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História HOME - larry stylinson - 002


Escrita por: vangoth

Notas do Autor


Eu disse que ia postar "antes do domingo" djsncjs era pra demorar mais mas não me aguento whoops

Capítulo 2 - 002


SÁBADO, 18:36


As mãos de Louis nunca tremeram tanto em toda sua vida.

    Os olhos azuis correm de um lado ao outro do palco, e o figurino 100% algodão faz com que o suor ilumine seu rosto sob o calor dos holofotes. As pesadas cortinas de veludo da coxia tapam quase toda sua visão da platéia, permitindo-lhe enxergar apenas meia dúzia de pessoas nos assentos laterais do teatro — mas não precisa ver todo o ambiente para saber que está lotado, depois do vislumbre que teve da enorme fila do lado de fora do teatro, através das pequenas janelas atrás do palco. O cheiro dos perfumes dos espectadores se mistura ao vento artificial do ar-condicionado e com o nervosismo, fazendo com que seu estômago dê voltas.

    Deste ângulo, ele pode ver outros dois atores contracenando no tablado, gesticulando, falando e construindo a primeira cena da peça, moldando-se ao cenário com uma naturalidade que, neste momento, ele inveja mais que nunca. Louis deve subir ao palco em menos de dois minutos.

    — Hey, Louis — o diretor da peça, Julian, aproxima-se, dando-lhe tapinhas nas costas, — você tá legal, cara?

    A respiração de Louis falha, e ele não sabe dizer se seu coração está batendo rápido demais ou se simplesmente parou — balança a cabeça positivamente, mas ambos sabem que está mentindo.

    — São quinhentas pessoas… — Julian diz, com um suspiro e olhar distante, jogando o peso para uma das pernas e apoiando no quadril a prancheta que sempre leva nos braços.

    Em outra situação, Louis teria rido, pois a calma com que o diretor fala de quinhentas pessoas é tanta que soa como se sua intenção fosse realmente apavorar o garoto, mas neste momento ele está petrificado demais até para ser sarcástico.

    — É — é tudo o que consegue dizer.

    — Você está legal mesmo? — Julian pressiona, agora focalizando o rosto do ator. — Tem sessenta segundos para entrar, posso pegar uma água para você.

    Louis nega de forma quase imperceptível, e então vira a cabeça para encará-lo.

    — E-eu…

    — Respire fundo, Louis, respire fundo — o diretor diz, erguendo e abaixando a mão de modo ilustrativo.

    Ele tenta respirar, mas sente como se todo o seu corpo estivesse absolutamente vulnerável. Fecha os olhos com força, tentando novamente, mas tudo o que sente é um grande vazio. Ele arregala os olhos e encontra os de Julian.

    — Eu… Julian, eu…

    — Está tudo bem, vamos lá — Julian diz, apertando seu ombro com uma das mãos. — Você é um dos principais, Louis. É seu sonho, não é? Vai dar tudo certo, confia em mim.

    Não é que não confia em Julien — ele é um excelente profissional e uma boa pessoa. O problema é que toda a confiança que tinha em si mesmo simplesmente evaporou.

Louis balança a cabeça vigorosamente e, quando olha para frente e reconhece a fala da atriz, percebe que aquela é sua deixa para entrar.

    — Eu não consigo — diz, com uma firmeza oriunda de seu desespero repentino. — Simplesmente não consigo. Não dá.

    Os atores no palco continuam em suas marcas, alternando os olhares entre eles mesmos, a platéia, Julian e Louis.

    — É você — Julian diz, empurrando as costas do garoto de modo firme, mas não grosseiro. — Não existe Julieta sem Romeu. Vai lá, você consegue.

    Louis sente a pressão da palma do outro em suas costas e, com os punhos cerrados, engole em seco e dá um passo à frente.

    Quando sente a madeira sob seus pés descalços, tem certeza de que suas pernas podem falhar a qualquer momento. Olhando para cima, é praticamente cegado pela luz dos inúmeros holofotes, quase todos agora concentrados nele. A iluminação forte permite que veja a poeira flutuando ar, e pergunta-se se a platéia pode percebê-la também.

    Ao lembrar-se da platéia vira o corpo abruptamente, e sente-se como um animal exposto num zoológico: centenas de olhos vidrados em seu rosto, estudando-o, esperando que faça ou que fale algo. Ele sente que vai vomitar, mas então seus olhos azuis encontram os verdes de seu melhor amigo.

    Na primeira fileira, Harry o observa com um brilho único nos olhos, os lábios entreabertos num sorriso a se formar. Suas mãos estão repousadas nas pernas, e ele está inclinado para frente, em expectativa. Quando percebe que Louis o está olhando, sorri e acena com a cabeça, mordendo o lábio inferior distraidamente.

    Por um segundo, tudo parece seguro e perfeito, mas Louis é acordado por um pigarro que vem do centro da platéia.

    Saindo da câmera lenta, seus olhos varrem todo o ambiente, e ele então vira-se para Julian, escondido do público pelo veludo da coxia, e percebe que esse está inquieto, pressionando o espaço entre as sobrancelhas com o polegar e o indicador. Olhando para seu lado direito, vê os dois atores no centro do palco, esperando alguma reação de sua parte. Ele esteve exposto aos holofotes por alguns poucos segundos, mas sente como se estivesse prestes a derreter sob eles.

    Com dificuldade para levar o ar aos pulmões, Louis faz a única coisa que lhe ocorre: ele abaixa a cabeça, faz uma reverência ao público e sai do palco, correndo em direção à porta dos fundos.

    — Louis!

    Julian tenta chamar o garoto, mas nem se dá ao trabalho de correr atrás dele.

    Louis espalma as mãos na porta e chega ao lado de fora. Em alguns minutos o céu nublado escurecerá, e o vento fresco faz com que seus pelos se arrepiem. Ele contorna o teatro e senta numa mureta de concreto, alguns metros à direita da porta pela qual saiu, para que não seja tão facilmente observado caso alguém decida ir atrás dele.

    Ali, exposto ao frio do fim da tarde, envolve a si mesmo com os braços e balança o corpo para frente e para trás. Pensa em tudo e em nada ao mesmo tempo, sentindo como se o estômago vazio estivesse flutuando dentro de seu corpo.

    Pouco mais de um minuto depois de sair correndo, ele ouve o som de passos apressados vindo em sua direção. Ao que a pessoa se aproxima e respira pesadamente, ele não precisa virar-se para saber quem é.

    — Posso sentar?

    Quando olha para trás, depara-se com um Harry ofegante. Assente com a cabeça e encara o chão ao que o amigo passa as pernas pelo concreto e acomoda-se ao seu lado.

    Ambos os garotos têm as bochechas coradas — Louis pela ansiedade e Harry pela corrida. Quando expiram, nuvens tênues materializam-se em frente aos seus rostos. Alguns segundos se passam até que Louis diz, quase sussurrando:

    — Me desculpa, okay?

    Harry crava seus olhos nos do outro.

    — Pelo quê, Lou? — pergunta, com feições suaves. — Você não tem que se desculpar por nada.

    Louis suspira, dando de ombros.

    — Por te atrapalhar. Por te fazer me ouvir ensaiando todo santo dia e te arrastar até aqui, e no fim não ter a porra da coragem de enfrentar isso.

    O coração de Harry acelera, e tudo o que ele deseja no momento é poder fazer com que o outro se sinta bem. Com um sorriso triste, ele ergue a mão quase que involuntariamente — fica ali por um breve momento, mas ao ver a expressão quebrada do amigo, acaba por pousá-la em seu rosto. Por alguns segundos fica em silêncio, delicadamente acariciando a pele de sua bochecha com o polegar.

    — Você não tem ideia do que está dizendo, Louis — fala ao outro, brincando devagar com os cabelos de sua nuca.

    — Me desculpa por ser um bosta — o garoto dos olhos azuis diz, revirando os olhos. — Eu não sei fazer nada direito.

    — Você não tem ideia do que está dizendo — Harry repete, levando a outra mão ao ombro do amigo. — Você é uma pessoa incrível, nunca duvide disso.

    Quando lágrimas ameaçam a escorrer dos olhos de Louis, este inclina-se para frente e enterra o rosto na curva do pescoço do amigo, descansando as mãos nas próprias pernas e deixando-se abraçar. Harry envolve-o com seus braços, subindo e descendo as mãos em suas costas, confortando-o. Louis pisca várias vezes, engolindo o choro, e, quando suspira, sente o conhecido cheiro de baunilha, tinta e couro, e deseja ficar ali por horas.

    — Me desculpa.

    — Não tem nada-

    — Por favor, Harry, só me diz que tá tudo bem — o ator interrompe, afastando-se do outro para que possa olhá-lo nos olhos.

    Harry sorri terno.

    — É claro que está tudo bem, Lou.

    Novamente fitando o chão Louis assente, pensativo. Ele fica ali, balançando os pés e ouvindo o vento, concentrando-se na respiração agora calma do garoto ao seu lado. Eles permanecem quietos por alguns minutos, e então Harry vira-se bruscamente, fazendo com que Louis dê um pulo.

    — Você está com fome? — questiona animado, e Louis faz que sim com a cabeça. — Ótimo — pega na mão do outro. — Venha, vamos.

    — O quê?

    Levantando-se, ambos os garotos passam a andar em direção ao estacionamento, Harry na frente e Louis aos tropeços.

    — Só quero te ajudar a se sentir melhor, e acho que talvez saiba como.

    Chegando no carro, eles acomodam-se em seus lugares habituais — Harry na direção e Louis no banco do passageiro. Esta configuração tornou-se natural desde que chegaram a idade de dirigir, pois Harry é mais calmo e atento às coisas ao seu redor, e Louis é muito exigente quanto às músicas que tocam no carro e não pode concentrar-se inteiramente no som quando está guiando.

    Mesmo ainda chateado, ao que o mais alto liga o carro e dá partida, Louis automaticamente abre o porta luvas e revira os muitos CDs ali dentro. Por fim, escolhe Definitely Maybe do Oasis. Coloca o disco no aparelho e aumenta o volume ridiculamente, cantando baixinho as primeiras estrofes de Rock ‘N’ Roll Star. Harry olha para o outro de canto de olho e sorri.

    — Para onde estamos indo? — o dos olhos azuis questiona ao que percebe que o amigo não está tomando o caminho de casa.

    — Para vários lugares.

    Louis franze o cenho em confusão, mas fica quieto.

    Mais alguns minutos e Harry diminui a velocidade, virando a direção.

    — Eu não acredito.

    Rindo da expressão incrédula do amigo, o cacheado para o carro e abre a janela para fazer seu pedido.

    — Eu quero, hã… uma tortinha de banana, duas de maçã e quatro batatas grandes, por favor.

    Com um Harry animado e um Louis risonho, passam pelas três cabines do drive thru e saem de lá, o último com dois pacotes de viagem do McDonald’s no colo.

— Sugiro que você coloque isso no banco traseiro, porque como eu já havia dito, vamos à vários lugares.

Ao dizer isso, o dos olhos verdes dá um meio sorriso malandro e continua em direção ao centro da cidade.

Ao que avista a fachada do Taco Bell, Louis dá uma gargalhada.

    — Você é realmente inacreditável, Styles.

    Por mais algum tempo continuam os garotos na jornada em busca de comida. O celular de Louis tocou uma, duas vezes, e na terceira ele pegou o aparelho apenas para desligá-lo e jogá-lo numa das embalagens no banco de trás. Perto das oito da noite, já sob um céu escuro e cheio de nuvens densas, chegam em casa com duas sacolas do McDonald’s e uma do Taco Bell, uma caixa de cupcakes tamanho grande, uma lasanha de microondas, um engradado de Red Bull, uma garrafa de dois litros de Coca-Cola e um pacote de gummybears.

    — Louis, você vai tomar um banho e se esquentar enquanto eu cuido disso, huh? — diz Harry, deixando a caixa de cupcakes na mesa da cozinha.

    Sorrindo para o amigo, Louis assente e põe no balcão as embalagens que segurava, indo para debaixo do chuveiro.

Enquanto a água quente lhe esquenta o corpo, repassa todos os acontecimentos do fim da tarde na cabeça, de forma bagunçada, mas encontra-se surpreendentemente calmo em meio à tudo o que aconteceu.

    É estranho, mas neste momento sente como se tudo estivesse muito mais certo do que uma hora atrás.

    Terminando o banho, veste a mesma camiseta que usava na noite anterior — macia, larga e cheia de pontos de tinta a óleo aqui e ali. Por cima da camiseta coloca o moletom azul-escuro que ganhou no primeiro ano de faculdade e seca os cabelos na toalha, sem preocupar-se em penteá-los. Calçando suas meias do Super Man, sai do quarto com o penteado bagunçado.

    Chegando na cozinha encontra Harry também já em roupas confortáveis, com os cabelos presos num nó bagunçado.

    — Ah, oi! — ele diz animado, fechando a torneira e enxugando as mãos no pano de pratos.

    — Oi!

    Pendurando o pano em seu lugar, o mais alto vira-se e diz:

    — Okay, o plano é o seguinte: você tenta equilibrar toda essa comida na mesa de centro enquanto eu cuido dos cobertores e do DVD.

    Louis estreita os olhos, desconfiado.

    — Cobertores e DVD?

    Com um meio sorriso, Harry apenas arqueia as sobrancelhas e passa pelo amigo, indo em direção aos quartos.

    Desajeitadamente, Louis enfim consegue levar tudo o que compraram no caminho para a pequena mesa da sala. Ele ouve Harry andando para lá e para cá, batendo portas de armários tanto em seu próprio quarto quanto no do outro.

    — Precisa de ajuda aí? — Louis pergunta.

    Surgindo no corredor, o amigo faz que não com a cabeça.

    Pendendo de seus braços e ombros estão todos os cobertores e travesseiros que os garotos têm no apartamento, quase que escondendo-o completamente. Chegando na sala, ele solta sobre o sofá tudo o que tinha nas mãos, inclusive o DVD de Grease que pegou da prateleira de Louis, suspirando e jogando o peso para uma das pernas.

    — Meu Deus, você é de verdade?

    Harry sorri para o comentário do outro, pondo atrás da orelha uma mecha do cabelo cacheado que escapou do coque. Ele olha para Louis por um momento, e então esfrega as palmas e endireita as costas.

    — Você põe o filme?

    Louis assente e pega a caixinha do DVD, pondo o disco no aparelho enquanto Harry estende todos os edredons pelo chão, um em cima do outro. O menor pega o controle e espera o outro terminar de ajeitar os travesseiros sobre os cobertores para sentar-se.

    Logo que acomoda-se, Harry cruza as pernas ao seu lado e pega uma das porções de batatas-fritas, mastigando uma e dividindo o resto com o amigo.

    Quando dão play no filme, a conversa cessa. Aumentam o som consideravelmente, sabendo que não precisam se preocupar com vizinhos, visto que o apartamento do andar debaixo está vazio e o vizinho de cima faz mais barulho do que o resto da cidade inteira.

    Assistindo ao musical, Harry inclina o corpo para trás, apoiando-se no sofá como encosto. Ele estende o braço no assento, dobrando os joelhos, desta forma ficando tão próximo de Louis que pode sentir seu calor na pele. Hesitante, cerra o punho ao perceber que se relaxar os dedos acabará por encostar no ombro do outro, mas, por fim, o faz.

    Louis observa de soslaio o rosto do amigo, e repara que seus olhos iluminados apenas pela luz da televisão parecem muito mais brilhantes do que há algumas horas, nos fundos do teatro. Ao fazerem contato visual, ambos viram-se rapidamente para a TV. Não muitos segundos se passam até que o menor inclina-se delicadamente para sua esquerda, descansando o rosto no ombro de Harry.

    No filme, Olivia Newton-John começa a cantar outra canção. Louis sorri — é sua favorita.

    — Ela canta com tanta emoção… — sussurra, assim como faz todas as vezes que vê esta cena. — É fascinante.

    Os lábios do de olhos verdes se curvam.

    — É uma bela música.

    Louis costuma cantar esta parte junto com a atriz, mas desta vez ele simplesmente ouve. Seus olhos estão perdidos, não exatamente focalizando nada, e ele passa a brincar distraidamente com os dedos na camiseta do Rolling Stones que o amigo usa.

    Desenhando círculos imaginários, seu toque é tão suave que quase faz cócegas no outro. Harry acaricia seu ombro delicadamente com o polegar, e ele sente um nó no estômago. Louis inspira, sentindo o cheiro familiar do outro, e, novamente, deseja ficar ali para sempre. Ele aproxima-se um pouco mais do amigo, que põe o braço ao redor de seus ombros.

    O menor sente a pressão dos dedos do outro, e seus batimentos estão mais confusos do que nunca. Quando sente a respiração quente de Harry próxima ao rosto, vira-se e encara-o.

    — Harry, eu...

    No segundo seguinte, seus lábios estão nos do amigo.

    A boca de Harry é tão macia na sua que nada mais passa por sua cabeça a não ser senti-la. Com delicadeza, o maior corre as pontas frias dos dedos atrás do pescoço do outro, fazendo com que os pelos de seus braços se arrepiem. Louis brinca com seus cachos, imerso na mornidão de seu beijo suave e no cheiro doce de sua pele.

    Num suspiro, os garotos se afastam. Louis engole em seco e não ousa olhar nos olhos do outro. Sem jeito, ele apenas deita no peito do amigo novamente, ali repousando sua palma e sentindo o cafuné em seus cabelos.








Notas Finais


e então?

(apenas relembrando que é uma shortfic)


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