostas que ela poderia dar e como rebater cada uma, pensou nas contrapropostas que ela poderia fazer e como tirar proveito delas, ele até já pensou nela mandando-o se ferrar e recusar completamente, nesse caso ele já tinha pensado em como lucrar o máximo possível do segredo dela.

 

- Você é do curso de magia da criação não é? Então eu sugiro que se esforce bastante e conclua o curso – começou ela – quando o fizer eu darei uma carta de prata a você para trabalhar na oficina do palácio.

 

Gellen ouviu o que ela disse mas não entendeu em primeiro momento, uma carta de prata era um documento escrito com tinta feita de prata liquida, dependendo do conteúdo do documento ele poderia ser aceito em qualquer lugar, dar ordens em pessoas de status inferior ou conseguir obter bens raros, pois este documento atestaria que ele servia a um dos reis.

 

- Mas isso só...

- Com uma carta de prata minha você deve conseguir um escritório e alguns subordinados – continuava ela – se você mostrar bons resultados em um ano eu vou fazer de você um afiliado da família Brigth, é uma posição maior da que se encontra agora não é?

- Espere um pouco, isso...

- Então quando eu me tornar imperatriz vou ignorar essa sua chantagem ridícula – cortou ela – e ao escolher os 10 magos que comandarão o setor de criação de itens o seu nome estará na lista.

- Mas isso só significa que eu vou trabalhar para você! – disse ele quase assustado com tudo isso.

- Exatamente, e não sei por que você está reclamando – disse ela tranquila – com a minha ajuda você vai conseguir em menos de 10 anos algo que outros levam a vida inteira, nem sequer deveria ter que considerar isso.

- Mas eu não ganho nada com isso! – respondeu ele – como...

- Não ganha nada? Você sabe quantos magos competentes dão duro para conseguir uma vaga no palácio? – perguntou ela indignada – eu nem sequer deveria estar discutindo isso com você, um inútil que quer subir na vida sem esforço!

- Não fale assim comigo, eu vou...

- Você não vai fazer nada, o único motivo de eu estar aqui perdendo tempo com você é para evitar confusões maiores – ela continuava cortando-o com suas palavras – eu considerei ignora-lo e deixa-lo fazer o que quisesse, mas pelo bem do reino eu preciso seguir em frente com meu plano, e não posso deixar um vagabundo interferir.

 

Os olhos do Gellen estavam praticamente girando, ele estava completamente atordoado pela surra que estava levando, mesmo que ele tivesse considerado vários cenários simplesmente não conseguia dirigir a conversa a nenhum deles, era como se dirigindo uma carroça os cavalos enlouquecessem e o arrastassem para um precipício.

 

- Além disso a minha oferta não é só generosa, é piedosa também, ou você achou que perder seu status era a pior coisa que poderia acontecer? – perguntou ela – se você me expusesse iria estragar minha reputação e causar danos na corte, mas os magos mentais do palácio poderiam descobrir se eu estou mentindo, nesse caso o que aconteceria com você?

 

Ryna falou da prisão Moggot, uma prisão que ficava em outra dimensão governada por criaturas quase tão terríveis quanto os demônios, qualquer um enviado pra lá era obrigado a trabalhar em minas de minérios raros que o reinado comprava dessas criaturas.

Ela explicou que qualquer criminoso condenado a morte não era realmente executado, mas sim enviado para lá, e o crime de blasfêmia contra a família imperial era algo que concedia pena pior que a morte.

 

- Você acha que a vida de plebeu é ruim? Experimente ser escravo numa mina cujo ar queima os pulmões e monstros lhe dão chicotadas só por diversão – dizia ela – até um mendigo tem uma vida mais digna que os escravos de lá.

- Você não ousaria...

- Eu realmente não sou tão cruel a ponto de fazer isso, mas meu pai fará – respondeu ela – ele já faria isso só de saber que você ousou me chantagear.

 

Gellen estava em estado de choque, ele considerou a hipótese de perder o status e virar plebeu, mas com o dinheiro que vinha economizando ele poderia ter uma vida muito boa mesmo sem trabalhar, então ele poderia abrir um negócio e usar sua inteligência para ficar rico novamente, ou assim ele pensava.

Ryna vendo o estado dele deu o golpe final, perguntando se ele aceitava a proposta deixou-o ainda mais confuso, Gellen se sentia como se tivesse ido do céu ao inferno em uma queda, todos os seus planos foram por água abaixo, seus sonhos completamente destruídos, não lhe restava mais alternativas a não ser escolher o caminho menos doloroso.

 

- Eu vou pensar, amanhã eu te dou uma resposta – disse ele se levantando desanimado.

- Não perca tempo tentando achar uma saída, eu não tenho intenção alguma de dar favores de graça – avisou Ryna – ou você escolhe o atalho que lhe ofereci ou vai pro inferno, literalmente.

 

Gellen deixou o local completamente arrasado, estava tão cabisbaixo que nem reparou na Reina de pé próxima à mesa, esta que tinha ouvido a maior parte da conversa estava em estado de choque também, ela se perguntava como tudo isso aconteceu.

 

- “Se negociações são guerras de palavras isso foi um massacre unilateral!” – pensava Reina abismada – “quando foi que ela se tornou tão assustadora assim?”

- Ah Reina, que bom que chegou – disse Ryna ao nota-la – sente aqui.

 

Reina sentiu um arrepio ao ouvir o tom de voz dela, rapidamente sentou-se no lugar que antes Gellen ocupava, estava nervosa e desejaria alguma coisa pra beber e se acalmar.

 

- Eu lhe disse pra não fazer nada não disse? – perguntou Ryna bebendo um pouco mais de café.

- Mas eu não fiz nada! – disse Reina quase num tom infantil.

- Ah por favor, até parece que você iria ficar parada depois que alguém me ameaçou – disse a outra quase rindo – na certa você pensou em acabar com ele de qualquer jeito, o que foi que você planejou?

 

Reina fez um biquinho e baixou os olhos tentando evita-la, mas Ryna nesse momento era tão assustadora quanto sua mãe Selena, sem alternativa ela confessou que procurou o Darch para ajudá-la com isso.

 

- Ora mas isso foi além do esperado, você está se saindo melhor do que imaginei – dizia Ryna sarcástica – e o que foi que ele disse sobre isso?

 

Ela explicou tudo o que aconteceu na noite passada, ao ouvir a história dela Ryna não se surpreendeu, mas ficou feliz por ver que seu julgamento sobre o caráter do Darch estava correto.

 

- Me sinto tão envergonhada, eu julguei que ele não teria problemas com um assassinato – dizia Reina sentida – em minha ignorância eu achei que ele não tinha esse problema de consciência.

- Se ele não tivesse consciência não teria se oferecido para sangrar em meu lugar daquela vez – disse Ryna – eu sei que ele faria se fosse necessário, mas ele não é do tipo que quer fazer da morte um recurso.

- Mas ainda que possamos confiar nele, você sabe que ninguém vai aceita-lo não é? – perguntava Reina – não importa o quanto ele seja bom, um mago negro sempre será um criminoso aos olhos da sociedade.

- Enquanto verdadeiros criminosos se escondem em pele de cordeiro – disse Ryna contrariada com o que teve de lidar – quando eu me tornar imperatriz eu vou fazer uma reforma nesse sistema!

- Isso só vai fazer com que tenha mais inimigos – avisou a outra – os outros nobres e até as famílias reais, se eles se oporem contra você...

- Não vou conseguir fazer nada, eu sei disso – respondeu ela – eu preciso reformar o sistema sem destruí-lo, e impedir que aja uma revolta completa.

- Bem, considerando como você resolveu as coisas aqui eu acredito em você – disse Reina – eu realmente fiquei impressionada!

- Acredite ou não, não foi fácil, passei a noite toda quebrando a cabeça pra sair dessa – confessou Ryna – no fim eu conclui que eu tinha que faze-lo entender o quão terrível é se voltar contra mim, e mostrar uma saída mais fácil no final.

- Mas aquele papo sobre a prisão Moggot? Aquilo é real? – perguntou Reina.

- Não sabia? Eu soube quase por acaso quando quis aprender sobre metais mágicos – respondeu Ryna – o mineral extraído lá pode conduzir e armazenar Mana, depois de refinado e adicionados alguns elementos alquímicos para isso.

 

Já foi tentado conquistar aquela dimensão e explorar esse mineral raro à vontade, mas os seres que moram lá são terríveis e poderosos, no final foi decidido que é mais fácil negociar com eles do que tentar vence-los, fornecer mão de obra escrava era uma excelente forma de obter relações com eles.

 

- Ryna, me desculpe mas eu preciso lhe dizer algo, foi algo que o Darch me disse – dizia Reina séria – um dia seu idealismo se voltará contra você, e quando isso acontecer você vai ser forçada a fazer escolhas difíceis.

- Um vilarejo e uma cidade grande estão na rota de ataque de demônios, você só tem tempo de evacuar uma delas – dizia Ryna recitando uma questão difícil – qual delas você escolhe evacuar?

 

Essa era uma questão básica, escolher entre salvar poucos ou salvar muitos era um meio de testar a índole de uma pessoa, saber como ela reage sob pressão e principalmente se ela podia fazer escolhas racionais em lugar dos sentimentos.

Mas essa questão sempre parece mais fácil no papel do que na pratica, uma pessoa não consegue sacrificar algumas pelo bem de uma maioria, mas também não era errado responder que salvaria a maioria sacrificando a minoria, no final não havia uma resposta correta ou errada para essa questão.

 

- O professor Shadi me perguntou isso uma vez, ele queria uma resposta que pudesse salvar mais vidas – dizia Ryna – todos da sala quebraram a cabeça pensando, mas no final todos responderam que evacuariam a cidade grande.

- Mas você conseguiu responder algo diferente? – perguntou Reina interessada.

- De forma alguma, eu gastei a aula inteira pensando nisso – confessou Ryna – no final eu só consegui dar a mesma resposta que todos, por isso eu passei alguma noites pensando, e finalmente encontrei uma resposta.

- E que resposta você encontrou? Como conseguiria salvar mais vidas? – Reina já estava quase aflita.

- Eu iria deter os demônios antes que chegassem aos alvos, com isso ninguém mais morreria – respondeu Ryna.

- Mas com isso você morreria!

- Sim, mas eu conseguiria salvar os dois locais não é? Então é melhor que um só – disse ela – ninguém pensou nessa resposta porque ninguém quer se sacrificar, isso não é covardia, todos querem viver não é? Eu mesma não gostaria de morrer.

 

Mas com isso Ryna encontrou uma resposta que não estava visível desde o inicio, assim ela decidiu que nunca escolheria a saída mais fácil sem ter considerado até as possibilidades mais inviáveis, foi por isso que ela ofereceu uma alternativa ao Gellen mesmo que isso violasse parte dos seus princípios.

 

- Eu não sou tão ingênua assim, eu sei que cedo ou tarde vou me deparar com uma situação terrível – dizia Ryna – e nessa hora eu vou ser obrigada a escolher uma resposta horrível, mas isso só vai acontecer quando eu falhar em explorar todas as possibilidades.

- Então o melhor que posso fazer é garantir que você não precise tomar tais decisões – dizia reina – eu vou me tornar sua força para garantir que consiga o que deseja.

 

Reina curvou-se discretamente para a prima e saiu, Ryna que estava um pouco cansada decidiu voltar para o dormitório e tomar um banho, já na saída do refeitório ela se deparou com o Darch.

 

- Ah olá, voltando da sua aula? Você parece meio morto – comentou Ryna.

- Sim, aquela sanguessuga gosta de chupar o Mana até os ossos – dizia Darch com olheiras e meio pálido – se bem que ela tem feito menos há algum tempo.

- Acho que você precisa de uma boa refeição e um bom energético – disse Ryna sorrindo – venha, eu vou lhe pagar um jantar, para compensar o incômodo da Reina ontem.

- Ah então ela lhe contou? Vou aceitar com gratidão – disse ele seguindo-a – e você conseguiu resolver o seu problema?

- Sim, está tudo resolvido, e obrigado por ficar do meu lado – disse ela.

 

Ryna fez o pedido e depois foram se sentar em uma mesa próxima, a comida não demorou a chegar mesmo sendo 3 pratos para o Darch e um para a Ryna, a razão disso é que a cozinha usava muitos itens mágicos, além de cozinheiros capazes de usar magias básicas, uma coisa que atiçava a curiosidade de todos era saber que tipo de magia se usava na cozinha.

 

- Eu tenho o palpite que é magia da criação – dizia Ryna – embora eu nunca soubesse que podia ser usada pra fazer comida.

- Se você ver os ingredientes como matéria-prima faz sentido, eu já assisti uma aula de criação – dizia Darch – na aula o professor podia combinar diferentes coisas e fazer algo pronto, ele tinha matéria-prima bruta e conseguiu fazer cimento, ele até fez surgir agua do nada!

- Não é do nada, ele deve ter usado a magia que aumenta a quantidade de uma substancia ou elemento existente – explicou Ryna – nesse caso ele deve ter aumentado a quantidade de agua presente no ar, mas é preciso muita magia pra transformar gotículas em agua pra encher um balde.

 

Darch adorou a explicação e manteve isso em mente, enquanto devorava sua refeição Ryna o observava, ele era um simples camponês e mesmo assim tinha uma grande compreensão das coisas, talvez a tragédia que abateu-se sobre sua vida tenha despertado todo o seu potencial que normalmente ficaria dormente enquanto vivia no campo, pensando nisso Ryna se perguntou quantas pessoas por aí podiam demonstrar talentos ocultos se lhes fosse dada uma chance.

 

- Hei Darch, falando hipoteticamente sobre uma questão, você pode me dar a resposta amanhã – começou Ryna – imagine que uma horda demoníaca está prestes a atacar um vilarejo e uma cidade grande, você só tem tempo de evacuar uma delas, qual você escolheria?

- Pra que esperar um dia? Não é obvia a resposta? – disse ele bebendo um suco revigorante – eu evacuaria a cidade grande.

- “Ah bem, ele é um pouco pragmático” – Ryna não estava exatamente decepcionada – “mas esse é o consenso mais comum, então...”

- Afinal é impossível que milhares de pessoas consigam fugir sem ajuda – dizia ele – mas algumas poucas centenas conseguem fugir dos demônios e se esconder em algum lugar.

- Hã? Como assim? – perguntou Ryna sem entender.

- Veja bem, uma cidade grande deve ter milhares de pessoas não é? As que eu visitei tinham mais de 20 mil pessoas – explicava Darch – toda essa gente precisa ser organizada, juntar suprimentos, mantê-las juntas e preparar uma rota de fuga, já num vilarejo você não encontra mais que 300 pessoas, gente assim consegue fugir com suas coisas num saco e correr pela floresta.

- Eu... não tinha pensado por esse ângulo – dizia ela surpresa – quer dizer que as pessoas do vilarejo não precisam de ajuda?

- Elas só precisam saber que o perigo está vindo, elas normalmente já não contam com ajuda alguma – respondeu ele – a horda demoníaca não vai se dispensar atrás deles, provavelmente vão ficar na cola da presa maior, só com isso as pessoas do vilarejo podem fugir pra longe.

 

Darch foi explicando para Ryna as diferenças entre pessoas do campo e da cidade, pessoas do campo já estão acostumadas a lidar com problemas, perigos e monstros, não possuem tanto apego a um lugar e por isso seria mais fácil se mudarem, tudo o que eles precisavam era ficar vivos e ter uma chance de recomeçar.

 

- Depois que a horda demoníaca passar você reúne gente pra procurar os sobreviventes, só precisa procurar nos lugares onde os demônios não passaram – continuava Darch – pois onde eles passaram com certeza não ficou ninguém pra salvar.

- E depois de reuni-los? – perguntou Ryna – o que deve ser feito?

- Isso depende se podemos parar os demônios ou não, se pudermos então um abrigo seguro já basta – dizia ele – mas se não pudermos para-los o jeito é continuar fugindo, ou escolher lutar até o final.

- Lutar até o final? Pessoas simples fariam isso? – ela estava curiosa sobre isso.

- Não subestime o povo do campo, somos mais durões do que parece – disse ele fazendo um gesto que evocava força – se tivermos uma chance, se tivermos um verdadeiro líder, se tivermos uma esperança lutamos com tudo até o final.

 

Ryna ficou comovida com isso, diante da resposta dele a resposta que ela deu parecia uma saída fácil, ouvir tudo isso fazia com que ela repensasse sua perspectiva sobre as pessoas e os problemas que elas enfrentam, por isso ela tomou uma decisão.

 

- “Eu preciso de pessoas assim comigo, se eu tiver pessoas como o Darch ao meu lado haverá uma esperança” – pensava ela empolgada – hei Darch, você já pensou em trabalhar para o governo? Se você quiser eu posso lhe conseguir um trabalho comigo.

- Eu agradeço a oferta mas eu recuso – respondeu ele – eu não sirvo para esse tipo de trabalho.

- Por que você é um mago negro? Isso não me importa – disse ela – comigo o que conta é o que você pode fazer, não sua origem.

- Não é bem assim, existem pessoas que nasceram para liderar, elas tem o carisma pra isso – explicou ele – você consegue reunir as pessoas ao seu redor, e elas sentem satisfação em ajuda-la, mas nem todos possuem esse dom, é preciso ter a força necessária para carregar essa responsabilidade, eu não sirvo pra isso.

- Você está dizendo que eu sou uma líder nata? Eu não me vejo assim – disse ela humildemente.

- Você consegue ver o melhor de cada pessoa e sabe como usar isso, um bom líder é alguém que tem uma visão do futuro que quer e como alcança-lo – respondeu Darch – a maioria das pessoas só pensa em como vão viver suas vidas, eu nem sei o que vou fazer caso consiga completar meu objetivo.

- Sendo assim eu realmente posso contar com você, para me ajudar das sombras – disse ela satisfeita – você aceita ser um dos que me emprestam sua força?

- Sempre que precisar – respondeu ele.

 

Darch estendeu a mão pra ela e Ryna apertou com vontade, depois ele pediu por sobremesa e Ryna rindo sem parar pediu para a atendente trazer um bolo, os dois dividiram o bolo entre eles e conversaram sobre outras ideias, Ryna aprendeu bastante sobre o ponto de vista das pessoas comuns com ele, e Darch foi entendendo um pouco mais sobre as pessoas da nobreza.

 

Continua.


Notas Finais


Na capa temos o arquidemônio Maostrema, um ser que leva a bipolaridade ao extremo!
E ele vai ficar se divertindo com a pobre Sylvana, a maldade dos demônios não conhece limites, que bom pro Darch que a Misty gosta de fazer safadezas né?
Ryna e Darch desenvolveram um laço mais forte, e hoje vimos como ela se sai com diplomacia, acho que não é uma boa ideia deixar a Ryna zangada.

E agora vamos ter algo que vocês com certeza querem e que já faz um bom tempo que não vemos!


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