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História Hey, Capitão! - Uísque


Escrita por: Seola______

Capítulo 2 - Uísque


Já se passava algumas horas desde que cheguei ao bar, percebi que já tinha anoitecido e que há cada hora o bar enchia cada vez mais. Eu não tinha passado do segundo copo de uísque, não era alcóolatra e não conseguia beber muito, era fraca para essas coisas, eu ia para bares onde ninguém me conhecia exatamente para ficar sozinha e pensar. Poderia muito bem fazer isso em meu apartamento, mas não queria ficar sozinha de tudo. Dei um breve suspiro e terminei o segundo copo de uísque horas depois do garçom tê-lo me entregue. O barman me fitou como se estivesse perguntando mentalmente se queria mais um copo, empurrei o copo em direção á ele e silenciosamente ele tornou a encher meu copo.

Eu fitava o balcão de madeira enquanto passava a ponta dos dedos delicadamente sobre o copo, um filme da minha vida estava passando pela minha cabeça. Eu pensava em quantas mudanças aconteceram em todas elas que me fizeram chegar onde estou. Algumas boas, mas a maioria ruim. Coisas da vida, coisas que fazem parte, coisas que tiveram que ser daquela maneira e por isso acabaram sendo, simplesmente aconteceram. Tomei um leve gole e assim que coloquei meu copo no balcão, alguém sentou-se ao meu lado, não para conversar comigo, o cara parecia tão cansado quanto eu estava.

Ele virou seu olhar para mim, e eu simplesmente voltei a fitar meu copo. Eu não estava o encarando de propósito e o que menos queria era uma conversa, queria ficar sozinha.

– Dia ruim? – ele perguntou.

Eu somente balancei a cabeça assentindo.

– Não vou perturbá-la.

– Obrigada – agradeci um pouco ríspida.

– Posso pelo menos ficar aqui?

– Claro – falei fitando o balcão – não é meu bar.

– Ainda bem – ele deu uma fraca risada e então fitou o barman quem também riu – obrigado.

Eu então dei um gole na minha bebida, um gole maior que os demais e então fiz uma careta, foi aleatório e não pude me segurar, o cara loiro ao meu lado então deu uma risada um pouco abafada, mas certamente foi por causa da minha careta.

– O que foi? – lhe encarei.

– Han? – ele perguntou me fitando com um sorriso de lado no rosto.

Eu olhei em seus olhos azuis e então fiquei calada. Não sabia explicar direito o porque, mas toda aquela minha vontade de xingá-lo por estar rindo de mim, sumiu. Eu sequer sabia se ele realmente estava rindo de mim, fiquei de pé e senti meu sapato de salto me machucar, eu havia colocado para entrar no bar e agora estava pronta para deixar o dinheiro em cima do balcão e ir embora. Foi quando ele me puxou pelo pulso e eu apenas o fitei.

– Posso te pagar um drinque?

Meu coração quase saltou pela boca, tentei parecer o mais normal possível, neguei com "educação" – Não.

Ele então soltou meu pulso e me fitou certamente sem graça – Tudo bem.

– Não – eu repeti, mas então balancei a cabeça tentando juntar as palavras para me explicar, mas a única coisa que consegui falar foi – eu adoraria.

Ele então sorriu e chamou o barman, me fitou de modo que eu falasse o que queria.

– Uísque.

– De novo, certo – o barman riu pegando a garrafa de Jack Daniel’s.

– Sou Steve – ele deu um fraco sorriso – e não, também não estou em um bom dia.

Eu sorri – Sou Helena, e estou em um daqueles dias que posso considerar como o pior da minha vida.

– O que aconteceu? – ele lançou um olhar para o barman agradecendo.

– Mudanças - foi a única coisa que respondi.

Eu não contaria minha vida para um cara que tinha acabado de conhecer.

– Certo – ele deu uma risada fraca – você trabalha em que?

Eu dei uma risada sem graça, sem querer ele estava me fazendo falar sobre o que eu não queria, fiquei em silêncio tomando um pequeno gole do uísque, ele então balançou a cabeça, como se estivesse entendendo tudo o que se passava na minha cabeça naquele momento, e acabei por fitar o balcão em silêncio, apenas esperando-o dizer algo, cortar aquele silêncio que não estava tão desagradável assim.

– Ás vezes – ele falou baixo – é mais fácil falar com alguém que não conheça.

– Não me leve a mal – sorri sem fita-lo – não quero parecer rude, eu só... Essas “mudanças” foram recentes e não estou pronta para falar delas.

– Certo – ele disse me fitando, eu virei meu rosto para olhá-lo, ele prosseguiu – não tem problema, mudaremos de assunto.

Eu ri fraco – E você, em que trabalha?

– Sou um soldado – ele disse com um fraco sorriso.

– Do exército? – perguntei tomando mais um gole do meu uísque.

– É – ele sorriu balançando a cabeça – mais ou menos.

– Mais ou menos? – perguntei arqueando uma sobrancelha.

– É – ele me fitava – mais ou menos.

Ele não prolongou nem explicou o porquê do “mais ou menos” e não seria eu quem prolongaria esse assunto. Talvez ele não goste de contar da sua vida para estranhos, ou simplesmente estava me forçando a contar sobre as mudanças de minha vida para assim, explicar aquele "mais ou menos". Qualquer que fosse a alternativa eu não falaria nada sobre empregos novamente. Tomei o ultimo gole do meu uísque, já sentia meu corpo mais leve, poderia dizer que estava começando a ficar bêbada, porém, eu sou orgulhosa demais para admitir as coisas, tenho um gênio forte e até eu reconheço isso. Não estava bêbada.

– Fui demitida hoje – soltei quebrando o silêncio – eu precisava do trabalho, tenho casa, preciso comer e pagar gasolina – lhe fitei com um fraco sorriso – foi um dos piores dias da minha vida, não por ter sido demitida e sim, por meu chefe ter dito que não sou boa o suficiente. Então, quando tenho um dia ruim, apenas penso que é uma mudança, seja ela boa ou não. São apenas mudanças.

Ele então me fitou com um sorriso, seus olhos azuis focados nos meus verdes – Mudanças são necessárias, as coisas mudam é só aprender a lidar com elas.

Eu sorri – É fácil falar soldado – fiquei de pé e então me apoiei no balcão, eu sempre fui fraca para bebidas, mas não deixei que ele percebesse.

– Na verdade – ele deixou seu copo no balcão – eu sou Capitão.

– Oh – eu sorri e em seguida soltei uma risada – certo, Capitão. Está na minha hora, preciso descansar.

– Tudo bem – ele deu um fraco sorriso – han... Precisa de companhia para leva-la em casa?

Eu apenas sorri e fitei seus braços enormes – Eu... – voltei a fitá-los nos olhos – Nós acabamos de nos conhecer, eu não acho uma boa ideia.

Ele sorriu rodando seu copo entre os dedos – Eu apenas ofereci uma companhia, não tinha passado por minha cabeça algo a mais.

Eu então sorri sem graça – Certo, desculpa.

Ele apenas balançou a cabeça e deixou o dinheiro em cima do balcão de madeira, por um instante eu fiquei fitando-o de costas, seu cabelo loiro, seu corpo altamente atlético, eu nunca tinha visto alguém tão grande e tão forte quanto ele era. Sorri involuntariamente, mas tratei de esconder o sorriso no instante em que ele virou-se para trás com um pequeno sorriso, pronto para me acompanhar até em casa. A única coisa que eu não tinha pensado era no meu carro, eu não estava muito longe para ir a pé para minha casa, mas não queria deixar meu carro no meio da rua. Foi quando ele abriu a porta para mim e eu sorri apontando para meu carro.

– Meu carro está ali – sorri sendo sensata.

– A acompanharei até o carro – ele riu vestindo seu casaco de couro – Helena – ele sorriu quando paramos em frente ao carro – foi um prazer te conhecer.

Eu sorri de volta – Igualmente, Steve.

E então me lançou um olhar com seu sorriso, seu aceno de cabeça foi como se estivesse dando tchau, sorri e apenas entrei em meu carro. Não estava bêbada, não tanto a ponto de não conseguir dirigir. Liguei meu carro e então saí dali, cheguei em casa mais rápido que pensei que chegaria, mas estava grata e alviada por isso, eu só queria tomar um banho demorado e relaxante e ir dormir, pelo menos não teria que acordar cedo no dia seguinte, seria uma sexta feira sem trabalhos, mas com certeza eu já começaria a procurar um novo, preciso manter minha casa, meu carro e principalmente preciso comer. Não que minha situação fosse assim tão difícil, mas se eu não conseguisse um emprego rápido as coisas ficariam difíceis. Balancei a cabeça tentando espantar esse pensamento.

Joguei as chaves de casa em cima do balcão da cozinha que fazia divisa com a sala, fui caminhando até o banheiro e então tirei minha roupa me enfiando debaixo do chuveiro com a água bem fria, eu não suportava banhos quentes, não importava o quão frio estivesse.

Deixei a água escorrer e junto com ela toda a minha tensão e a decepção de ter sido demitida. Mas agora eu teria que recomeçar, seria um novo começo para mim, em um emprego novo, criando uma rotina nova. Permaneci no chuveiro pensando em algumas coisas, nas coisas do dia. Debaixo do chuveiro parecia um ótimo lugar para pensar, e também recordar. Sorri ao lembrar de Steve no bar fazendo com que eu falasse sobre meu dia, balancei a cabeça espantando sua imagem da minha cabeça. Ele era apenas um cara que eu conheci em um bar. Resolvi tomar realmente meu banho, porque acima de tudo eu estava cansada e sonolenta por causa dos copos de uísque tomados.

Fechei o chuveiro e caminhei até o espelho embaçado do banheiro, passei a palma da mão de modo que pudesse ver meu rosto, e então dei um fraco sorriso. Meu cabelo estava escorrido por meus ombros e em parte por minhas costas, meus olhos pareciam mais verdes do que nunca apesar de tudo o que tinha acontecido. Eu estava começando a pensar que, talvez, ter sido demitida daquele emprego não teria sido uma coisa tão ruim, afinal, há males que vem para o bem.



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