História Holy Darkness - Flashback

O relógio digital na cômoda mostrava que já era tarde, onze e meia da manhã de um domingo quando eu, mesmo com dois anos, costumava acordar pelas nove.
Minha mãe já estava acordada e após me servir o café da manhã catou sua bolsa da mesa de centro e me chamou para um passeio. Ela me disse que meu pai saira mais cedo pescar, pois as águas eram mais calmas pelas oito e o sol não era tão ardente.
Já haviam dias em que eu sonhava em ir para o Mc Donald's comer um bom lanche e ganhar o brinquedo que havia visto na propaganda da TV e era pra lá mesmo que iriamos. Antes de sairmos minha mãe caçou entre umas tralhas um objeto preto com dois cabos que mais me aparecia uma cruz aleijada. No caminho eu ia sentada no banco de trás em meus trajes cor de rosa, observando todo o movimento lá fora.
Então passamos por uma casa onde faziam um bom churrasco no quintal. Avistei um casal com um menininho um pouco maior que eu, se deliciando com carnes vermelhas e linguiça que lhe eram oferecidas. Nunca tinhamos ido ao Mc Donald's e minha mãe procurava por uma pessoa de boa vontade pelas ruas para lhe mostrar o caminho. Foi quando eu apontei para o humilde casal. E nunca vou me arrepender disso.
--- Olá, você sabe me dizer em que direção fica o .... -- minha mãe dizia á mulher quando fora interrompida pelo homem que voltara ao quintal com mais carne para assar. Vi seu rosto empalidecer.
--- CRISTIAN ????? -- ela gritou, pasma. A mulher sem entender nada mas já com medo, e acredito eu, não querendo que o pequeno presenciasse uma briga, se recolheu com ele para dentro.
--- Pegou bastante peixes, vagabundo? -- e então lhe deu um tapa no rosto. Ele sem palavras, ela também, foi quando ela ficou com mais raiva, seu olho ficou inteiro branco por um momento e vi algo se remexer em sua barriga, era forte como tentáculos de um grande monstro. E então ela apenas correu para o carro e pegou na bolsa aquela cruz aleijada que dissera uma vez que tinha sempre no carro por segurança.
E então a vi mirando aquilo em direção á cabeça de meu pai, cujo se ajoelhou implorando algo.
Foi quando ouvi um barulho. Apenas uma bala. Certeira. E meu pai caira em seu lindo quintal de grama verde, agora um pouco vermelha. Depois de uns anos descobri que aquela "cruz aleijada" era uma arma e que as cruzes que minha mãe adorava não eram do bem.