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História Hey, Capitão! - Café


Escrita por: Seola______

Capítulo 7 - Café


– Eu... – eu tentava esconder o sorriso enquanto juntava palavras para falar – desculpa.

– Não precisa se desculpar – ele parecia tão sem graça quanto eu.

– Certo – sorri desviando o olhar e pegando minhas muletas – eu tenho... Desculpe, mas tenho que ir.

– O que? – ele parecia confuso – eu... Pelo menos posso te levar até seu apartamento?

– Claro – balancei a cabeça, não negaria.

Não negaria mesmo.

– Então vamos? – ele perguntou pegando minhas sacolas que estavam no banco. Realmente um cavalheiro.

Nós não tínhamos assunto e por isso até chegarmos á meu apartamento ficamos em silêncio. No meio do caminho, nós trocávamos olhares e sorrisos sem graça. Estava começando a me acostumar com as muletas, conseguia andar em um ritmo muito normal, o que era realmente bom para o primeiro dia. Estava me sentido até mais leve, foi como se Steve tivesse tirado um peso das minhas costas. Não por explicar que ele se sentia bem falando comigo, mas por explicar quem ele é e por confiar á mim seu maior segredo. Não podia pedir nada em troca.

Talvez um beijo.

Ri sozinha e ele então me fitou, lhe lancei um rápido olhar e meu riso se transformou em um sorriso, ele não perguntou o porquê de estar rindo, mas ele parecia um pouco confuso com isso tudo. Certo, eu provavelmente estava mais, não é todo dia que um herói me beija.

Certo, nunca um herói me beijou.

Dei um fraco sorriso e então chegamos na porta do meu apartamento, parei na sua frente e ele certamente sabia que eu morava ali, porque parou no mesmo compasso que eu.

– Olha – comecei a falar – sei que não deve ter sido muito fácil contar para mim tudo, mas fico feliz que tenhamos conversado.

Ele riu – É mais fácil falar com estranhos. Não tantas coisas, mas você é diferente.

– Obrigada – sorri – bem, estou em casa agora.

Ele sorriu – Vou indo, foi bom falar com você.

Ficamos em silêncio, até que novamente agi por impulso – Quer entrar?

– Para? – ele perguntou.

– Não sei – eu tentei explicar – para tomar café ou alguma coisa... Quer?

– Ahn – ele olhou para os lados – eu agradeço, mas não sei se estão precisando de mim ou algo assim.

Eu sorri e balancei a cabeça – Tudo bem. Fica para a próxima.

– Cobrarei – ele deu um sorriso – han... Você tem telefone?

– Tenho – ri – onde vai anotar?

– Tenho boa memória – ele deu de ombros.

Então falei meu numero e ele aproximou seu rosto do meu, não fiz nada, apenas fiquei esperando pelo beijo, fosse na bochecha, ou na boca. Foi quando ele beijou minha bochecha, por um instante eu queria virar meu rosto e beijá-lo novamente, mas ainda teríamos tempo.

Eu esperava.

Dei um fraco sorriso e então abri a porta do meu prédio depois de pegar as sacolas com meu lanche. Fui até o elevador e assim que entrei alguém pediu para segurar a porta, segurei com a muleta e então um cara entrou segurando algumas coisas nas mãos, dei um fraco sorriso e ele retribuiu.

– Sou Blake – ele sorria.

– Prazer, Helena – olhei para as coisas em suas mãos – está de mudança?

– Estou – ele balançou a cabeça.

– Bem vindo – falei fitando a porta do elevador.

– Obrigado – ele agradeceu.

A porta então abriu e fui para meu apartamento e nosso diálogo de elevador não teve continuação. Ele ofereceu ajuda, mas sorri falando que estava tudo bem, abri a porta do meu apartamento e então entrei. Novamente fiquei parada atrás da porta, com um sorriso enorme. Eu não conseguia escondê-lo e não queria, não precisava. Estava sozinha em casa e tinha acabado de beijar o Capitão América.

Uau.

Dei um fraca risada e levei minhas sacolas para a cozinha, peguei alguma coisa para comer e me joguei no sofá da sala ligando a televisão, não conseguia prestar atenção na televisão, ou no que estava comendo. Eu estava comendo, isso era bom. Eu estava incrédula por ter escutado tudo o que escutei e mais ainda, por tê-lo beijado. Foi um beijo incrível, não vou negar – e nem poderia. Mas uma coisa que realmente me chamou atenção, foi ele ter me contado tudo o que contou, foi ele ter confiado em uma estranha, simplesmente porque queria confiar. Suas palavras permaneciam na minha cabeça, no instante em que tinha entendido tudo errado, mas ele foi capaz de se explicar e mais ainda, eu fui capaz de beijá-lo. Apenas agi por impulso, mas pela primeira vez, não foi ruim.

Sorri terminando de comer o que eu tinha acabado de reconhecer como torta de frango. Ri de mim mesma e fui levar o prato para a cozinha, arrastei meu pé engessado para lá, não tinha necessidade de pegar as muletas para ir logo ao lado, deixei o prato de plástico em cima do balcão, depois jogaria no lixo. Meu telefone então tocou e por um instante meu coração saltou, coloquei a mão sobre meu peito para ver se me acalmava, e então fui andando – lentamente – até o telefone, tinha que arrastar minha perna com gesso até lá.

– Alô? – atendi.

– Helena minha filha – era minha mãe desesperada, como já sabia que ela falaria demais, fui me arrastando até o sofá com o telefone em mãos – fiquei sabendo que você sofreu acidente, vi nos noticiários que Nova York foi atacada, por quem? Como você está? Quem te salvou? Sua amiga disse que você machucou o tornozelo, você está em casa? Teve que engessar o pé?

Dei uma fraca risada – Mãe, estou bem. Estava saindo de um restaurante com Mary quando aconteceu, não sei o que foi ou quem é, mas estou bem. Meu tornozelo sofreu uma fratura e vou usar gesso por uma semana.

– Quem te salvou?

– Capitão América – respondi.

– Ah... – ela era tão descrente quanto eu era antes de hoje – Mas eu fiquei assustada minha filha, liguei para sua casa, estamos tentando falar com você por horas.

– Não estava em casa, desculpa.

– Aonde foi?

– Fui comprar algo para comer.

– Não tem nada pra comer na sua casa?

– Tem, mas fui comprar para a próxima semana.

– Foi ao mercado com o pé engessado? – ela perguntava.

– Sim, precisava comer... De comida para semana que vem – corrigi.

– Filha, se você quiser, eu e seu pai vamos...

– Não precisa – cortei-a – eu estou bem, e ficarei. Não precisam se preocupar.

– Você sabe que nos preocupamos com você ai sozinha em Nova York.

– Estou bem, e ficarei – repeti – mãe, preciso desligar porque estou exausta.

– Tudo bem, promete me ligar amanhã?

– Prometo tentar lembrar – falei ficando de pé – boa noite, manda um beijo pro papai e pra minha irmã.

– Tudo bem, boa noite minha filha e se cuida.

– Certo – fui caminhando até o gancho do telefone – tchau.

Minha mãe sempre fora mesquinha comigo, eu nunca fui uma filha fácil de lidar, concordo, mas eu nunca recebi o amor e carinho que meu irmão sempre recebeu, e nunca fui de ter inveja dele, nem raiva de minha mãe, eu apenas não forçava sorrisos nem nada. Não tenho costume de ser falsa. No momento em que fui embora para fazer a faculdade que eu queria, minha mãe ficou sem conversar comigo por dois anos, voltamos a nos falar quando meu pai passou mal e teve que fazer uma cirurgia de ultima hora. Naquele momento nos unimos para dar forças á ele, mas foi a única vez em que eu realmente percebi que ela me queria por perto, não por mal, mas por orgulho. E infelizmente eu a copiei nesse sentido: sou tão orgulhosa quanto ela.

Bufei e então fui caminhando até meu quarto, peguei um pijama fresco e resolvi ir dormir, fora um dia turbulento e em alguns sentidos foi um dia bom. Não morri esta tarde. Ri sozinha deitada na cama.

Não demorei para pegar no sono.



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