História If Jade died? - Capítulo 33

Prendi meus cabelos em um rabo de cavalo bagunçado e vesti o primeiro vestido que vi. Tinha que ir falar com Jesy e logo depois com Leigh-Anne.

- Pezz, tem certeza que não quer ligar para a polícia? Impedir que essa louca faça algo. – escutar Liza se referindo a Jade daquele jeito me incomodou mais do que deveria.

- Não precisa, pelo o que eu conheço de Jade, ela não me machucaria. - “não fisicamente” continuei mentalmente.

- Você que sabe. – Liza foi até minha direção e me deu um beijo. – Se mudar de ideia me fale.

- Ok.

Liza saiu do quarto e eu pude escutar a porta da saída sendo aberta e logo em seguida fechada. Eu sabia que ela tinha se irritado, mas não queria que Jade se metesse em problemas. Eu ainda me importava com ela, por mais que não quisesse.

Desci as escadas logo após pegar meu celular. Mandei mensagens para as meninas falando que queria falar com elas. Peguei as chaves de meu carro e dirigi o mais rápido que consegui até a casa de Jesy.

Não bati na porta nem nada do tipo. Eu sabia onde ela escondia as chaves reservas, então, apenas entrei.

- Perrie? – Jesy levou sua mão até seu peito demonstrando que tinha se assustado com minha chegada repentina.

- Desculpa. – disse dando risada de sua reação.

- Você mandou mensagem dizendo que queria conversar. O que foi? – ela fez sinal para eu me sentar ao lado dela no sofá.

Eu tirei meus sapatos e me sentei junto de Jesy. Ela esticou o cobertor para que nós duas ficássemos tampadas.

- Jade foi até minha casa hoje. – disparei. Não podia perder a mínima coragem que me restava. – E... ela mencionou uma possível volta para o Little Mix. – fitei o rosto de Jesy, esperando alguma emoção, mas ela continuava com um leve sorriso no rosto de quando me recebeu. – diga alguma coisa.

- Acho que ela já te contou tudo. – sua voz soava como se fosse o assunto mais normal do mundo.

- Jesy, ela fingiu estar morta! – exclamei, tentando não alterar a voz.

- Ela estava sendo ameaçada, Perrie!

- Ah, tá! Você também caiu nessa? – me levantei do sofá e coloquei meus sapatos, não queria escutar mais aquilo.

- Sim, eu acreditei, porque Jade continua sendo minha melhor amiga, junto com você e Leigh-Anne e, pelo menos ela teve um bom motivo para sumir, não foi igual a você que simplesmente nos abandonou por um casinho. – Jesy soltou quando eu abri a porta pronta para ir embora. – E Leigh-Anne está doente, por favor, não vá lá se for para isso.

Senti um nó se formar em minha garganta. Eu sabia que tinha me afastado um pouco das meninas nesses últimos meses, mas não tinha ideia de que elas se sentiam assim. Resolvi deixar a casa de Jesy e deixar meu carro ali mesmo. Precisava caminhar um pouco.

Eram umas 17h e as ruas já estavam ficando escuras, mas as ruas estavam bem movimentadas.

- Perrie? – escutei uma voz masculina e um pouco conhecida me chamar. Me virei para ver quem era e me deparei com Pedro. O homem em que conheci antes de descobrir a maior decepção de toda a minha vida.

- Oi. – sorri. – a quanto tempo.

- Verdade. – ele deu um sorriso de orelha a orelha. – Então, o que você anda fazendo por ai a essa hora?

- Pensando um pouco e você?

- Voltando do trabalho. – dei uma breve olhada em sua roupa.

Seu terno estava perfeitamente arrumado, mas a gravata estava um pouco solta em seu pescoço. Seus cabelos estavam levemente bagunçados, mas ele continuava lindo. Me senti com vergonha de estar apenas com um vestido de renda branco, sapatilhas e uma bolsa bege. Meus cabelos provavelmente estavam totalmente bagunçados por causa do vento. Minha aparência deveria estar pior do que na primeira vez que nos vimos.

- É, você gostaria de tomar um café? Ou algo do tipo? – perguntei.

- Sim, claro!

O caminho até a cafeteria foi acompanhando de um silêncio confortante entre nós dois. Eu fiquei pensando em minhas coisas e ele, nas coisas dele.

A idéia de Jade participar do grupo de novo rondava minha cabeça. Não séria bom para mim ter que dividir o mesmo ambiente que ela e eu sei que ela sabia muito bem disso. Aquela vaca.

Meu celular vibrou me tirando de meus pensamentos. Era uma mensagem de Liza.

“não vou estar em casa hoje a noite, tive problemas no trabalho. beijos, Liza.”

Eu nunca soube ao certo no que Liza trabalhava, mas também nunca tive curiosidades. Desde que não me afetasse, estava ok.

- Chegamos. – Pedro disse sorridente, abrindo a porta da cafeteria para que eu pudesse passar. Fiz um gesto com a cabeça em sinal de agradecimento.

- Eu amo essa cafeteria. – disse quando enfim nos sentamos.

- É a minha favorita. – ele disse.

Virei o meu rosto para a rua e respirei fundo, sentindo o cheiro de café invadir minhas narinas. Me senti confortável de verdade depois de um longo tempo. Fiquei alguns minutos apenas assim, olhando para a rua e sentindo o cheirinho de café, quando finalmente percebi o sorriso de Pedro enquanto me olhava. Senti minhas bochechas esquentarem de vergonha. A quanto tempo ele estava me olhando?

- Desculpa, eu estava distraída.

- Ah, não, você estava linda, não se desculpe. – ele sorriu e foi impossível não retribuir aquele sorriso tão caloroso.

- O que vocês desejam? – me assustei com a forma repentina de como o garçom apareceu, mas disfarcei dando uma risada leve e olhando para o cardápio.

- Apenas um café, por favor. – disse

- O mesmo para mim, obrigada. – ele entregou os cardápios ao garçom e ele rapidamente foi levar nossos pedidos para alguém fazer.

- Tanta coisa tem acontecido na minha vida que eu fico distraída em momentos assim. – só nesse momento eu percebi o quanto eu precisava de ajuda e de alguém para desabafar.

- Momentos assim? – sua voz soou confusa.

- Momentos em que eu me sinto confortável ou em paz. Eles tem sido raros ultimamente.

- O que aconteceu? – ele parecia realmente preocupado comigo e isso fez eu me sentir ainda mais confortável.

- Vai parecer estranho, mas... – respirei fundo antes de ir direto ao ponto. -, minha colega de banda fingiu estar morta durante meses e isso foi uma coisa que mexeu bastante comigo, porém como eu disse, ela fingiu. Nós descobrimos ultimamente que ela estava viva e agora é tudo tão confuso. – omiti a parte em que eu namorava com Jade. Séria terrível se a bomba explodisse na mídia. Não que eu não confiasse em Pedro, mas nunca se sabe quem estaria ouvindo. – Ela disse que estava sendo ameaçada, mas eu acho que é apenas uma histórinha para sair impune disso, e agora ela provavelmente vai voltar ao grupo com a gente, uhu. – quando eh terminei de falar senti todo o peso que tinha em minhas costas desaparecerem. Foi bom desabafar.

- Wow. – o rosto de Pedro estava com uma expressão de surpresa muito engraçada, não consegui conter uma risada quando vi aquilo. – Ei, não ria de mim. – ele disse me dando um leve empurrão no ombro.

- Desculpa, mas sua cara esta engraçada. – coloquei a mão em minha boca para minha risada não soar tão alta.

- Olha a bomba que você joga em cima de mim, queria o quê?

- Ah, meu relacionamento novo também tá um lixo.

- Acabou? – ele perguntou rindo e eu assenti. – Já pensou em terminar?

- Já. – confessei. – Mas acho que tenho coisas para descobrir com ela, não me sentiria segura terminando agora.

- Ela te faz bem?

- Até que faz.

- E você a ama?

- Não. Eu já amei uma pessoa, mas foi besteira. – disse lembrando de Jade.

- Amar não é besteira, Perrie, apenas tem seus momentos difíceis e se você ama mesmo alguém, vai aprender a supera-los.

- Até quando a pessoa finge que morreu e inventa trilhões de desculpas para você? – perguntei ironicamente.

- Até nisso. – nossos pedidos chegaram e ele deu um gole em seu café. – Só me prometa, Perrie, que não irá esperar ser tarde para notar que o amor da sua vida está ali. Lute por ele acima de tudo e se der errado, bom, você ao menos tentou e não ficará com esse peso do “o que poderia ter “ na sua cabeça.

Pensei em todos os momentos que já tive com Jade. Desde o pedido de namoro, até o término. Ela aguentou tanta coisa por mim e eu no primeiro deslize a deixei de lado, como se nada significasse. Eu a amava, por mais que doesse admitir, mas nessa história toda ainda tinha Liza. Eu não podia simplesmente larga-la do nada. Liza ficou do meu lado em meus piores momentos e me apoiou quando eu não tinja ninguém.

Como não estava afim de ir tão a fundo nesse assunto, pois acabaria chorando ali mesmo, resolvi dar uma mudadinha de assunto.

- E você? Já encontrou o amor da sua vida? – perguntei bebendo meu café.

- Sim. – disse ele com um enorme sorriso no rosto. – Eu estou noivo e não poderia ser mais sortudo por ter aquele homem ao meu lado.

- Wow, isso é fantástico, parabéns! – disse realmente feliz, eu sempre admirei a coragem de quem se assumia para o mundo assim.

- Não foi fácil, mas quando se tem o amor da sua vida ao seu lado tudo fica melhor. – o mais velho olhava para um ponto fixo na parede com um sorriso radiante em seus lábios. – E mocinha, eu te quero no casamento. Irei te enviar os convites assim que ficarem prontos.

- Esperarei ansiosamente. – sorri.

O papo durante o café foi totalmente agradável e era exatamente o que eu precisava no momento. Trocamos nossos números e endereços no final e seguimos cada um para sua casa. Me sentia um pouco mais leve de ter desabafado com alguém e ter recebido todos aqueles conselhos.

Eu estava pensando em mandar mensagem para Jade perguntando se podia encontra-la, mas acho que teria que me resolver com Liza antes. Eu me sentia culpada antes mesmo de terminar com a mesma. Ela foi tão boa para mim, é tão injusto isso que eu estou pensando em fazer. Merda, Perrie!

Levantei o olhar que antes estava em meus pés e dei de cara com Jade. Ela estava saindo de alguma loja e tinha um sorriso em seu rosto. Ela estava do outro lado da rua e estava linda, não pude deixar de sorrir com a visão que tive dela, mas esse sorriso durou pouco assim que vi Lauren sair da loja junto, rindo igual Jade.

Senti lágrimas quererem sair de meus olhos. Como eu pude pensar tão repentinamente em deixar Liza apenas para tentar algo com Jade? Como eu pude pensar em deixar algo sério pelo duvidoso? Eu devo ser muito tola mesmo. Jade estava com Lauren e isso era tão óbvio.

Merda, merda, merda, merda... isso é a única coisa que passa pela minha cabeça no momento. Como eu posso ser tão burra?

Dei meia volta e fiz o caminho mais comprido até minha casa. Meu coração estava despedaçado e eu me sentia tão burra que apenas me deitei no sofá e dormi a noite inteira, tendo pesadelos o tempo todo.