História I Hate You, I Love You — Imagine WonHo - Ainda Não

Abril 2019 – 10:23 AM

Minha casa

Sentir seu corpo tão próximo ao meu me fazia suspirar antes mesmo de acordar. Lutei contra a vontade de abrir meus olhos para verificar se a noite passada fora realmente real, no entanto, o medo gritava em meus ouvidos que tudo não passou de um lindo sonho erótico por conta de todas as conversas da noite anterior. Principalmente por causa do encontro "inusitado" que tive com Shin Hoseok e com as coisas que dissera para mim.

Relutante, deixei a luz que entrava pela janela incomodar meus olhos e logo pude ver que, não, não fora um sonho. WonHo estava ali, para ser mais exata, embaixo de mim, já que parte de meu corpo repousava no seu e um de seus braços me apertava contra seu peito quente. Seu rosto sereno, com uma pequena curvatura nos lábios, mostrava-me que ele estava sonhando com algo bom... Posso me permitir a pensar que está sonhando comigo?

Fechei meus olhos novamente, nem sei que horas são, mas quero aproveitar mais desse momento cheio de paixão. Sonhei muitas vezes com isso, passei algumas noites acordada imaginando momentos como esse, mal posso acreditar que agora estou vivendo um deles de verdade.

— __________?

Sabe quando seu coração bate tão forte que você se treme inteira? Pois é, isso acabou de acontecer após eu ter escutado a doce voz de minha mãe me chamar do outro lado da porta. Eu me esqueci completamente! Mamãe pode ser compreensiva e estar ao meu lado em todos os momentos, entretanto, creio que isso será demais até para ela.

– _________, está acordada? – ouvi o barulho da maçaneta e apertei ainda mais meus olhos, agora em pânico. Este será o meu fim, ela vai abrir esta porta, me ver pelada com um garoto e fazer um escândalo enorme! Meu pai vai chegar assustado, olhar para mim e depois para Hoseok e tentar matar o garoto... Se não me matar antes!

Graças aos céus, a porta está trancada.

Mamãe ficou tentando abri-la por alguns segundos até finalmente entender que não iria conseguir, eu soltei um suspiro completamente aliviado. Mas ainda não estou fora de perigo...

– Filha? Você está bem?

Apesar de ser compreensiva e liberal, minha mãe não curte muito portas fechadas, exatamente por causa de emergências. Levantei em um pulo e comecei a balançar Hoseok freneticamente completamente desesperada, não era bem desse jeito que eu esperava começar meu dia com ele, pensei que poderia acordá-lo com beijos no rosto e algumas carícias.

– WonHo, porra, acorda! – falei no tom mais baixo que consegui para que ela não ouvisse nada. Aos poucos ele foi murmurando algumas coisas e apertando os olhos, deixei-me apenas sorrir por vê-lo daquele jeito, tão fofo quanto uma criança sonolenta.

– Filha, abre a porta!

O momento admiração acabou e eu dei um soco forte em seu peito, vendo-o pular na cama e olhar para os lados assustado. Seus olhos me procuraram, eu estava na frente dele, mas ainda assim o mesmo demorou para perceber minha presença. WonHo abriu a boca para dizer algo, mas voltou a fechá-la quando ouviu as falas de minha mãe atrás da porta, seus olhos se arregalaram tanto que ele nem parecia mais um coreano. Achei que as orbes iriam pular para fora.

– Puta que pariu, o que faremos?! – ele se desesperou como eu, levantando da cama em um pulo agitado e caçando as roupas pelo chão do quarto.

Olhei para todos os lado, procurando um lugar que ele pudesse se esconder. Uma brisa mediana fez as cortinas da janela se mexerem... E daí eu tive uma idéia.

– Pula pela janela!

– O que?

– Pula! Não é tão alto, você consegue.

Fui empurrando-a o garoto até a abertura, ele relutava tanto que meus braços até doeram por causa da força que fazia para poder movê-lo. Hoseok sussurrava em desespero contra aquilo, protestava de todas as formas e parecia cada vez mais assustado com a idéia.

– Pula logo!

O empurrei com força bruta, vendo seu corpo se aproximar da beirada. Ele olhou por cima do ombro e começou a vestir suas roupas lentamente, prolongando a minha tortura e adiando a fuga. Relutante, ele se aproximou do batente e começou a colocar seu pé para fora, mas parou no meio do caminho e mirou-me mais uma vez, implorando com os luzeiros para que eu mudasse de idéia.

– Vai logo!

Com um suspiro pesado e trêmulo, ele terminou o trabalho. Me aproximei da janela para ver se ele estava bem, afinal, ainda o amo e não quero vê-lo machucado, não o deixaria fazer aquilo se não soubesse que estaria seguro. Hoseok está bem, se afastou da minha residência e sentou-se na calçada do vizinho, evitando de todas as formas olhar para cá para não levantar suspeitas.

– ________! – gritou minha mãe já impaciente!

– Já estou indo! – respondi, agora fazendo a mesma coisa que menino estava fazendo há poucos minutos atrás.

– Vou indo, desça para o café!

Pude notar uma pequena irritação em sua voz, logo seus passos foram se distanciando até que sumiram de vez e o silêncio trouxe a paz de volta. Quer dizer, mais ou menos.

Vesti o restante de minhas roupas e saí do quarto como um furacão. Já próxima da cozinha, detive meus passos e passei a andar devagar, para não levantar suspeitas desnecessárias e perguntas que eu realmente não quero responder.

– Bom dia, querida. – meu pai cumprimentou quando adentrei o cômodo.

– Bom dia. – respondi com a voz estranhamente calma. Esconder algo deles nunca foi o meu forte, então até me assustou eu conseguir me manter aparentemente "normal" diante da situação.

Mamãe estava sentada na ponta inferior a entrada, agradeci aos seus por ela não fazer perguntas do tipo: Por que demorou para descer? O que estava fazendo naquele quarto? Porque com certeza eu não conseguiria responder sem gaguejar e fazê-los ficar desconfiados.

Sentei na cadeira oposta a de mamãe, ficando de frente para ela. Não sei se foi uma boa ideia, mas acho que isso não fará diferença já que a mesma não começou um questionário assim que entrei na cozinha...

– Filha, você transou? – falei cedo demais!

Quase, quase caí para trás, segurei firme na madeira da mesa e assim consegui me estabilizar novamente. Só que o meu coração continua batendo tão rápido como um piloto de fórmula 1.

– O que? – perguntei com a voz esganiçada. Estou vivendo em uma Fanfic? Porque essa cena é muito irônica para ser real.

Papai olhou-me já alarmando-se, já mamãe apenas encarava seu chá como se aquela pergunta não fosse nada demais. Será que ela escutou alguma coisa ontem? Impossível! Os gemidos não foram tão altos.

...

A cama rangendo! Puta que pariu! Por que ela pensa logo isso? Por que não pensa que eu poderia estar pulando toda animada porque vi alguma coisa que me deixou feliz, ou assisti algum comeback de meus grupos favoritos? Já que minhas reações sempre são... Animadas demais quando eles lançam MV's novos.

– É que você está tão radiante, parece até que transou. – não só eu, mas meu pai também a olhou incrédulo. – O que foi? Não posso usar esse linguajar contigo? Você já é grandinha.

Papai mirou-me novamente, agora parecendo esperar uma resposta minha. Mentir não é muito do meu feitio, no entanto, não acho que seja bom revelar o que aconteceu ontem agora. Melhor omitir e desviar do assunto sem que eles percebam.

– Uai – já faz tanto tempo que não uso isso, de verdade. Sinto falta de falar na minha língua, por isso que quando estou em casa tento aproveitar o máximo, mesmo que às vezes eu esqueça e acabe voltando para o coreano, já que estou tão habituada a usá-lo em todos os horários do dia. – Só estou feliz, acordei feliz isso, só isso.

Não é uma mentira, eu realmente acordei bem feliz hoje. Mesmo que depois a felicidades tenha se transformado em pânico...

– Que bom. – deu de ombros, voltando-se para uma revista que estava aberta sobre a mesa. Papai suspirou aliviado, balançando a cabeça negativamente e voltando a ler o jornal.

Bebi o suco que estava em meu copo e me levantei da mesa, saindo de casa em seguida. Comer poderia demorar demais, e não posso deixar WonHo naquela calçada sozinho, ele também pode estar com fome!

Pareço mais a mãe dele do que qualquer outra coisa.

– Finalmente. – levantou-se quando atravessei o portão do quintal e fui até a parte da calçada onde ele estava. – Sua mãe suspeitou de algo?

– Não exatamente. – estreitei meus olhos.

– Como assim? – arregalou minimamente os olhos, dando um passo a frente.

– Nada, está tudo bem, relaxa. – abanei o ar, um gesto que dizia para ele se acalmar.

Shin Hoseok soltou o ar aliviado, relaxando seus ombros e voltando a colocar aquele sorriso estonteante no rosto. Ele tem o famoso sorriso de abaixar calcinhas, como cita a escritora J. C. Reed em sua trilogia de Devoção. Ele pegou em minha mão e entrelaçou nossos dedos, fazendo-me perder o ar por alguns instantes. É sério, mesmo depois de ontem, eu ainda me sinto totalmente... Hum, elétrica quando ele faz esse tipo de coisa. Dada a nossa experiência noite passada, um simples entrelaçar de dedos não deveria fazer-me prender o ar desse jeito.

– O que vamos fazer agora? – perguntei, já que começamos andar para uma direção qualquer.

– Vamos falar com Hyungwon e Hirai, contar o que aconteceu e falar sobre o nosso relacionamento – quando ele citou a garota, eu me desesperei por completo. Eu transei com o namorado da minha melhor amiga, e ainda por cima nem me senti culpada antes disso. Só que, antes mesmo de eu entrar em modo de pânico, o mais alto completou. – Não se preocupa com a Momo, ela sabe que eu fui atrás de você. Ela mesma pediu isso. Parece que sua melhor amiga te conhece bem mesmo, assim como também me conhece.

Suspirei aliviada, já sentindo meu coração se acalmar do ritmo frenético em que estava. Nós não nos falamos há alguns dias, mas ela continua sendo minha melhor amiga e sempre vai ser, creio que não terá uma que tire seu cargo. E pensando bem, agora vejo que a mesma realmente me ama como a amo, ela gosta — ou gostou — muito de WonHo, tenho certeza disso pois minha garota jamais ficaria por tanto tempo com alguém que nem sente atração.

E ele disse "nosso relacionamento", né? Eu não ouvi errado ou delirei por estar com meus pensamentos voltados para um romance de livro. Isso quer dizer que já estamos namorando, ou que estamos na primeira etapa para isso? Acho que a segunda opção é mais válida e faz mais sentido...

– Ei, nós estamos namorando? – perguntei apenas para confirmar, já que estava com medo de pensar que não estávamos e acabar magoando o garoto.

– Não, não estamos. – ele respondeu com um riso soprado. – Ainda não.

O final de sua frase bateu tão forte em mim que minha alma foi pro chão, mas meu corpo não. Ele disse "ainda não" com convicção, deixando bem claro que, provavelmente, o nosso relacionamento vai sim para a próxima etapa. E sinceramente, eu não estava preparada essa reposta, me sinto tão leve como se estivesse nas nuvens. Eu... Eu nunca me senti assim.

Acho que posso explodir, ai meu Deus, eu sou uma bombinha!

❁ೋ•◦ೋ•❁

Já estávamos no parque, Hirai, Hyungwon, eu e Hoseok. A gente conversou, Momo contou que apoiava nós e disse que ficava feliz, eu agradeci, realmente agradeço pelas amigas que temos. Já Hyungwon deu um jeito de fazer piada com aquilo, disse que nós estávamos vivendo um drama é que logo aparecia alguma garota e garoto para atrapalhar.

Olha, apesar de não querer que isso aconteça, eu concordo com ele no fato de nossa história parecer uma história de filme, livro, dorama ou até mesmo Fanfic. Tem tudo que se precisa: um pouco de drama, tensão, suspense, romance e... Bem, depois de ontem, um capítulo bem quente. Acho que daria um bom livro, faria sucesso entre os adolescentes.

A menina que abriu mão do amor por causa da melhor amiga, mas que teve ele de volta. É, seria engraçado.

– Vamos comprar sorvete, WonHo, acho que essas duas precisam conversar.

O mais alto sugeriu do nada, se levantando e sendo seguido por Hoseok, que concordou. Acho que ele fez isso porque também queria falar com WonHo em particular, não acho que tenha feito só por nós duas. Enfim, agradeço por isso, queria realmente conversar com Momo e matar toda a saudade que senti dela desde que tudo começou a acontecer.

E também agradecer pela amiga maravilhosa que ela é. Ela é como uma onda, ela vem quando eu menos espero, se quebra em mim e por mim, para juntas continuarmos. Sempre é intensa e forte. Aquela amiga que, se eu matasse alguém, chamaria para me ajudar a esconder o corpo.

– Obrigado. – agradeci a ela mais uma vez, no entanto, agora fora algo mais... Sincero, já que das outras vezes parecia ser mais no automático. – Mas por quê? Por que você deixou eu ficarr com ele?

– De nada. – sorriu enquanto eu esperava ela responder as perguntas. – Porque vlcê é minha melhor amiga e, obviamente, gosta mais dele do que eu. Eu gostei dele e tals, mas _________, você o ama! Talvez ele pudesse dar certo comigo, mas com você ele pode dar 100%. Eu não sabia que você gostava dele antes, se eu soubesse, nem teria ficado com ele.

– Você não sabia porque eu não contei. – falei fazendo um muxoxo e deixando meus ombros caírem, realmente acho que teria sido melhor contar de uma vez que eu gostava dele. Teria me poupado tanta coisa.

– Verdade! Por que você não me contou?

– Eu não sei, fui uma idiota. – revirei meus olhos. – Quando eu ia te contar, quanto tive a certeza que era algo sério mesmo, ele falou para mim que gostava de você e... Bem, tudo desmoronou.

Foi bem assim mesmo, lembro-me bem do dia quando isso aconteceu, meu mundo desabou! E depois foi desabando cada vez mais. Isso está certo?

– Mas agora vamos reconstruí-lo. – Momo pegou minhas mãos que estavam soltas em cima da mesa e as apertou levemente, trazendo-me um calor fraternal que eu só conseguia sentir com ela. – Eu realmente acho que vocês dois foram feitos um pro outro.

Sorri novamente, fica impossível não sorrir quando ela age desse jeito e fala assim, eu devo ter sido uma pessoa muito boa em outra vida para ganhar uma amiga como essa.

Por favor, que ela nunca seja tirada de mim!

Continuamos a conversar, falando sobre algumas coisas que aconteceram ontem, nada muito absurdo, óbvio, e sobre as coisas que poderiam acontecer adiante. Logo WonHo e Hyungwon chegaram até nós, entregando-nos os sorvetes comprados.

❁ೋ•◦ೋ•❁

– Ah, me sinto aliviado, parece que tirei um enorme peso das minhas costas. – comentou WonHo.

Ele veio até mim, abraçando-me por trás, seu corpo colado ao meu me ocasionou arrepios, arrepios parecidos com os que eu senti ontem a noite. Ah, só de lembrar... Foi tão perfeito! Sorri involuntariamente, lembrando-me de cada detalhe da noite passada. No entanto, logo fui acordada de meu transe quando ouvi sua voz soar suave bem perto de meu ouvido.

– A vista daqui é linda. – falou, olhando a cidade por cima de meu ombro.

Estávamos na laje de minha casa, poderíamos ter ficado na sacada do meu quarto, mas esse lugar nos dá uma visão melhor dos prédios iluminados. Diferente de ontem, meus pais sabem que ele está aqui, então não preciso ficar preocupada caso eles nos peguem aqui.

Digamos que eles já... Sacaram que nós somos mais que amigos. Aquele radar dos pais, geralmente é apenas para provocar os filhos, entretanto, eles acertaram dessa vez.

– Tão linda quanto você.

Eu não respondi com palavras, apenas me deixei levar pelo sorriso bobo de meu rosto e virei-me para ele. Minas costas tocaram o muro da laje, enquanto eu segurava seu rosto entre minhas mãos e guardava em minha mente cada mínimo detalhe de seu rosto que fica muito fofo quando sorri desse jeito.

– Amo você.

Falei, como se ele já não soubesse disso. Eu sei que, provavelmente, ainda não gosta de mim na mesma intensidade, então não deixei que ele ficasse constrangido com as palavras e o beijei. Isso era tudo que eu precisava no momento. Seu beijo cheio de carinho, intensidade e paixão.

Sinto que vamos ficar juntos para sempre. Isso é mesmo um livro?