Ela está muito inquieta, será que eu realmente fiz isso com ela? Devo ter despertado alguma coisa nela. Mas não me arrependo, não mesmo. Isso é muito bom, na verdade. Sem desejos oprimidos. Fazemos o que queremos, e isso é incrível. Posso, finalmente, tocá-la do jeito que eu quero. Espero que isso não mude ela na escola, não quero prejudicá-la.
Depois que ela sai, vou ao meu sofá e deito. Estou com sono. Estou quase acontecendo quando ouço uma batida na porta. “Parece que ela quer mais” é a primeira coisa que penso quando vou em direção a porta e a abro. “Vanessa?” é o que se passa na minha cabeça.
- Oi! – Ela diz animada logo me abraçando.
- Vanessa? O que faz aqui? – Perguntei tentando levá-la para dentro, porque se Lo nos ver assim não vai ser bom...
- Eu quis te ver, bobinho.
- Mas, agora?
- Claro. Não tem hora pra paixão... – Ela disse me beijando e fechando a porta. Rezei para que Lo não tivesse a ideia repentina de vir para cá como sempre faz. Tomara que a mãe dela já tenha acordado, isso diminui muito as chances.
- Querida, é que...
- Sh.... Fique quieto. – OK. Não sei se quero fazer isso. Isso é traição? Porque eu e Lo não temos um relacionamento sério nem nada. Mas mesmo assim... Não posso fazer isso.
- Vanessa... – Ela finalmente prestou atenção em mim. – Não posso fazer isso.
- O que? Por que?
- Porque... – Fiquei pensando em uma desculpa decente.
- Por favor... Eu quero tanto. – Ela me prendeu na parede.
- Mas eu não quero. – Ela até se assustou com meu tom de voz sério.
- Então eu faço você querer.
- Não, Vanessa, você não entende. Eu não posso
- Por que? – Ela disse se afastando.
- Porque eu...
- Você tem namorada?
- Bom... – Ela nem me deixou responder e deu um tapa na minha cara.
- SEU SAFADO!!! IDIOTA!!! – Ela gritava. O meu medo naquela hora era Lo ouvir alguma coisa.
- Calma! Não é desse jeito! – Tentei acalmá-la. Se Lo ouvisse alguma coisa, seria terrível.
- Então como é?!
- Ela não é minha namorada, não temos um relacionamento sério.
- Então por que não quer nada comigo?
- Por que não quero magoa-la. E eu também não quero fazer isso... Com você.
- Ah... – Torcia para que ela entendesse. – Mas você já estava com ela na noite em que nos conhecemos? – Essa pergunta me pegou.
- Mais ou menos.
- Como assim? – Ela me encarou com um olhar acusador.
- Eu já a conhecia, mas não tinha nada com ela. Tanto que fui aquela festa para tentar esquecê-la.
- Espera. O que? – Percebi a merda que tinha falado. – Você só transou comigo por causa dela?
- Não....
- Você transou comigo pensando nela?! – Puta merda. – Não acredito que achei que você fosse um cara legal. Meu Deus! Como eu fui idiota!
- Não é is...
- CALA A PORRA DA BOCA! – Eu só queria que ela não gritasse. Pelo bem da humanidade, ela apenas saiu andando e bateu a porta quando saiu. Por medo de Lo ter ouvido o grande estrondo, abri a porta de novo, quando Vanessa já tinha ido, e fiquei observando se alguma coisa acontecia no apartamento a frente. A porta se abriu e Lo estava lá, parada. Fechei a porta rapidamente para ela não perceber que eu estava olhando.
Alguns segundos depois, ela bateu na porta e eu abri.
- Mark? O que foi aquilo?
- Aquilo o que? – Tentei me fazer de desentendido.
- Eu ouvi um estrondo bem alto vindo daqui.
- Hum, deve ter sido em alguma vizinho.
- É mesmo. Mas, eu vim aqui pra te avisar que a gente vai tomar sorvete em casa. Minha mãe não está muito afim de sair.
- Mas continua sendo o mesmo horário?
- Sim, e... Ela saiu. – Ela já foi entrando. Agradeci mentalmente por Vanessa já ter ido embora. – Ela foi pagar umas coisas aí do hospital.
- OK.
- Não esquenta, eu não vou te assediar.
- Eu não estava preocupado com isso.
- Eu sei que você quer ver o meu corpo nu e tudo mais. Mas... – Nós começamos a rir. Adoro esse tom de brincadeira dela. – É a vida.
- Realmente.
- Então... Eu tava pensando, e eu nunca te vi trabalhar em casa. O que é estranho porque você é professor e tudo mais.
- Eu trabalho. É você que não vê.
- Eu queria passar mais tempo com você, mas o mundo não colabora.
- É, ele não colabora. – Ficamos nos encarando por um tempo.
- Mas então. – Ela falou quebrando o silêncio. Parece que não é mais eu que tenho comentários repentinos. – Você vai querer o mesmo sabor?
- Sim.
- Você me fez gostar. Vou avisar pra minha mãe pra ela comprar de leite condensado.
- Você quer que eu dê na sua boca? – Ri sarcasticamente
- Engraçadinho. – Ela revirou os olhos. – Aquele dia eu fiquei muito puta contigo.
- Por que mesmo?
- Por que a gente tava tendo um clima, cara.
- Você se esqueceu que estávamos em público?
- Eu sei, mas... Eu fiquei brava. É isso.
- Você não bate muito bem.
- Sim sim sim... Eu estava pensando.
- Sobre o que? – Eu estava sentado no sofá. Ela deitou nele colocando as pernas sobre meu colo.
- E se um dia... Alguém descobrir?
- Você quer dizer... A gente?
- Sim.
- Ah. – Eu não sabia o que falar. – Eu não sei. Não faço a menor ideia.
- Eu sim.
- O que você acha que vai acontecer?
- Obviamente, você vai ser preso. – Foi como se a vida tivesse me dado um tapa. – E eu... Não sei. Talvez minha mãe me mande pra alguma escola só de garotas, ou simplesmente me coloque em um lugar pra me “castigar”, digamos assim. Mas o colégio só de garotas em bem provável. – Fiquei em silêncio. Não sabia o que falar. – Mark.
- Oi. – Virei minha cabeça em sua direção para vê-la.
- Vai ficar tudo bem. Você sabe, né? Ninguém vai descobrir.
- Nós nunca podemos dizer nunca.
- Como diz o filósofo Justin Bieber.
- O que?
- Nada.
- OK, mas é verdade. Nós não podemos ter certeza de que ninguém vai descobrir.
- Mas você não quer...
- Terminar? Não. Não mesmo. Você quer?
- Não. Mas assim... A gente é o que mesmo?
- Não sei. Acho que sou um pouco velho para ser chamado de “namorado”.
- Então você é meu amigo. – Ela se levantou e sentou do meu lado, chegando perto do meu rosto.
- Pior ainda. – Ela começou a rir.
- Então não tem definição para o que a gente é. A vida, né?
- Sim.
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