Pov's Vic
Estava mastigando meu café da manhã, quando de repente veio em mente o troço que se chama transdms. Não sei porque implico, nesse meio está eu, afinal é meu grupo, mas... algo me diz para não confiar em Strathmore, sei que ele foi o único que decidiu nos "patrocinar". Todos falam que somos apenas jovens querendo ser alguém, mas ele não, ele logo nos olhou e sorriu com agrado.
- Que droga - resmungo com a boca cheia
Odeio ter que olhar para os dois lados. Já foram tantas invenções, e Strathmore sempre saía com os créditos, dizendo ter sido o núcleo das ideias. Que velho safado, pensava. Enquanto todos meus colegas de laboratório sorriam, como se aquilo fosse maravilhoso. Agora, Ingrid, confia tanto, que passou a chamá-lo de "pai" da ciência, como um empresário famoso pode ser um cientista?. Melhor deixar isso pra lá.
Vamos, vamos, Vic, uma hora ou outra você terá de olhar o transdms. Mas hoje é minha folga, Ingrid com certeza deve estar dormindo uma hora dessas, então para que ir até lá? Hoje é apenas um sábado.
- Que seja, vou para minha avó - ergo-me da cadeira da qual estava e levo o prato para pia. Dou um último gole em minha xícara de café e estico o braço para pegar do forro da cadeira minha bolsa.
Pego as chaves e destranco a porta. O ar estava gélido, o que foi estranho.
- Cadê o solzinho? - olho para o céu e fecho a porta atrás de mim. Destravo a porta do carro, acomodo-me no banco e pouso as mãos no volante.
- Vamos lá - sorrio para o espelho do retrovisor
Para minha sorte não havia trânsito naquela manhã. Virei umas 3 ruas e depois outra para esquerda. Meu celular vibra no banco ao lado, costumo deixá-lo fora da minha bolsa enquanto dirijo. Rápidamente estico a mão pegando-o, olho para tela e era apenas "Greg", um "cientista" viciado em video-games, ele fora o cara a dar essa ideia de surrealismo, jogos cerebrais, etc.
- Vic falando - digo sem tirar os olhos da pista - nunca ligue para alguém que está dirigindo
A linha fez uns ruídos e logo a voz rouca de Greg ecoou pelo carro
- Vic, hoje o laboratório está fechado, certo? - ele parecia estar em alguma avenida
- Sim, porque?
- É que tem algo errado, os alarmes silênciosos que implatei no local está ligado, e só podem trabalhar quando alguém está presente. Entendeu? Preciso que você vá até lá e de uma checada, pode ser?
- Sério? Não será algum erro?
Do outro lado da linha, Greg grita com alguém. Ele sempre foi assim sem "educação"
- Desculpa, um menino ligou o som alto, e não, não foi erro algum, sei o que minhas invenções fazem, e essa avisa quando alguém entra no laboratório. Por favor, vá até lá, não sabemos quem pode ter entrado....
- É! - interrompo sua frase - isso, não sabemos, vai que é um ladrão experiente...
- Vic, deixa de ser crianção e vá logo! - ele desligou
Nunca deixa de ser folgado. É, parece que será hoje que verei o transdms. Freio o carro e dou meia volta.
[...]
Estaciono do outro lado da rua e sigo andando em direção ao laboratório. Fizemos uma bela arte com a aparência do lado de fora do local, tivemos a brilhante ideia de fazer o espaço parecer com um hotel abandonado. Meu corpo estremecia ao digitar a senha no teclado embutido sobre a porta de aço. Não tenha medo, Vic, é apenas um engano de Greg, tento manter a calma. Nesse mundo esperamos por qualquer coisa absurda.
Fui seguindo em passos cautelosos, estava pronto para acertar qualquer gênio espertalhão que descobriu a senha de entrada.
Que droga, disse que a senha deveria ser algo impossível de se passar pela mente humana.
Olhei em todas as saletas e parecia que tudo estava em seu devido lugar.
Quando estava pronto para ir embora, algo chamou minha atenção - a porta da saleta de Ingrid estava meio aberta. Oh, meu Deus, o invasor está lá dentro, pensei soando frio.
Caminhei sobre as pontas dos pés, logo encostei-me na parede. Contudo, fui passando as costas na mesma, quando cheguei ao lado da porta olhei para dentro. Por um segundo estava pronto para cair batendo, mas... não era nada do que Greg e eu pensavamos...
- Ingrid? - murmurei pondo o olho na brecha. A mesma estava de costas para mim ao mesmo tempo que olhava em seu relógio de pulso e em seguida encarava um homem sentado na poltrona a sua frente, este encontrava-se inconsciente.
Que droga, Ingrid
No mesmo instante abri a porta. Ingrid rápidamente olhou para trás, seu rosto estava pálido, como se tivesse visto um fantasma.
- Vic?
- O que está fazendo? - caminhei até o homem desacordado na poltrona
Ela continuou sentada na cadeira me olhando com espanto
- Eu que te pergunto, o que faz aqui? Hoje ninguém trabalha...
- É mesmo? - interrompo-a - então o que você está fazendo aqui, senhorita Fletcher? - cruzo os braços - ainda com este homem sem vida...
- Tá maluco? Não tem ninguém sem vida aqui - ela exasperou-se
- Então o que houve com ele?
Ela coça a testa
- Vic, não se meta e vá embora
- Nada disso, quero saber o porque disso tudo aqui... - fixo meus olhos em um diminuto aparelho ao lado da poltrona - isso é...?
Ela afirma com a cabeça
- Sim, transdms, Ben aceitou experimentar minha máquina...
- É, desta vez você soube escolher o tamanho - regulo o transdms como se este fosse um alienígena, na verdade ele é. Que outra coisa poderia te fazer alucinar?
- Sim - ela pega nas mãos da cobaia, vamos chamar assim
- Ele é alguma coisa sua? Ou é pena por ele está sendo mais um brinquedo?
Seus olhos voltaram para mim como se eu fosse uma presa e ela o caçador
- Chega de falar besteiras, ninguém aqui está sendo cobaia, Ben aceitou por vontade própria, assim como todos os outros que vieram a estrear nossas invenções
- Nossa, agora estão perguntando os nomes das cobaias? Bacana - passo as mãos no rosto - o que isso pode causar? - aponto para o aparelho - claro, isso deve ter alguma regra
Ela olha para a própria invenção e responde em seco:
- Básicamente nenhum...
- Ah, fala sério - corto sua frase
- É sim, o transdms te faz sonhar, apenas, qual seria o perigo de sonhar?
- Não sei, talvez não acordar mais, ou ser um sonambulo e sair andando por aí - olhei-a firme e prossegui - Ingrid, tudo que parece bom tem algo de ruim... e isso tem cara de ter um estoque cheio
- Não, está enganado
- Diz, qual é? Precisamos saber para poder agir em cima disso e...
- 24h! - ela interrompeu-me
- Como? - tento entender essa resposta
Silêncio
- Ingrid, o que você disse?
- 24h - ela repetiu, fazendo-me embaraçar as ideias
- Sim, 24h, mas o que que tem isso?
- O trandms te dar apenas 24h de sono, se por acaso você dormir mais ainda....
- Morre - completo sua frase
Ela assentiu
- E você deixou ele entrar sem saber disso?
- Não! Eu o avisei, Ben voltará antes das 12h, pode ter certeza - ela passa a mão na testa do homem
- Quem é ele? Seu irmão?
Ela riu
- Não, meu noivo... - sua resposta fez-me estremecer. Nunca que deixaria alguém que tenho afeto experimentar minhas obras malucas.
Fico calado tentando me acalmar. Encarei os fios brancos e vermelhos que vinham do aparelho e paravam colados nas tempôras de Ben. É esse o nome dele, agora gravei.
- O que seria esses fios?
- Ah, eles são energias transmitida do aparelho que te fazem adormecer em um pequeno choque. Eles tem a capacidade de invadir o cérebro humano fazendo-o ter alucinações, e daí vem o surrealismo, o encontro de parentes falecidos. Estudos, meu caro amigo - o sorriso que atravessou seu rosto, era belo, mas não demonstrava alegria.
- Hum, entendo, 24h? Ok, vamos esperá-lo acordar antes de dar 12h - digo com ironia, mas no fundo torcia para que isso realmente acontecesse.
Que graça, viver coisas boas e depois descobrir que tudo fora fruto da imaginação. Por isso odeio sonhos, eles são piores que amigos falsos, ou... são a mesma coisa?.
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