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História Him - Taehyung


Escrita por: Bbraettgo

Notas do Autor


Ai, meu capítulo preferido. Espero que eu não morra.
Leiam ouvindo a playlist de Him (está lá no final).

E não me matem! Se eu morrer, Him fica sem final.

betado por: @ladyshirahime

Capítulo 17 - Taehyung


Abriu os olhos com preguiça e sem o barulho irritante do despertador. No lugar do som estridente do celular, encontrou os olhos escuros de Jungkook lhe fitando e os dedos branquinhos dele em sua maçã do rosto, afagando-lhe com cuidado. Emitiu um sorriso pequeno e preguiçoso e foi retribuído com um sorriso igual.

Mexeu a cabeça devagar, aumentando o contato da face com a mão do outro, soltando um resmungo curto antes de voltar a fechar os olhos novamente.

— Que horas são? — perguntou baixinho e molinho.

— Cinco e pouco — a voz doce do ex-cunhado lhe respondeu de maneira calma e gostosa.

— Por que está acordado?

— Despertei. Desculpa ter te acordado.

Negou fraquinho com a cabeça e levou a mão até a cintura do outro, puxando-o para mais perto de si, sem fazer muita força. Sentiu o abdômen do outro encostar quentinho ao seu. Abriu os olhos novamente e fitou o olhar que pesava em si.

Era inevitável, estava apaixonado. Perdidamente apaixonado pelo garoto livre de rebeldias corporais. Ele era cuidadoso consigo e havia lhe dado mais do que prazeres corporais. Emprestou-lhe a família, a compreensão e o tempo que lhe era tão curto.

O mais novo havia terminado o seu relacionamento com sua irmã logo depois de transarem. Por mais que Taehyung gostasse do pessimismo — acreditava piamente que os pessimistas eram mais felizes, já que não se surpreendiam com as merdas da vida e viviam os ganhos de maneira muito mais sincera — e quisesse muito acreditar que aquele término não queria dizer nada, seu coração tolo acreditava que, talvez, Jungkook correspondesse seus sentimentos bobos e românticos.

— Muito melhor acordar e ver você do que ver a tela irritante do meu celular —riu sussurrado.

Jungkook não respondeu verbalmente. Apenas se aproximou ainda mais e cortou todo e qualquer vão de espaço entre eles, iniciando um beijo com gosto de dormido. O beijo era calmo e regado à sentimentos. As línguas encontravam-se cheias de saudade, mesmo que nem fizesse seis horas que tivessem se encostado.

O beijo era acompanhado por carícias distribuídas no rosto, na nuca, nos braços, nas costas e nas mãos, um do outro. Taehyung permitiu se entregar como há muito não se permitia. Sentia o corpo responder àqueles toques, o coração acelerando gostoso, a respiração falhando e os pelinhos da nuca levantando.

Cortou o beijo com delicadeza e olhou para o moreno, que sorriu para si. Direcionou seu olhar para as mãos dele, que repousavam em seu peito colorido. Com a própria mão acariciou aqueles dedos, mantendo-se em silêncio. Entrelaçou os dedos, que se encaixavam com perfeição como se fossem pares complementares. Desviou o olhar para o rosto de Jungkook que se mantinha compenetrado nas mãos cruzadas, mas que logo percebeu-se observado e o olhou de volta.

— Você é muito bonito, Jungkookie — disse ainda manhoso de sono.

— Eu sei — disse e riu. Taehyung se aproximou do ombro do outro e lhe deu uma mordiscada leve, ouvindo um gemido de reprovação.

— Isso é para você deixar de ser convencido. — Voltou ao seu lugar, repousando a cabeça no travesseiro novamente.

— E agora? — Jungkook lhe perguntou sério.

— Não sei, o que acha? — Sentia o peito querer explodir em expectativa. Não sabia o que o outro poderia dizer. E se ele lhe dispensasse? E se risse de si? E se acabasse dizendo que gosta de si?

— Também não sei. — Ele parecia nervoso.

— O que você quer?

— Quero ficar com você. — Viu Jungkook enrubescer e desviar o olhar. Foi uma cena tão adorável que quis morder o outro em um total descontrole. Sorte que sempre ficava mais lento quando acordava.

— Então vem cá. — Puxou o corpo de Jungkook ainda para mais perto, se é que isso era possível. Sentia vontade de fundir-se com o outro. Misturar suas bagunças com as certezas dele.

O beijo recomeçou, agora mais necessitado e voraz. Ambos queriam se pertencer ainda mais. Queriam chocar-se em líquidos corporais. Os lençóis amassavam-se e envolviam os corpos em movimento. Jungkook, sem descolar seus lábios, posicionou-se acima de Taehyung, aumentando ainda mais o contato dos dois.

O mais velho gemeu com o choque gostoso que percorreu sua espinha quando sentiu o lábio ser capturado pelos dentes ousados do outro. Jungkook era muito mais do que um dia poderia querer para si. Sentiu-se extremamente sortudo por ter aquele ali, lhe beijando, lhe provocando, lhe atiçando.

Uma cena erótica e extremamente sensual. Taehyung descia os dedos com cuidado pelas costas desnudas do ex-cunhado, sentindo todos os pedacinhos daquele corpo nas pontas de seus dedos. Sentia o lençol acima de sua mão, aquecida entre o tecido e a pele. As mãos de Jungkook acariciavam seus fios maltratados pela tinta, causando-lhe sensações novas. Nunca tinha se envolvido em algo tão sedutor e apaixonado antes. Nem com Yoongi, com quem sempre trocara carícias vorazes.

Era lento.

Era intenso.

Era gostoso.

Desceu as mãos com ainda mais delicadeza até a barra da calça do outro, invadindo o tecido sem pudor. Sentiu o músculo rijo das nádegas alheias, acariciando-as com um desejo genuíno. Apertou-as de leve sentindo um suspiro no beijo como resposta. Uma das mãos do outro desceu até sua nuca deixando ali um apertão igualmente leve.

Não tinha mais dúvidas do quanto queria deter e ser detido naquela relação maluca que começara como uma vingança boba e infantil. Provara do gosto do ex-cunhado e agora via-se adicto daquele sabor.

As excitações de ambos marcavam as roupas e chocavam-se em deleite. Jungkook esfregava seu corpo em cima de si, causando pequenas fricções cheias de pecado. As mãos apossavam-se daquele corpo que queria chamar de seu. Deslizou-as entre as nádegas, tocando o ânus alheio com pouca velocidade.

Jungkook gemeu manhoso e interrompeu o beijo, jogando sua cabeça para o lado, encaixando-a perfeitamente em seu pescoço. Sentia profundamente que eram perfeitos e complementares naquele momento. Encaixava-se como pecinhas de um quebra cabeça confuso.

Brincava com a entrada do outro cheio de propriedade. Conheciam muito o corpo um do outro. Sabia o que o mais novo gostava, sabia o que lhe arrepiava e o que lhe tirava dos eixos. E para seu feliz desespero, Jungkook também o conhecia, e por isso sentiu a boca inchada e úmida do outro atacar-lhe o pescoço com vontade, em uma distribuição intensa de beijos e mordidas que lhe enlouqueciam.

Jungkook encaminhou sua boca até o lóbulo de sua orelha, mordendo com cuidado a região, antes de iniciar um beijo úmido sua orelha, fazendo todos os pelos eriçarem e os mamilos endurecerem. Fez menção de adentrar o ânus do outro com os dedos e ouviu um risinho gostoso em seu ouvido.

— Estávamos dormindo, não me lavei — ele sussurrou sensual.

Taehyung retirou uma das mãos do quentinho dos tecidos que cobriam o corpo alheio e levou em direção à boca de Jungkook. Com luxúria, adentrou dois dedos na boca do outro, umedecendo os dedos. Capturou a boca do mais novo, mantendo os dedos entre o beijo sedutor. Seus dedos brincavam entre as línguas ágeis.

Úmidas, abandonaram o beijo quase pornográfico e voltaram ao local original, molhando o ânus do garoto que só conseguia arfar. Pressionou ambos os dedos contra a entrada apertada, sentindo o músculo se abrir e se contrair em seguida, engolindo seus dedos por completo.

— Eu não ligo — respondeu com a voz mais grossa do que o natural e viu Jungkook fechar os olhos e agarrar sua cintura com uma das mãos.

Os movimentos lentificados de entrar e sair eram prazerosos para ambos. Sentir os dedos serem apertados pelas paredes do ânus lhe causavam euforia, desejo e sentimentos animalescos demais. Queria atacá-lo, queria possuí-lo, queria tomá-lo para si. Mas paradoxalmente, queria ser atacado, ser possuído e ser tomado por ele. Descobria naquele momento o que era estar verdadeiramente apaixonado por alguém. Era querer ser de alguém. Era querer ter alguém.

Sentia o corpo de Jungkook estremecer entre suas pernas. Sentia a cintura ser judiada pelas unhas do outro. Estava adorando causar isso em alguém. Causar isso no ex-cunhado. Com a mão livre do aperto da intimidade do outro, indicou que ele deveria abrir as pernas. Foi obedecido e logo fechou as próprias, sendo agora envolvido pelas coxas de Jungkook. Aquelas coxas. Sim, aquelas que lhe invadiam a fantasia diariamente.

A mão apertava aquelas coxas cheias de pecado, rijas e trabalhadas. Os dedos continuavam o movimento gostoso para ambos. Taehyung sempre se preocupava com isso. Por mais que adorasse sexo, não via sentido em curtir aquilo sozinho. O ápice de seu prazer era saber que seu corpo poderia fazer com que outra pessoa se entregasse por completo, e ver o gozo em sua frente.

— Está gostando, Jungkookie? — decidiu perguntar, abusando da sensualidade em seu timbre vocal.

— Você é um fodido gostoso do caralho — respondeu em sofrimento, com a respiração pesada, fazendo-o rir e aumentar a fricção, introduzindo um terceiro dedo em seu interior.

— Nossa, Jungkookie, que boca suja — provocou-o em um tom de repreensão fazendo graça. Jungkook se endireitou, ficando de frente para si e fitando-lhe possessivo.

— Adoro quando me chama assim — disse com um meio sorriso nos lábios.

Jungkookie? — sorriu. — Hum… você é uma delícia, Jungkookie — disse ainda mais provocativo.

Mais um beijo começou. As bocas se procuravam e se atraíam automaticamente, como se fossem ímãs poderosos.

Jungkookie — disse entre o beijo fazendo o outro sorrir e gemer.

Rapidamente, retirou os dedos do interior do outro e com velocidade prendeu o corpo branquinho entre seus braços, virando-o com rapidez. Separou o beijo mais uma vez e se sentou na cama. Viu Jungkook lhe comer com os olhos, deitado confortável na cama.

Desabotoou o jeans que usava e se livrou do tecido, sem deixar de pegar uma nova camisinha que havia sido colocada em sua carteira. Entregou o pacote nas mãos do ex-cunhado e sorriu.

— Somente se você quiser — disse tranquilo. — Mas, independentemente disso, eu quero te dar prazer agora. — Viu o moreno fechar os olhos sem deixar de sorrir e após soltar um suspiro longo. — Quero te ouvir gemer, Jungkookie.

Arrancou as calças do pijama dele, levando a cueca junto. Todo o tecido foi ao chão. Puxou o lençol de volta, jogando-o em cima dos dois. Jungkook, já de olhos abertos, riu da ação.

— Uma cabana, então?

— Uma toca — retrucou rindo.

— Não quero transar em uma toca.

— Hum, então vamos transar, Jungkookie? — disse cheio de malícia.

— Não dentro de uma toca. — Revirou os olhos sem tirar o sorriso dos lábios.

— Hum, então posso te chupar aqui na toca? — falou enquanto se posicionava entre as pernas do mais novo. Olhou o membro desperto do garoto. Era tão bonito, como todo o conjunto.

— Não pode… — Sua fala foi cortada pela boca de Taehyung envolvendo seu falo de maneira erotizada. — …Não. — A coluna arqueou e sentiu a respiração mais difícil devido ao tecido em seu rosto.

Taehyung movimentava sua boca com desejo. Engolia o falo com volúpia. Seus sentidos estavam aguçados e o calorzinho do lençol os faziam suar com mais rapidez. Gostava de suores. Tinha um prazer indescritível em ver seus líquidos misturados com os de Jungkook. Algo carnal, sensual e extremamente úmido.

Lambia, arrastava os dentes e sugava com voracidade, da base à glande. Arrancando espasmos e suspiros do outro. Naquele momento pertencia à Jungkook. Entregava-se por completo. Queria dizer o quanto o queria para si. Queria gritar ao mundo o que sentia pelo garoto que namorava sua irmã. Nada mais importava.

Abandonou o pênis e desceu até o ânus do garoto. Sabia o quanto ele gostava daquele carinho, e iria lhe dar tudo o que podia, mesmo que não pudesse muitas coisas. Umedecia sua região mais íntima com cuidado e paixão, era diferente das outras vezes, já que lutava internamente contra algo que crescia e florescia dentro de si.

Admitir seus sentimentos foi libertador.

Sentiu uma mão de Jungkook em seus cabelos, puxando-os com desespero e agressividade, quase como se quisesse enfiá-lo dentro de si. Aumentou a movimentação da língua no músculo do mais novo, sentindo as pernas dele tremerem e fecharem-se acima do seu corpo, apertando-o com vontade. Os gemidos eram abafados e manhosos. Taehyung sentia-se completo.

De repente sentiu a mão que antes atacava seus cabelos, puxar seu rosto para cima, orientando seu olhar ao rosto do mais novo, que segurava a outra camisinha próxima a boca, e que lentamente mordeu o pacotinho, abrindo-o. Depois da cena pornográfica que vira entre as ranhuras do lençol, percebeu que o moreno lhe entregou o pacote aberto.

— Na toca, mas só hoje — disse sem desfazer o contato visual.

Taehyung pegou a camisinha e direcionou até o próprio pênis, ao mesmo tempo que subiu em cima do corpo branquinho tão contrastante com o seu tom de pele.

Abriu mais as pernas do mais novo e se posicionou gostoso naquele local. Deixou o pênis roçar as nádegas e direcionou suas mãos para o rosto do mais novo, segurando sua face com firmeza e cuidado.

— Gosto de fazer essas coisas com você, Jungkookie — disse sério, reparando em todos os tons de marrom que habitavam a íris do outro. Sentiu o ex-cunhado repetir sua ação, repousando seus dedos em seu rosto.

— Eu gosto de estar com você, Taehyungie — disse sustentando um sorriso sincero no rosto.

Taehyungie? — riu.

— Não vou usar o mesmo apelido do Yoon — debochou, rolando os olhos.

— Ah, mas é muito ciumento mesmo. — Mordeu o lábio do garoto e em seguida deixou vários selares antes de voltar a fitá-lo. — Tudo bem, Jungkookie, aceito esse apelido. — Voltou a olhar os detalhes do rosto do outro, passando o polegar na pele dele. — Gosto dessa pintinha. — Deixou um beijinho no sinal que Jungkook tinha embaixo do lábio.

— Também gosto das suas — respondeu.

— Tenho tanta coisa para te falar. — Voltou a olhar nos olhos dele.

— Então fala. — Parecia ansioso.

— Ainda não, vai que você desiste de transar na minha toca. — Fechou os olhos em uma brincadeira particular.

Sentiu mais um beijo se iniciar, assim como sentiu o corpo arrepiar com os toques do mais novo na parte de trás de seu torso. Encaminhou as mãos até o próprio pênis e o direcionou até a entrada do outro.

— Se doer você avisa? — Sua fala era carregada de preocupação.

— Aviso sim. — E beijou-lhe antes de afundar novamente seu rosto no pescoço amorenado.

Forçou a entrada, sentindo as unhas encravarem em sua pele e uma mordida um pouco mais forte ser deixada em seu pescoço. No entanto, dessa vez a entrada foi um pouco mais rápida do que da primeira vez. Sentiu-se completo e engolido pelo corpo alheio e repetiu o ato da primeira vez, retirando o membro por completo.

— Doeu muito?

— Suportável — respondeu claramente desconfortável com a dor ocasionada.

Beijou-lhe a cabeça, sentindo o cheiro de seus cabelos, que exalavam um pouco de tabaco. Jungkook agora tinha seu cheiro.

— Vou colocar de novo — avisou antes de voltar a forçar a entrada de seu membro no ânus do moreno.

Sentiu as paredes da cavidade lhe engolirem e Jungkook soltar um suspiro profundo, que não lembrava mais desconforto, e sim prazer. Introduziu o pênis lentamente, querendo aproveitar todo o prazer que podia sentir.

Era mais do que penetração. Era mais do que apenas sexo. Era uma junção de personalidades opostas. Uma equação química que podia explodir e acalmar ao mesmo tempo. Sentia-se dentro do outro, sentia-se completo.

Começou a se movimentar lento e delicado. Sentindo o aperto envolver-lhe como nunca antes. Jungkook arfava baixinho contra a pele de seu pescoço. Estocava com cuidado e desejo, querendo prolongar aquilo para sempre. Seus corpos, completamente colados e cobertos, suavam em conjunto, formando uma pocinha, fruto do tesão dos dois, na região dos umbigos, que se misturava com o líquido viscoso pré-sêmen que saia da glande de Jungkook e com o seu adorno de aço cirúrgico.

Jungkook passou a apertar as nádegas de Taehyung, em uma forma não verbal de dizer-lhe para aumentar a velocidade. O mais velho entendeu o pedido e se apoiou em um dos seus braços.

— Vamos experimentar algo, Jungkookie?

— Vamos — riu —, Taehyungie.

— Besta — riu e negou com a cabeça, enquanto direcionava uma das mãos para uma das pernas do outro. — Coloca aqui. — Levantou-se um pouco, ficando quase de joelhos, enquanto repousava a perna de Jungkook em seu ombro.

A outra perna foi direcionada sozinha até o outro ombro. Taehyung pendeu o corpo para frente um pouco, fazendo Jungkook gemer e morder o próprio lábio, com o contato mais profundo que o pênis tinha. O mais velho ajeitou o lençol, para que continuasse os cobrindo.

— Nossa toca — disse simples.

— Para com essa merda — riu em falsa desaprovação.

Sorriu e voltou a se movimentar lentamente, soltando gemidos aliviados e desejosos.

— Céus, que gostoso que é isso. — Não aguentou e mordeu a perna esquerda do mais novo.

— Hum, para mim está, bem, hum, mais ou menos — provocou. — Por que não me faz implorar, Taehyungie?

Taehyung mordeu o lábio durante um sorriso que terminou em uma passada de sua língua pelo mesmo local. Adorava o jeito marrento e provocador do garoto cheio de mimos e manhas embaixo de si.

— Quer implorar, é? Gosto assim.

Começou a provocá-lo, enfiando o membro inteiro dentro do ânus e pressionando-o lá dentro antes de retirá-lo por completo sem nenhuma pretensão de aumentar a velocidade. Sentiu o ânus se contrair, apertando-o ainda mais, como se quisesse prendê-lo dentro de si.

Começou a esfregar a glande envolta pelo látex na entrada do outro, sem de fato entrar. Via Jungkook se contorcer delicioso e sorrir entre gemidos sôfregos. Introduziu apenas a glande e passou a dar pequenas estocadas mais rápidas, sem adentrá-lo com todo seu volume. Em sua cabeça implorava para o garoto implorar logo, não aguentava mais.

Continuava com aquela tortura sexual, mas Jungkook birrento não cedia. Maldito teimoso! Precisou apelar para técnicas mais abruptas. Com uma das mãos, agarrou o membro de Jungkook, retirando a mão do garoto de seu próprio pênis. Passou a masturbá-lo na mesma velocidade em que lhe estocava.

Massageava rapidinho apenas a glande, assim como sua própria glande estocava cheio de velocidade, às vezes entrando fundo e lento, movimento este copiado por sua mão ligeira.

— Você é um desgraçado, Taehyung — reclamou, tampando o próprio rosto. — Cacete!

— Implora, vai? — Voltou a retirar o membro por completo, enfiando apenas a glande novamente, voltando a estocar, no entanto de maneira muito mais lenta do que nunca.

— Não, não, não — ria enquanto dizia, tremelicando o corpo em resposta. — Não vou… ai, caralho.

— Adoro sua boca suja, Jungkookie — arrastou o apelido mais que o natural.

— Eu imploro, imploro muito para você fazer logo.

Taehyung sorriu cheio de más intenções e não só parou bruscamente, como se retirou por completo de dentro do outro.

— Fazer o quê?

— Ah, você sabe, não se faça de besta, mais do que é — retrucou.

— Engraçado, não sei não, Jungkookie.

— Transar comigo — disse rápido.

— Não… quero que implore com a boca suja que eu sei que você tem.

Viu Jungkook ficar vermelhinho e cobrir o rosto. Riu da situação, tentando ignorar que estava tão desesperado quanto o outro.

— Imploro para você me foder, Taehyungie — disse cheio de vergonhas.

— Que delícia. — Puxou o ar entre os dentes, fazendo um barulho que fez o outro gemer manhoso.

Posicionou-se novamente, pendendo o corpo para frente, encaixando-se perfeitamente no corpo alheio. Voltou a introduzi-lo com pouca velocidade, no entanto, desta vez foi aumentando a rapidez das estocadas de maneira gradativa.

Arfava em sofrimento, não só pelo aperto do ânus do outro, mas também pelos sonzinhos manhosos que escapavam da boca do moreno. Adorava o jeito bruto e marrento do ex-cunhado que, aos poucos, descobria ser uma delícia na cama.

Aumentou a velocidade em um ponto que estava sofrível. Não queria gozar antes de Jungkook. Odiava ir primeiro do que o parceiro. Sentia-se sempre muito mais satisfeito por dar prazer do que em receber. Essa era uma característica sua.

— Não, pa-para, Tae-Taehyungie. — Ouviu o outro dizer sôfrego entre gemidos entrecortados. Sentiu-se bem por vê-lo daquela maneira e aumentou ainda mais a velocidade, indo cada vez mais fundo.

Percebeu ter tocado a próstata do outro quando ele deixou escapulir um gemido mais alto, e em seguida uma mordida no próprio braço. Seu rostinho, que às vezes parecia infantil, estava todo contraído, assim como seu interior.

Sentiu as mãos branquelas entornarem seu dorso e as unhas judiarem de sua pele, em um profundo desespero. Ele apertava aos olhos enquanto tentava controlar as arfadas descontroladas mantendo os lábios fechados, com muita força.

— Isso, isso — ele disse e foi o suficiente para Taehyung usar toda a força que ainda lhe restava no corpo. Não aguentaria mais. De maneira desajeitada, conseguiu tocar a glande do garoto, passando a estimulá-la de maneira descontrolada. — Ai, não… não… não para, eu não… eu não a-aguento mais…

Foi tudo o que o outro disse antes de melecar seus dedos com gozo e suor. Taehyung sorriu satisfeito, vendo o corpo do ex-cunhado amolecer e se desfazer em espasmos regados à sorrisos desesperados.

Aumentou a velocidade e se permitiu gozar, mordendo os lábios para controlar o volume do seu prazer. O próprio corpo quis despencar. Sem dúvida aquela era a melhor trepa de sua vida.

Retirou as pernas de cima de si e jogou-se, completamente exausto e sorridente ao lado do mais novo, que ainda se contorcia um pouco. A respiração de ambos era descoordenada e ofegante.

Olhava o rosto molhado de Jungkook, sua respiração fraca e profunda. Os olhos fechados e a boca entreaberta, que sustentava um sorriso mínimo. A mão do garoto repousava em cima do próprio peito. Taehyung levou sua mão de encontro à mão dele, voltando a brincar com os dedos dele.

— Para de olhar para mim — disse cansado e levemente ruborizado.

— Olho sim — retrucou e sentiu o mais novo jogar um travesseiro em seu rosto. Risadas preencheram o vazio ocasionado por aquele cansaço bom. Taehyung tirou o travesseiro de cima do rosto e repousou sua cabeça em cima dele.

— Que horas serão agora? — Fitava as mãos que agora brincavam com o lençol que ainda os cobria.

— Não faço a mínima ideia, espera aí. — Fez menção de se levantar, mas o de cabelos arroxeados o puxou de volta para a cama.

— Não pode sair da toca! — disse rindo.

— Desde quando você é tão infantil? — disse sério, quase bravo. Mas Taehyung o quebrou quando lhe roubou um beijo mais macio do que os demais.

Agora se beijavam devagar. Era calmo e cansado. Jungkook brincava com as dobrinhas naturais da cintura de Taehyung, enquanto ele lhe acariciava os cabelos úmidos de suor. Passaram algum tempo naquele beijo carinhoso, até ele se interromper sozinho.

— Foi bom? — perguntou baixinho.

— Acho que estou viciado em você, Taehyungie — respondeu ainda de olhos fechados. — E para você? Foi bom?

— Ah, foi — disse despreocupado. — Afinal trepamos em uma toca… ai — reclamou de um tapa que recebeu.

— Só pela toca, hum, sei… mas agora preciso ver a hora mesmo. — Abriu os olhos e puxou o lençol para baixo.

— Ah, minha toca — grunhiu com um bico reprovador nos lábios.

Jungkook sentou-se na cama e buscou pelo celular no criado mudo. Usou sua digital para desbloquear o aparelho.

— 6:10, já já ele desperta.

Ouviu isso e puxou o corpo do mais novo novamente para deitar-se ao seu lado. Jungkook se deitou e puxou o corpo do mais velho, aninhando-o em seu peito.

Descansaram nos cinco minutos restantes antes do despertador criar vida própria. Estavam conectados de uma maneira gostosa, sensual e íntima. Taehyung deitou um selar breve no peito do garoto.

O despertador tocou, fazendo Taehyung reclamar e gemer como um moribundo prestes a morrer. Agarrou-se ao corpo do mais novo, tentando fazê-lo não levantar. Começaram então uma guerrinha, onde Jungkook tentava levantar e Taehyung tentava impedi-lo, mas o mais novo era mais forte e logo ganhou a guerra.

Trocaram-se com preguiça e risadas, trocando carícias e piadas. Jungkook saiu primeiro, conferindo se Taehyung poderia sair em segurança e sem ser visto naquele momento.

Taehyung deixou o prédio do ex-cunhado de maneira alegre. Sentia-se realizado e feliz. Caminhava querendo cantarolar. Sorria sozinho, e às vezes pensava que os outros deveriam o achar maluco. Não fumou. Não sentiu vontade.

Chegou em casa. Precisava carregar o celular mais um pouco e tentar inventar alguma infecção grave para faltar ao trabalho. Não sentia vontade de carregar caixas, queria tomar um banho longo e se jogar na cama, abraçar o travesseiro e sorrir repassando toda a alegria que acabara de viver.

Estar apaixonado por Jungkook era a melhor coisa que ele poderia desejar.

Entrou em casa, retirando os sapatos antes de entrar. Estava nas nuvens, com uma felicidade que não cabia no peito. Fechou a porta atrás de si, segurando os sapatos nas mãos.

— Que bicho te mordeu, menino? — A voz seca da tia invadiu seus ouvidos. Sorriu para a senhora e caminhou até ela, deixando-lhe um beijo afetivo na testa.

— Bom dia, tia. Não vou trabalhar hoje, mas quero café — disse, fazendo a senhora ranzinza franzir o cenho em desconfiança.

— O que aconteceu?

— Nada, tia, nada. — Caminhou até seu quarto, abrindo-o e adentrando o cômodo apertado.

Jogou-se na cama e agarrou o travesseiro, sorrindo largo. Apertava o objeto fofinho contra o peito com força, mantendo os olhos fechados com força. Revivia todos os momentos que acabara de viver. Ficou alguns instantes assim, quando se lembrou do celular.

Conectou o aparelho na tomada e decidiu ir tomar banho. Separou roupas limpas e uma toalha. Abriu a porta e quando saiu, viu Dahyun sentada, de pijamas ainda — o que não era habitual —, na mesa, de cabeça baixa. O coração apertou imediatamente.

Caminhou até a garota lentamente e sentou-se na cadeira ao lado.

— Dahyun? O que foi? — questionou, mesmo que soubesse o que a entristecia.

— Jungkook terminou comigo — disse cabisbaixa.

Ficou imediatamente sem palavras. O coração, antes pulsante, vibrante e feliz, agora se despedaçava aos pouquinhos, perdendo cor e vida. Ver o rostinho dela daquela maneira era desesperador. Dahyun sempre ficava triste com os términos, mas ela parecia mais triste do que outras vezes.

— Por quê? — Sua voz era mais baixa, mas agora por conta de uma tristeza que invadia seu peito.

— Não sei… ele terminou por mensagem.

— Eu disse para você não pedir para terminar com ele, ele deve ter ficado inseguro, sei lá. — Não pensou para responder, deixando apenas que as palavras apenas escapassem da sua boca.

— Eu sei, mas agora, não sei mais…

— Já tentou conversar com ele? — Queria proteger a irmã daquela dor. Queria arrancar dela e colocar em si. Não suportava ver os olhos tão cheios de vida, demonstrarem algo tão morto e feio.

— Não tenho forças, não consigo pensar em olhar para ele, sinto que vou desmoronar — disse e tampou o rosto, começando a chorar.

Taehyung sentiu o corpo se encher de desespero e culpa. Puxou o corpo da garota para seu colo, confortando seu choro, enquanto sentia um mar de lágrimas infelizes formarem em seus olhos. Ela sofria, e a culpa era sua. Ele era o pior irmão que ela poderia ter.

Ela chorava de maneira copiosa no ombro do irmão, que afagava seus cabelos sujos e desgrenhados. Deixou um beijo no topo da cabeça dela e a afastou de si, segurando-a pelo queixo, para garantir que ela o olhasse.

Fedéca — usou o apelido que ela odiava quando eram crianças inocentes e felizes, mas que naquele momento a fez sorrir triste —, vai ficar tudo bem, eu prometo, agora vai tomar um banho. Você não pode deixar ele saber que é tão importante assim na sua vida, não dê esse gostinho a ele, hum?!

A menina sorriu um pouco mais, olhou para cima e sentiu os dedos do irmão secarem suas lágrimas. Concordou brevemente com um acenar de cabeça.

— Escuta aqui, não vou trabalhar hoje, você pode faltar na faculdade hoje e nós vamos fazer alguma coisa juntos, pode ser? Um sorvete e compras, mulheres amam compras — sorriu empático e sincero, estava morrendo por dentro. — Mas você precisa tomar banho, não vou sair com uma fedéca. — A garota riu com mais vontade.

— Não me chama assim, orabeoni — reclamou com um sorriso inchado.

— Mas quem não gostava de tomar banho era você! — brincou.

— Eu tinha cinco anos, ou menos! — retrucou com mais humor.

Ver Dahyun sorrir aqueceu seu coração moído de dor. Havia prometido nunca deixá-la sofrer. Sentiu-se um idiota egoísta. Respirou fundo e se levantou, puxando a garota com cuidado. A viu entrar no banheiro e voltou ao quarto com lágrimas nos olhos.

Abriu o aplicativo de mensagens prestes a chorar. Precisava falar com Yoongi.

[Hoje 06:48] Está acordado?.

Visualizada hoje 06:48.

[Hoje 06:48] Não.

[Hoje 06:48] Preciso que me convença que não sou um imbecil.

Visualizada hoje 06:48.

[Hoje 06:49] Difícil. Como foi ontem com o amorzinho? xD

[Hoje 06:49] Foi… incrível

Visualizada hoje 06:49.

[Hoje 06:50] E me odeio por isso!

Visualizada hoje 06:50.

[Hoje 06:50] Onde está agora?

[Hoje 06:50] Em casa.

Visualizada hoje 06:52.

[Hoje 06:52] Viu a Dahyun né!?

[Hoje 06:52] Sim. Eu sou um monstro egoísta.

Visualizada hoje 06:52.

[Hoje 06:52] Vai tomar no cu, Taehyung!

[Hoje 06:52] Já conversamos sobre isso.

[Hoje 06:53] Você também merece ser feliz.

[Hoje 06:53] E outra, não é culpa sua o Jungkook ser viado.

[Hoje 06:53] Eu sei, mas…

Visualizada hoje 06:53.

[Hoje 06:54] Mas o cacete. Se você abrir mão de você mesmo de novo, juro que não falo mais com você.

[Hoje 06:54] Mas ela está péssima, e a culpa é minha.

Visualizada hoje 06:54.

[Hoje 06:54] Dahyun chorando por amor não é novidade.

[Hoje 06:55] E a culpa é parcialmente sua, sim, mas o outro gosta de alargar o furico, isso já não tem a ver com você.

[Hoje 06:55] E fora que ela sempre fica assim e supera, logo ela está com outro namoradinho.

[Hoje 06:55] E pense pelo lado positivo, agora você tá todo amandinho, não vai atrapalhar o namoro dela e ela será feliz para sempre.

[Hoje 06:56] Será?

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[Hoje 06:56] Aposto com você. Dahyun arranja namorado fácil.

[Hoje 06:56] Verdade.

Visualizada hoje 06:56.

[Hoje 06:56] Então, console ela, e só, certo?

[Hoje 06:57] Certo. Não vou abrir mão de mim de novo.

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[Hoje 06:57] Acho bom.

[Hoje 06:57] Obrigado

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[Hoje 06:57] Obrigado o caralho. Me deve uma cerveja.

[Hoje 06:58] Mercenário.

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[Hoje 06:58] Te vejo hoje?

[Hoje 06:58] Sim.

Visualizada hoje 06:59.

[Hoje 06:59] Quero detalhes! Lembre-se! DE-TA-LHES!!!

Fechou o aplicativo e sorriu, suspirando de olhos fechados. Dessa vez iria dar prioridade à sua felicidade.

{…}

O sábado era quente e ensolarado.

Yoongi exprimia o seu humor ácido de costume, principalmente por Taehyung ter lhe arrancado de casa antes das 10:00. Estava ansioso demais. Não via a hora de ver Jungkook dançar.

Os últimos dias foram um grande exercício para si mesmo. Yoongi foi uma peça importante em sua autoestima, sempre o fazendo desistir da ideia de abrir a mão de sua felicidade. E esse era um dos muitos motivos pelos quais mantinha sua amizade com o mais velho, mesmo depois de terem terminado o relacionamento.

Com muita dificuldade — e xingos — investiu em ficar com Jungkook. Eles estavam cada vez mais conectados, mais íntimos e mais companheiros. Visitava-o todos os dias. Transavam em alguns, e em outros apenas conversavam sobre milhões de coisas, enquanto trocavam cafunés e massagens.

Yoongi o zoava constantemente, dizendo sobre seu sorriso idiota e seu brilho apaixonado no olhar. Ele já não perdia tempo tentando negar. Era verdade, afinal.

O convite para o festival de dança havia sido refeito, agora pelo som harmonioso da boca de Jungkook. Não poderia negar a esse convite. Fez manha e disse que não iria, mas nada que um beijo e um boquete não o ajudassem a mudar de ideia.

Dahyun continuava triste, mas já conseguia ir para a faculdade. Taehyung aprendia a ser um irmão melhor, dedicando parte de seu dia à irmã, a fim de consolá-la e diverti-la. E foi nesses consolos culposos que descobriu que ainda tinham alguns traços comuns.

Já não era tão insuportável estar na presença dela. Guardava em seu coração a lembrança de uma madrugada em que a encontrou acordada, chorando sozinha na sala. Naquela madrugada silenciosa jogaram UNO até amanhecer. Ambos cancelaram seus compromissos da manhã, pois haviam bebido demais, e Dahyun dormiu em seus braços no sofá da sala.

Ela não queria mais dançar no festival, mas Taehyung a incentivou, não por Jungkook, afinal ele dançaria com outra pessoa se ela não pudesse ir, conforme ele havia lhe contado. A incentivou porque também queria a ver dançar. A fez provar o collant caro e bonito e a elogiou. Sua vida estava cada vez melhor.

Segurava a tornozeleira embrulhada em papel barato de presente dentro do bolso. Havia finalmente se decidido contar ao garoto sobre seus sentimentos e perguntá-lo sobre os deles. Queria chamá-lo de namorado. Queria ser dele.  Queria mais do que queria qualquer outra coisa, mais do que ser médico.

Yoongi reclamava sobre o atraso de Hoseok, mas Taehyung não conseguia prestar atenção. Queria arranjar um bom lugar para ver o dono de seus suspiros dançar. Encontrou um local adequado e quase explodiu em ansiedade.

— Ali — quase gritou apontando o local. — Vamos, antes que ocupem.

— Vai lá você, vou esperar o Hobi.

Assentiu e foi, sentando-se na cadeira vaga que ficava no meio, mas ainda assim próxima ao palco. Apertou o presente no bolso novamente. O sorriso não largava mais seu rosto.

— Taetae — a voz de Hoseok se fez presente. — Que horas começa?

— Daqui a pouco.

— Está nervoso? — perguntou rindo.

— Ele vai explodir em breve, vai pedir o namoradinho em namoro — Yoongi respondeu enquanto se sentava. — Será que tem cerveja aqui?

Mas antes que ele pudesse ser respondido, uma música começou, silenciando todos os presentes, que voltaram a atenção ao palco, onde um homem de meia idade entrava vestido à rigor.

— Bom dia, senhoras e senhores. Daremos início ao festival de dança contemporânea deste semestre. O primeiro casal, Dahyun e Jungkook, apresentarão uma versão de Wicked Game.

Taehyung sentiu o coração pular. Não imaginava que eles seriam os primeiros. Estava ansioso a ponto de apertar os próprios dedos. Sentiu Yoongi pegar suas mãos e apertá-las. Olhou para o amigo que sorriu para si, numa maneira de confortá-lo.

As luzes do local diminuíram, dando lugar à uma iluminação azulada indireta. O silêncio pairava em toda a plateia. Taehyung nunca havia ido a algo assim, não sabia como se portar.

Olhava para as mesas próximas, tentando captar dicas do que deveria fazer. Não sabia se precisava aplaudir ou ficar em silêncio. Sentia-se um peixe fora d’água. Estava desconfortável naquela situação. E então começou a reparar que as pessoas vestiam roupas chiques, feitas de tecidos caros.

Olhou para si e para os amigos. Sentiu vergonha de si mesmo, usando jeans, tênis e regata. Tocou a própria tatuagem e sentiu raiva dela pela primeira vez. Ele não estava adequado à ocasião. Nunca havia se importado com essas formalidades, mas naquele momento sentia-se mal.

Ouviu Hoseok perguntar para um casal se vendiam cerveja ali. Quis morrer. Ele não era culto. Não tinha amigos cultos. Não entendia nada de dança, e nem de arte nenhuma. Ele era apenas um cara ogro que fazia ensino supletivo e trabalhava no mercadão.

A cortina se abriu revelando Dahyun séria, usando o collant e uma saia solta, de costas para Jungkook, igualmente sério, que usava uma calça confortável e uma camisa social que combinava com as cores da roupa dela. Taehyung sentiu borboletas remexerem em seu estômago, ele estava lindo.

A música, acappella, iniciou e Jungkook se aproximou de Dahyun, segurando-a pela cintura. Ela arfou de olhos fechados e segundos depois rodopiava nos braços deles. Jungkook era forte e aguentava o peso mínimo da garota.

Taehyung estava vidrado na apresentação. Nunca vira algo tão belo, sincronizado e emotivo. Agora entendia o que a irmã queria dizer quando lhe falava que a dança comunica emoções. Quase não piscava.

Dahyun deslizava com delicadeza entre os dedos de Jungkook como se pudesse voar. Ele a tocava com cuidado. Olhava-a com carinho. Segurava-a com firmeza. Taehyung podia ver o quão concentrados e conectados estavam, o quanto confiavam um no outro.

Descalços e unidos. Íntimos. Ela pulava nos braços dele e ele a prendia em sua força. Separavam-se e ele corria atrás. Ela o correspondia. Suspensa nos ares pelo amor dele. Era lindo e completo. Taehyung sentiu-se patético. Eles eram lindos juntos. Combinavam como o mar e a areia, que se misturam e se completam formando algo mais belo ainda.

Mais um rodopio no ar, mais um rodopio no chão. Muita concentração e conexão. Ele a puxou no chão, que pulou delicada como uma pluma em seus braços, e um beijo em sua testa foi dado. Ela foi ao chão, puxando-o pela mão. E então ele se deitou em cima dela, encaixando-se em seu abraço. Encostando sua cabeça na dela, enquanto ela o segurava no rosto.

E um selinho foi depositado nos lábios dela.

A música entrou em fade-out e os aplausos tomaram conta da plateia, enquanto a luz diminuía de maneira gradativa. Os dois continuavam na mesma posição até as cortinas se fecharem por completo.

Taehyung queria chorar com sua regata surrada. Saiu da mesa sem dizer nada, levando consigo a carteira de cigarro. Yoongi até tentou questioná-lo sobre onde ia, mas o ignorou, caminhando em direção à saída.

Saiu em fúria e gritou de ódio, começando a querer chorar. Acendeu o cigarro e o tragou com vontade de morrer. Pegou o presente em seu bolso e o apertou entre os dedos. Não era justo, não com Dahyun, e sim com Jungkook. Eles combinavam. Eram lindos e amavam a mesma coisa.

Rasgou o pacote do presente e olhou a tornozeleira feita à mão, com falhas ridículas e improvisadas. Prendeu o cigarro nos lábios e com as mãos livres estourou o presente feito com carinho. Viu as sementes e conchas esparramarem-se no chão. Pisou naqueles penduricalhos sentindo a culpa e ódio lhe corroerem.

O que ele poderia oferecer a Jungkook? Uma tornozeleira barata feita à mão? Sexo? Uma hora ele se cansaria disso. Taehyung não tinha nada. Estudava matérias atrasadas da escola e trabalhava carregando caixas de frutas. Vivia suado e com cheiro de tomates apodrecidos. Quando cansado dormia no “lixão” do trabalho.

Seus assuntos eram banais, assim como sua vida. Não entendia nada de arte, era um ogro desbocado e mal-educado. Mal conseguia tirar os sapatos para entrar em casa. Comia pizza com as mãos, fumava e bebia em excesso.

Jungkook não merecia isso para sua vida. Sentia que ele seria um peso morto na vida do outro. Pior! Ele seria uma âncora que não o deixaria seguir viagem. Isso se não fosse uma âncora pesada o suficiente para afundá-lo.

Não iria fazer isso com Jungkook.

Gostava dele demais para acabar com seu futuro.

E, naquele momento, desistiu.

Abriu, novamente, mão da sua felicidade, em detrimento da felicidade de outra pessoa.

Queria que Jungkook fosse feliz.

{…}

Fitava o teto de maneira apática, enquanto tragava o cigarro, mais um. Oitavo desde que começara a contar. Jogado no sofá de casa, não se importava onde as cinzas caíam.

Lembrava da dança do casal e do sexo dos dois. Dahyun podia dar à Jungkook algo que ele próprio não podia. Além de uma família com filhos, podia segui-lo profissionalmente. Com a mente livre, começou a imaginar e ver um futuro para o moreno.

Ele e Dahyun ensaiavam juntos em uma sala de espelhos ampla. Ele estava tão belo quanto ela. A dança sensual era interrompida pelo som de duas crianças que entravam correndo e felizes. Em poucos instantes a família dançava unida e forte. Um futuro que Taehyung nunca poderia lhe proporcionar.

Eles dois eram uma aventura afinal.

Ao seu lado, só podia imaginar um Jungkook tendo que trabalhar em locais de menos prestígio, sem filhos e sem felicidade. Imaginava contas atrasadas e problemas na relação. Ele tendo que assumir dois empregos para minimamente comprar roupas decentes para apresentações minúsculas. Um futuro que lhe enchia os olhos.

Jungkook não merecia isso. Merecia mais, merecia o mundo.

Sério e compenetrado em sua tristeza não ouviu quando a porta se abriu.

— Orabeoni? — a voz de Dahyun se fez presente de maneira calma, retirando-o de seu devaneio.

— Oi — respondeu seco, voltando a tragar seu cigarro.

— Ficamos te procurando, o Yoongi disse que você havia saído para fumar e não voltou. — Sentou-se embaixo das pernas do irmão.

— Você dança muito bem, fiquei emocionado, não sei assistir essas coisas — respondeu sincero.

— Obrigada — sorriu mínimo. — Queríamos ter ido comemorar, mas fiquei preocupada.

— Vocês combinam demais. — Sentou-se, olhando para a irmã.

— Não diga isso, me deixa triste.

— Eu não queria ter que te contar isso, mas depois da conexão que vi em vocês hoje, não podia mais ficar quieto.

— Do que está falando? — Ela parecia confusa.

— Eu e Jungkook nos aproximamos muito, todos os dias eu ia à casa dele depois da aula.

— Como assim?

— Eu sabia que ele tinha terminado com você, ele mesmo me contou.

— E por que me escondeu isso? — Estava apreensiva.

— Porque não podia interferir, mas agora não posso mais ficar quieto. — Apagou o cigarro, jogando a bituca acesa em um copo cheio de água e restos de cigarro.

— Fala logo, estou nervosa.

— Ele estava querendo te pedir em casamento.

Um silêncio se fez. Dahyun estava chocada com a revelação do irmão. Fitava o irmão com um semblante perdido e confuso.

— Mas ele ficou inseguro depois que você quis terminar, e acabou recuando. Desde então eu continuo o visitando para fazê-lo entender que você estava assustada com nossa aproximação.

— Casamento?

— Sim. Ele te ama. Mais do que tudo nessa vida — disse tentando sentir verdade em suas palavras.

— Isso… não parece real. — Lágrimas se formavam no rostinho doce dela.

— Você não pode comentar isso com ninguém, eu continuarei falando com ele, ouviu?! — Aproximou-se do corpo cansado dela e a puxou para um abraço que a fez começar a chorar imediatamente. — Eu falei que tudo ia ficar bem, e vai. — Seus olhos marejaram e ele agradeceu mentalmente por ela não estar olhando para ele. — Eu quero que vocês sejam felizes, assim como o pai e a mãe eram.

E com essa fala, Dahyun passou a chorar mais ainda, apertando o corpo amorenado do irmão em um abraço sofrido, que cortou o coração do mais velho.

Taehyung desfez o abraço e voltou a secar os olhos da irmã, mantendo um sorriso triste no rosto. Beijou as mãos dela e a testa em seguida. Sem dizer nada se levantou e caminhou até o seu quarto.

Estava arrasado. O coração doía, estava despedaçado. Um gosto amargo pintava sua boca. Não conseguia identificar mais suas emoções. Era um misto de sensações desagradáveis e confusas. As lágrimas custavam a ficar no lugar, escorrendo aos poucos e umedecendo o rosto desapontado de Taehyung.

Ainda encostado na porta do quarto, martirizava-se. Não tinha mais forças para andar até a cama. Depois de acostumar-se com carinho e atenção, seria muito doloroso voltar a só cuidar das finanças e se preocupar com os sonhos da irmã e com a saúde da tia.

A dor rasgava sua alma, se é que tinha uma alma. Arrastando os pés pesados, chegou à cama, onde jogou-se em posição fetal. Apertava os olhos na mesma intensidade em que apertava os joelhos contra o corpo. Quem ele pensava que era para ir atrás de sua felicidade?

Mentiu para ela. Mais uma vez. A vida dela era uma mentira. Uma mentira criada por ele.

A vida toda, Taehyung pintou cenários belos em volta dela, para esconder a parte feia do mundo. No fundo, fazia para a irmã algo que sempre sonhou que fizessem por você. Desejava que tivessem mentido para ele, para protegê-lo. Mas isso nunca aconteceu. A verdade sempre veio nua e crua para si, sem pedir licença ou desculpa.

Sentia o celular vibrar mais uma vez de maneira desesperada.

Jungkook. De novo.

Ignorou a ligação pela quinta vez e ligou para Yoongi. Precisava do amigo.

Onde caralhos você está? — gritou irritado.

— Hyung… — Sua voz era embargada.

O que aconteceu? — Agora estava preocupado — Está chorando? Onde está?

— Em casa.

Estou indo para aí agora, me espera.

A ligação foi encerrada. Abriu o aplicativo de mensagens, 11 mensagens de Jungkook. Sentiu os olhos se encherem de novo.

[Hoje 10:23] Te vi na plateia! Estava muito bonito!

[Hoje 10:23] Daqui a pouco vou sair daqui, a gente pode se encontrar escondido no estacionamento? Quero te beijar.

[Hoje 10:33] Já saí, me avisa quando for pro estacionamento.

[Hoje 10:47] Cadê você? Não estou te vendo com o Yoongi.

[Hoje 10:51] Aconteceu alguma coisa?

[Hoje 11:03] Você lembra que eu te contei do selinho, não?

[Hoje 11:03] Ficou chateado por isso? Eu te falei, você disse que não tinha problema.

[Hoje 11:05] O selinho não significou nada para mim. Eu juro.

[Hoje 13:42] Por que não está me atendendo?

[Hoje 13:59] Por favor, me diz o que eu fiz. Eu te magoei?

[Hoje 14:37] Não some. Por favor.

Fitou as mensagens com tristeza. Queria responder, mas não se permitia. Queria correr para os braços dele e dizer-lhe o quanto era apaixonado por ele.

Ouviu uma batida pequena na porta, que em seguida foi aberta e fechada. Não olhou quem era. Sabia que era Yoongi. Suas suspeitas foram confirmadas quando sentiu o abraço por trás, vendo a pele extremamente alva rodear seu corpo encolhido.

Ficaram em silêncio e Taehyung voltou a chorar. Yoongi não disse nada. Tantos anos de amizade eram o suficiente para ele saber que Taehyung havia feito uma merda grande.

— O que você fez? — cortou o silêncio finalmente.

— Desisti.

— Por quê?

— Porque Jungkook merece algo melhor do que eu.

— E quem disse que você não é bom o suficiente?

— Olhe para mim, Yoon, somos completos opostos.

— Mas você gosta dele e eu tenho certeza que ele gosta de você. Ele veio me perguntar de você.

— E quando a paixão passar? Eu serei um peso morto na vida dele.

— E se você não for?

— Não tem como…eu sou inútil perto de todas as possibilidades que ele tem para o futuro dele.

— Mas você está ignorando a vontade dele.

— Isso é o que eu faço de melhor.

— Não, você é mestre em ignorar as suas vontades.

— Isso também.

— E o que pensa em fazer? Chega nele e dizer, foi bom te conhecer?

— Disse para Dahyun que ele queria se casar com ela.

Yoongi soltou o abraço e pulou para o outro lado, para encarar com indignação o rosto inchado do amigo. Ia começar uma briga ferrenha, mas desistiu ao ver a tristeza personificada em sua frente. Nunca havia o visto tão mal.

— Por que fez isso?

— Ela vai fazê-lo feliz. Eu sei que vai.

— Tae… — Puxou o amigo para um abraço. — Eu juro que se eu e o Hoseok não dermos certo, eu dou o cu para você.

Taehyung riu sem humor e bateu de maneira fraca no melhor amigo.

— Sem chance, agora te vejo como irmão.

— Não ligo para incesto. — Forçou uma risada.

— Você é todo errado.

— Sou seu amigo, né?! — Limpou as lágrimas do amigo. — Vou pedir para o Hobi trazer bebidas e vou imprimir uma foto de Jungkook, vamos brincar com os dardos.

— Ah, não… a carinha dele é muito bonita para ficar furadinha. — Jogou-se na cama.

— Que se foda — disse digitando rápido. — Me dá seu celular. — Salvou a foto de perfil de Jungkook e enviou a si mesmo. — Vou esperar o Hobi chegar.

— Tudo bem. — Sentiu o amigo se deitar ao seu lado.

— Olha, nunca conversei com ele sobre isso, mas se você quiser podemos tentar um relacionamento a três — brincou. — O que acha?

— Acho que você devia calar a boca, ridículo.

— É verdade — Apoiou o rosto na mão, virando-se para Taehyung. — Hobi é passivo e gosta de pau, talvez a gente nem tenha que colocar nossa bunda em jogo.

— Cala a boca — riu mais alto, tampando o rosto do amigo com o travesseiro.

Conversaram e brincaram mais um pouco. Taehyung já não chorava mais, porém o rosto continuava inchado. Um toque na porta e Yoongi levantou para abrir. Era Hoseok, que entrou segurando sacolas nas mãos.

— Trouxe soju e tequila. — Depositou as bebidas no chão. — Nossa, Tae, parece que foi atropelado por um caminhão.

— Quase isso.

Yoongi saiu para imprimir a foto de Jungkook e pediu para que Taehyung explicasse a brincadeira para Hoseok. Taehyung levantou e pegou a placa de dardos com o rosto de Dahyun e entregou para o namorado do amigo.

— Nossa, que horror — exclamou, segurando o objeto nas mãos.

— É uma brincadeira entre eu e o Yoon. Toda vez que eu abro mão da minha felicidade para proteger alguém, a gente coloca uma foto aqui.

— E quem você quer proteger.

— Jungkook.

— Proteger do quê?

— De mim. — Hoseok o olhou incrédulo. — Então, aí cada um joga um dardo, quem não acertar no centro, precisa dar um gole na bebida.

— Melhor já ligar para os paramédicos, eu sou fraco para bebida e péssimo de mira — brincou.

Yoongi voltou com a foto em mãos. Prenderam na placa e começaram a jogar. Ficaram bêbados demais, mas Taehyung já sentia-se mais leve, apesar de ainda se sentir despedaçado. Convidou o casal para dormir consigo. Hoseok protestou, dizendo que não ficaria no meio de dois ativos. Foi ignorado e sofreu as consequências de sua fala, ouvindo piadinhas sobre atacarem ele.

Taehyung não conseguia dormir. Certificou-se que os amigos dormiam e pegou seu celular. Abriu o chat de Jungkook, que trazia mais quatro mensagens.

[Hoje 15:49] Não fique chateado comigo.

[Hoje 16:23] Estou com saudade e triste.

[Hoje 19:07] Espero que seja a bateria, apesar de eu saber que não é.

[Hoje 23:45] Dorme bem, onde quer que esteja.

Respiro fundo. Não chorou. Estava determinado a fazer isso e salvar o outro da tragédia de sua vida medíocre.

[Hoje 00:42] Está acordado?

Visualizada hoje 00:44..

[Hoje 00:44] Onde esteve?

[Hoje 00:45] Não me senti bem e vim para casa.

Visualizada hoje 00:45.

[Hoje 00:45] E por que não me falou? Está melhor?

[Hoje 00:46] Não quis te preocupar. Estou melhor sim.

Visualizada hoje 00:46.

[Hoje 00:46] Você podia ter vindo aqui para casa. Eu cuidava de você.

[Hoje 00:47] Melhor não.

Visualizada hoje 00:47.

[Hoje 00:47] O que foi? Está estranho.

[Hoje 00:47] Preciso conversar com você. Te contar uma coisa.

Visualizada hoje 00:47.

[Hoje 00:48] Quer vir aqui?

[Hoje 00:48] Hoje não. Pode vir aqui em casa amanhã?

Visualizada hoje 00:48.

[Hoje 00:48] Mas e sua tia e a Dahyun?

[Hoje 00:49] Elas vão fazer compras de mês amanhã. Vão ficar um tempão fora.

Visualizada hoje 00:49.

[Hoje 00:49] Tudo bem, que horas?

[Hoje 00:49] Eu te aviso quando puder vir.

Visualizada hoje 00:49.

[Hoje 00:49] Combinado. Mas o que achou de hoje?

Taehyung não respondeu. Bloqueou o celular e tentou dormir. Seria um dia péssimo que viria. Por mais que soubesse que ainda podia desistir, tinha convicção de que essa era a melhor decisão a se tomar.

Dormiu por conta da exaustão do corpo.

Na tarde seguinte, acordou com ressaca moral. Despediu-se dos amigos e tomou café da manhã enquanto a tia e a irmã almoçavam. Dahyun parecia mais feliz do que os demais dias, e isso aqueceu seu coração a ponto de reconstruir um pedacinho quebrado do mesmo.

— Vão no mercado?

— Daqui a pouco — a tia respondeu.

— Tragam umas bolachas para mim.

— Claro, orabeoni.

— Vamos demorar, porque antes do mercado vou visitar uma amiga adoecida — a tia acrescentou. — Vai sair?

— Não.

— Orabeoni, pensei se poderíamos assistir algum filme hoje — disse tranquila. — Você escolhe.

— É uma ótima ideia — sorriu fraco tomando um gole de seu café.

Terminou seu café e foi tomar um banho. Estava pensativo, cansado e chateado. Ensaboava os cabelos sem ânimo quando ouviu a porta do banheiro se abrir.

— Estamos indo, se puder guarde as panelas na geladeira quando esfriar — a voz da tia lhe disse.

— Guardo sim, não esquece minhas bolachas.

— Não esquecerei.

A porta se fechou e Taehyung terminou seu banho sem pressa. Sair do banho seria ter que enfrentar o seu maior pesadelo. Queria adiar esse momento o máximo que podia.

Mas não pode adiar para sempre.

Jungkook bateu em sua porta, vinte minutos depois de visualizar a mensagem. Suspirou e caminhou até a porta, usando apenas um short carcomido.

Seus olhos encontraram os do outro. Um sorriso lindo estava estampado nos lábios dele. Ele estava maravilhoso com um gorro cinza claro na cabeça. Sem que tivesse tempo para raciocinar, sentiu os lábios dele lhe invadirem em um beijo cheio de saudade e paixão.

Correspondeu como se fosse o último. E provavelmente era.

Interrompeu o ósculo e deu passagem para que ele entrasse, calçado mesmo. Jungkook sem dizer nada entrou e se sentou no sofá. Taehyung fechou a porta e caminhou para o sofá, sentando-se ao lado. Abaixou a cabeça. Estava na hora.

— Eu falei para Dahyun que você quer se casar com ela.

Disse de uma única vez. Não ouviu nenhuma resposta. Só um silêncio torturante, que foi interrompido por uma risada alta e gostosa. Olhou perdido para o mais novo.

— Do que está rindo?

— Por um instante pensei ter ouvido que você disse que eu pediria sua irmã em casamento — disse ainda rindo.

Taehyung não respondeu, apenas o olhou sério, vendo o riso se desfazer em um sorriso menor, que deu lugar à uma face confusa.

— Foi isso mesmo o que eu disse.

— O quê? Está brincando, né?! — Agora não havia mais humor em sua fala.

— Não. Não estou.

Jungkook retirou o gorro e o segurou com raiva entre os dedos. Olhou com ódio para Taehyung.

— Por que fez isso?

— Eu vi algo lindo ontem entre vocês na dança.

— Eu disse que era atuação — exaltou sua voz. — Eu falei que se o selinho fosse te incomodar eu desistia da dança.

— Não foi o selinho, foi tudo.

— Não tem tudo, Taehyung. — Estava indignado, puxou os cabelos para trás com ambas as mãos.

— Tem sim, vocês são apaixonados pela mesma coisa, se dão bem no palco, ficam lindos juntos. É burrice atrapalhar isso.

— Atrapalhar? Que merda é essa que você tá falando? — Encarou Taehyung com os olhos marejados.

— Jungkook, olha para mim, isso é tão absurdo, essa aventura já está indo longe demais.

— Aventura? É isso que sou para você? — Levantou-se.

— Não se faça de tapado, você sempre soube que isso era uma brincadeira sexual.

— Uma brincadeira… — riu de nervoso, levando uma das mãos à boca.

— Só entenda, ela é o melhor para você.

— Ah, é? E é você quem decide o que é melhor para os outros, senhor do destino.

— Sou eu sim, quando eu atrapalho as coisas que ficariam bem sem mim.

— Você é um imbecil.

— Pode ser. Mas sou um imbecil que pensa na sua felicidade. — Levantou-se encarando Jungkook nos olhos.

— Na minha felicidade? — riu irônico. — Não, Taehyung, você só pensa em você. É um egoísta do caralho.

— Não me chame de egoísta.

— Chamo sim, você faz essas coisas porque não tem coragem de enfrentar seus medos. Fica aí, entregando tudo para Dahyun, mimando ela.

— Não fale de como eu a trato.

— Falo sim, você diz que faz essas coisas pensando em poupá-la, mas na verdade você só quer prejudicá-la — falou mais alto ainda.

— Pare com isso, Jeon. — Estava perdendo a paciência.

— Você quer que ela case com alguém que não a ama — gritou. — Você odeia sua irmã.

A gritaria se silenciou dando lugar ao barulho estridente de um tapa que Taehyung desferiu contra o rosto branquinho de Jungkook. O mais velho levou as mãos imediatamente à boca, dando-se conta que tinha extrapolado todos os limites.

Jungkook o olhava incrédulo e cheio de ódio. Sem dizer uma única palavra, direcionou-se a saída, largando o arroxeado paralisado. Taehyung tentava processar tudo o que havia acontecido.

Pressionou a cabeça com vontade de chorar. Nunca na vida havia levantado a mão para alguém. Aquele não era quem ele conhecia. Saiu em disparada para o lado de fora. Jungkook não estava. Provavelmente havia descido pelas escadas.

Correu pulando degraus. Precisava encontrá-lo. Não sabia para quê. Não sabia o que faria quando o encontrasse. Mas precisava vê-lo. Queria que o outro lhe batesse de volta.

Encontrou o mais novo descendo devagar enquanto fungava devido ao choro. Diminui a velocidade.

— Vai embora — ele lhe disse com voz de choro.

Taehyung se aproximou, fazendo-o parar. Ficou de frente para o garoto que tinha a tez avermelhada. Abraçou-o sincero e começou a chorar, aumentando as lágrimas do outro.

Beijou-o.

O beijo era triste e salgado. Empurrou o corpo dele até a parede, pressionando-o no local. O beijo tornou-se voraz e raivoso. O choro não cessara. Jungkook judiava de sua pele desnuda, apertando-o e arranhando-o com força.

O beijo descompassado tinha gosto amargo e de raiva. Taehyung segurou a face do outro e interrompeu o beijo. Ele mantinha os olhos fechados.

— Ei, olha para mim, me perdoa.

Jungkook virava o rosto, negando-se a olhá-lo.

— Eu nunca deveria ter levantado a mão para você. Está doendo muito em mim.

— Por que fez isso? — disse ainda chorando.

— Me descontrolei.

— Não o tapa, isso é o que menos dói. — Finalmente abriu os olhos e o fitou. — Por que disse isso para ela?

— Porque eu não posso dar o que você merece — sussurrou contra a boca do outro.

— Eu sei o que eu mereço e o que eu quero.

— Não sabe, vai se arrepender depois.

— Essa decisão não compete a você, Kim.

— Não me chama assim. — Encostou a cabeça na curva do pescoço do outro.

— Eu quero ficar com você.

— Não diz isso. — Voltou a olhá-lo. — Não torne as coisas mais difíceis.

— Se não quer ficar comigo, tudo bem, eu posso lidar com isso.

— Não é isso. Só quero te salvar da minha bagunça.

— E quem disse que eu não gosto dessa bagunça? — Passou o polegar no lábio vermelho e inchado por conta do choro.

— Só me deixa cuidar de você.

— Não faz isso com a gente, me promete?

— Prometo que nunca vou te deixar infeliz — e com essa frase voltou a beijá-lo apaixonado.

{…}

Ouviu o barulho da porta se abrindo.

O sorriso materno de Jiwoo o agraciou, junto com um cafuné carinhoso.

— Que bom que se convidou para jantar, Taetae.

— Eu já estava com saudade dessa família maluca — riu e entrou.

— Estou terminando de colocar a mesa, vá lavar as mãos.

Entrou no apartamento conhecido por si e seus olhos encontraram o de Jungkook, já sentado à mesa. O garoto desviou o olhar, mantendo um semblante triste.

— E aí, delicinha? — Junghyun falou levando um tapa de Jimin em sua coxa. — Mas ele é gostosinho, bolinho, não tenho culpa.

— Controle-se — repreendeu com um sorriso.

Taehyung riu e cumprimentou os dois largados no sofá. Encaminhou-se para o banheiro, onde lavou as mãos. Na saída do cômodo iluminado encontrou Soonyoung.

— E aí, filho, amei o cara, hein?!

— Fez a tatuagem?

— Fiz sim, veja. — Levantou a camiseta, mostrando o risco de um dragão que pegava as costas toda. — Fiz uma sessão só, acho que vão mais duas.

— Doeu muito?

— Não mais do que quando resolvi fazer sexo anal, filho.

— Você o quê? — perguntou rindo.

— Não conte para os meninos, Jungkook é sensível e Junghyun escandaloso — brincou. — Só quis ter certeza que eu não era passivo.

— Céus — ria descontrolado.

— Soon, vou cometer um crime de ódio contra o seu filho — Jimin gritou enquanto lutava com seus pés contra os pés de Junghyun.

— Só não suje o carpete, foi caro. — Sentou-se à mesa. — Venham para comer, antes que Jiwoo cometa um crime de ódio contra todos nós, e ela gosta de gastar meu dinheiro, vai sujar o carpete e comprar um persa.

— Que exagero, um tapete persa não combina com esse apartamento. — Serviu-se. — Eu compraria uma cobertura em Dubai.

Taehyung amava aquela família. Havia adotado-a para si. Mesmo que nunca mais tivesse Jungkook em seus braços, não abriria mão de manter contato com eles.

Sentou-se à mesa e buscou o olhar de Jungkook que estava sério e evitava seu olhar. Serviu-se com bastante kimchi e carne. E começou a comer, rindo muito com o jeito escandaloso de Junghyun e com as cortadas sérias de Soonyoung.

Sentiu uma paz invadir seu interior. Seria feliz, vendo Jungkook feliz.

— Hum, e como estão os preparativos? — perguntou antes de dar uma golada no refrigerante. Viu Jungkook o encarar sério.

— Preparativos do quê? — Jiwoo perguntou curiosa.

— Jungkook não contou? — Fingiu espanto e sentiu-se fuzilado pelos olhos do outro. — Me desculpe.

— Contou o quê? — agora o pai da família que questionou, olhando para o filho mais novo.

— Já que ele começou, acho que ele pode terminar — falou seco.

— Taetae? — A voz doce e materna se direcionou a si.

— Tudo bem, eu falo, ele é muito tímido — garantiu que todos olhassem para si. — Ele vai pedir Dahyun em casamento.

— O quê? — Junghyun gritou espantado. — Kookie, peça para seu amigo me devolver minha chuca, achei que era para você.

— Cala a boca — Jimin disse sem paciência.

— Mas eu achei que ele…

— Para. — Intimou com o olhar, fazendo o namorado se calar.

— Filhote? É sério isso? — A mãe olhou para o filho.

— Ele não está dizendo.

— Por que não contou, filho? — o pai lhe questionou.

— Eu não achei importante.

— Como assim? Um pedido de casamento não é importante? Vou abrir um espumante. — O pai se levantou.

Jiwoo alternava seu olhar entre Jungkook e Taehyung, este que continuava a comer, agora mais compulsivamente.

— E quando é o noivado?

— Semana que vem — Taehyung respondeu rápido e viu Jungkook revirar os olhos.

— Mas já? Nossa, parece tão precipitado.

O barulho da rolha encerrou o assunto. Jungkook forçou um sorriso e bridaram. O resto do jantar se deu em torno deste assunto. Taehyung contou que tinha uma reserva de dinheiro e que podia contribuir para a festa de casamento.

O jantar encerrou e Taehyung informou que iria embora. Despediu-se de todos ali. Jungkook lhe respondeu seco, e por mais que seu coração quisesse quebrar novamente, sabia que aquilo era o melhor para o mais novo.

— Taetae, vou sair com você, me espere — Jiwoo disse. — Já vou no mercado, comprar algumas coisas para o noivado.

— Claro.

Saíram juntos e esperaram o elevador em silêncio. No entanto quando a mulher entrou, apertou o andar mais alto.

— Vamos passear de elevador um pouco — disse com um sorriso bonito.

— Tudo bem. — Ficou apreensivo. A porta se fechou e começou a apertar as mãos.

— Jungkook me não parecia feliz com o noivado. Está tudo bem?

— Deve ser ansiedade.

— E você? Também não parece feliz.

— Estou sim. Preocupado, né?! — mentiu forçando um sorriso. — Por mais que ele seja um menino maravilhoso com a melhor família, é estranho casar minha irmã.

— Hum. — Ela fitou o mostrador do elevador. — Jungkook sempre foi tão cauteloso, nunca o imaginei se casando sem antes planejar todos os detalhes. Onde eles vão morar?

— Lá em casa — respondeu rápido. — Vou ceder meu quarto para eles, enquanto não arranjam um canto para eles.

— Entendi. — O silêncio pairou desconfortável e o elevador começou a descer. — Só tenho receio que ele cometa a mesma burrada que eu.

— Como assim?

— De se casar sem querer. — Olhou para o garoto ao seu lado.

— Mas você e o Soonyoung parecem tão felizes.

— E somos, muito. Ele é a melhor escolha da minha vida.

— Dahyun é a melhor escolha para ele, e eu não duvido disso.

— Eu só quero que vocês dois sejam felizes.

— Eles serão.

— Não, Taetae. — Fitou-o séria. — Eu digo você e Jungkook.

A porta se abriu e ela saiu primeiro.

— Te quero muito bem, não suma da nossa vida, ok?!

Viu a mulher sair e ficou estático dentro do elevador, este que fechou suas portas e começou a subir. Quando parou, saiu, encaminhando-se às escadas, para descê-las. Ouviu o celular tocar. Jungkook.

Taehyung?

— Oi.

Preciso te perguntar uma coisa.

— Pode falar.

Se eu me casar com sua irmã, você ficará realmente feliz?

— Como assim?

Feliz mesmo, realizado.

— Sim, com certeza.

Você sempre abriu mão da sua felicidade para beneficiar os outros. Eu vou fazer isso por você também.

— Como assim? — Parou na escadaria.

Vou abrir mão da minha felicidade para te ver feliz. Se você sobrevive até hoje fazendo isso, eu também poderei sobreviver.

— Jungkook…

Te ver feliz é o que eu mais quero. Vou me casar então.

Taehyung não conseguiu falar mais nada. De repente se deu conta que não seria feliz assim. Não era isso que o seu coração queria.

Boa noite, Taehyungie — riu sem humor e desligou a ligação.

Guardou o celular querendo chorar. Sentia-se vazio, oco. Chegou em casa sem perceber o caminho, perdido em sua solidão interna. Entrou em casa e deu de cara com Dahyun. Ela segurava o celular nas mãos e estampava um sorriso maravilhoso.

— Orabeoni — disse e lhe entregou o celular.

[Hoje 21:58] Linda, este tempo longe de você só me fez perceber o quanto sinto sua falta e o quanto quero passar o resto de meus dias ao seu lado. Me perdoe por ter sido infantil. Não sei mais viver com sua ausência. Eu te amo. Me aceita de volta?

Taehyung engoliu seco. Jungkook foi rápido. Sentiu a irmã pular em seu pescoço, tomada por uma felicidade genuína. Abraçou-a com vontade, querendo chorar, não de emoção, não de alegria.

— Eu disse que ficaria tudo bem.


Notas Finais


Playlist de Him no Spotfy
https://open.spotify.com/user/percabethyl/playlist/7BXdZ1okKbofOSyw9gg0ga?si=r1in4YuN#_=_

Vídeo da dança
https://www.youtube.com/watch?v=khvcCpoFszM&index=1&list=PL5N2orueQrR-Y-YaBo33AGjYUTS8VF4Jq

Comente, por favor, mesmo que eu seja a autora mais preguiçosa do mundo para responder.

Link do grupo (ele é revogado sempre que dá algum problema)
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