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História Hurt - Isso é tudo o que eu valho?


Escrita por: BubbleTeaPark

Notas do Autor


Olá pessoal <3

Voltei uma semana depois com um novo capítulo quentinho para vocês <3 dhedhuedhe
Não demorei dessa vez e espero não demorar mais, já que daqui a pouco começa minhas férias
Obrigada pelo comentário de todo mundo nos capítulos anteriores <3

Boa leitura ^^

Capítulo 16 - Isso é tudo o que eu valho?


Fanfic / Fanfiction Hurt - Isso é tudo o que eu valho?

A partir do momento em que você sentir a dor, saberá como eu me sinto

Isso é terrível

Não houve nenhum herói ou final feliz

Eu fui muito ingênua e boba?

Tudo irá melhorar

Agora que me dei conta de quem você é

Eu vou embora, você é realmente um otário

Hate You – 2ne1

 

 

 

 

O estalo e o choque da mão contra a pele foi forte, inesperada e cheia de raiva.

Depois daquilo, houve um silêncio tão perturbador quanto um amontoado de barulhos. O alvo, com o rosto de lado, virou-se lentamente de volta para o moreno, com uma das mãos do lado da face que agora estava em um tom vermelho intenso.

Sua expressão não demonstrava raiva, apenas surpresa.

Em choque o suficiente para demorar minutos para reformular qualquer coisa.

- Você... Acabou de me bater? – perguntou, mesmo que fosse óbvio, havia acabado de acontecer, ele viu e sentiu.

Jongin o encarou, sério, as lágrimas escorriam de seus olhos e manchavam seu rosto, mas sua expressão não remetia tristeza, eram lágrimas de ódio.

Era a primeira vez que Kyungsoo o via com aquele olhar.

Era repentino e assustador.

- Jongin... – tentou manter sua postura, mas aquele olhar do mais novo desmoronava sua superioridade. – Jongin, eu...

- Eu me cansei de você. – disse, o encarando. – Eu me cansei de você.

- Como pode se cansar de mim? Nós somos amigos.

- Não, não somos.

- Jongin...

- NÓS NÃO SOMOS AMIGOS. – gritou, levantando-se da cama e suspirando pesado. – Eu queria que a gente fosse, eu acreditava que sim, mas não, não somos. Nós não somos mais nada. E a culpa é sua, Kyungsoo, apenas sua.

- Eu sei que eu sou meio severo de vez em quando, mas...

- Meio? De vez em quando? – sorriu. – Você é a pior pessoa que eu já conheci na minha vida inteira.

- Você não conheceu muitas pessoas.

- Não existe pior do que você. Você não se cansa nunca de ser assim? De me tratar do jeito que você me trata? Não importa o que eu faça, o que qualquer um faça, você age do mesmo jeito, continua fazendo as mesmas coisas. Você nunca esta satisfeito com nada e sempre encontra um defeito aqui e ali, nas pessoas, nas suas coisas, em tudo. Você é uma pessoa estupidamente infeliz, mesmo com sua fama e seu dinheiro, você é infeliz pra caralho e vive jogando isso para cima de todo mundo. Principalmente em mim, porque você sabe que eu sou otário o suficiente para ficar aqui do seu lado, sem importar com o que você faz ou fala.

- Você continua do meu lado porque você quer, porque nós somos amigos.

- Não, como pode ainda haver uma amizade nisso tudo? Era para eu ser apenas um enfermeiro, mas eu me tornei seu escravo. Eu passei a viver por você mais do que eu já vivia e eu não aguento mais isso, eu não consigo aguentar mais toda essa situação, eu não consigo me reconhecer mais, eu não consigo mais viver, todo dia eu deito na cama e tenho vontade de me matar porque os dias são desgastantes e você torna tudo pior.

- Eu sei que cuidar de mim não é fácil, mas...

- Não é só cuidar de você, é tudo, tudo o que você é e faz. – apontou para si mesmo. – EU NÃO SOU SUA PROPRIEDADE.

- Eu sei que não é.

- EU SOU A PORRA DE UM SER HUMANO COM SENTIMENTOS, DECIÇÕES PRÓPRIAS E OPINIÕES. E VOCÊ FAZ QUESTÃO DE DESTRUI-LOS O TEMPO TODO. PORQUE VOCÊ SÓ SE IMPORTA COM VOCÊ, E FODA-SE O RESTO DO MUNDO PORQUE SÓ SERVEM PARA AUMENTAR O SEU EGO.

- Você não precisa gritar, não estamos brigando.

- EU ESTOU BRIGANDO.

- Você esta exagerando.

- Você usa tudo o que eu sinto por você e joga no lixo depois como se não significasse nada. – começou a andar de um lado para o outro, com as lágrimas dificultando sua visão. – Não há mais nada dentro de você, nem amor, nem amizade, nem carinho. Tudo o que você faz só serve para te beneficiar, só isso.

- Há quanto tempo nós somos amigos? Acha que todos esses anos não significam nada para mim?

- Sim, eu acho. – o encarou. – Você nunca demonstrou o contrário. Só arrogância e ódio, obsessão com a Nina ou com o ChanYeol, achando, não sei como, que de alguma forma eu iria fugir com eles e deixa-lo aqui sem a única pessoa que gosta de te servir. Você realmente me trata como um escravo.

- Eu pago você pela maioria das coisas que você faz, não é um escravo.

- Eu trocaria todo esse dinheiro para ter o meu amigo de volta, e eu acreditei tanto que você pudesse voltar a ser o que era. Eu tive esperanças o tempo todo, até achei que você entenderia depois do acidente, mas nada aconteceu, você ficou pior. Muito pior.

- Jongin...

- Eu quero aquela criança de volta, a que eu conheci no parquinho do prédio onde a gente morava, a que era tímida e teve receio de brincar comigo pela primeira vez. Aquele garotinho que dizia que me amava e que seriamos amigos para sempre, que me levou ao abrigo de animais, me deu um cachorro de presente, me consolava em todos os meus pesadelos, dizia que ficaria tudo bem, e que sempre me dava Amor Perfeito. O garoto com o sorriso no rosto e com os olhos gentis que podia me fazer sentir melhor só com uma frase, só com uma palavra. Só com a sua presença. – suspirou, mordendo o lábio inferior. – Mas hoje, olha o que você se transformou... É o contrário daquilo que me encantava, o oposto daquilo que eu me apaixonei.

- Então, se eu entendi bem, você sente falta de quando era eu o otário que corria apaixonado atrás de você? É isso? É claro que sente falta disso, naquela época seu mundo era perfeito, não era?

- Kyungsoo, eu sei que eu errei naquela época. Eu era egoísta e só ligava para as minhas coisas, e eu nunca prestei atenção o suficiente em você para saber o que acontecia com você. Assim como eu errei em não ter me declarado para você naquele momento. Talvez tudo seria diferente. Talvez a gente teria começado a namorar naquela mesma hora, talvez ainda estaríamos namorando até hoje, você ainda seria aquele garoto, ou talvez a gente já teria até terminado, um término saudável, sem ódio ou rancor. Eu nunca vou saber e nem você. Mas agora acabou.

- Acabou?

- Acabou porque chegou em um momento, esse momento, na qual eu não quero mais uma chance, na qual eu não me arrependendo de não ter me declarado naquele momento. Você acabou com todas as minhas últimas esperanças, a última gota de sentimento que eu sentia por você.

- Jongin...

- A coisa que eu mais queria era continuar do seu lado... Era a única coisa que me importava. Eu aguentaria sua mudança de humor, seu ódio, sua arrogância. Eu aguentava tudo porque eu estava do seu lado e eu mataria e morreria por você se fosse preciso, eu faria tudo e qualquer coisa por você. Porque você é a única coisa que importa para mim, Kyungsoo, eu te amo tanto...

O Do ficou em silêncio, vendo o Kim chorar alto e soluçar bem ali na sua frente. Um choro que ainda misturava tristeza e ódio.

- Mas agora a única coisa que eu quero é ficar longe de você... Porque eu te odeio, Kyungsoo, eu te odeio tanto por ter se transformado nisso, por usar o meu amor ao seu favor, me fazendo de idiota, de escravo, porque você sabe que é tudo para mim. Eu te odeio por me culpar por tudo de ruim que aconteceu na sua vida, porque você me culpa? Eu fiz tantas coisas boas para você, como você ainda é capaz de me culpar, Kyungsoo? Eu entreguei a minha vida para você e você ainda é capaz de me atacar e me ofender com qualquer coisa. Eu te odeio por me fazer te odiar, e mesmo odiando, eu ainda consigo te amar.

O Kim voltou até a cama e sentou-se nela, levando a mão ao rosto para continuar chorando. O piloto o encarou, engoliu em seco e desviou os olhos por alguns segundos, voltando a encarar o amigo.

- Jongin, eu... Eu sinto muito...

O moreno suspirou fundo, enxugou seu rosto com as costas das mãos e voltou a encarar o mais velho.

- Não, você não sente. Não de verdade. – suspirou de novo. – Mas eu já não me importo mais, eu já aprendi que nada de bom vem de você, ainda mais direcionado a mim, porque, comigo, parece que é tudo pior, não é? Afinal, eu sou o culpado das maiores desgraças da sua vida, não é? Deve ser por isso que você me odeia.

- Eu não te odeio.

- Sei lá, já disse, não importa mais, eu cansei. – deu de ombros, voltando a se levantar. – Cansei de implorar amor, implorar atenção, implorar qualquer coisa de uma pessoa egoísta, arrogante e narcisista. Sabe de uma coisa? Eu pensei que eu nunca conseguiria viver longe de você, mas agora eu não vejo a hora de viver longe de você. – sorriu. – Você nunca foi um remédio, Kyungsoo, nunca foi o motivo da minha existência, você é aquilo que me destrói. E você vai me matar se eu continuar do seu lado.

- Você vai embora? Você não tem coragem de sair dessa casa, de me deixar.

- Foda-se você, foda-se essa casa, foda-se o seu dinheiro. Foda-se toda a nossa amizade que você estragou e foda-se o meu estúpido amor que me fez continuar aqui. Eu vou embora daqui e você vai ficar aqui sozinho, você vai morrer aqui, sozinho, em uma cadeira de rodas porque ninguém, eu tenho certeza, que ninguém vai te amar como eu te amei e nem continuar por tanto tempo sendo humilhado como eu fiquei. Ninguém se importa com você, a não ser eu, e você acabou de me perder.

- Jongin...

- Só lembre que eu tentei de tudo para te fazer feliz comigo... Mas nada era o suficiente para você.

O Kim deu meia volta e saiu do quarto, voltando para o seu onde pegou a primeira mochila que encontrou e começou a jogar lá dentro as primeiras roupas que encontrava, sem cuidado e com rapidez, ele jogava tudo para dentro enquanto ainda jogava suas lágrimas para fora.

Kyungsoo apareceu no corredor tempo suficiente para ver Jongin sair de seu quarto com a mochila nas costas, descer as escadas e sair pela porta da frente sem nem olhar para trás.

A porta batendo com força fez o alvo sorrir.

Lá fora, o moreno andou pelo meio do jardim e saiu completamente pelo portão da casa, parando em frente, na calçada, para enxugar o resto das suas lágrimas e se acalmar. Ficou parado ali por um tempo, encostando-se no muro para se manter estável.

Teve vontade de voltar, mas não iria voltar atrás.

Pegou seu celular e ligou para a primeira pessoa que pensou.

- ChanYeol? Sou eu. – suspirou. – Eu sai da casa de Kyungsoo... E eu não sei o que fazer.

 

~ ~

 

Demorou apenas alguns minutos para que o Park aparecesse lá com o carro e levasse o Kim com ele. Sem nenhuma palavra, apenas um sorriso.

O mais novo não disse nada, permaneceu quieto com a mochila em seu colo até que o silêncio fosse quebrado.

- Seus olhos estão vermelhos e inchados. – comentou o mais alto. – Você deve ter chorado muito, eu imagino.

- É.

- Não se preocupe, tudo vai ficar bem agora. Vou te levar para o meu apartamento, você vai poder ficar lá o tempo que você quiser.

- Obrigado, Chan.

Em poucos minutos, os dois já estavam lá, entraram no prédio, pegaram o elevador e foram até o andar do Pak.

Quando Jongin entrou no apartamento, ele foi logo sentando no sofá, suspirando pesado e deixando sua mochila de lado. ChanYeol fez o mesmo, sentando-se ao seu lado.

- Então agora me diga... – o mais velho começou. – O que aconteceu para você finalmente sair de lá?

- Tudo, tudo estava me esgotando.

- É claro que estava, ele não te dava nenhuma folga, nem das palavras. – sorriu.

- Ele me culpou pelo acidente. – o encarou. – Me culpou por ter ficado paraplégico.

- Ele é um idiota, um babaca, é lógico que você não é o culpado. Mas não me surpreende vindo dele, parece que procura o tempo todo e em qualquer lugar coisas para atacar os outros, afetar emocionalmente, sentir-se superior.

- Ele disse que você foi lá antes da corrida, falou um monte para ele e o desconcentrou, disse que ficou pensando em mim, sobre a minha declaração e sobre o que você havia falado. Bem, uma coisa é verdade, correr tem que manter o foco, ele não pode lembrar.

- Sim, eu fui lá, mas nada do que eu falei parece ter afetado ele assim. – tocou no ombro do moreno, sério. – Mesmo que tenha sido isso, a culpa não é sua, ele se lembrou naquela hora sozinho. Foi ele que quis correr, se ele estava mal por qualquer coisa, o que eu duvido, era só não ter corrido, bem simples.

- O que você falou para ele?

- Nada que seja mentira. – sorriu. – Disse que ele é a pior pessoa que eu já conheci e que vai morrer sozinho, sem ninguém.

- Eu disse a mesma coisa para ele hoje.

- E eu estou orgulhoso de você, Jongin. – disse animado. – Estou feliz que tenha acordado, aberto os olhos, saído daquela maldita casa. Isso vai te fazer tão bem.

- Não sei não, Chan... – abaixou a cabeça, olhando para o chão. – Eu me sinto péssimo, me sinto horrível. Eu tive um surto de raiva e explodi, e sai daquela casa, mas eu ainda quero estar lá, eu não quero deixar o Kyungsoo.

- Ah, Jongin, me poupe...

- Desculpa, eu... – seus olhos voltaram a transbordar. – Eu não consigo me imaginar sem ele, eu nem sou capaz de me lembrar de nenhuma época que eu não tenha vivido com ele. Toda a minha infância, toda a minha vida, ele sempre esteve lá.

O Kim começou a chorar, voltando a despejar suas lágrimas que nunca acabavam, então o Park se aproximou mais e o abraçou de modo carinhoso, colocando o rosto do moreno em seu ombro.

- Agora você vai se desvincular dele. – disse. – E vai ser a melhor coisa que você vai fazer. – fez um carinho no cabelo alheio. – Olha, pode parecer meio difícil e até impossível isso para você, no começo, é claro que vai ser. Mas pense que, há alguns meses atrás, você me odiava. E eu também não gostava muito de você não, porque eu sabia que você me odiava.

Jongin deu risada, afastou-se do corpo do maior e limpou novamente suas lágrimas.

- É verdade. – concordou. – Eu te odiava muito.

- Se você, com o tempo, conseguiu gostar de mim. Você também consegue deixar de ama-lo um dia. É só você querer.

- O problema é esse. – suspirou. – Eu não sei se eu quero.

ChanYeol abriu a boca para responder, mas foi interrompido por passos vindo do corredor e aparecendo de repente na sala, com roupas largadas e comendo uma maçã com uma expressão curiosa.

- Que história interessante. – comentou. – Quero saber do resto.

- Ah, Jongin... Esse é o JongDae... – apontou para o amigo, meio indiferente. – Ele mora comigo, na verdade, o apartamento é dividido com três pessoas, mas o SeHun quase nunca para em casa, só para dormir. Não se preocupe que há espaço pra você.

- Muito prazer, JongDae. – sorriu, se curvando. – Eu não trabalho, mas eu posso ajudar com as tarefas da casa, até eu conseguir um emprego.

- Não se preocupe com isso. – avisou ChanYeol.

O garoto com a maçã sentou-se do outro lado do moreno, juntando-se aos dois, e observou-o de cima a baixo, com uma expressão analisadora.

- Dae, para de tentar desvendar as pessoas assim. Isso é assustador. – reclamou o Park. – Você é psicólogo, não vidente, não olhe como se pudesse ler mentes.

- Mas eu posso. – o encarou. – O pouco que eu ouvi dessa história, e o estado desse ser humano... – apontou com os olhos, dando mais uma mordida na maçã. – É óbvio que ele esta sofrendo por amor. Porque eu não posso saber?

- Não é problema seu.

- Mas eu posso ajudar.

- Não pode. – desviou o olhar por instantes, pensando, e depois reformulou uma ideia. – Na verdade, você pode ajudar mesmo. Jongin, ele pode te ajudar.

- Como? – encarou os dois, um seguido do outro, confuso.

- Ele é psicólogo, e pode não parecer, mas ele ajuda bastante. Ele vai te ajudar a superar tudo isso, vai que ele descobre alguma doença mental que te fazia continuar naquela casa. Sei lá, estocolmo? É isso?

- Eu não acho que eu tenha nada disso.

- Não importa, esquece, você acabou de ter um momento estressante, precisa descansar um pouco, comer alguma coisa, ficar com a mente tranquila. Vai se sentir melhor quando estive descansado, sem pressão, sem ninguém para te atrapalhar ou humilhar. – sorriu. – O banheiro fica no final do corredor... – apontou. – Tem umas toalhas limpas lá, na gaveta.

- Tudo bem, obrigado. – agradeceu sorridente, se levantando.

Jongin atravessou o corredor, deixando os dois colegas para trás, conversando, e entrou no banheiro quando o encontrou, fechando a porta e se apoiando na pia, suspirando pesado antes de se olhar no espelho.

Na ocasião em que estava, lembrou-se que havia não só deixado Kyungsoo sozinho, mas como havia deixado seu paciente sem nenhum enfermeiro.

Como o alvo iria ao banheiro ou sairia da cadeira de rodas sem ninguém para ajuda-lo?

Hesitando antes de fazer, o Kim pegou o celular e mandou mensagem para um dos enfermeiros que cuidavam da fisioterapia do piloto, contratando-o para ser o enfermeiro no seu lugar.

Depois da mensagem, deixou o celular de lado e começou a tirar as roupas para o banho.

Aquela definitivamente era a última coisa que fazia por Do Kyungsoo.

 

~

 

Jongin tomou um banho assim como ofereceram, um banho demorado que o fez pensar e refletir sobre muitas coisas de baixo da água. Era definitivamente o melhor lugar para se acalmar, então não chorou de novo e sentiu-se mal, apenas aproveitou.

Por mais estranho que sentisse deixando Kyungsoo, ainda assim sentia um alivio enorme.

Só de pensar que não teria mais que aguentar o amigo, cuidando dele e sendo obrigado a ouvir coisas desagraveis, já o deixava mais tranquilo.

Uma parte de si ainda queria voltar lá, ainda o amava, não dava para esquecer de uma hora para outra sendo que ele viveu aquilo por tantos anos. Mas ele queria tentar algo fora de lá, ele precisava fazer alguma coisa que não fosse sobre o Do ou diretamente para ele.

E como o alvo recusou seu amor, ele precisava esquece-lo e seguir em frente, e a melhor forma de fazer isso era sair daquela casa.

Senão chegaria à beira da depressão.

Assim que saiu do banho, voltou mais relaxado de encontro aos colegas, e já foi recebido de novo com um simples e delicioso macarrão instantâneo que ChanYeol havia feito.

- Com amor e carinho. – reforçou o mais alto, sorrindo.

Jongin deu risada e sentou-se na cadeira, ao lado do Park e na frente de JongDae, que lia alguns papéis em sua frente.

- Obrigado, Chan. – agradeceu, começando a comer.

- Se sente confortável?

- Sim, obrigado. Eu me sinto melhor agora.

- O que acha da gente ter uma sessão com um psicólogo profissional de verdade agora? – sorriu animado.

O Kim encarou ChanYeol e depois o Dae que o encarava também.

- Porque você acha que eu preciso de uma sessão psicóloga? – perguntou, curioso.

- Apenas aceite, é de graça. É uma questão de desabafar com alguém que sabe como te ouvir, isso é bom. – suspirou. – E porque ele não é um psicólogo profissional ainda, vai se formar daqui uns meses.

- Não era para falar isso. – reclamou o outro, em um tom alto. – Desse jeito ele vai achar que a sessão não é séria. Olha, Jongin, você não é meu primeiro paciente, mesmo eu ainda sendo universitário. Então quando estiver pronto para conversar, é só começar, eu adoro ouvir as pessoas... Principalmente histórias amorosas que não deram certo, é engraçado. – sorriu animado, mas depois mudou logo a expressão, fechando a cara. – Quer dizer, algumas são bem tristes também.

- Então você quer se divertir com o meu sofrimento?

- Não, Jongin, meu Deus, não é isso... ChanYeol, a culpa é sua.

- O que eu fiz? – murmurou confuso.

- Você acha que algum dia eu vou olhar para trás e me divertir com tudo isso também? – questionou o moreno, esperançoso.

- Talvez. Mas no momento que você superar tudo o que aconteceu, vai conseguir viver de um modo tranquilo, e toda a sua dor que esta sentindo agora vai ser indiferente no futuro. Porque você vai estar feliz de verdade.

Jongin sorriu, comendo mais um pouco do seu rámen.

- JongDae, você acha que pode avaliar o Kyungsoo se eu disser como ele é ou como ele age em relação a tudo?

- Talvez, mas não vamos focar nele, Jongin, foca em você mesmo. O que você sente, como você é, como você age e sua relação com ele. Mas tudo no seu ponto de vista, vindo de você mesmo. É simples.

O mais novo não achou tão simples como parecia, mas tentou contar tudo do jeito que o outro queria.

Relatar tudo de novo o fez lembrar de como era feliz antigamente e de como as coisas foram desmoronando aos poucos, até chegar no que aconteceu, no desgaste e no limite. Falar tudo aquilo o fez sentir-se bem, como também o fez ter mais certeza que o que estava fazendo era o certo.

O Kim nunca teve muitos amigos e nos últimos dias esteve completamente sozinho, sem Nina ou ChanYeol, então ter alguém para ouvi-lo tão atentamente, paciente e observador como o universitário fez seu alivio aumentar.

Mesmo que, no meio da história, ele sempre tivesse que tirar o foco do moreno que parecia sempre focar em Do Kyungsoo.

- Acho que é isso. – terminou, assim como havia terminado o seu macarrão instantâneo. – Tudo o que aconteceu. – suspirou. – Tem algum comentário para mim?

JongDae suspirou fundo, piscou os olhos por alguns instantes e voltou a se encostar na cadeira, com uma expressão séria.

- Você não sabe, certo? – ChanYeol o encarou, sorrindo.

- Não seja apressado. – levantou uma das mãos. – Foi bastante coisa para digerir, mas tem uma coisa que ficou tão obvia que acho que qualquer um, até mesmo você, Park, deve ter percebido.

- O que? – questionou o Kim, curioso. – Eu tenho algum problema? Mental?

- Você tem um grande problema sim, mas não é uma doença, é um sentimento. É normalmente no inconsciente, então por isso você nem deve notar, até porque é você que sofre com isso. Mas se os outros te conhecerem, eles logo percebem.

- O que é? – insistiu ansioso.

- Complexo de inferioridade.

- Inferioridade?

- É, já ouviu falar?

- Acho que sim.

- Então, você tem isso, Jongin, você sente isso e sente isso principalmente com Kyungsoo. – suspirou. – Olha, tudo o que você falou, é claro que deu para perceber que esse Kyungsoo esta errado em várias coisas e é bem babaca. Mas você também é o problema.

- Porque?

- Como você quer que alguém aceite seu amor sendo que você não ama nem a si mesmo?

- Eu não me odeio.

JongDae riu.

- É a mesma coisa que falar que você se suporta, porque você é você e não tem como mudar isso. Tudo o que você falou para mim, mesmo que seja sobre você, você ainda consegue focar no Kyungsoo. Como se sua vida girasse em torno dele, como se ele fosse o seu sol, o seu Deus. Parece que tudo que é seu tem ligação com ele.

- É porque nós somos amigos a muitos anos, uma vida inteira, não tem como falar de mim sem falar dele.

- Isso é errado. – disse sério. – É claro que amizades assim são importantes na vida de alguém, mas amizades não É a sua vida, só faz parte dela. Assim como o amor. Amores não SÃO a sua vida, fazem parte dela. É claro que ninguém quer ficar sem amizade ou amor, certo? Mas é preciso separar as coisas.

- Como assim?

- Jongin, até hoje, sua vida praticamente dependia de Kyungsoo, você morreria e mataria por ele, você faria tudo e qualquer coisa porque você o ama. E isso não é amor, ainda mais quando só uma parte ama, no caso, a sua. É por isso que esse cara abusa, te humilha, faz qualquer coisa. Ele te usou por muito tempo porque você deixou, porque para você ele é tudo.

- Quando nós éramos crianças...

- Não, Jongin, não. – o interrompeu. – Não lembre da infância, não lembre quando ele fazia coisas boas para você. Se foca no agora, no que ele é, no que ele te fez passar. Você usa seu passado para aguentar o seu presente, para lhe dar um motivo para ficar calado e aceitar ser inferior a alguém. Mas presta atenção, você não é inferior a ele, ele não é superior a você, não importa o talento, o dinheiro, nada. Ninguém é superior nesse mundo.

- Então eu tenho que esquecer o passado?

- Não, apenas guarda-lo como uma boa lembrança, mas não revive-lo dentro de você, porque reviver o passado significa que não esta seguindo em frente. E o que você mais precisa é seguir em frente agora.

- Esquecer o Kyungsoo.

- Você não precisa esquece-lo, afinal, ele foi o seu melhor amigo da infância. A única coisa que você precisa fazer de agora em diante, em relação a ele, é esquecer o amor que sente por ele e seguir em frente.

- E o que mais eu tenho que fazer?

- Amar a si próprio. – sorriu. – É a coisa mais importante que precisa fazer. Precisa ser feliz sozinho e estar bem consigo mesmo antes de tentar ser feliz com outra pessoa, se amar em primeiro lugar antes de amar alguém verdadeiramente. Você precisa ter consciência de que a pessoa mais importante na sua vida é você mesmo.

- Eu tinha uma boa autoestima quando era mais novo, que não chegava ao ponto de me gabar. Eu não sei como a perdi.

- Recupera-a.

- Eu não notei nada disso, quer dizer, eu sei muito bem que o Kyungsoo é tudo para mim, mas nunca via isso como um problema.

- Acredite, metade do seu sofrimento de agora é por causa disso, a outra metade é por causa dele. É hora de mudar isso, Jongin. É hora de viver e fazer as coisas por você, não por ninguém.

- Tudo bem. – ele deu um sorriso tímido. – Eu quero mudar, eu realmente quero mudar, viver por mim mesmo e deixa o passado para trás. Eu preciso disso.

- Você vai conseguir. – ChanYeol apertou seu ombro, sorrindo. – Nós vamos te ajudar.

- É claro. – o psicólogo concordou. – E olha, você parece muito legal e simpático, e também é bonito, se eu gostasse de garotos eu definitivamente iria me interessar em você. Te acho mais bonito que o ChanYeol.

- Não compare. – reclamou o alto, o encarando bravo.

- Depois dessa já senti minha autoestima aumentando um pouco. – o moreno deu risada.

- Eu vou ser um ótimo psicólogo, o melhor do país. – JongDae se gabou, relaxando-se na cadeira e tirando a sua postura séria.

- Eu acho que você foi muito bom. – o Kim elogiou.

- Jongin, você precisa conhecer pessoas novas, sair com outros garotos, coisas assim. – ChanYeol sugeriu, com um olhar malicioso. – Ou se você quiser relembrar o que fizemos aquela noite...

- Não, acho melhor dar um tempo. – deu risada. – Dar um tempo sem me envolver com alguém, mesmo que não seja sério, acho melhor eu ficar um tempo sozinho.

- E você esta completamente certo. – concordou o psicólogo. – Não vá na onda do Channie.

Quando o Park ia abrir a boca para retrucar, a porta do apartamento abriu, e de lá entrou um garoto alto e magro, com uma expressão séria e vestindo roupas sociais. Ele encarou os três na mesa e mandou um baixo “Boa tarde”, passando por eles e indo até o corredor dos quartos.

- Esse é o SeHun. – murmurou ChanYeol. – Ele é estranho, a gente acha que ele é um serial killer.

- Talvez ele só seja reservado. – disse Jongin.

- Mas eu sei que ele sai com garotos também, e olha que é difícil ver ele com alguém. – sorriu. – Vocês iriam se dar bem, não pelo fato de gostarem de garotos, mas porque ele desenha também. O quarto dele é cheio de ilustrações coladas na parede. É um artista.

- Difícil é entrar no quarto dele. – JongDae riu.

- Talvez eu consiga me aproximar, eu consigo me aproximar de pessoas assim. – sorriu. – Kyungsoo quando era criança também era muito reservado e...

- Jongin, Jongin... O que foi que eu falei? – o interrompeu, bravo. – Não fale dele, sobre ele. Não fale. Aqui nessa casa ele vai ser aquele que não deve ser nomeado. Se falar, é azar. Se falar, é sem autoestima.

- Ótimo, agora ele virou o Voldemort. – ChanYeol revirou os olhos, rindo. – Até o Voldemort é mais educado do que ele.

- Tudo bem, eu prometo, não vou falar. – prometeu o moreno, sorrindo. – Ele não faz mais parte da minha rotina, nem do meu cotidiano, e também não fará mais parte da minha vida.

- É assim que se fala.

Jongin ainda tinha incerteza, sobre tudo.

Mas seus colegas estavam certos, ele precisava mudar.

Estava disposto a deixar Kyungsoo de lado e fazer dele mesmo o próprio centro de suas escolhas, decisões e ações.

Amar a si próprio.

 

~ ~

 

A campainha tocou, uma vez e outra, até chegar na terceira.

Nina correu pela casa, saindo da cozinha, atravessando a sala e chegando até a porta da frente. Ela nunca atendia a porta, mas por algum motivo Jongin deveria estar ocupado.

- Olá. – um homem sorridente e vestido de branco estava parado na frente da porta. – Desculpe, eu demorei um pouco para ler a mensagem, só pude vir agora.

- Quem é você? – questionou a garota.

- Sou o Yixing. Um dos enfermeiros de Kyungsoo.

- Ah, sim. É verdade, desculpe, me esqueci do seu rosto. – sorriu constrangida, deixando ele passar pela porta e a fechando em seguida. – Veio para fazer a fisioterapia? Pensei que ele não iria fazer hoje.

- Não, ele não nos informou nada sobre a fisioterapia. Só eu fui informado para vir. – adentrou pela casa, sendo seguido pela outra. – Ele esta lá em cima? – parou no começo da escada.

- Se não é pela fisioterapia, porque esta aqui?

- Para ser o enfermeiro dele. Você sabe, mais particular.

A cozinheira o encarou mais confusa ainda, e mesmo antes que conseguisse assimilar qualquer coisa, Kyungsoo apareceu no topo da escada, em sua cadeira de rodas.

- Quem te mandou aqui? – ele perguntou, encarando o chinês.

- Kim Jongin me mandou uma mensagem me contratando. Ele disse que não poderia mais cuidar de você.

- Ah, é claro que ele fez isso. – suspirou.

O alvo encarou a garota, parada e quieta, mas com uma expressão confusa.

- É isso mesmo que você esta pensando, Nina. – ela levantou o rosto, o encarando. – Vocês conseguiram, ele saiu de casa. Jongin saiu dessa casa.

- Sério? – sorriu animada.

- Não consegue nem esconder sua animação, não é?

- Desculpa, eu... Eu... Não sabia.

- Pensei que ele te levaria junto.

- Para onde ele foi?

- E você acha que ele me contou? – deu risada.

A garota ficou em silêncio, mas sua expressão animada tornou-se apreensiva e ansiosa. O Do notou isso, e suspirou pesado, revirando os olhos.

- Quer ir atrás dele? Pode ir, Nina. – disse, apontando com os olhos para a porta.

- Esta me despedindo?

- Não, te dispensando por hoje.

- Porque? Você não faz isso.

- E você acha que conseguiria cozinhar algo decente se preocupando com Jongin? Eu não comeria, não sairia nada bom. Vai logo, minha mãe vai vir mais tarde, ela cozinha para mim.

- Ah, obrigada Senhor Do...

- Vai logo, garota, senão vou voltar atrás. Não quero mais ver sua cara por hoje.

Ela assentiu rapidamente e saiu quase correndo de volta para cozinha e seu quarto, tirando o uniforme para vestir qualquer outra roupa.

Yixing subiu as escadas e se encontrou com o alvo no topo, seu olhar era gentil e seu sorriso também. Podia parecer bobo e facilmente manipulado, mas Kyungsoo sentiu que se ele fosse provocado demais podia se mostrar outra pessoa.

Ninguém iria ser tão idiota quanto Jongin.

- Você precisa de alguma coisa?

- Não. Eu estou bem, eu poderia viver sozinho se eu quisesse.

- É claro. – sorriu. – Eu vou estar disposto sempre quando o Senhor precisar, mas como seus cuidados precisam ser 24h por dia, vai ter uma troca de enfermeiros. Mas não se preocupe, você o conhece também pela fisioterapia, vai ser o Minseok. Será sempre ele ou eu, provavelmente.

- Claro, claro. – suspirou. – Jongin lhe deu mais alguma informação na mensagem?

- Não, só me chamou para ficar no lugar dele.

- Tudo bem. Eu estou com sede, pegue um pouco de água para mim.

- Claro, eu volto já. – se curvou rapidamente, voltando a descer as escadas.

 

~

 

Nina saiu pelos fundos, não queria encontrar com Kyungsoo de novo, não gostava dele e não queria que ele mudasse de ideia ao deixa-la sair assim no meio do horário de trabalho. Assim como não a importava saber porque ele deixou, a única coisa que queria era encontrar Jongin.

Por isso, mesmo que não tivesse certeza, pegou o primeiro ônibus para ir até o apartamento de ChanYeol. Esse era o único lugar que ele poderia ter ido, além da casa da mãe dele, mas o Park morava mais perto e mesmo que ele não estivesse lá, ela poderia contar a notícia para o amigo alto.

Nina estava feliz e orgulhosa, mesmo não sabendo o motivo que o fez acordar e o que havia acontecido, mas se ele havia tomado coragem para deixar Kyungsoo sozinho, do nada, era porque havia sido um grande passo.

E ela também sabia que, mesmo que aquilo seja bom, ele não estaria tão bem assim.

Como já havia ido ao prédio do Park, o porteiro a reconheceu, deixando-a passar, onde pegou o elevador o mais depressa possível. Com ansiedade.

Bateu na porta de ChanYeol e esperou afobada para que a abrissem.

Foi o próprio Park que atendeu, sorrindo ao vê-la, mas ela não prestou muita atenção nele. Olhou para dentro do apartamento e viu Jongin que a encarou de volta.

Os dois sorriram um para o outro, e a garota entrou correndo, indo até o encontro do moreno e o envolvendo em um abraço apertado e carinhoso, como se não se viam a anos. Ele a correspondeu, abraçando-a com a mesma intensidade.

- Eu não acredito que você conseguiu. – ela saiu dos braços dele, segurando em seu rosto com as duas mãos e sorrindo. – Você saiu daquela casa, Jongin, você realmente saiu.

- É, eu sai. – sorriu. – Demorou, eu sei, mas eu finalmente sai.

- Eu estou tão orgulhosa de você, pensava que você ficaria lá para sempre. Quando eu fiquei sabendo, fiquei eufórica para te encontrar.

- Como ficou sabendo?

- O Senhor Do me contou, quando chegou o novo enfermeiro para cuidar dele. Então ele me deixou vir até aqui.

- Ele deixou? – franziu o cenho. – Estranho.

- Sei lá, não importa. – deu de ombros. – Eu estou feliz por você, não queria ter te ignorado todo esse tempo, mas eu fiquei muito mal também. Ver você daquele jeito me afetava.

- Você e o ChanYeol terem me ignorado me ajudou, na realidade. Eu me senti ainda mais sozinho, não tinha ninguém. Suporta-lo sem ninguém de verdade com quem conversar ultrapassa os limites. Vocês dois fizeram o certo. – sorriu.

- Você esta bem?

- Eu estou bem, ainda não ótimo, mas vou ficar. ChanYeol e JongDae já me ajudaram bastante só nesse pouco tempo.

- JongDae?

- Sim, sou eu. – o garoto se aproximou, sorrindo. – Muito prazer, eu ainda não te conheço. Como você se chama?

- Nina.

- Nina? Que nome diferente...

- Quer dizer, não, meu nome não é Nina, me desculpe... – ela se atrapalhou, sorrindo nervoso. – Nina foi o nome que o Kyungsoo me deu.

Houve um segundo estranho de silêncio, até ChanYeol levantar a voz.

- Como assim seu nome não é Nina? Eu jurava que era Nina. – perguntou, perplexo. – Eu sai com você te chamando de Nina. Jongin, porque nunca me contou?

- É que eu me esqueci do nome verdadeiro dela. – disse envergonhado.

- Não tem problema. – ela deu risada. – Meu nome é Bae JooHyun, mas eu sinceramente não me importo de me chamarem de Nina, eu me acostumei demais com esse nome, seria estranho se vocês de uma hora para a outra me chamassem de JooHyun. Eu gosto de Nina, é simples e bonito. Foi a única coisa legal para mim que veio de Kyungsoo.

- Nina ou JooHyun, você continuaria linda com qualquer nome, isso é óbvio. – JongDae disse, com um sorriso charmoso.

- Obrigada. – ela sorriu tímida. – Eu já vim aqui antes, mas não te encontrei.

- Ah, provavelmente eu estava estudando ou na casa dos meus pais. Ou o ChanYeol havia me despachado, como ele faz ás vezes com as outras garotas. Ele sempre trás várias para casa.

- Várias?

- Kim JongDae... – o alto o empurrou de leve, afastando-o dela. – Fique longe dela, tudo bem? E não diga mentiras, faz tempo que eu não trago garota nenhuma para cá.

- E o Baekhyun...

- Não. – disse rápido, sério. – Nem ele. Quieto.

Jongin os ignorou e chamou Nina para sentar junto com ele no sofá, e assim ela o fez, os dois se acomodaram e se encararam ainda sorrindo.

- Obrigado por tudo o que você fez por mim, Nina. De verdade. Tudo naquela casa seria ainda pior sem você lá. – agradeceu.

- Não precisa agradecer, você saiu de lá, é o que importa. – sorriu. – Você é o meu melhor amigo e um irmão que eu nunca tive. Sabe que pode contar comigo para qualquer coisa, eu vou estar do seu lado, querendo o seu bem.

- Eu sei. – suspirou. – Eu deveria ter te trazido comigo, assim que eu resolvi sair, mas ainda estava meio transtornado. Eu te deixei para trás, nós prometemos sair daquela casa juntos.

- Eu sei, nós prometemos, mas...

- Então saia também, peça demissão. Você não merece mais ficar lá, sozinha, com ele, ouvindo aquelas coisas. Venha para cá. Eu acho que aqui tem espaço o suficiente, certo, ChanYeol?

- Claro, ela pode dormir no meu quarto.

- Não. – o encarou de um modo bravo. – Se ela for dormir perto de alguém vai ser de mim, seus pervertidos.

- Jongin...

- Vamos, Nina, saia daquela casa. – voltou a encoraja-la.

- Eu sei que a gente prometeu, mas não sei se vai ser possível. Eu preciso daquele salário.

- Você pode arrumar outro emprego.

- Quem garante? Você sabe que eu sempre envio boa parte do que eu ganho para os meus pais no interior, eles são muito pobres e meu pai ficou desempregado. Ele perdeu o emprego, e minha mãe já não consegue arrumar emprego a muito tempo. – suspirou. – O que eu ganho naquela casa é o suficiente para sustenta-los e me sustentar também.

- Se eu saí, você também sai, não vai ficar presa lá por causa de dinheiro.

- Você estava preso por um amor não correspondido, mas eu tenho razões financeiras para querer continuar lá.

- Eu posso te ajudar. – o Park se aproximou, sentando ao seu lado. – Posso emprestar dinheiro, ou sei lá, qualquer coisa.

- Não, eu não posso aceitar. Eu não aceito dinheiro emprestado, muito menos em uma quantia grande. Eu não vou aceitar, Chan, obrigado.

ChanYeol suspirou, desviando o olhar pela casa até voltar nela.

- Nina, você se lembra que curso superior eu fiz? – o alto perguntou.

- Administração. – respondeu. – Porque?

- Eu fiquei com vontade de administrar um restaurante agora.

Nina sorriu.

- Não compre um restaurante para administrar e me coloque como cozinheira só por gentileza, Channie.

- Não é por gentileza, eu preciso fazer isso, não aguento mais meus irmãos e meu velho reclamando que eu não faço nada e só gasto o dinheiro deles. Eu fiz administração porque eles insistiram, então eu vou poder administrar o que eu quiser. Para que administrar aquelas empresas chatas se eu posso ter meu próprio restaurante?

- Não é por minha causa?

- Estou juntando o útil ao agradável. – sorriu.

- Eu apoio. – disse Jongin. – Era o nosso plano, não era, noona?

- Eu posso ajudar também. – ofereceu JongDae. – Até o Sehun pode ajudar, e ele é meio estranho.

- Obrigada todos vocês, de verdade. – agradeceu envergonhada. – Mas me dão mais algumas semanas, talvez até o fim do mês, para eu largar completamente o trabalho e mergulhar no novo negócio. É arriscado, mas eu aceito.

- Você vai ficar bem sozinha lá? – questionou o mais novo.

- É claro, não é difícil, o único problema é o próprio Kyungsoo, mas eu já estou acostumada com ele. – deu de ombros. – Aguentar mais algumas semanas não vai ser nada, e vou poder economizar o dinheiro para poder enviar aos meus pais e me demitir. Eu vou ficar bem, não se preocupe.

- Então eu acredito em você. – sorriu.

- Mas me conte agora, o que aconteceu para você finalmente abrir os olhos? – perguntou animada. – O que ele fez que ultrapassou seus limites?

Jongin sorriu.

- Pensando sobre isso agora, foi algo previsível vindo dele. Mas foi o suficiente para eu me afogar totalmente.

O moreno resumiu tudo novamente, dessa vez para a Nina, e, de novo falando sobre aquilo, dessa vez ele não chorou.

Estava feliz por estar ali, e ainda mais feliz por perceber o tanto de apoio que recebia só por estar longe do melhor amigo.

Ou daquele que antes era o seu melhor amigo.

Naquela noite, junto com os três, e até mesmo de SeHun, Jongin sentiu-se um pouco mais contente, o que não sentia a meses. E mesmo que na hora de dormir, quando deitou sua cabeça no travesseiro e encarou o silêncio, pensou de novo em Kyungsoo, com tristeza, saudade e raiva.

E chorou novamente. Porém, agora ele já entendia.

Do Kyungsoo era destrutivo.

E ele não queria mais ser destruído.


Notas Finais


Então é isso ae ~
OLHA SÓ, O QUE TODOS ESPERAVAMOS, ELE SAIU DAQUELA CASA, OUVI UM AMEM? GRAÇAS A G-DRAGON
Se sentem mais aliviadas assim como o Jongin? :3 dheudeh O que acham que vai acontecer com Kyungsoo agora?

Enfim, gostaram do capítulo? :3
Comentem ai o que acharam, por favor <3

E quem vai no show do BTS ano que vem? o/

Até a próxima ~


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