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História Hydrogen - Two


Escrita por: LysEvans

Capítulo 3 - Two



Berlim havia mudado em muitos aspectos e ainda assim continuava a mesma. Construções antigas dividiam espaço com prédios novos e brilhantes, letreiros e painéis que exibiam diversas informações as quais ela não compreendia completamente.

As pessoas se vestiam de formas estranhas em meio à massa de pessoas em ternos e uniformes e constantemente estavam com sua atenção fixa em pequenos objetos retangulares em suas mãos (smartphones, segundo vários letreiros anunciavam).

A massa de veículos tomava conta das ruas pelas quais Evelin cruzou com o homem que ela veio, a saber, se chamar Steve. Enquanto o acompanhava, Evelin arriscava olhares para sua figura que estava sempre atenta a tudo ao seu redor e preparado como se esperasse por algum ataque eminente. Ela compreendia esse comportamento, pois sentia o mesmo, como se a qualquer segundo alguém fosse saltar sobre si.

Steve, no entanto, não havia sido nada além de gentil desde que deixaram o hospital e sempre lançava olhares reconfortantes em direção a ela, sendo um comportamento ao qual ela se sentia estranha. Simpatia era algo que há muito não lhe era demonstrado e não a impedia de manter um pé atrás.

O mundo era um lugar muito grande e Evelin se sentia minúscula em meio a tudo e todos. O céu acinzentado escurecia rapidamente e uma gota de chuva caiu sobre o rosto de Evelin, enviando - lhe uma corrente de energia por seu corpo. Ela se sentiu mais viva do que se lembrava em muito tempo naquele momento. Um estrondo soou entre as nuvens sobressaltando as pessoas na rua e as fazendo acelerar o ritmo para se abrigar da chuva que estava prestes a cair.

Motoristas soaram buzinas que chamaram a atenção de Evelin, que esbarrou em alguém perto de si e se afastou apenas para esbarrar em outra pessoa, e assim sucessivamente. Ela não conseguia se concentrar com todo aquele barulho e todas aquelas pessoas para retomar o caminho atrás de Steve. A energia que percorria suas células se assemelhava a um zumbido quando a chuva passou a cair com força. Era muito para absorver. Ela não estava pronta para tudo isso. Ela não queria ter que lidar com tudo isso.

Evelin fechou os olhos com força, os dedos segurando com firmeza a raiz de seus cabelos agora encharcados que grudavam em seu corpo assim como as roupas. Seu corpo inteiro formigava. Uma pressão em seu antebraço indicou que alguém a segurava e seu primeiro impulso fora repelir o toque, e sem esforço a pressão desapareceu. Ela escutou gritos se aproximando mesclado ao som intermitente da chuva, porém ainda assim não conseguiu ter forças para abrir os olhos. Evelin apenas queria que todo aquele barulho desaparecesse.

E assim todo o som ao seu redor se tornou abafado e a chuva não caía mais de encontro a si, apesar saber que a chuva caía incessante, e o zumbido sob sua pele se acalmou de forma sutil. Evelin não se lembrava de ter sentido seu poder de forma tão intensa antes, mas a última vez que tivera contato com essa quantidade de água fora anos atrás e ela era uma pessoa diferente, portanto fazia sentido que tudo parecesse tão aterrador. Ela havia mudado, evoluído. Não seria diferente com sua peculiaridade.

Mas ela era capaz de lidar com algo que sempre fora parte de si. Cada sensação era como uma nota musical e só seria tocada se Evelin quisesse, fora o que sua mãe havia dito anos atrás quando ela passou por uma situação semelhante. Cada nota formaria uma melodia que apenas Evelin poderia tocar e ouvir, sempre presente em sua cabeça para momento em ela precisasse. Ela estava no controle e não seu poder.

Ela tinha o controle. Esse era seu mantra repetido inúmeras vezes em sua cabeça.

Respirando profundamente, a pressão sanguínea que rugia em seu ouvido antes reduzida a níveis toleráveis. Ela removeu suas mãos que estavam em sua cabeça até descansarem ao lado do seu corpo e seus olhos se abriram para o mundo ao seu redor. Ela estava no centro de uma redoma com cerca de cinco metros de diâmetro. A redoma era cristalina e se assemelhava a vidro através do qual a chuva torrencial era visível, e caia para se unir à redoma e a renovar constantemente. Era familiar. Era seguro. Ao redor da redoma diversas pessoas empunhavam armas apontadas na direção dela prontos para qualquer ação ofensiva. Quem eram aquelas pessoas? E onde diabos estava Steve? Ele disse que iria ajuda-la e agora ele não estava sequer ao alcance de suas vistas.

Porém logo o grupo de pessoas se dividiu e Steve se aproximou do limite da redoma em passos firmes e a expressão imperturbável mesmo com a chuva. Steve disse algo a que foi abafado pela redoma e pela expressão impassível ele percebeu que ela não podia o compreender e que também não estava inclinada a sair de seu refúgio, não quando havia pessoas apontando armas em sua direção.
Ele sinalizou para que as armas fossem abaixadas e uma mulher questionou o comando, ao qual ele insistiu com um olhar duro e algumas frases soando como ordens. Uma a uma as armas foram abaixadas apesar de as pessoas continuarem em estado de alerta. Ele gesticulou indicando que queria conversar, as mãos erguidas em sinal de rendição em seguida. Evelin ponderou ainda desconfiada, mas com um pouco de sua concentração modelou a redoma para se expandir em sua direção. Os olhos de Steve se arregalaram ao perceber o movimento e seus músculos se enrijeceram onde ele se encontrava, porém logo se recompôs retirando os fios loiros que caiam em seus olhos por conta da água quando se encontrou dentro da redoma a poucos metros de distância.

-Quem são eles? - ela questionou.

-Eles estão comigo. Uma medida de segurança caso as coisas saíssem de controle. Eles não vão lhe fazer mal, você tem minha palavra. - ele disse com sinceridade - Mas temo que você atraiu demasiada atenção e seria melhor se saíssemos daqui o mais rápido possível para evitar problemas.

-Prometa que não vão me trancar em uma cela.

-Você não é uma prisioneira.

-Prometa! - exclamou trincando os dentes.

-Você tem minha palavra. Terão que passar por mim se quiserem tocar em você. - Ela assentiu concordando e Steve fez o mesmo. Do lado de fora as pessoas pareciam cada vez mais inquietas e mesmo com a chuva mais pessoas estavam se aproximando com curiosidade - Agora seria uma boa para você desfazer isso. Nós podemos conversar quando estivermos em um lugar seguro.

Evelin assentiu minimamente e com aceno de mão a redoma se desfez e a chuva voltou a os atingir. Fora um gesto arriscado, mas algo a dizia para confiar nele. Steve gesticulou para as pessoas com armas que mantiveram os outros longe, fazendo com que o caminho até um veículo preto próximo estivesse desobstruído. Ele se encaminhou até a porta traseira e a abriu, indicando com a mão para que ela entrasse. Não demorou a ambos estarem longe da chuva na traseira do veículo, o estofado de couro mal havia se molhado quando o veículo arrancou cantando pneus. O carro era como uma versão muito diferente do que o pai de Evelin possuira um dia. Ela não pôde captar muitos detalhes, pois não tardou ao veículo parar novamente em um estacionamento amplo e vazio, exceto por um tipo estranho de aeronave e pessoas armadas que também a guardavam mesmo sob a chuva.

Steve liderou o caminho em passos largos e a mantendo sob seu olhar com mais frequência. Ela podia notar que ele estava receoso quando passou por entre as pessoas e lançou olhares de aviso para cada um. Evelin caminhou próxima a ele até o interior frio da aeronave, sendo seguida pelas pessoas que guardavam a aeronave, ação que a deixou em estado de alerta especialmente por sentir seus olhares acompanharem cada movimento seu. Os olhos de Evelin varreram cada centímetro que seus olhos alcançaram, mas não havia muito que compreendesse.

A rampa pela qual eles entraram se elevou selando a passagem. Notando o olhar alarmado de Evelin, Steve fez menção de lhe tocar o ombro para lhe assegurar que não era necessário se preocupar, porém se restringiu ao lembrar-se do que aconteceu momentos antes quando tentara lhe segurar o braço. Fora como se a água tivesse repelido seu contato com ela, o lançando vários passos para trás antes que a estranha redoma surgisse. Tudo aconteceu em uma fração de segundos e ele não estava inclinado em desencadear uma reação semelhante, especialmente por estarem em um espaço confinado.

-Que grande impressão você deixou lá atrás uh? - Natasha comentou chamando a atenção de Evelin e Steve para si, lançando um olhar na mão ainda erguida de Steve em gesto já esquecido. Não recebendo uma resposta de Evelin que apenas a encarava com desconfiança, Natasha acrescentou para ninguém em particular: - Tudo bem então. Já podemos partir.

-Você pode se sentar ali Evelin, só preciso resolver algumas coisas antes. - Steve indicou um banco de encontro à parede da aeronave.

Enquanto esperava por Steve que conversava mais afastado com a mulher de cabelos ruivos, Evelin se perguntou aonde estavam a levando e o que poderiam querer com ela. As habilidades sempre foram uma parte de si e ela duvidava que pudessem fazer algo a respeito dos outros detalhes a qual a submeteram. Era um milagre poder considerar alto semelhante a um futuro, e pensar sobre isso agora apenas traria mais incertezas, porém pensar sobre o passado não era prazeroso tão pouco.

-Você está se sentindo bem? - Steve a sobressaltou se sentando ao seu lado em uma postura rígida e lhe estendendo uma toalha. - Talvez seja melhor tentar dormir um pouco...

-Eu apenas quero respostas. - ela o cortou aceitando a tolha.

E Steve respondeu todas as perguntas que ela poderia ter, algumas com o auxílio de estranho tipo de computador plano (tablet, segundo ele disse) onde vídeos, imagens e textos podiam ser acessados com facilidade. Era maravilhoso! Tanta informação na palma de sua mão apenas esperando para ser aprendida. A Guerra, o pós Guerra, quem eram as pessoas para quem Steve trabalhava, Vingadores, como as invenções e costumes haviam evoluído eram apenas a superfície de tudo que ela poderia querer saber. Ele mesmo admitiu ainda ter algumas coisas as quais não era completamente familiarizado por conta de seu "acontecimento".

Capitão América. Caso a circunstância fosse outra, Evelin acharia uma loucura toda à história sobre ser um super soldado e ser congelado por anos, mas ela era familiarizada em perder anos de sua vida congelada contra sua vontade. A diferença é que Steve era um herói e ela estava distante disso. Ela sequer havia conseguido salvar a própria família.

E agora eles estavam voando para NY, onde um de seus cientistas, Dr. Banner, iria a examinar para comprovar as informações presentes no arquivo que fora encontrado a respeito dela e o que poderia fazer a partir daí.

Faltando aproximadamente 20 minutos até seu destino final a mulher ruiva, Natasha, chamou Steve a deixando com o tablet a disposição. Mesmo com algumas limitações, Evelin aprendia rápido e não estava encontrando desafios frente à tecnologia recém descoberta. Brevemente a aeronave estava pousando no alto de um arranha-céu onde uma enorme letra A estampava sua lateral imaculada de metal e vidro.

O som da maquina desligando se seguiu por todos se preparando para desembarcar carregando diversas coisas consigo. Steve encontrou o olhar de Evelin e assentiu uma vez à pergunta muda que ela fazia. Ela depositou o tablet sobre a mesa central da aeronave e se encaminhou ao local onde ambos a observavam, se sentindo desconfortável com a atenção visto que ela não era o tipo de pessoa que apreciava isso. Ele caminhou em passos lentos até a saída da aeronave deixando Natasha para trás.

-Eu não quis ser rude com você mais cedo. Sinto muito.- Evelin disse com o sotaque carregado parando ao lado de Natasha e estendendo a mão em um cumprimento.

-Está tudo bem, eu não levei para o lado pessoal. Meu nome é Natasha, a propósito. - Natasha respondeu em um alemão fluente aceitando o cumprimento. - Se você precisar de alguma coisa me deixe saber.

-Agradeço a oferta.

-E não se preocupe, você está em boas mãos. Agora, o Capitão pode não demonstrar, mas está ficando impaciente com nossa conversa. Ele não gosta de ser deixado de fora. - Natasha se referiu ao curto dialogo em alemão sorrindo para Steve por cima do ombro de Evelin e soando como a deixa para terminarem o assunto.



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