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História Hyung - Capítulo I


Escrita por: Avaloney

Notas do Autor


Primeiramente, me desculpa se você for da época em que eu escrevia fic de youtubers e se iludiu achando que era história nova (inclusive apaguei todas elas porque não estava bem sabendo que tinha aquelas merdas postadas no site com meu nome como autora. Evoluí muito, acreditem).

Segundamente, eu sei que segundamente nem terceiramente são palavras inexistentes.

Terceiramente, sim, a capa é uma bosta, mas eu tentei, não tentei? Eu não manjo nada de photoshop e fiquei um tempão tentando descobrir sozinha como mexe nessa coisa (pq queria postar logo e n tenho tempo nem paciência pra ver tutorial agr). Se alguém manja e quiser fazer uma capa, eu agradeço :3 essa capa eu fiz no celular kkkkk

Enfim, amém Markjin.

Desculpem qualquer erro.

Boa leitura :)

Capítulo 1 - Capítulo I


Estava escuro do lado de fora da janela meticulosamente limpa. O relógio marcava cinco e meia da manhã, horário este em que qualquer pessoa deveria estar dormindo. O som irritante do despertador podia ser ouvido ecoando pelas paredes do quarto branco decorado com móveis escuros e alguns poucos enfeites coloridos que ali estavam apenas por insistência de sua mãe — esta que alegava que sua casa tinha um clima triste por conta das poucas cores. JinYoung suspirou, colocando a mão para fora das cobertas e apertando o botão superior do pequeno aparelho, deixando assim o silêncio reinar no apartamento novamente. Apertou os olhos, sentando-se na cama e retirando as cobertas de cima de si de uma vez só, pois caso contrário sabia que seria tentado a apenas virar-se para o lado oposto e dormir outra vez. Abriu os olhos devagar, piscando algumas vezes até que um pouco do sono se fosse. Colocou as pernas para o chão, sentindo o ar frio entrar em contato com sua pele quente e todos seus pelos se arrepiarem. Estendeu a mão até o criado-mudo, pegando ali seu par de óculos de aros negros.

O hábito de sempre levantar tão cedo provavelmente estava relacionado com sua pontualidade. Na verdade, a escola em que trabalhava não ficava tão longe assim de sua casa, e mesmo que saísse faltando dez minutos até que soasse o primeiro sinal, ainda assim, não se atrasaria. Porém, JinYoung gostava de poder fazer tudo com calma, desde calçar os sapatos até beber seu café forte, sem leite e sem açúcar.

Cerca de três horas depois, JinYoung caminhava em direção ao seu carro, já com sua higiene feita, cabelo arrumado, roupas bem passadas e livros debaixo do braço. Cumprimentava qualquer vizinho ou funcionário do prédio que passasse por si, sempre voltando à sua expressão séria em seguida. Desativou o alarme do carro, abrindo a porta e acomodando-se no banco do motorista enquanto depositava seus livros no assento vago ao lado.

 

 

 

[...]

 

 

 

Estava em sua sala, organizando seus planos de aula para o dia sobre a mesa de uso exclusivo seu. Vultos passavam em frente ao vidro fosco, além das vozes dos alunos conversando animadamente. Viu seu celular vibrar sobre a mesa, tirando completamente sua concentração das folhas em sua frente. Pegou-o, desbloqueando a tela e visualizando uma mensagem de texto ali.

 

De: Desconhecido.

"Olá, JinYoung."

 

Franziu o cenho, deixando seu lápis sobre o livro antes de clicar na caixa de mensagem, ativando assim o teclado.

 

Para: Desconhecido.

"Olá."

"Quem é?"

 

Colocou o celular desbloqueado sobre a mesa, voltando-se para seu plano de aula aberto em sua frente. Nem teve tempo de pegar o lápis novamente quando o celular vibrou outra vez.

 

De: Desconhecido.

"Ninguém que você conheça de verdade."

"Adivinhe."

 

JinYoung suspirou, revirando os olhos. Precisava terminar seu planejamento para o resto do dia, não tinha tempo para jogos. Mas sua curiosidade era maior, e sabia que não conseguiria se concentrar em seus afazeres se não soubesse quem estava mandando mensagens para si.

 

Para: Desconhecido.

"Se eu quisesse adivinhar não teria perguntado quem é, não acha?"

 

 

De: Desconhecido.

"Nossa, também não precisa ser assim, docinho."

 

"'Docinho'?"

 

Para: Desconhecido.

"Quem é você e como conseguiu meu número?"

"Se for algum aluno de gracinha saiba que vou descobrir quem é e você será punido."

 

 

De: Desconhecido.

"Não sou nenhum aluno."

"A pista que posso te dar é que somos colegas de trabalho."

 

 

Para: Desconhecido.

"Colega de trabalho?"

"Então você é um professor?"

 

 

De: Desconhecido.

"Quem sabe."

 

 

Para: Desconhecido.

"Bom, você faz parte da equipe, pelo menos."

 

 

De: Desconhecido.

"Uau, parece que temos um gênio aqui."

"Não foi à toa que se tornou professor."

 

JinYoung revirou os olhos; aquele sujeito o estava irritando.

 

Para: Desconhecido.

"Deixa de brincadeira e me diz logo quem é."

 

 

De: Desconhecido.

"Não pretendo revelar minha identidade."

"A graça do jogo é essa."

"Mas por enquanto pode me chamar de Hyung."

 

 

Para: Desconhecido.

"Ah, então você é mais velho do que eu?"

 

 

De: Desconhecido.

"Pode ser."

"Mas você só saberá disso quando descobrir quem eu sou."

"E não tente rastrear este celular, pois você não vai conseguir."

"Até mais tarde, meu doce."

 

Permaneceu fitando a última mensagem durante alguns segundos antes de bufar e deixar o aparelho perto de sua xícara outra vez. Aquilo era sério? Realmente havia outra pessoa mandando mensagens para si e querendo brincar de adivinhação? E essa pessoa possivelmente era mais velha que si, o que a fazia parecer mais ridícula ainda.

Mas JinYoung se sentia igualmente ridículo por estar tão curioso para saber quem era.

 

 

 

[...]

 

 

 

— Então, classe, por hoje é só. — Deixou o marcador para quadros sobre sua mesa, observando os alunos recolherem seus materiais e deixarem a sala de aula. — Recomendo que terminem de ler o livro neste final de semana, assim poderemos conversar sobre ele na próxima aula, antes do trabalho em dupla.

Despedia-se dos alunos que se despediam de si, vendo o lugar esvaziar em segundos. Limpou a lousa e recolheu seu material, andando até a sala dos professores em seguida. Era uma sexta-feira, ou seja, dia de reunião. Estava sendo um dos últimos a chegar na sala em questão, considerando que sua sala de aula era uma das mais afastadas, mas isso não significava que estava atrasado — sua pontualidade não permitiria. Acomodou-se numa das poucas cadeiras vazias em volta da grande mesa retangular, faltando assim chegar apenas o secretário, o diretor e o professor de educação física — que presumiu estar terminando de guardar os materiais esportivos deixados para trás pelos alunos na quadra. Observou o Secretário Choi dirigir-se até sua própria cadeira, próxima à do diretor, cumprimentando todos ali com um sorriso adorável aos olhos do moreno.

— O diretor está atendendo ao responsável de um aluno, ele não demorará a chegar — comunicou a todos, abrindo uma das pastas pretas que carregava e começando a separar alguns papéis ali.

— Desculpem o atraso, pessoal. — Uma voz vinda da porta chamou a atenção de todos ali, apenas alguns poucos permaneciam conversando. — Os alunos não guardam os materiais e eu precisei recolher tudo.

— Ah, Professor Wang, por favor — disse o secretário sorridente, apontando para uma cadeira vazia perto de JinYoung. Jackson correu até a mesa, sentando-se em na cadeira para a qual o secretário apontara lhe devolvendo o sorriso; era impossível não fazê-lo. JinYoung agradeceu aos céus por este não estar suado; seria bastante desagradável ter que sentir cheiro de suor durante a reunião toda.

— Vejo que a equipe de professores está completa, não? — A voz calma do diretor soou, seguida do barulho da porta se fechando. Todos ali levantaram-se, cumprimentando e fazendo uma breve reverência ao recém-chegado, que sorriu pequeno. — Bom dia, equipe.

— Bom dia, Diretor Tuan — responderam em uníssono, voltando repousar sobre os assentos quando o diretor o fez.

A reunião se iniciou. Diversos assuntos eram discutidos, assuntos estes que JinYoung nem mesmo chegou a prestar muita atenção, pela primeira vez desde que chegara para se juntar a equipe da escola poucos anos antes. Ele apenas observava a sua volta, focando em cada rosto desatento e imaginando se algum deles poderia ser o do tal "Hyung". Claro, aquilo não passava de uma brincadeira de um dos seus colegas consigo, mas ainda assim, era curioso o suficiente para querer saber quem exatamente estava lhe enviando aquelas mensagens.

 

 

 

[...]

 

 

 

— Deixe-me ver essas mensagens outra vez — a mulher pediu, sentando-se no sofá da casa de JinYoung.

— Juro que não sei quem é, YeolAh. — Pôs-se a andar de um lado para o outro. — Deve ser um aluno tentando me pregar uma peça ou algo do tipo, certo?

— Acho que não, pode ser que seja um professor mesmo. — Devolveu o celular ao amigo.

— Como ele conseguiu meu número? — Encarou a tela desligada do aparelho, pensativo.

— Há uma agenda na Secretaria com o número do telefone de todos os professores e funcionários, ele pode ter pego de lá. O Secretário Choi, talvez... — Deu de ombros. — Ele sorri bastante para você, não é?

— Sim, assim como para todo mundo — respondeu, vendo YeolAh revirar os olhos. — YoungJae é simplesmente alguém feliz no que faz.

— Ok, quem são os outros suspeitos além dele?

— Temos o Professor Bhuwakul.

— Kunpimook Bhuwakul? O professor de geografia? — JinYoung assentiu. — Não acho que seja ele. — Sorriu de canto, divertida.

— Por que não?

— Porque ele teria te chamado de Oppa, não de docinho. — Riu, observando enquanto JinYoung balançava a cabeça em reprovação.

— Achei maldade isso. — Focou os olhos no chão enquanto mordiscava o polegar, perdido em seus pensamentos. — Ah, temos também Jackson Wang.

YeolAh pensou por uns momentos, sorrindo em seguida.

— Eu vi ele de mãos dadas com um cara semana passada, no shopping.

— Nossa, sério? — YeolAh assentiu. — Fico feliz por ele.

— O que acha de Han SangHyuk?

— Ele se casou há uns três meses. Pensei que soubesse, você é quem me informa das fofocas entre os professores — disse, vendo a amiga revirar os olhos. — E Kim YuGyeom?

— Eu acho que é ele quem Kunpimook chama de Oppa. — Cutucou o braço de JinYoung com seu cotovelo, rindo.

— Você não presta, sabia? — Ajeitou-se no sofá. — Então só me resta um suspeito.

— Quem? — YeolAh perguntou, curiosa.

JinYoung mordeu os lábios incerto, focando seus olhos nos orbes escuros da amiga.

— Mark Tuan.

— O diretor?

— Sim, mas acho que não é ele. Quer dizer, ele é o Mark Tuan. Ele é rico, bonito, engraçado, diretor de uma escola das melhores escolas da Coreia do Sul, etc. Pode ter literalmente qualquer um, nem sei por que o considerei um suspeito.

— Ah, então quer me dizer que não temos suspeitos?

JinYoung balançou a cabeça de um lado para o outro, pensando mais um pouco.

— É o que parece.

YeolAh observou o rosto do outro por alguns momentos, antes de o puxar pela mão e o fazer levantar o sofá.

— Venha aqui. — O levou até em frente ao espelho do banheiro, parando atrás de si. Deixou uma mão em cada um dos seus braços, o segurando com uma delicadeza que ela só tinha quando queria. — Você não é feio, JinYoung, só não sabe se arrumar.

— Eu não quero me arrumar. Só quero descobrir quem está mandando as mensagens para mim.

— 'Tá, mas e depois? — JinYoung franziu as sobrancelhas. — E depois que você descobrir quem é o que vai fazer? Dizer que sabe quem é e o jogo termina assim?

Suspirou, encarando a amiga através do espelho.

— YeolAh, eu tenho vinte e sete anos; não sou mais um adolescente, certo? Eu tenho um emprego no qual eu preciso me concentrar quando estou em meu local de trabalho. Realmente não tenho tempo para joguinhos, mas eu sou a droga de um curioso e quero saber quem é. Só isso, entendeu?

A mulher fechou os olhos, soltando o ar pelo nariz com força o suficiente para que JinYoung pudesse ouví-lo deixar seus pulmões.

— Você não precisa viver apenas para aquela escola, muito menos pensar apenas em assunto relacionados a ela quando estiver lá. Você tem que relaxar um pouco, ok? — Mexeu os braços do amigo, fazendo este sacolejar. — Tem alguém naquela escola que está entendiado e resolveu se distrair um pouquinho. Permita-se entrar no jogo dele e faça disso um passatempo, JinYoung. Não importa que seja uma brincadeira, apenas se distraia. Caso contrário, serei obrigada a te arrastar para mais noites de sábado para beber um pouco e conhecer gente nova, e você não gosta disso, certo?

— Nem um pouquinho — confirmou, torcendo os lábios.

— Ótimo. — Deu dois tapas fracos num dos braços do outro, sorrindo de canto. — Então boa sorte, meu caro jogador.

 

 


*     *     *

 

 

 

De: Desconhecido.

"Bom dia, docinho."

 

 

Para: Desconhecido.

"Por que está mandando mensagens tão cedo?"

"Por acaso não sabe que não são nem cinco e quarenta e cinco da manhã?"

 

 

De: Desconhecido.

"Sim, eu sei."

"Sei também que você levantou tem pelo menos quinze minutos."

"Você não estava dormindo."

"Você não me engana, JinYoung."

 

Sim, aquilo talvez tivesse assustado JinYoung um pouco. Como exatamente alguém poderia saber que horas ele costuma acordar?

 

Para: Desconhecido.

"Como sabe que horas eu levanto?"

 

 

De: Desconhecido.

"Isso é uma coisa que você não precisa saber por ora, ok?"

 

 

Para: Desconhecido.

"Tem câmeras na minha casa?"

"Você é uma espécie de maluco?"

 

 

De: Desconhecido.

"Eu não sou nenhum maluco."

"Você só não precisa saber por enquanto como eu sei sobre sobre o horário que costuma acordar."

 

E foi por isso que JinYoung passou o resto do tempo até a hora de ir trabalhar olhando para todos os cantos de sua casa onde pudesse haver alguma câmera escondida. O tal de Hyung não havia propriamente respondido a penúltima pergunta antes de se calar.

 

 

 

[...]

 

 

 

Para: Desconhecido.

"Hey."

 

JinYoung enviou, esperando que uma resposta viesse imediatamente.

 

Para: Desconhecido.

"Hey."

 

A segunda mensagem fora enviada cinco minutos depois da primeira, mas outra vez, não houve resposta. JinYoung pegou o telefone, achando que talvez soubesse o que o outro queria para que o respondesse.

 

Para: Desconhecido.

"Hyung."

 

 

De: Desconhecido.

"Fale, meu doce."

 

JinYoung arfou, revirando os olhos juntamente com uma risada irônica; como alguém poderia ser tão ridículo?

 

Para: Desconhecido.

"Você vai me explicar como sabe sobre que horas eu acordo ou prefere que eu chame a polícia?"

 

 

De: Desconhecido.

"Não vou explicar por enquanto, mas também não há necessidade de envolver as autoridades na brincadeira."

"E pode ficar tranquilo que não coloquei nenhum tipo de escuta ou câmera no seu apartamento."

 

 

Para Desconhecido.

"Como sabe que eu moro num apartamento?"

 

 

De: Desconhecido.

"Eis uma longa história que contarei ao final do jogo."

"Por favor, apenas não insista."

 

 

Para: Desconhecido.

"Aliás."

"Sobre esse jogo."

"Você ficou entendiado e escolheu alguém pra servir de brinquedo para você?"

 

 

De: Desconhecido.

"Você falando dessa forma me faz parecer alguém que não se importa com as pessoas."

"Sendo que me importo com você mais do que pode imaginar, meu doce."

 

— Ok, 'pra mim já chega — disse para si mesmo, deixando o celular de lado para se focar em seu plano de aula.

 

 

 


*     *     *

 

 

 

Uma semana. Longos e dolorosos sete dias haviam se passado. O motivo de esses dias terem sido tão sofridos para o jovem professor de literatura? A curiosidade. O tal Hyung insistia em esconder a própria identidade, mesmo que JinYoung tivesse certas suspeitas sobre qual seria esta. Notara ao longo do mês que o Diretor Tuan parecia sorrir mais para si, sendo que antigamente nem ao menos parecia se importar muito com sua existência por ser só mais um dos sete professores de literatura que a escola possuía.

— YeolAh, eu não aguento mais.

— Você não pode desistir, JinYoung.

— Mas e se ele quiser levar esse jogo até o final do semestre? — Sentou-se em uma das muitas carteiras espalhadas pela sala de aula, perto da amiga que havia se acomodado por ali. — Esse é o último semestre do ano. Sabe quanto tempo falta para ele acabar? — perguntou, sem realmente esperar por uma resposta. — Dois meses, YeolAh. Eu não sei se aguento dois meses com essa dúvida na cabeça me tirando o sono.

— Mas você disse que sabia que era. — A mulher levantou da cadeira, sentando agora sobre o tampo da carteira e ficando na altura do amigo. — Você não é feio, lembra?

JinYoung negou com a cabeça, cruzando os braços.

— Realmente acredita que possa ser Mark Tuan? — perguntou, abaixando o tom da voz; não poderia esquecer que alunos passavam em frente a porta constantemente.

YeolAh deu de ombros, sorrindo de canto.

— Já tentou ligar para esse número? — JinYoung negou. — E se você ligasse para ele?

— Mas o Hyung disse que eu não iria conseguir rastreá-lo, então eu provavelmente não vou conseguir ligar para ele também.

— E você tentou rastrear? — Viu o amigo franzir o cenho. — Já parou para pensar que ele disse isso só para que você nem tentasse?

JinYoung levantou as sobrancelhas; fazia sentido, até.

— E você sabe como fazer isso?

— Não, mas o meu primo entende dessas coisas. — Fez uma pausa. — Foi ele quem arrumou o meu computador quando pifou com todas as notas dos alunos.

— Ah, é verdade. — Sorriu de canto, puxando a amiga para um abraço. — Não sei o que eu faria sem você.

— Provavelmente estaria trabalhando como entregador de pizza ou algo do tipo.

— Que exagero, não sou tão dependente assim de você. — Levantou-se, andando até seu celular e checando o horário. — Aliás, qualquer trabalho é digno, respeite.

A mulher revirou os olhos, levantando também e arrumando a sua saia. JinYoung sentou-se em sua cadeira própria, observando YeolAh aproximar-se pensativa em passos lentos. Apenas o som dos seus saltos batendo contra o piso de madeira podia ser ouvido, além dos alunos do lado de fora, claro.

— Que sorrisinho maligno é esse?

— Eu tive uma ideia.

— Sobre...? — incentivou.

— Como você pode descobrir quem é esse cara hoje mesmo.

 

 

 

[...]

 

 

 

JinYoung se despediu outra vez dos alunos, juntando seus livros; era sexta-feira e deveria ir para a sala dos professores para mais uma reunião. Pegou seu material e seguiu em direção à sala em questão, em passos um pouco mais lentos do que de costume — tão lentos que quando finalmente chegou percebeu que faltava apenas ele para a equipe estar completa. A reunião ainda não havia começado, e a maioria dos professores nem haviam se acomodado em volta da grande mesa retangular. Olhou para o diretor por um momento; Mark brincava com uma caneta prateada sobre alguns papéis que recebera do Secretário Choi, distraído observando os professores pouco a pouco sentarem-se em seus respectivos lugares e rindo fraco ouvindo conversas aleatórias na mesa. JinYoung parou perto da porta, segurando seus livros usando apenas um dos braços e tirando o celular do bolso com a mão livre. Desbloqueou a tela e procurou pelo número de Hyung, levando o aparelho até perto de sua orelha. Jurou que seu coração fosse parar quando viu Mark abaixar o olhar até seu próprio celular, que tinha a tela brilhando enquanto vibrava sem parar. O diretor apenas pressionou o ícone vermelho, recusando a chamada e colocando-o no modo silencioso logo em seguida. JinYoung tirou o celular de perto da orelha; precisava ter certeza do que havia visto. Ligou mais uma vez para o número. A sala começava a ficar silenciosa, o que permitiu que o toque de outro celular soasse alto do outro lado da mesa. Im JaeBum levantou-se, pegando o aparelho sobre a mesa e voltando-se para o diretor, que o encarava.

Não podia ser.

Im JaeBum, não.

— Desculpe, Diretor Tuan. É minha mãe, se me permite atender...

— Claro, Professor Im. — Apontou para a porta. — Fique à vontade.

JaeBum assentiu, atendendo ao telefonema e andando em direção à porta enquanto falava com alguém pelo celular. Precisou desviar de JinYoung, que permanecia estático com o aparelho ainda perto da orelha após o susto. O Park olhou mais uma vez para Mark, que encarava o próprio celular.

E, de fato, não era JaeBum.

Para o alívio de JinYoung.

 

 

 

[...]

 

 

 

— Você viu aquilo?! — YeolAh se assustou quando JinYoung apareceu atrás de si e a puxou no final da reunião.

— O que exatamente aconteceu, na verdade? — perguntou, seguindo com o mais velho até seu carro. Sentou no banco do passageiro enquanto JinYoung se acomodava no assento destinado ao motorista.

— O celular do Mark tocou! Ele tocou, YeolAh! — Colocou os livros no banco de trás, dando partida no carro. — Sabe o que significa?
— Sim, comprovamos que Mark Tuan e Hyung são a mesma pessoa! — Riu, jogando sua bolsa por cima do ombro e as deixando com as coisas do amigo. — Conseguiu um bonitão, hein?

— Cale a boca. — Riu, saindo de sua vaga. — Você não imagina o susto que eu levei quando o celular do JaeBum tocou quando eu liguei pela segunda vez.

— O meu tio está no hospital, acho que a mãe dele ligou para dar notícias.

— Sinto muito, o que ele tem?

— Passou mal ontem, vou descobrir o que aconteceu de fato quando for falar com JaeBum hoje à noite e pedir para ele rastrear o número do telefone do Hyung. Vamos ter certeza de que ele é Mark Tuan, meu caro JinYoung — Lançou-lhe um olhar com certo nível de malícia, divertindo-se com a forma que aquilo parecia o constranger. — Ah, e quanto a JaeBum, não se engane. Ele é bonito, só é outro que não sabe se arrumar.

 

 

 

[...]

 

 

 

JinYoung saiu do banheiro com uma toalha negra enrolada na cintura, secando os fios com o auxílio de uma segunda na mesma cor. A luz do dia já havia ido embora, e tudo o que era possível de se enxergar através da porta de vidro eram alguns poucos pontos de luz embaçados por conta da falta de seus óculos. O moreno dava os primeiros passos em direção ao seu quarto para que pudesse colocar logo uma roupa para se proteger do frio noturno quando seu celular tocou. Estendeu a mão até o móvel atrás do sofá, pegando o aparelho.

— Alô?

— Oi, sou eu. Estou na casa do meu primo.

— Ótimo, ele conseguiu alguma coisa?

— Não, o celular está desligado. Só conseguimos ver que a última localização foi na nossa escola; às três e sete da tarde.

— Mark deve ter desligado depois que eu liguei. Esperto, porém tarde demais — Riu. — Agradeça ao JaeBum por isso.

— Certo, até amanhã.

Claro, era óbvio que isso iria acontecer. Mark Tuan vivia naquela escola quase que literalmente, era fácil encontrá-lo lá até mesmo nos fins de semana, quando não conseguia terminar seus afazeres; em algum momento iria acabar cansando da rotina exaustiva e bastante atarefada.

JinYoung não conseguia deixar de se sentir lisonjeado de certa forma por ter sido o escolhido para o joguinho de alguém tão importante tanto na escola como na sociedade, apesar de achar um pouco errado tudo aquilo por parte do outro, pois Mark aparentava estar cada vez mais interessado por si todas as vezes em que trocavam mensagens — o que para JinYoung ainda era um absurdo, considerando quem era Mark Tuan e quem era o próprio Park.

Bom, talvez bem lá no fundo, escondido em um cantinho de seu coração houvesse uma pontinha de esperança, esta que o jovem professor preferia apenas ignorar por um tempo.

 

"De: Desconhecido.

'Você falando dessa forma me faz parecer alguém que não se importa com as pessoas.'

'Sendo que me importo com você mais do que pode imaginar, meu doce.'"

 

Se aquelas palavras realmente significavam alguma coisa? JinYoung não sabia.

Mas estava mais do que disposto a descobrir.

 

 

 

[...]

 

 

 

De: Hyung.

"Eu disse para você não tentar me rastrear, docinho."

 

 

Para: Hyung.

"Como sabe que eu tentei o rastrear?"

 

 

De: Hyung.

"Os celulares de hoje em dia tem muitos recursos, estes que você pode descobrir simplesmente mexendo nas configurações."

"Mas isso não importa agora, você foi teimoso."

 

 

Para: Hyung.

"É que eu sou curioso."

"Deveria saber desse detalhe sobre mim, sendo que você é um stalker."

 

 

De: Hyung.

"Eu não sou um stalker, você que é mais transparente do que imagina."

 

 

Para: Hyung.

"Oh, droga, eu deveria mesmo parar com essa mania de contar para todo mundo a que horas eu acordo."

 

 

De: Hyung.

"JinYoung, você tem alguma ideia do porquê te chamo de docinho?" 

 

 

Para: Hyung.

"Por falta de criatividade para inventar um nome melhor?"

 

 

De: Hyung.

"Porque você é como aquelas balas azedinhas."

"Daquelas que são azedas por fora, mas por dentro nós sabemos que são muito doces."

 

 

Para: Hyung.

"Vai me dizer que são seus doces favoritos?"

 

 

De: Hyung.

"Se não fossem eu nem teria pego seu número na agenda da escola."

"Você é meu doce favorito, JinYoung."

 

— E você é ridículo, Mark Tuan.

 

 

 

[...]

 

 

 

Park JinYoung ssi. — Ouviu a voz soar cerca de um metro atrás de si, fazendo seus músculos tensionarem involuntariamente no mesmo instante; apenas uma pessoa naquela escola o chamava pelo nome completo. Apesar de falar diariamente com ele por mensagens de texto, era completamente diferente conversar consigo cara a cara e ouvir aquela voz rouca no ponto certo pessoalmente. Virou-se de imediato, nem mesmo lembrando se recolher seus livros sobre a mesa.

— Ah, olá Diretor Tuan. — Curvou-se sorrindo de modo gentil, a fim de disfarçar o nervosismo. — Posso ajudar?

Um sorriso fraco tomou seus lábios, talvez pela demonstração de respeito pela parte de JinYoung.

— Eu gostaria de fazer uma pergunta, se me permite. — Assentiu, tomando cuidado para que não acabasse por parecer desesperado ou algo do tipo. — Você tem planos para hoje à noite?

JinYoung acabou prendendo a respiração sem querer; havia ouvido corretamente? Mark continuava a encará-lo, esperando uma resposta que parecia custar tanto para sair.

— Ah, claro — respondeu baixo, vendo-o franzir o cenho, confuso com a resposta. — Q-Quer dizer, não... eu... não tenho... planos — corrigiu, abaixando levemente a cabeça, um ato quase imperceptível. Quando havia se tornado tão idiota? — Precisa de alguma coisa, senhor?

— Bem, eu gostaria de pedir que viesse até a escola para ajudar a organizar as provas dos alunos do turno da noite — disse por fim, sorrindo gentilmente. — É que acabamos os enrolando um pouco nos últimos dias e alguém misturou as provas de várias turmas de anos diferentes, e eu consegui apenas um ajudante até agora.

— Claro que posso. — Retribuiu o sorriso, colocando as mãos no bolso. — Fico feliz em ajudar.

— Ótimo. — Riu, mostrando os dentes brancos e bonitos. — Então até às oito?

— Até às oito, Diretor Tuan.

Mark sorriu abertamente uma última vez antes de se despedir e virar-se. JinYoung apenas observou a figura esguia do homem colocar os papéis que o Secretário Choi o havia entregado numa pasta vermelha, seguindo para fora da sala. YeolAh o lançou um sorrisinho cúmplice, com direito a polegares para cima antes de deixar a sala também com um grupo de professores amigos seus; a Im fazia amizade muito facilmente. Pegou seu celular depois que todos haviam saído, desbloqueando-o.

 

Para: Hyung.

"Hey, Hyung."

 

A resposta não demorou mais de dois minutos para chegar.

 

De: Hyung.

"Fale, meu doce."

 

 

Para: Hyung.

"Pretende levar o jogo até o final do semestre, certo?"

 

 

De: Hyung.

"Se terminarmos o jogo antes, não terei mais sua companhia, não acha?"

 

 

Para: Hyung.

"Por que diz isso?"

 

 

De: Hyung.

"Porque então a diversão acaba."

"Você sabendo minha identidade, não terá mais jogo."

"E consequentemente, não haverá mais mensagens."

 

 

Para: Hyung.

"Se eu dissesse que sei que você é."

"E te falasse meu palpite aqui."

"Você confirmaria?"

 

 

De: Hyung.

"Não posso negar nem afirmar nada, meu doce."

 

 

Para: Hyung.

"Isso é medo de que eu acerte?"

 

 

De: Hyung.

"Não posso negar nem afirmar nada, meu doce."

 

 

Para: Hyung.

"Acha que eu realmente posso saber quem você é?"

 

 

De: Hyung.

"Quer que eu envie minha última frase uma terceira vez?"

 

 

Para: Hyung.

"Não precisa, já entendi."

 

— Você não precisa negar nem afirmar nada, eu sei quem é você — disse para si mesmo, guardando o celular no bolso e juntando seu material. — Essa noite você não me escapa, Mark Tuan.

 

 

 

[...]

 

 

 

— YeolAh, sai de perto de mim com isso, pelo amor de Deus. — Correu, contornando o sofá e pegando uma almofada como se com aquilo pudesse se proteger.

— O que foi? Acha que vou te deixar sair daqui sem um perfume que seja? — Tirou os saltos, podendo assim correr sem o perigo de uma queda. — Você não me deixou passar maquiagem em você, coloque pelo menos esse perfume!

— YeolAh. — Colocou a almofada em sua frente quando a mulher borrifou um pouco do conteúdo do vidro em si, fazendo assim que o perfume caísse apenas em suas mãos e no tecido da almofada. — Me escuta, caramba! — Tentou pegar o vidro da amiga, mas esta aproveitou para borrifar mais perfume em suas mãos e mangas. — Isso não é um encontro, entendeu? Ele só me pediu ajuda para separar as porcarias das provas que se misturaram. Nem vamos estar sozinhos, na verdade.

A mulher riu, parando de correr atrás de JinYoung.

— Mas mesmo assim, passe apenas um perfume.

— Eu não quero. — Segurou a almofada contra o peito, sentindo o cheiro forte emanar dela por conta do banho de perfume que esta havia recebido. — Nossa, como nunca notei o quão baixa você é?

— O quê? — Franziu as sobrancelhas, apoiando a mão livre na cintura e dando um passo para trás, claramente irritada. — Eu não sou baixa, você que é alto.

— Acho que lembrei o motivo de você estar sempre de salto alto. — Riu, recebendo em seguida um pequeno jato de perfume, mas conseguiu colocar a mão em sua frente a tempo. — Ei!

— Foi você quem começou. — Pegou o casaco do amigo, jogando-o sobre ele. — Agora vá antes que fique tarde.

JinYoung sorriu, agarrando a amiga à força e lhe dando um beijo na cabeça, desfazendo parte dos cachos que YeolAh tanto demorava para arrumar. Sentiu um tapa e o que imaginou ser uma mordida em seu pulso, seguido de mais perfume sendo borrifado em suas roupas. Despediu-se da Im, que ficaria para arrumar a bagunça que eles — ela — acabaram fazendo no apartamento. Andou até a porta, calçando seus sapatos e seguindo até o estacionamento.


Notas Finais


NÃO LEIA OS COMENTÁRIOS EU EXPLICO O MOTIVO NAS NOTAS DO PRÓXIMO CAPÍTULO (tem spoilers)

E então, o que acharam? Meio corrido né? Hauhahsauhsuahs ri bastante escrevendo.

Aceito críticas e opiniões, quero comentários please.

Favorito se gostou, e se não gostou não favorita ué, não posso de obrigar a nada (tá até nas regras do spirit oxe)

Agora eu vou ali no cantinho esperar o futuro para me arrepender disso.

Bjus da Loney :3


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