História I Remember You - Morrer rica em Paris...porque não?

“ _Mamãe…eu quero ovos…

Era a voz de uma criança, aquilo acalentava o seu coração, era loirinho tão pequeno e doce.

—Sam…espere, que já falamos…hum?

—”Tem que esperar Sam…pela sua vez…” Não é assim, filhote?- Era a voz de um homem mais velho, que virava para ela, ao que ela sorria, sentia-se tão feliz e realizada…parecia que só tinha uma pena.

—Mamãe…porque o meu nome é Samael?

O pai da criança, olhara para ela com um olhar algo de pena, chegando perto beijara-a ao que ela não recusara em nada, somente sorria, alisando o rosto do belo homem.

—Era o nome…de alguém importante para a mamãe, Sam…

A criança fazia um burrinho, mas depois sorrira com as cocegas que a mãe fizera.

Era uma felicidade só…”

E um barulho dos infernos acordara Ária, quando abrira os olhos toda descabelada, ela olhava para o lado e via o despertador, marcando 17 horas.

—Não…acredito que já está na hora…preciso urgentemente de falar….de horários…- Falara sozinha, olhando para a sua companhia do lado, um livro de anatomia humana que estava cheio de post-it de ter estado a estudar para uma prova que teria.

Quando sairá do apartamento, ela sentia a enorme vontade de cair na cama de novo, de tão cansada que ela se sentia, parara numa barraca e comprara um Hot Dog e uma bebida qualquer, nem comer direito andava.

Nem focara no que tinha sonhado o que de si era estranho e sua terapeuta havia dito á dois anos, que ela precisava disso, registar o que sonhava ou algo. Talvez, ela precisa-se voltar num terapeuta, há ano e meio que havia desistido da sua, talvez ajuda-se a entender aqueles estranhos sonhos que a assaltavam ou o seu sentimento estranho de perda que nunca a abandonava, por não saber quem era sequer.

Podia recuperar a sua memória…como se ela acreditasse nisso, já havia passado tanto tempo e nada…nem um fiapo, se bem que aquela última, se ela fosse parar para pensar…

—Oh, meu Deus… acredita no que aconteceu? Ela morreu…- Mas a sua atenção que estava longe ficara focado naquela hora, ao ver algo como aglomeração de pessoas ali perto de frente para um LCD, quando chegara perto vira a grande noticia que chocara as pessoas.

Uma PopStar chamada Dalila morrera e os jornalistas estavam falando da repercussão dessa notícia e o que tinha contribuído para disparar as vendas, mas algo a deixara preocupada…era perto da …Lux? Dalila realmente morrera?

Ela não devia de estar atrasando-se, logo hoje com tudo isso?

Começara a caminhar mais rápido, embatendo com alguém no caminho, quase cairá no chão, olhando em frente vira uma mulher loira com óculos e um vestido bem formal, que tinha um sorriso calmo no rosto, apesar do susto do embate.

—Desculpe…

—Tudo bem… estava vendo as notícias…e estava no caminho.

—Certo...hm?

—Linda Martin…

—Oh, prazer…sou Macária Smith…é o nome que …eu tenho aparentemente.- Seu olhar deve ter denunciado a sua confusão existencial, pois ela olhara para ela, meio preocupada.

—Está bem?

—Sim, só problemas pessoais…

—Hm, certo…é o meu cartão…- Ela apresentara um cartão de apresentação, de um consultório, limitara-se a assentir, sorrindo mais desconcertada que outra coisa.- Se precisar de algo…

—Claro…

E dito isso, acabara correndo na direcção da Lux, vendo que acabara-se atrasando ainda mais, mal chegara deparara-se com uma visão única, no mesmo momento que chegava, o seu patrão Lúcifer acabava de chegar na mesma hora e voltara o seu olhar para ela.

—Está atrasada….

—É…desculpe.

Ele arquejara a sobrancelha, olhando-a como normalmente, com descaso para não dizer, com uma expressão de deleite em atormenta-la, ele tinha esse gosto em particular.

—Despache-se…

Ela sorrira de modo meio irritável, ele gostava disso porque só podia que risinho irritante, mas ele gostava de irritá—la, com indirectas que ela não entendia.

—Precisamos conversar se possível, pode descontar do meu salário…

Ele arquejara a sobrancelha ainda mais, mas indicara com suas mãos o caminho para a frente, ela seguira entrando no Pub, vendo de frente para ela, Maze que tinha um sorrisinho satisfeito ao vê-la, ao que ela retribuirá o sorriso, gostara desde que ali entrara dela em particular, não sabia bem porque.

— Que desejava falar mesmo, Macária?

—Todas as pessoas me chamam Ária, só você me chama o meu nome completo…

—Não gosta do seu nome?

Ela fixara o olhar nele nesse momento, ela notara que seu tom ficara meio frio, não era o seu comum, e ele já estava com um copo…na mão, mas como era possível?

Suspirara longamente, respirando fundo, cobrando paciência.

—Eu gosto, mas nem sei se é o verdadeiro…não lembro de nada…- Lucífer limitara-se a assentir, em silêncio.- mas não é isso que quero falar, precisamos de falar dos meus horários…eu tenho faculdade, simplesmente anda difícil conciliar.

—Quer mudar para a manhã, é isso?

—Não, reduzir o horário mesmo…

—Não ia prejudicar nas suas contas…?

Bastardo! Ele lá tinha dom de esmiuçar o que não queria revelar, assentira meio a contragosto, este olhava para ela.

—Claro, pode reduzir o horário…manterá o mesmo salário, afinal é só dinheiro… aparentemente, até a Boa Morte precisa disso…

E lá estava a piada com o seu nome!

—Sim…até nem que seja para morrer rica em Londres, não é mesmo? Vou trabalhar…

Dessa vez, fora ele que rira. Era preciso mesmo ser excepcionalmente bilionário para falar assim, limitara-se a suspirar, indo para o balcão começar a trabalhar, mas ao menos satisfeita pelo resultado da sua conversa com ele.

A noite transcorrera até tranquila, com uns bêbados pervertidos por ali, mais umas quantas prostitutas de luxo espalhadas por acolá, era até um cenário bem comum na realidade, olhara para o tecto vendo as luzes e as bailarinas dançando pole dance ou danças provocativas, suspirara longamente, pensando o quão quentinha e adorável estava sua cama.

Mas a sua distracção fora embora, quando ela ouvia o piano…ela tinha que reconhecer que Lúcifer era óptimo no piano, por algum motivo ela amava ouvi-lo tocar, enchia-lhe o coração com algo como nostalgia…era bem estranho mesmo.

Como podia um homem que era notoriamente lascivo, egoísta, egocêntrico…ser tão sensível á música?

Naquela altura, uma mulher loira entrara, mas ela tinha a impressão de conhecer, focara o olhar e fizera-se luz.

Chloe Decker.

Provavelmente deveria de estar fazendo perguntas sobre Dalila, era uma boa moça, apesar de confusa, tinha uma boa voz, ela era fã.

Mas Chloe parecia irritada com o seu patrão e sua conversa estranha de sempre, sobre ele ser o Diabo e etc…, enfim, mas ela acabara virando na direcção do balcão, pronta a ir embora quando olhara mais uns quantos segundos para ela, como reconhecendo-a.

—Macária?

—Olá, Chloe…

—Meu Deus, você mesmo?

—Sim…

Fora até a ponta do balcão, ao que cumprimentara-a com um abraço, ao que fora correspondida, sob o olhar algo atento do seu patrão atrás delas.

—Que faz aqui Macária?

—Eu trabalho aqui…

—Sério?

—Hm, sim…eu estudo na faculdade de Medicina, preciso de pagar as contas então trabalho aqui, eu…estou sozinha…

Chloe parecia agora francamente acuada de ter tocado no assunto, mas quando ia dizer algo ela adiantara-se.

—Tentei encontrar você depois do hospital…eu fiquei intrigada por não descobrirem nada…soube algo de você na altura…sei sobre quem você é…

Agora a atenção dela estava sob ela, tal como a de Lúcifer se bem que este último ela não entendia qual o interesse dele, mas não era hora de atentar na estranheza dele, havia ali assuntos mais importantes.

— O que você soube, Chloe?

—Melhor noutro local, falarmos sobre isso…

—Porque?

—É sobre sua família …

Ela não parecia de ser de rodeios, porque estava começando agora?  Porque aquele olhar triste? E porque o seu coração batia com uma ansiedade que não era possível?