História I Will Survive (Repost) - E se?

Era uma noite fria que se tornava cada vez mais escura, eu não conseguia dormir pensando no quê iria fazer em relação a isso. Será que eu deveria contar para alguém? “E se?”, eu pensava. Essas duas palavrinhas nunca me fizeram perder meu sono quanto esses vários dias que eu passava acordada, olhando a janela, concentrada na luz das estrelas, enquanto me perdia em pensamentos e possibilidades. Eu sempre amei o Paquera, mas nesse período eu passei a sentir e pensar algo diferente. Algo que me corrompia e me consumia por dentro a cada dia que passava. Kim. Era ela meu pensamento de luz e trevas no qual eu não sabia que decisão tomaria, o se deixaria para pensar nisso para depois. Eu suspiro e olho para o relógio. 4:41 da matina.

- Mas já...? A noite passou realmente rápido...

Eu sussurrava, logo virando para o lado, pensando em fechar minha pálpebras e finalmente ter o esperado “sono da beleza”. Novamente um suspiro juntamente com o barulho de minha porta se abrindo, enquanto uma frestinha de luz invadia meu rosto, com a doce voz de minha mãe invadindo meus ouvidos.

-Staella querida? Está tudo bem? Estou ouvindo você suspirar a noite toda.

Ela dizia, enquanto caminhava até mim se sentando na cama acariciando meus cabelos. Um consolo seria bom agora, mas logo invadia em minha mente a possível reação de minha mãe ao saber da minha recente descoberta... Só me restava uma opção, mentir e fingir uma falsa e útil dor de cabeça, como eu sempre fazia quando queria fugir de um assunto ou de um problema. Eu logo abri um sorriso meio forçado.

-Está tudo bem mãe. É apenas uma pequena dor de cabeça que está me atrapalhando a dormir.

Minha mãe pareceu aliviada com aquilo. Mas por quê? Parecia até que ela achava que eu vivia me metendo em encrenca. O que infelizmente era verdade. Mas quase sempre era por culpa de Ambre e suas “amigas” que em minha opinião mais pareciam escravas. Logo percebi que havia me distraído, não escutando o que minha mãe teria falado, olhando para o nada. Logo balancei a cabeça e voltei o meu olhar a ela, que me olhou com um sorriso bobo no rosto.

-Não me parece uma dor de cabeça. Eu te conheço, e sei que está pensativa quanto a algo. Agora vá dormir pois tem escola hoje. Eu iria dizer amanhã... Mas percebi que o amanhã era hoje... Mas bem, quero que me conte o que está acontecendo quando voltar da escola, está bem? Boa noite Docinho.

Ela logo beijou minha testa e saiu fechando a porta. Era só o que me faltava. Seria bom desabafar com alguém, mas não com minha mãe... Ela ficaria meio chocada com minha notícia. Vou dar um jeito de enrolar e irei falar sobre isso com o Alexy amanhã. Ele é a pessoa perfeita para se falar sobre. Fechei novamente meus olhos e dormi pelo resto da madrugada tranquila. Hoje seria mais um novo dia cansativo em Sweet Amoris.

Finalmente era 6 da manhã. Meu despertador tocou, e como o som era estrondosamente alto, me fez acordar com um pulo. Eu tenho muita vontade de jogar aquilo pela janela, mas como era um presente da Tia Aghata.... Peguei meus óculos e fui até o banheiro que havia em meu quarto. Nada muito chique, era pequeno assim como meu quarto. Lavei meu rosto e o sequei colocando meus óculos. Eu parecia um zumbi, com os cabelos todos “desgranhados”, e com as olheiras bastante visíveis. Escovei meus dentes e penteei meus cabelos prateados, logo fiquei de frente ao guarda-roupa, olhando as minhas roupas de criança, como o Castiel havia dito. Pelo sono, peguei qualquer uma, o que me fez parecer mais uma zumbi adolescente, mas no nível daquelas séries e filmes antigos da Disney mal feitos. Nem me incomodei, apenas arrumei meus materiais e desci para a cozinha me sentando na mesa vendo somente mamãe preparando o café da manhã.

-Onde está o papai?

Foi a primeira coisa que falei e a primeira coisa que me veio a cabeça agora. Minha mãe imediatamente se virou assustada mas logo colocava o seu doce sorriso no rosto, como sempre.

-Ah Staella, você me assustou! E bom dia para você também!

Ela disse naquele tom de sermão que só as mães sabem fazer. Eu logo dei uma risada ajeitando os óculos.

-Me Desculpe. Bom dia mãe, mas voltando a pergunta, onde está o papai?

Ela pareceu tranquila com aquilo, pelo jeito nada de grave aconteceu. Ele deve estar dormindo ou recebeu um pedido inesperado e saiu para trabalhar.

-Ah, ele recebeu uma ligação do trabalho esta manhã. Ele saiu cedo para ir atender... Sabe como aquela empresa é...

Ela bufou e logo serviu meu café da manhã. Olhei as horas e vi que estava um pouco atrasada. Comi rapidamente, me despedindo de minha mãe saindo correndo, e esperando o ônibus que poucos minutos depois estava ali passando. Entrei e vi duas pessoas que eu realmente não esperava ver ali. Kim e Violette... As duas sempre andavam juntas, o que me faziam questionar sobre o relacionamento das tais... Agora mais do que nunca. Entrei no ônibus e me sentei na frente bem longe delas para não me notarem, o que foi falho, logo escutando a forte voz de Kim.

-Ei guria! Eu sei que você nos viu! Porque não vem sentar com a gente?

Olhei para trás e vi Kim com os braços cruzados me olhando com aqueles olhos verde limão que ela tinha, juntamente de seu enorme sorriso. Estremeci, e logo fui devagar para perto delas, me sentando ali. Logo perguntei.

-Ei Kim, você e a Violette geralmente não vão de carona com o seu pai para a escola?

Logo o sorriso dela se desfez, ela logo deu de ombros, não demorando a me responder.

-Ligaram para ele hoje de manhã, parece que era do trabalho, então ele teve que ir para lá... Isso é estranho... Quase nunca ligam para ele desse jeito. Deve ser algo realmente importante.

Eu estranhei um pouco... Tinha acontecido o mesmo com o meu pai, mas não resolvi questionar nada. Logo parei que pensar naquilo quando percebi seu olhar voltado para os meus óculos de maneira um tantoconcentrada logo os pegando, os limpando e colocando em si mesma.

-Aqui Vio! Eu pareço inteligente com esses óculos?

As duas logo começaram a rir, eu dei uma risada sem graça para não forçar muito a situação, e logo ela tirava os óculos de seu rosto, os colocando de volta em meu rosto, o que me fez corar um pouco. O que era uma droga, já que eu era muito pálida. Logo ela me olhou inexpressiva por um tempo, logo dando uma risada.

-Você fica fofa assim guria, parece que você deixa de ser menos... Fantasma assim digamos!

Eu fiquei bastante sem jeito com aquilo ficando calada, o que não demorou para ela perceber minha tensão, então ela logo dava um soquinho em meu ombro. O que nos fez rir um pouco, mas logo passamos o resto do percurso em silêncio. Logo o ônibus chegava ao seu primeiro ponto. Agora, começaria mais um dia em Sweet Amoris.