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História I Need You - Percabeth - Capítulo 26


Escrita por: RahCampos

Capítulo 26 - Capítulo 26


POV Percy

É, aquele dia foi... Estranho. Mas também, se não fosse, é que seria mais estranho ainda. Acho que foi pior do que quando me mudei de Miami para cá. Pelo menos antes, ninguém me olhava torto. Já agora, cada vez que eu os olhava de canto, dava para ver pelo menos um dos garotos ou uma das garotas me olhando com uma expressão que dizia: "Ah, como eu quero te matar.".

Annabeth estava como eu supus que ficaria. Ela iria se manter forte na frente dos outros, tentando convencê-los de que estava bem. É óbvio que ela não estava bem, e para mim, essa é a pior parte. Vê-la fingir algo, quando no fundo tudo o que ela mais quer é chorar. Como eu sei disso?

É simples. Eu queria e ainda quero fazer a mesma coisa.

Ver alguém que você ama, que você quer proteger triste é uma coisa horrível, a qual eu não desejo a ninguém. A cada hora, a cada minuto, e talvez, a cada segundo você vai desejar levantar-se e abraçar essa pessoa, por mais que ela vá querer matá-lo.

No final do intervalo, a loira desparecera. Não a vi depois disso, e olhe que nós, os chantageados, ficamos andando pela escola o tempo todo. Tudo bem, paramos no jardim. Eles são até que legais, depois que os conhece melhor.

Até Octavian, que eu achei que era o maior babaca do mundo, é um pouco legal. Mesmo que ele ainda queira me convencer de que ir para uma festa e "pegar" alguém seja a melhor opção.

Rachel ficara tentando me ensinar algo sobre Artes, algo sobre Van Gogh ou Leonardo da Vinci, talvez até Pablo Picasso. A questão é que não consegui prestar atenção porque tive um devaneio, um déjà-vu. E por quê? Porque me lembrei de Annabeth.

A Chase sempre, ou quase sempre, entrava no assunto de Arquitetura, seja em qual faculdade vai estudar, de quais tipos ela gosta, de quem ela admira, a Arquitetura sempre estava ali, presente em nossas conversas. Rachel falara exatamente como Annie, com paixão. Ela, assim como Annabeth, já tinha um futuro todo planejado, creio eu.

À noite até que chegou rápido, e nos despedimos. Eu fui para meu quarto, ainda que um tanto temeroso. Não queria discutir com Leo, não mesmo. Assim que virei a maçaneta da porta, inspirei, porém, quando abri a porta, ninguém estava. Somente um bilhete, cuja caligrafia eu conhecia muito bem.

"Percy, não quero discutir com você, então por isso, resolvi pedir ao Sr. D que me colocasse em outro quarto. Acho que ele colocará outro em meu lugar. Não quero ouvir seus motivos, mas quero que saiba que estou profundamente decepcionado com você. Annabeth não merecia isso, ou pelo menos, merecia uma explicação. Enfim, não me meterei neste assunto, já que não cabe a mim.

Espero que esteja feliz por ter arrasado ela, e agora pôde voltar para seu grupo real. Você e Drew se merecem no fim. Leo.".

- Não esperava que fosse de outro jeito. - murmuro, sentando-me em minha cama.

Mais ou menos alguns minutos depois, alguém bateu na porta.

- Entre. - digo, e então, Malcolm Pace entra, com duas malas, uma em cada mão, além de uma mochila nas costas. - Malcolm?

- Ordens do Sr. D. - fala simplesmente. Assinto. - Tenho pena de Leo.

- Por quê? - pergunto.

- Ele vai ficar com Sherman e Mark. - responde.

- Eles não o tratarão bem? - indago novamente.

- Acho que sim. - diz, incerto. - Mas, como vocês dois eram amigos, eles não vão querer se meter em problemas. Não com você.

- Falarei com eles amanhã. - sussurro, como em uma nota mental. - Bem, seja bem-vindo.

- Obrigado, capitão. - agradece.

- Hoje foi bem cansativo para mim... - começo.

- Eu entendo, Percy. - corta-me. - Pode ir dormir. Eu me ajeito aqui, sem fazer barulho.

- Obrigado. - agradeço.

Depois de um tempo, fui dormir. Ou, pelo menos tentar dormir. Virei-me de um lado para o outro várias e várias vezes, pensando em Annabeth. Mas, também, como não pensar?

Haviam fotos nossas no quarto e no meu celular, havia seu cheiro no meu travesseiro, havia a lembrança de seus toques em mim e em meus toques nela. As lembranças de nossa primeira vez logo me vieram a mente, e não saíram mais.

Nosso primeiro beijo, nossas pequenas "ficadas", meu pedido de namoro, nossa primeira noite dormindo juntos... Nossa aposta, nós contando a nossos amigos e a nossos pais, e muitas outras coisas, vários de nossos momentos passaram na minha mente, todos de uma vez, como em um flashback.

Mal pude perceber que estava chorando. Lágrimas silenciosas e discretas desciam, sem permissão, por meu rosto, caindo no colchão e no travesseiro. Uma das poucas vezes em que chorei por causa de uma garota.

De manhã, acordei péssimo. Olheiras, rosto abatido, olhos vermelhos, todo o combo de "péssima manhã" estava ali. Ah, e ainda era sexta-feira, dia de festa. Também era o dia em que anunciariam a viagem que ganhamos por conta do campeonato de natação. Todos estavam bem ansiosos quanto ao lugar. Boatos e apostas de onde seria corriam como... O Usain Bolt correndo 100m em menos de 10 segundos. Bela comparação, Percy.

Malcolm e eu fomos adiantados para a aula, e já encontramos Chris Rodriguez e Clarisse La Rue, um casal um tanto que... Engraçado. Pelo que Malcolm e os outros me contaram, é que sempre que Chris faz alguma burrada, como por exemplo, discordar de Clarisse, ele sempre corre atrás dela, dizendo: "Clarisse, espera! Vamos conversar!".

- Dormiu bem, Persiana. - ironiza Clarisse, rindo junto de Chris.

- Bem é apelido. - brinco, com um sorriso de canto.

- Oi, gente. - cumprimenta Rachel, e vira-se para mim. A ruiva dá um pequeno pulinho a me ver. - O que aconteceu com você?

- Pensei nela. - respondo, e em seguida debruço-me sobre a mesa acoplada a cadeira. Mas, acho que fui rápido demais. Bati a cabeça forte demais pro meu gosto na mesa. - Ai!

- Alguém precisa de um travesseiro. - ri Octavian. - Oi, ruiva.

- Oi, Oc. - fala Rachel, com um pequeno sorriso crescendo em seu rosto. Cutuquei Malcolm a meu lado e ele virou-se.

- Eles dois... - começo, sussurrando.

- Longa história. - sussurra. - Te conto depois.

- Ah, Percy! - exclama a Dare, como se tivesse se lembrado de algo. - Drew estava bem irritada com você. Disse que iria espalhar que vocês estavam namorando e tudo o mais.

- Boatos sem nenhum tipo de argumento ou fato que comprove. Alguém já me viu tendo uma conversa civilizada com ela? - indago.

- Nã... - começa Chris, mas eu o corto.

- Foi o que eu pensei. É claro que haverão pessoas que acreditarão, inclusive Annabeth, mas...

- Percy... - começa Clarisse, apontando para trás.

- Ela está atrás de mim? - arrisco.

- Tecnicamente, sim. - murmura. Viro-me e a vejo sentar em seu lugar habitual. Piper sentou-se a seu lado, na minha antiga cadeira.

- Não se preocupe. - diz a ruiva, colocando a mão em meu ombro. - O ano vai acabar logo, e eu tenho um...

- Percy, meu querido! - exclama Drew, me fazendo, literalmente, saltar da cadeira. Logo quando eu ia dormir, o diabo cor-de-rosa aparece.

- Seu? Desde quando? - pergunto. - Até onde eu sei, eu já pertenço a alguém. E esse alguém, com toda a certeza, não é você.

- Esse alguém de quem está falando não te quer mais. Devolveu você ao lugar de onde era para estar desde o início. - replica.

- Não, não me devolveu. Eu fui roubado. - triplico.

- Estão falando por códigos? - questiona Pipes, chamando nossa atenção. Volto-me para ela, e sem querer, olho de relance para Annie. A loira estava séria e distraída, no celular.

- Não somos espiões para usar códigos, McLean. - responde Tanaka.

- Mas alguns chegam bem perto de serem, só que espiões do lado errado. - replico, olhando acusador para a asiática. Um sorriso meio que diabólico estava em meus lábios. - Até fazem chantagem como se fossem profissionais.

- Jackson, do que está falando? - resmunga Piper. Annabeth finalmente estava prestando atenção na conversa, e por sorte, Luke também chegara, sentando-se no seu lugar. 

- Que certas pessoas usam de chantagens para conseguirem o que querem. - repito, olhando diretamente para a garota de olhos multicoloridos. Pelo canto de meu olho, vi que a Sabidinha arregalara os olhos, mas voltara ao normal tão rápido quanto.

Olhei para o Castellan, que estava com uma cara de pensativo. Seus olhos corriam de um lado para o outro, como se juntasse peças de um quebra-cabeça, analisando todas as peças e verificando quais se encaixavam. Finalmente, loirinho.

- Vamos nos acalmar aqui. - começa Reyna, a quem eu nem vi chegar. - Eu não quero nenhuma discussão.

- Estraga-prazeres. - resmungo, junto de metade da sala. A RA-RA apenas revira os olhos, como se lidasse com crianças.

- Mas... - começa Piper.

- Pipes, não. - a corta Annabeth. - E eu não quero saber se você entendeu ou não.

Sua voz foi fria, e juro para vocês que senti algo parecido com a voz de Brooke quando ela estava com raiva. Deve ser genético. Ah, ora, ora. Por falar em Brooke...

"Ei, maninho. Seu probleminha pode se resolver mais rápido do que pensa.", dizia a mensagem.

"Como?", perguntei.

"Deixe comigo. Só uma pergunta: Sua mãe ainda é dona daquele chalé em Montauk?"

"Sim, é. Por quê?"

"Ótimo. Acho melhor que você não saiba dos detalhes. Quero que seja uma surpresa dupla."

"Você sempre é enigmática assim?"

"Não imagina o quanto. Meus planos têm seus próprios planos, que tem subdivisões entre eles."

"Como o Damon descobriu que você gostava dele?"

"História pesada demais para este momento do dia. Algum dia eu te conto. De preferência à noite. Ou, talvez seja melhor à tarde."

"Eew."

"Infantil, como sempre."

"Claro. Sou seu irmãozinho mais novo, lembra?"

"Ok, irmãozinho. Agora, vai estudar. Coloque algo dentro dessa sua cabeça."

Não a respondi. Apenas guardei o celular, e vi Rachel se sentar ao lado de Octavian. O loiro ficou vermelho, e eu quase ri dele. O "galinha" da escola estava corado? Ah, como eu queria espalhar isso para todo mundo. Não, eu não fiz isso.

- Não se incomoda, não é, Oc? - indaga a garota.

- Não, não me incomodo. - responde, rapidamente.

- Ele está estranho. - sussurra Rachel em meu ouvido. Não me contenho, e solto uma risada. - Não só ele pelo visto.

- Desculpe, Rach. - murmuro. - Octavian só está ansioso por causa da viagem.

- É, é isso. - sorri o garoto, dando um suspiro em seguida, como se dissesse "Ufa!".

- Ah, ok. - fala a ruiva, se postando de maneira correta na cadeira, eu presumo.

- Ei, Rachel. - chamo-a. - Onde está Audrey? Não a vi.

- Estava no quarto, eu acho. Quis matar aula ou sei lá. - responde, vagamente.

- Ok, estou vendo o quão interessada você está. - ironizo.

- Cala a boca, Percy. - ordena. Rio dela, e Oc também, mas parecia mais concentrado em algum outro lugar.

- Como quiser, R.E.D. - brinco.

Para quem não entendeu minha piada, permitam-me explicar. O nome completo de Rachel é: Rachel Elizabeth Dare. Se juntarmos as três iniciais de seu nome, vira RED. E ela é ruiva, tornando a piada ruim um pouco mais engraçada. A quem estou enganando? A piada é horrível.

- Idiota. - resmunga.

- Eu sei que sou. - concordo. Mal vi quem havia chegado à sala, e acho que não fui o único.

- Eu sei que todos estão bem animados por hoje, mas vamos nos acalmando. Preciso dar minha aula, e vocês precisam ouvir o que eu devo dizer. - falou o Sr. Brunner.

Na mesma hora, todos voltaram a seus respectivos lugares, e as conversas cessaram. O Sr. Brunner tinha esse pequeno "poder". Ele era o único que conseguia nos acalmar, até mesmo em momentos em que todos achavam impossível.

(...)

No intervalo, me dirigi à cantina. Acho que nunca narrei essa pequena parte do meu dia em toda a história, não é? Pois bem, narrarei agora.

Fui junto de Rachel e Octavian, e juro que quase me senti uma vela, um candelabro. Eles ficaram conversando e ora Octavian pegava algo para Rachel, ora Rachel pegava algo para Octavian. Já estava ficando chato, por sinal. Os dois só coravam quando faziam isso.

Foi aí que eu vi a última maçã, e peguei-a rapidamente. Annabeth simplesmente adorava maçãs. Era a fruta favorita dela, e meio que virou a minha também. De repente, uma ideia veio-me a mente. Algo que nem Drew podia me fazer parar.

- Preciso de um favor. - sussurrei aos dois.

- Diga. - falam os dois, ao mesmo tempo.

- Distraiam Drew para mim. - peço. - Tenho que fazer uma coisa.

- Ela vai ver. - avisa a ruiva.

- A não ser que ela fique de costas para ele. - replica o loiro.

- Por que quer fazer isso? - indaga Rachel.

- Não é óbvio? Por causa da Chase. - responde Octavian, por mim.

- Tá. - suspira. - Vou tentar. Vamos, Teddy.

- Você prometeu que não ia contar. - resmunga o garoto.

- Teddy? - questiono.

- Não é nada. - responde, nervoso. A Dare apenas ri.

- Depois explicamos. - promete.

- Não, não explicamos. - replica.

- Ei, confia em mim, cara. - digo. - Não vou rir de você.

- Sei. - bufa. - Vamos, Red.

- Engraçado. Muito engraçado. - ironiza, o puxando para a mesa de Drew.

Assim que pego o restante de minha comida, saio de fininho. Por mais que acreditasse que Rachel e em Octavian, não queria correr riscos de que Drew me visse. Quase que no final da fila, vi as madeixas loiras de Annabeth.

Fui andando normalmente por ali, sabendo que poderia levar um soco de qualquer uma delas. Talvez até de Hazel, a mais calma dentre nós. Mas eu também sabia que mereceria. Também sabia que precisava tentar. Nunca desistiria dela.

Quando cheguei, vi que conversavam, distraídas. Nem me viram passar por ali, então "discretamente" coloquei a fruta na bandeja da loira, e continuei andando, como se nada houvesse acontecido.

Agora, era só esperar que ela visse.

Pus-me a andar até a mesa de Drew logo, antes que os dois ficassem sem ideias para distrair a asiática.

 

POV Annabeth

- De onde surgiu essa maçã? - pergunta Thalia.

- Da macieira. - respondo. - Ela caiu, foi colhida, veio para um New York e foi comprada pela escola.

- Idiota. - resmunga. - Você não a pegou.

- É. - concorda Frank. - As maçãs tinham acabado quando chegamos. E estavam mais pra frente. Você furou a fila?

- Não! - exclamo.

- Qual é o assunto? - questiona Leo, chegando com Calipso.

- A maçã que surgiu na bandeja da Annie. - responde Piper. - A maçã fantasma.

- Isso daria um ótimo filme. - murmura Jason. Todos damos uma breve risada.

- Sortuda. - resmunga Cali. - Espera. Nós estávamos na frente, e vimos à última maçã nas mãos do... Você sabe quem.

- Do Voldemort? - pergunto, rindo.

- Percy. - corrige. - Ele te deu?

- Se deu, não vi. - suspiro.

- Estranho. - comenta Hazel.

- Concordo plenamente, Haz.

Fui pega tão de surpresa com o assunto da "Maçã Fantasma" que nem disse nada. Acho que vocês querem saber o que houve ontem, não é?

Minha conversa com Brooke, Damon, Silena e Charles foi... Extensa. Eles literalmente me contaram a história desde o início, até o final. Cada detalhe, cada momento, por ambos os pontos de vista.

Mesmo ouvindo tudo o que houve no passado com eles e agora está acontecendo comigo, não fui totalmente convencida. Damon disse que os segredos variam, mas que tem uma leve suspeita do que ocorreu. Brooke disse que Percy era um idiota, mas não a ponto de terminar comigo.

Silena e Charles perguntaram sobre Piper e Leo. Achei estranho na hora, mas Brooke respondeu por eles: "Leo e Charles são filhos de Hefesto. Silena, Piper e Drew, você já sabe.". Curiosamente, minha irmã falou em alto e bom som "e Drew", como em um engima, sabe? Queria que eu me lembrasse de algo.

A questão era o que. Sempre tive uma boa memória, mas acho que tudo isso a afetou. Sempre que falam sobre Percy ou Drew ou tudo isso, minha memória trava, como se eu tivesse sofrido amnésia.

- Annie. - chama Thalia, com um sorrisinho. - Você dormiu que horas?

- Por que a pergunta? - questiono.

- Você quase caiu agora. Estava de olhos semicerrados, quase dormindo. - explica Luke. - Agora, responda, maninha. Que horas?

- Não sei. - dou de ombros. - Cheguei de noite e não...

- Não o que? - encoraja.

- Ela não conseguiu dormir. Ficou virando de um lado para o outro na cama, murmurando algo incompreensível. - responde Piper, em meu lugar.

- Pesadelos? - indaga Hazel.

- Antes fossem. - resmungo. - Não posso falar sobre isso. Prometi a Brooke que não o faria.

- Segredo de irmãs. - assente Calipso. - Certo, isso é uma coisa bem... Confidencial.

- Ainda mais com ela. - murmuro.

- Tudo bem, loira. - fala Thals, dando um soquinho em meu ombro, talvez para descontrair.

- Você vai comer essa maçã? - pergunta Leo, mudando de assunto.

- Não, Valdez. - digo, com um meio sorriso. Ele não mudava. - Pegue.

- Ei! - exclamam os outros. - Por que ele?

- Porque ele pediu primeiro. - reviro os olhos. Quanta imaturidade.

- Mas... - começam a tentar argumentar.

- Sem essa de "mas". Parem de ser crianças. Essa é a tarefa do Leo! - corto-os. Todos se calam na mesma hora, e o latino vira-se para mim, ofendido.

- Obrigado? - fala, com a típica ironia de pergunta.

- De nada. - sorrio.

Calipso foi a primeira a cair na risada, fazendo com que seu namorado ficasse ainda mais "irritado". Ele não conseguia ficar irritado, nunca. Ele nos tirava da situação, nos fazendo rir. Era uma das melhores qualidades do Valdez.

- Como está se saindo com Sherman e Mark? - provoca Jason.

- Bem. - o responde. - Eles não são... Como pensamos que são. Até foram bem legais comigo, no segundo dia. Sei lá.

- Acha que ele ordenou para que fossem legais com você? - indaga Frank.

- Duvido muito. - resmunga o latino. - Por que ele faria isso?

- Ele era seu amigo. - argumenta Hazel.

- É, e olhem só o que aconteceu depois. - aponta para a mesa de Drew, onde Percy estava.

O moreno conversava com Rachel e Octavian, um pouco animado. Já Drew estava com uma cara emburrada, por algum motivo. Os Stolls estavam rindo de alguma piada, como sempre. De repente, vi Rachel sair da mesa, meio irritada. Ela veio em nossa direção.

- Capitã. - cumprimenta. - Posso?

- À vontade, Rach. - sorrio. A garota senta-se a meu lado assim que o digo. A vejo olhando para onde os dois garotos estavam. - Por que essa cara?

- Per... - começa, tapando a boca em seguida. - Desculpe, eu não...

- Tudo bem, Rachel. Fale. - a encorajo.

- Os dois me irritam. Me pediram para sair, dizendo que tinham coisas a resolver. Bom, ele disse. Octavian pareceu surpreso. - explica.

- Acho que entendi. - sussurro. - Ele está com aquela cara.

- Que cara? - questiona a McLean, do meu outro lado.

- A cara dele de "Cupido". Ele está armando alguma. - advirto. - Ou relacionado a ele, ou a Octavian.

- E comigo. - advinha a ruiva.

- Exato. - confirmo.

- Eu não vou ficar com ele, ok? Ele não... - se enrola a garota, desconfortável.

- Dare. - a chamo. - Não precisa de nada disso. Se o quer, vá.

- Mas eu não quero. - replica.

- Não? - indagam todos os presentes da mesa, menos Rachel, óbvio.

- Eu o vejo mais como um amigo. Talvez até um irmão. - responde. - Seria nojento.

- Mas você, Drew e Reyna... - começam.

- Drew nos obrigou. Disse que assim, ele viria mais rápido. Teríamos mais chances. Ou, melhor dizendo, ela teria mais chances. Mas não aconteceu. - explica.

- No fim, ela conseguiu o que queria. - resmunga Luke.

- Luke, você sempre foi tão esperto. - debocha. - Deveria saber melhor do que ninguém o que está acontecendo.

- Eu sei muito bem o que está acontecendo. - fala meu irmão. - Ele machucou minha irmã, e ele vai pagar caro por isso. Ele a trocou pela Drew, por escolha dele.

Rachel apenas dá uma breve risada. Eu a encaro, confusa.

- Desculpe. - pede. - Isso me lembrou de outro alguém que queria te matar por você ter feito a mesma coisa com a irmã dele.

- Dare, do que está falando? - questiona Luke.

- Se você não fosse tão lerdo, já teria entendido tudo o que está acontecendo. Mas, tudo bem. Alguém lhe explicará, quando for conveniente para ela.

- Ela. - observo.

- Ela se refere a uma pessoa, Annie. Não quero dizer que é uma garota. - replica. - Pode ser tanto um garoto, como pode ser uma garota.

- Só fiz uma observação. Não insinuei nada. - triplico.

- Bem, vou ver se já posso voltar a meu lugar. - muda de assunto. - Pela cara de Octavian, Drew deve estar importunando-os.

Naquela hora, vemos que Miranda Gardner vem falar conosco. Mais precisamente com Rachel.

- Ela está irritando ele. - diz, assim que chega perto de nós. - Octavian está tentando amenizar a situação, mas ele continuará até que ela se estresse.

- Isso não é bom. - murmura. - Ele está louco.

- O que quer que eu faça? - pergunta a Gardner.

- Eu vou, não se preocupe. - fala, então vira-se para mim. - Não sinta ciúmes, por favor.

- De quem? Por quê? - indago.

A ruiva sai antes de me responder, levando Miranda consigo. A vejo ir em direção a Percy e a Octavian, sussurrando algo no ouvido do moreno.

Não sentir ciúmes do meu ex. Ah, fácil. Fácil falar, ruim de fazer. Pior ainda quando você ainda o ama, mesmo sabendo que ele te deu um pé na bunda e te trocou, possivelmente, por Drew Tanaka. Logo a garota mais idiota da escola, que me odeia. 

Logo, o Jackson parou com o que quer que estivesse fazendo, fazendo com que todos os presentes do lado que eu podia ver deram um suspiro de alívio.

"Seu ex é louco, Chase.", recebo uma mensagem. Brooke. "Você o mantinha longe de encrencas. Agora, meu irmãozinho irresponsável acaba de voltar."

"Do que está falando?", pergunto.

"Ora, ele quase fez uma besteira agora. Você viu que ele estava nervoso. Eu vi.", admite. Ah, claro. Minha irmã é uma hacker excepcional, esqueci. Deve ter pego as imagens ao vivo das câmeras de segurança. Incrível.

"Brooke, fique quieta. Não se meta na minha vida. Não sou uma criança.", advirto.

"Ah, Annie, você é bem criança. Ainda tem que crescer e parar de pensar pequeno. Mal começou sua vida sexual, para começar.", por seu pequeno discurso, pude sentir que ela estava rindo. "E como sua irmã mais velha, eu me meto sim. Quer você queira ou não. Não interessa."

"Acho incrível o quanto você se importa com a minha privacidade.", ironizo. "Quanto a Percy, cuide você de seu irmão."

"Nunca pedi para que você cuidasse dele, maninha.", observa. "Boa festa para você hoje. Vejo você à noite."

"Até, Olympian.", finalizo a conversa. Ela não me respondeu.

- E então, Annie... - começa Hazel. - Tem alguma ideia de para onde viajaremos?

- Não. Brooke disse que foi resolvido entre a elite da Olympians e a coordenação da escola. - explico. - Eu insisti, mas ela não me contou de forma alguma.

"Nem poderia. Isso é quase um segredo de Estado. Quase.", chega uma notificação. De novo? Ah, qual é!

"Pare de espionar.", ordeno.

- Ah, todo esse suspense está me matando de curiosidade. - fala Calipso. - Só posso esperar que seja muito bom. Porque, se não for, ocorrerão várias reclamações, e nada amigáveis.

- Conheço Brooke há tempo suficiente para dizer que quando ela está tão convicta de que vão gostar de algo, as pessoas não só gostarão, mas amarão. - afirmo.

- Ela tem total razão. - concorda Luke. - Brooke não é alguém que deve ser contrariada, discordada, ou alguém para se testar. Experiência própria.

- Algum dia vai me contar o que houve entre vocês? - indaga Thalia.

- Não sei. - suspira o loiro.

- Vejo vocês à noite. - digo, levantando-me.

- Vou com... - começa Piper, porém, eu a corto.

- Não, Pipes. Eu... Preciso ficar sozinha. Eu sei que querem me apoiar todo o tempo, e ficar comigo. Mas também sei que eu preciso lidar com isso.

- Mas... - tenta argumentar Frank.

- Sozinha. - acrescento, indo embora.

Odeio ter que fazer isso, mas sei que estou certa. Preciso ficar sozinha e sentir a minha dor. Se eu não fizer isso, só vou acumular mais dor e mais sofrimento até o dia em que vai acabar. Porém, não de um jeito bom.

A questão era como extravasar a dor. Por sorte, tenho uma irmã mais velha que tem acesso a várias coisas.

"Preciso de ajuda.", envio a Brooke.

"Já estou na porta. Sabia que iria me pedir algo assim.", avisa.

Logo me encaminho à saída da escola, onde a garota estava, encostada em seu carro.

- Olá, maninha. - cumprimenta.

- Presumo que já saiba o que quero de você. - falo.

- Direto ao ponto. Confirmado, é coisa de família. - sorri. - É, eu sei. Quer algo para extravasar seus pensamentos negativos.

- Eu disse para não me espionar. - replico.

- Não estava fazendo isso. Sei como é, lembra? -ironiza. - Entra.

- Para onde vamos? - questiono.

- Minha casa. - responde.

- Aquela onde eu me encontrei com seus pais? - indago.

- Não. Aquela era uma das casas do meu pai. - diz. - Vamos para minha casa.

- Damon não vai... - começo.

- Damon está na empresa. - corta-me. - Ele volta hoje, mas só à noite.

- Ah, certo. - suspiro, e então entramos no carro.

- O que quer fazer? - questiona.

- Qualquer coisa. - respondo.

- Ok. - bufa. - Já usou alguma arma? Não falo das de fogo.

- Não.

- Ah, que ótimo. - ironiza. - Maravilha. Você pode se cortar e a culpa vai ser minha.

- Me cortar?

Ela não respondeu. Apenas me olhou por um segundo, ainda dirigindo. Logo em seguida, resmungou algo. Infelizmente, não pude ouvir.

Depois de alguns quarteirões, vi que estávamos entrando em Lower Manhattan.

- Nem pergunte. - avisa. - É perto da empresa, então... Decidi ficar por aqui.

- É calmo por aqui? - indago. - Sabe, por causa de todas essas empresas e tal.

- É, a noite fica tudo quieto. - comenta. - Mas, como eu só vou para casa de noite, então sempre está calmo para mim. Além disso, já me acostumei.

Depois de dobrarmos uma rua à esquerda, Brooke entrou em uma garagem de um prédio. Um prédio enorme, diga-se de passagem. A garagem possuía muitas vagas, e muitos carros de luxo. Reconheci mais dois deles. Eram de Brooke e Damon.

- Não vai me dizer que a maioria dos carros aqui são de vocês. - peço.

- Ok, não direi. - ri. - Mas, seria mentira, só pra constar.

- Como? - pergunto.

- Meus pais não sabiam o que me dar de presente. - dá de ombros. - Então, me davam dinheiro. Quando entrei na empresa, depois da faculdade, comecei a ganhar mais. Minha entrada na empresa trouxe um grande lucro e aí, tudo começou.

- Você virou uma pessoa influente e importante. - completo.

- E eu mudei. - acrescenta. - Tive que passar por um longo e exaustivo treinamento. Tive que me fortalecer para que um dia, eu pudesse ver através da estratégia do meu inimigo.

- Fortalecer? - indago.

- Vai ver. - murmura, saindo do carro. Saio em seguida, andando até a garota, que por sua vez andava em direção ao elevador.

Logo entramos no equipamento de transporte e Brooke apertou o penúltimo andar.

- Achei que uma empresária de sucesso como você, que comanda uma das maiores empresas do mundo, poderia bancar a cobertura. - brinco. Ela sorri apenas, então olha para mim.

- Acontece que eu posso bancar muito mais do que apenas uma cobertura. - replica.

- Dois andares? Impressionante.

- Só nesse prédio. Ainda temos casas e apartamentos em outros países, chalés na Suíça e até uma propriedade enorme em Long Island. - fala. - O lugar para onde vamos é mais como um centro de treinamento.

- Tipo... - começo.

- Já viu Jogos Vorazes: Em Chamas, certo? - questiona. Assinto. - Maior e melhor que ele. Mais equipamentos, mais recursos, tudo isso.

- Por que tem isso na sua casa?

- Meu treinamento. - responde. - Tive que aprender muito mais do que como administrar uma empresa. Aprendi novas línguas, aprendi xadrez, aprendi a lutar, aprendi a dançar, aprendi a discursar...

- Tá, aprendeu muitas coisas. Entendi. - corto-a.

- Aprendi a hackear, aprendi a mentir bem. - continua. - Aprendi que eu não sou quem todos pensam que eu sou. Eu sou pior.

- Brooke, do que está falando?

- Nada que você deve entender. Não quero que entenda. - suspira. - Só, esqueça.

- Ei. - chamo-a. - Se quiser conversar, conversa comigo. Sua irmã, lembra?

- Lembro. - sorri. Finalmente a porta do elevador se abre. Ela tinha razão, era melhor que a sala de treinamento de Jogos Vorazes. - Vem.

- Uau. - murmuro. Minha irmã revirou os olhos, mas estava com um sorriso de canto.

- Dá pra entrar logo, antes que esse elevador desça? - resmunga.

- Ok, calma. - rio, entrando na sala, finalmente. - E então... Quer que eu bata em um saco de pancadas ou o que? Vai fazer tipo Karate Kid?

- Não, principalmente pelo fato de que estamos no verão. - replica. - E eu não uso esses métodos. Sou mais da teoria de que só se aprende fazendo. Bem, quase.

- Explique. - peço.

- Você faz o que "sabe" e eu analiso. Depois, o treinamento começa. - traduz. - Eu não acho que vou achar uma espada equilibrada tão facilmente pra você. Uma lança está fora que questão. Arco e flecha demora muito tempo.

- E uma adaga? - pergunto. - Simples de manusear, menor que uma espada.

- Sempre tão inteligente, não é, Chase? - ri. - Que bom que sabe pelo menos o básico. E sim, tem razão. Ótima escolha.

- Tenho que escolher por algum tipo de critério? - indago.

- Não precisa. Tenho a adaga perfeita que pertenceu a alguém bem próximo de você. - fala, indo até uma gaveta. - Ele pediu para que eu a guardasse, mas que não a desse a ninguém. Acho que você seria uma exceção.

- Luke. - adivinho. - Qual é a história de vocês, afinal?

- Bem longa, e não é algo que eu quero comentar. Faz muito tempo, e foi esquecido. Quero que continue assim. - pede, quase que como uma súplica.

- É claro. - assinto. - A adaga.

- Tente não se cortar. - sussurra, entregando a arma para mim, com a bainha.

- Onde eu treino?

- Bonecos imóveis. O básico. Depois que eu ver em que nível você está, vejo o próximo passo. - explica. - Estarei logo acima de você, no meu escritório.

- Pra que?

- Bem, tenho câmeras em todo lugar aqui. Verei o que está fazendo, por todos os ângulos possíveis. - começa. - Analisarei todos os seus movimentos, e depois, os corrigirei.

- Nem um pouco perfeccionista, não é? - brinco.

- Ah, cale a boca. - resmunga. - Só... Machuque o boneco, faça-o sofrer. Pense na Drew, ou sei lá.

- Ok, assunto delicado. - replico. - Vou matar o boneco, e sim, vou pensar na Drew.

- Ótimo. Ajuda a concentrar. - concorda.

- Sabe que isso é só para me fazer...

- Sei. - corta-me. - Mas, acho que você é igual a mim nesse quesito. Gostamos de fazer o nosso melhor. Então, senhorita Chase, faça o seu melhor. Só assim poderei ajudá-la a melhorar nos outros quesitos.

- Como desejar, General. - bufo, encaminhando-me para frente de meu oponente: Um boneco costurado e imóvel ou, como eu prefiro chamar agora, Drew.

- Comece. - ordena, subindo as escadas. Ela não olhou para mim.

Logo, retiro a adaga da bainha e vou ao ataque. Era simples até.

Só precisava ficar irritada, o que não era difícil no momento, e descontar essa raiva no boneco. Não havia somente raiva de Percy ou de Drew, mas também tinha a raiva da minha mãe, raiva de Rachel, raiva de Poseidon, raiva de meu pai, raiva de minha madrasta...

Acho que deu pra entender.

Depois de alguns minutos, quando ia golpear o boneco mais uma vez, fui impedida bruscamente por Brooke. A garota segurava meu antebraço.

- Calma. Ele já está morto desde o primeiro golpe. - sorri diabólica. - Atingiu o peito dele. Isso mataria uma pessoa, se ele fosse real. Esplêndido.

- Mas... - adivinho. Ela concorda.

- Mas sua postura estava um pouco errada. Se ele pudesse revidar e também possuísse uma arma, poderia ter te matado em, pelo menos, cinco ocasiões. - completa.

- Tá, entendi. - resmungo. - Fui desleixada, impulsiva. Me deixei levar. Não vai acontecer de novo.

- Ok. - murmura, e então seu telefone toca. Um alarme, talvez. - Quer vir comigo?

- Pra onde? - indago.

- Provar nossos vestidos. Afrodite os trouxe, e está lá em cima. Está irritada. - fala, rindo em seguida.

- Você gosta de irritar as pessoas, não é? - questiono, com um sorriso.

- Gostar? Annabeth, eu amo irritar as pessoas. Faz parte de mim. - corrige.

- Certo. - sussurro, e então vamos ao elevador. Desta vez, só subimos um andar.

- Ele... Tentou se aproximar hoje, não? - pergunta.

- É, mas falhou. - concordo.

- Uma tentativa, uma falha. - sorri. - Ele ainda tem duas chances.

- Do que está falando?

- Nos jogos de videogame, os personagens sempre tinham três vidas. Percy perdeu uma vida, porém ainda restam duas. - explica.

- Três é o número preferido dele. - falo, sem pensar.

- É de família, então. É o meu também, e o de Poseidon. - gargalhou, logo que terminou a frase.

- Por quê?

- Eles, eu não sei. - avisa. - Mas o meu é que... É o mês em que nasci. Meu segundo número favorito, depois do dia em que nasci, claro.

- Interessante. - brinco. - Estava louca para saber isso.

- Vai se ferrar. - resmunga. - O primeiro beijo de vocês não aconteceu no terceiro dia de aula?

- Foi. - assinto, imediatamente. Ela estala os dedos, como se estivesse despertando-me de uma hipnose.

- E o pedido de namoro foi no sexto dia de aula, não? - indaga.

- Sim. - assinto novamente.

- Três vezes dois é igual a seis, Annie. - sorri, como se explicasse para uma criança. Logo que o elevador abriu, saímos.

- Finalmente! - exclama Afrodite. - Brooke, você fica no seu quarto. Eu coordeno tudo. Meninas, preparem o vestido de Annabeth, e encaminhem para o quarto de hóspedes mais próximo.

- Serão as horas mais longas da minha vida. - resmunga minha irmã. Sorrio, concordando com ela. Afrodite continuava ditando ordens para as garotas, que andavam de um lado para o outro.

Certo, vamos provar um vestido de madrinha. Afinal, o casamento é amanhã.



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