- Eu sou estéril. – disse com um pequeno sorriso, e vendo a falta de reação do mais novo, eu continuei. – Na verdade, ainda tenho mais um ano até ser considerado realmente estéril, mas depois de tantos anos, eu não tenho mais esperança de entrar no cio. – baixei os olhos deixando uma leve tristeza tomar-me por breves segundos, voltando a encarar Taehyung logo depois com um sorriso amigável. – Então, você pode ficar tranquilo em relação aos alfas, eu sendo assim, não vou ter nenhum cheiro forte e que os enlouqueça a ponto de não se segurarem ou esquecerem o compromisso que têm com você. Garanto que sou totalmente inofensivo. – levantei a mão rente ao corpo em jura com um grande sorriso. Taehyung voltou a ter seus olhos marejados, se agarrando a mim de forma desesperada.
- Eu não sabia, eu me sinto um total desgraçado! Como eu pude te julgar sem nem te conhecer! Meu Deus! – Taehyung se culpava nitidamente, mas eu sabia que devia contar para ele, estava cansado de sentir o clima tenso e ter inimizade com o ômega de cabelos lilases. – Hyung, eu... Me desculpe!
- Shh! Já te desculpei! – o afastei pelos ombros, forçando-o a olhar para mim. – Espero que possamos ser amigos a partir de agora, já que sabe da minha condição. – sorri, mas mudei minha expressão para séria ao lembrar-me de avisa-lo. – Mas que fique claro que eu não estou te contando isso porque quero que você tenha pena de mim. Eu lhe contei na intensão de desfazer esse mal entendido entre nós, certo? – voltei a sorrir.
- Certo hyung! – fechou o punho e acenou positivamente. E seus olhos eram repletos de sinceridade. Finalmente eu estava me entendendo com o mais novo, e eu era preenchido com aquele sentimento bom de que tudo estava em seu devido lugar.
Eu fiquei um bom tempo conversando com Taehyung e respondendo suas perguntas. Contei que tomava remédios estimulantes até ano passado, mas depois de o meu médico perceber que o mesmo não fazia efeito mesmo em sua dose mais forte, ele suspendeu o uso. Também contei que em minha adolescência eu tentei todas as receitas caseiras possíveis para estimular meu cio, mas que as mesmas também foram falhas. Contei dos meus antigos namorados, e o fracasso e a decepção de todos eles ao descobrirem que eu era estéril. E lembrei-me de um deles que ficou comigo durante um ano inteiro na esperança de me marcar no meu primeiro cio, coisa que não aconteceu. Ri triste lembrando de como havia sido o nosso término, ele parecia gostar de mim, e não me tocou indevidamente em nenhum momento desse longo ano que ficamos juntos, mas ao entrar um novo ômega na sala de aula naquele ano, ele se apaixonou à primeira vista pelo garoto; eu tinha dezessete anos. Tae compartilhava do sentimento de frustração que eu carregava durante esses vinte e dois anos.
- Mas não se sinta assim, eu já me acostumei com a ideia de que não vou ter um alfa para chamar de meu, e eu até prefiro, sabe? – ele me encarou confuso, estávamos deitados na cama conversando um em cada travesseiro olhando para o rosto do outro, parecíamos duas meninas fofocando numa festa do pijama. – Depois do alfa que eu conheci hoje, eu prefiro manter distância deles.
- Que alfa você conheceu, hyung? – Taehyung se interessou na historia, apoiando o cotovelo sobre o travesseiro dando suporte para sua cabeça. Eu repeti o ato, o encarando com um pequeno sorriso ao ver sua animação.
- Ele é da minha sala. E eu já o detesto! – revirei os olhos e fiz como se fosse vomitar. Tae riu e perguntou o porque. – Ele me fez passar a maior vergonha dos meus últimos quatro anos! – me joguei na cama de barriga para cima, bufando. O ômega mais novo se sentou cruzando as pernas me olhando ainda com curiosidade. – Você acredita que ele disse pra todos ouvirem que pelo meu cheiro tinha notado que eu era virgem. – continuei olhando o teto sem animação e com um projeto de bico nos lábios. – E como se já não bastasse, teve a cara de pau de dizer que nunca tinha pegado um virgem. – bufei. Sentando-me de frente para o ômega. – Sabe Tae, eu odeio alfas assim, e conforme os anos passam, eu só tenho mais certeza que a maioria deles pensa da mesma forma fútil. Se for para ter um alfa, e ele ser desse jeito, eu prefiro realmente ficar sozinho.
- Mas que alfa otário! – Tae tinha a mão na boca e o cenho franzido em indignação. – Hyung, se quiser ajuda, posso pedir para os meninos irem bater nesse filho da mãe! – ri da atitude raivosa do mais novo.
- Não precisa, Tae.
- Mas sério, se ele voltar a te perturbar, eu não vou pensar duas vezes em ir quebrar a cara desse folgado! – ele apontou o dedo no meio do meu rosto. – E acho bom que o senhor me conte caso acontecer, viu? – assenti freneticamente, com as mãos erguidas em sinal de rendição. – Certo. – ele acenou. – Hyung, onde está seu celular? – tateei os bolsos, encontrando o aparelho e entregando-lhe. Vi ele digitar alguma coisa e me estender o aparelho de volta. – Aí tem meu numero salvo, se acontecer alguma coisa, não hesite em me comunicar. – olhei o ecrã do aparelho que continha o nome TaeTae seguido da sequência de números, que obviamente eram de seu telefone.
- Obrigado, Tae. – sorri amigável.
- É o mínimo que eu posso fazer para me redimir por tudo o que eu te fiz nesses dois dias. – ele formava um bico em seu rosto. – Mas agora eu tenho certeza que podemos recuperar o tempo perdido e aproveitar a vida de ômega juntos. – ele sorria.
- Eu não tenho dúvida!
Ficamos rindo e contando várias experiências, e histórias engraçadas, algumas de micos que eu passei e outras de vergonha que Taehyung vivera. Chegou um momento que ríamos tanto, que Jin rompeu a porta e nos mandou calar a boca já que se passava das duas da manhã. Quando o mais velho apareceu na porta, não nos controlamos, rindo como duas hienas assim que eu bati os olhos naquele pijama rosa e na máscara para os olhos no desenho de porquinho que ele tinha em sua testa, o que Taehyung também pareceu notar, rindo ainda mais alto que anteriormente. Paramos subitamente ao sermos ameaçados com um de seus chinelos.
Depois da bronca e do sermão, Tae se despediu e Jin também. Deitei-me com um sorriso no rosto. Cada dia que se passa nessa casa, eu me sinto mais em casa.
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