História Hetero!? - Prólogo

Harry só precisava dormir por mais vinte horas seguidas e então estaria bem. Porém ele não podia.

Seus cabelos cacheados estavam bem arrumados, ele usava uma calça skinny preta com um sapato social e um blazer da mesma cor, que escondia uma camisa social branca, seu perfume podia ser sentido de longe. Embora estivesse impecável em certos quesitos, seus olhos estavam vermelhos e um pouco inchados, sua cabeça praticamente explodia e ele certamente não queria ter acordado cedo, nem ter uma entrevista de emprego marcada.

Se certificou de colocar os óculos de descanso que tinha para disfarçar ao menos um pouco antes de entrar na empresa. Se dirigiu a moça que estava atrás do balcão e mantinha um sorriso simpático e paciente, ela disse que ele poderia esperar nos sofás de couro que tinha no grande hall, porque o Sr. Tomlinson logo o receberia.

O rapaz precisou se segurar para não dormir naquele sofá incrivelmente confortável. A recepcionista o encarava sem cessar, e não era pra menos, afinal, Harry era um rapaz bonito. E ela não era de se jogar fora. O rapaz pensou em tentar algo com ela e apenas três coisas o fizeram deixar para depois. Primeiro, ele estava de ressaca. Segundo, precisava daquele emprego, o que significava não poder fazer besteira. Terceiro, ela o avisou que ele podia subir, já que Tomlinson o atenderia.

Com um sorriso de agradecimento que fez a mulher suspirar, ele se dirigiu ao elevador e foi até o andar indicado, no caso, o último. Precisava admitir que ficou abismado com a grandiosidade do lugar. A sala que o indicaram era de vidro, com excessão do chão. Era espaçosa, e contava com uma mobilia simples, porém delicada. Tudo ali inspirava seriedade e compromisso, mas o ambiente era agradável, e todos pareciam descontraídos, embora estivessem muito focados.

Ele tocou o botão que estava ao lado da porta, como se fosse uma campainha. Provavelmente estava ali porque a porta era de vidro e existia a possibilidade de excederem na força e quebrá-la (o que Harry achou particularmente improvável, já que o vidro parecia bem resistente). "T, Louis" estava gravado em prata na porta, com letras desenhadas. O rapaz de cachos só achou estranho o fato de não ter uma secretária do lado de fora da sala, mas deixou isso de lado.

Um rapaz estava sentado em uma cadeira que parecia própria para o seu tamanho, atrás de uma mesa que também parecia sobre medida para o alcance de seu olhar e braços, Harry deduziu que aquele era Louis. Ele parecia jovem de mais para administrar aquela empresa inteira e Styles anotou que aquele comentário deveria ser guardado para si apenas.

O provável Louis levantou seu olhar ao som suave da campainha e acenou com a cabeça, como uma permissão para que o outro entrasse.

Harry caminhou até a mesa tentando parecer sério, mas não muito. Sem sucesso. Ele apenas parecia cansado. 

- Sou Louis Tomlinson. - O homem baixinho de olhos azuis se levantou, estendendo sua mão direita para apertar a de Harry. - CEO da Tomlinson's Corporation.

- Sou Harry Styles. - Respondeu pegando a mão que lhe foi estendida e a balançando de forma firme. - Canditado para a vaga de guarda costas do CEO da Tomlinson's Corporation. - Louis sorriu, indicando a cadeira a sua frente para que o de olhos verdes se sentasse.

- Bom, Harry, sem enrolação. Eu li o seu currículo, fiz algumas ligações, chequei os seus antecedentes... E, por mim, você já pode ser contratado. Mas Jeremy, meu atual chefe de segurança insistiu que fizéssemos um... Como posso dizer? Período de experiência. 

- Nós podemos deixar os termos do contrato pré definidos e começar quando quiser, senhor.

- Certo. Eu ofereço um salário semanal de duas mil e quientas libras, com auxilio médico padrão da empresa e auxilio de estadia, já que eu vivo viajando e você teria que viajar comigo, com as despesas de viagem custiadas pela empresa, claro.  - Louis disse tudo como se fosse um discurso que fazia todos os dias. Se inclinou sobre a mesa, apoiando seus cotovelos sobre o objeto e entrelaçando seus dedos, o que o deixava sério. - O que me diz?

- Quatro mil libras. - Foi o Harry disse, e foi o suficiente para se fazer entender. 

- Três mil e quintas libras, SE, você aceitar tomar o lugar do meu chefe de segurança por um mês sem cobrar mais por isso. Jeremy vai tirar uma licença indeterminada e seria bom não deixar o lugar vago. Considerando, claro, que você seja bom no que faz. - Tomlinson ergueu uma sobrancelha, em desafio.

- Certo. Vou querer pelo menos um dia de folga, uma semana sim, outra não. - Era seu último pedido realmente necessário, porque o homem de olhos verdes tinha em mente que seriam dias difíceis e precisaria de um tempo para descontrair.

- Você pode ter uma folga de vinte e quatro horas por semana, se você dedicar os outros seis dias da semana para focar no serviço e deixar tudo em ordem para o seu tempo fora. - Harry acenou a cabeça em concordância. - Agora, os termos finais. Que fique claro, desses eu não abro mão. Se não os cumprir, o seu serviço será dispensado. - Jogou seu corpo para trás, se escorando na cadeira com um gosto de satisfação em sua boca por perceber o desconforto no outro.

- E quais seriam, senhor? - Styles se remexeu na cadeira. 

- Eu não vou me meter na sua vida, e exijo que você não se meta na minha. Você vai cuidar da minha segurança, apenas isso, qualquer outro assunto não é da sua conta. - Louis sorriu, o que deixou o outro com a sensação de que ele aprontava quando viajava. - Harry, qualquer problema com os assuntos do trabalho, você deverá falar comigo. Eu quero um relatório mensal do seu serviço. Se eu disser que não preciso de você, então eu não preciso e você está dispensado pelo tempo que eu disser. Os seus beneficios contratuais não mudarão para a pior, eles serão ajustados anualmente como os benefícios de todos os funcionários, SE você durar tempo o suficiente. Podem surgir outros termos que eu talvez tenha esquecido, eles não irão alterar muita coisa em seu trabalho. Faremos um teste de uma semana, já contando com todas as regras. Se você for bem, poderá assinar o contrato se quiser e ficar até que não seja necessário para algum de nós. Certo? - O outro prestou atenção, coisa que surpreendeu Tomlinson ao perceber.

- Tudo bem. Se os termos que forem surgir não forem muito absurdos, nós temos um acordo. - Louis ia dizer algo, mas seu celular tocou.

- Meu... Namorado. - Comentou distraído, olhando para a tela. Algo se revirou dentro de Harry. Ele é gay? - Vou precisar atender. - Styles revirou seus olhos internamente, mas o outro pareceu perceber, porque ergueu uma sobrancelha. - Algum problema?

- Ahn... - Sim! Todos. - Não, nenhum. Fique à vontade. - Foi o que disse, contra sua vontade. Seus ideais pessoais não iriam atrapalhar, ele precisava daquele emprego. 

O CEO se levantou, indo para um canto da sala de vidro, cochichando algo para o celular por breves segundos enquanto Styles encarava um ponto qualquer.

- Pronto. Me desculpe. - Louis voltou com um sorriso. - Se você não se importa, o período de teste pode começar segunda-feira. Se decidirmos que você tem o perfil necessário, iremos disponibilizar uma verba para que você consulte um advogado de sua escolha para a leitura do contrato, se assim você solicitar. - Ambos se levantaram, apertando suas mãos. - Obrigado, Harry.

- Eu que agradeço, Sr. Tomlinson. - O de olhos verdes sorriu, mostrando suas covinhas. 

- Prefiro Louis. - Harry acenou, indicando que havia entendido. - Ah, mais uma coisa. - Louis chamou a atenção de Harry quando o mesmo estava perto da porta, o fazendo se virar. - Durante o período de trabalho eu preciso de cem por cento de você, Harry, então você não pode beber e nem estar de ressaca quando estiver a serviço. Então eu espero que a sua bebedeira e ressaca possam durar no máximo vinte e quatro horas. - Harry concordou outra vez. Não podia tirar a razão de seu contratante, ele também não confiaria sua segurança a um bêbado. 

- Certo, senhor. Tenha uma boa tarde. - E com isso se retirou.

Harry não era homofóbico, pelo menos ele achava que não. Não mataria um homossexual na rua, mas também não queria passar seis dias por semana com um. 

Se ele não precisasse tanto daquele emprego... Não pensaria em recusar. Sim, apenas pela opção sexual de seu provável novo chefe.