1. Spirit Fanfics >
  2. Igual Que Ayer >
  3. Eu te Amo

História Igual Que Ayer - Eu te Amo


Escrita por: jaimencanto

Capítulo 11 - Eu te Amo


FERNANDO

 

 

               Acordei empolgado no dia seguinte. Mal levantei da cama e já me apressei em sair do quarto para ver Letícia. É claro que não falaríamos sobre o beijo durante a madrugada na frente de todos, principalmente de Julia. Mas, ao menos eu queria ter a oportunidade de chamá-la para conversarmos sobre isso, e enfim pensarmos em como poderíamos resolver nossas vidas. Já estava mais do que claro que ainda tínhamos os mesmos sentimentos um pelo outro, e não poderíamos mais fingir que isso não era verdade.

               Assim que desci as escadas, percebi que a família estava toda reunida na sala, mas nem Letícia e nem Julia estavam ali.

- Bom dia. – Falei ao me aproximar.

- Bom dia. – Todos responderam, mas não me deram muita atenção.

- Onde está a Letícia? Está lá fora com a Julia?

- Não. Elas foram embora logo cedo. Foram para a casa dos pais de Lety. – Minha mãe respondeu sem fazer muita questão.

- Como assim foram embora? – Perguntei confuso. – Sem se despedir? Sem avisar?

- Parece que ela recebeu uma ligação da casa dela, e saiu logo depois. – Meu pai respondeu folheando o jornal.

               Nenhum dos três parecia se importar com isso, e aquilo me deixou ainda mais irritado. Pareciam estar aprontando alguma coisa.

- Algum problema com os pais dela?

- Não, acho que não. – Henrique respondeu. – Ela apenas falou que precisava ir, e se despediu.

               Aquilo estava muito estranho.

- Eu vou ligar para ela. – Me preparei para pegar o telefone, quando meu pai segurou minha mão.

- Não, filho... Ela deve estar cansada. Não quis que levássemos ela até em casa, e pegou um táxi. Ela deve querer descansar depois de ontem.

- Ou depois de hoje de madrugada... – Henrique me provocou rindo e eu o fuzilei com os olhos.

- Não se preocupe, meu amor. Ela deve entrar em contato depois. – Minha mãe sorriu, o que foi ainda mais estranho.

               Eu não duvidava de mais nada naquela família, não depois de tudo o que aconteceu. E definitivamente eles estavam agindo muito estranhos naquela manhã.

- Sabe o que poderíamos fazer? – Meu pai fechou o jornal e nos olhou. – Poderíamos sair para almoçarmos, como fazíamos nos velhos tempos. Aproveitamos que Henrique e Fernando estão aqui. Que tal?

- Eu acho uma ótima idéia! – Minha mãe exclamou.

- Eu topo! – Disse Henrique.

               Os três ainda pareciam muito estranhos, mas não quis contrariar meu pai. Ele estava realmente animado por estarmos juntos, e de certa maneira, não ficávamos todos juntos há muito tempo.

- Tudo bem... – Falei convencido. – Seria uma boa idéia.

 

 

•••

 

LETÍCIA

 

 

               Foi estranha a ligação de minha mãe logo cedo para que fossemos embora. Ela me tranqüilizou dizendo não ser nada grave, mas pediu para que eu fosse embora o mais rápido possível. Preocupada, apenas arrumei as coisas de Julia e me despedi dos pais de Fernando, já que ele ainda estava dormindo. Me senti mal por ter saído sem avisá-lo, principalmente depois do nosso beijo na cozinha. Ele poderia pensar que eu estava fugindo novamente, e aquilo não era verdade. Quando cheguei na casa dos meus pais, a única coisa que minha mãe disse é que queria preparar um almoço especial para Julia e eu, já que não almoçávamos juntos há duas semanas, por conta de toda a correria do novo apartamento. Não parecia um motivo tão importante para que ela me fizesse ir embora às pressas, mas não quis discutir sobre isso. Eu me resolvia com Fernando assim que possível.

               Julia e minha mãe estavam estranhas, e pareciam estar aprontando algo. Estavam sempre cochichando pelos cantos, e quando eu me aproximava, as duas paravam de falar imediatamente, como se nada tivesse acontecido. Já havia acontecido isso algumas vezes desde que chegamos, mas aquilo estava começando a despertar minha curiosidade.

- O que estão aprontando? – Perguntei entrando na cozinha, onde as duas conversavam baixo.

- Nada. – Julia imediatamente respondeu.

- Como nada? Estão cochichando em todos os cantos.

- Não é nada, meu amor. – Minha mãe sorriu. – Julia está me contando como foi dormir na casa dos avós dela.

- E você se lembra de alguma coisa? Ficou apagada até hoje cedo. – Brinquei.

- Eu vi quando você saiu do quarto e voltou depois de um tempo.

               Meu coração disparou.

- Viu? – Tentei não parecer tão tensa. – O que mais você viu?

- Nada. Eu dormi.

- Ah... – Sorri aliviada. – E por falar no seu pai, vou mandar uma mensagem explicando porque fomos embora sem nos despedirmos. Ele deve estar se perguntando isso.

               Percebi que as duas se olharam e fui até a sala, onde estava minha bolsa. Eu a revirei procurando o meu celular, mas não o encontrava em lugar algum. Pensei se por um acaso poderia tê-lo esquecido na casa dos Mendiola, mas eu me lembrava de tê-lo colocado na bolsa quando saímos.

- Julia! – A chamei, e logo ela apareceu. – Você pegou o meu celular aqui?

- Não, mamãe.

               A olhei, percebendo que ela estava mentindo.

- Julia... Sabe que não gosto que você minta.

- Eu não estou mentindo, mamãe.

- Não tem problema se tiver pegado, eu só quero que me fale a verdade.

- Mas, eu não peguei.

               Suspirei e olhei para minha mãe, que parou ao lado de Julia.

- Se você não pegou, quem pegou?

- Eu não sei, mamãe.

               Não só pelo fato dela dizer “mamãe” todo fim da sua frase, mas eu sabia quando Julia estava mentindo, e ela não costumava fazer isso. Havia alguma coisa muito estranha acontecendo, e eu queria saber o que era.

- Depois você acha ele. – Minha mãe disse. – Por que não vai abrir os presentes com Julia enquanto eu preparo o almoço? Já vi que são muitos.

- Sim! Vamos, mamãe!

               Não tive tempo de responder. Julia pegou minha mão e saiu me arrastando até a sala.

 

 

 

•••

 

FERNANDO

 

 

               Durante o almoço, parecia que toda a harmonia que há muito tempo não víamos em nossa família tinha voltado. Falamos sobre a minha infância, sobre a infância de Henrique, e principalmente sobre os passeios que costumávamos fazer.

- Lembra quando o Fernando se perdeu na Disney? – Henrique disse e todos riram.

- A culpa foi sua. – Falei. – Você me disse que o Mickey estava me procurando e eu saí correndo.

- Fiquei de castigo por uma semana. – Ele disse rindo.

- Bem feito por isso.

- Ah... Mas vocês dois quase não brigavam. – Minha mãe disse. – Estavam sempre juntos.

- Mas eu sofria na mão de Henrique, vocês que não viam isso.

- Não era assim, também. Você está exagerando.

- Talvez um pouco.

               Continuamos rindo, até que meu pai suspirou tão alto que nos fez olhar para ele.

- Não é ótimo a paz voltar à essa família? – Ele disse sorrindo. – Esperei isso por tanto tempo...

               Não nos atrevemos a dizer nada.

- Acho que a partir de agora, podemos deixar tudo de ruim que aconteceu, no passado. Não acha, Fernando?

               O olhei sem saber o que responder.

- Acho que... Sim. – Falei sincero.

               Eu realmente não queria ficar remoendo o que aconteceu. Minha mãe estava claramente se esforçando para mudar, e Henrique estava visivelmente arrependido. Além do mais, depois do beijo que Lety e eu demos na cozinha, o restante das coisas não parecia importar mais. Durante a conversa, recebi uma ligação, e logo pensei que fosse Letícia, explicando porque tinha ido embora sem se despedir. Mas, desanimei ao ler o nome que apareceu na tela.

- Podem me dar licença?

- É claro, filho! – Meu pai sorriu.

               Me levantei da mesa e caminhei para a saída do restaurante, para ouvir melhor.

- Oi, Omar! – Falei ao atender.

- Nossa. Que felicidade em receber uma ligação minha.

- Não é isso. É que... Deixa pra lá. Como vai?

- Eu estou bem, e você?

- Bem também.

- É, eu imagino.

- Do que está falando?

- Henrique me contou sobre o beijo na cozinha.

               Suspirei impaciente.

- Eu mato o Henrique!

- Qual é! Você não ia contar para o seu melhor amigo?

- Claro que ia, mas não agora. Queria esperar.

- Esperar o que?

- Esperar... Eu e ela resolvermos as coisas.

- Ué, vocês não se resolveram?

- Não exatamente.

- Pensei que para se beijarem na cozinha ao menos tivessem pedido perdão um para o outro.

- Não. Não tivemos a oportunidade de conversarmos ainda. Eu pretendia fazer isso hoje pela manhã, mas ela e Julia foram embora sem ao menos avisar. Estou tentando falar com Letícia mas sempre chama, chama e ninguém atende. Estou começando a ficar preocupado.

- Não se preocupe não. Ela deve estar aproveitando o domingo.

               Omar também parecia estranho.

- Mas enfim, estou ligando para fazermos alguma coisa hoje a noite. Agora que você está mais relaxado, não tem mais desculpas para não sair comigo.

               Balancei a cabeça rindo.

- Está bem. Para onde vamos?

- Pensei naquele restaurante que costumávamos ir. Conversamos um pouco, tomamos alguma coisa. Só para relaxarmos. E então você me conta sobre o que pretende fazer para reatar sua relação com a Lety.

- Certo. Que horas nos encontramos?

- As sete, está bom?

- Sim, está ótimo.

- Então, nos vemos lá!

- Ok. Até mais.

- Até!    

               Desliguei o celular e conferi as mensagens, me certificando de que Letícia não enviou nenhuma. Eu estava estranhando o seu sumiço, mas esperava que não tivesse relação com o que aconteceu na cozinha.

 

 

•••

 

LETÍCIA

 

 

               Desisti de tentar entender as esquisitices de Julia e minha mãe. Durante todo o almoço elas falaram sobre Fernando e sobre a sua mudança repentina de humor durante a festa, e me pressionaram de toda a maneira para que eu dissesse o que conversamos, mesmo que eu negasse que tenhamos conversado mais do que cinco minutos. Eu começava a desconfiar que elas sabiam sobre o beijo, e estavam tentando arrancar isso de mim. Mas, se Julia tivesse visto, ela com certeza teria dito assim que voltei para o quarto.

- Tudo bem! Por que não falamos sobre outra coisa agora? – Sugeri após o almoço. – Estão falando sobre o Fernando durante todo o almoço.

- É porque nós gostamos de falar sobre o meu pai. – Julia sorriu.

- Eu sei que gostam. Mas, já me perguntaram coisa demais.

               O telefone tocou e meu pai se levantou rapidamente, provavelmente não estava agüentando mais todas as perguntas sobre Fernando, já que permaneceu calado durante todo o almoço. Ficamos em silencio até ele voltar e me entregar o telefone.

- É para você.

- Para mim? – Peguei o telefone, estranhando que alguém ligasse para a casa da minha mãe à minha procura. Pensei que poderia ser Fernando, e imediatamente levantei. – Com licença.

               Segui para a sala para que pudéssemos conversar a sós.

- Alo?

- Lety!

               Não era Fernando.

- Ah... Oi Márcia.

- Poxa... Que animação!

- Desculpe. É que eu pensei que... Ah, deixa pra lá!

- Eu estou tentando ligar no seu celular, mas só chama e ninguém atende. Por isso liguei para  a casa da sua mãe.

- Pois é! O meu celular sumiu!

- Como sumiu?

- Eu não sei. Lembro de te-lo colocado na bolsa, mas não está lá. Não o encontro em lugar algum.

- Estranho, mas enfim... Queria convidá-la para jantarmos hoje.

- Só nós duas?

- É claro que é só nós duas! Por que? Queria que Fernando fosse também?

- É claro que não. Foi só... Uma curiosidade.

- De qualquer maneira, você topa?

- Sim! Mas, eu posso levar Julia comigo?

- Por mais que eu adore a presença da Julia, acho que seria melhor um jantar só de amigas. Acho que você já imagina que vamos falar sobre o Fernando, e não é bom que Julia fique ouvindo isso.

- É... Tem razão. Mas, é que não quero deixá-la sozinha. O aniversário dela é amanhã e eu prometi que passaria o domingo com ela.

- Eu não ligo, mamãe! Pode ir!

               Me virei para a porta da sala e Julia estava ouvindo minha conversa.

- Julia! – Exclamei rindo. – Está bem. Acho que fui induzida a aceitar o seu convite.

- Ótimo! Então, nos encontramos no restaurante da praça às sete.

- Perfeito.

- Até mais tarde então!

- Até. Um beijo.

- Outro!

               Desliguei o telefone e Julia andou em minha direção, sorrindo marota.

- O que eu já disse sobre ouvir conversas dos outros, mocinha? – Perguntei colocando-a sentada em meu colo.

- Desculpe. Não foi minha intenção.

- Sei... Você e sua avó estão muito estranhas hoje.

               Ela apenas riu.

- Lety! – Meu pai entrou na sala, carregando um embrulho parecendo uma caixa grande de sapatos. – Isso chegou para você agora.

- O que? – Perguntei confusa. – E quem mandou?

               Minha mãe apareceu logo depois, parando à porta.

- Não sei. O entregador apenas disse que era para você, e que não sabia quem enviou.

               Meu pai colocou o embrulho no sofá e eu coloquei Julia no chão, olhando para o estranho pacote.

- Abre, mamãe! – Julia insistiu.

- Mas quem mandaria isso para mim, e aqui? Não teriam que mandar para o apartamento?

- Abra logo, filha. Estamos curiosas. – Minha mãe disse.

               Fiz o que me pediram e comecei a rasgar o embrulho. Logo foi revelada uma caixa branca, que eu imaginei que tivesse algum sapato ou algo do tipo. Mas, quando abri a caixa, vi que tinha um lindo vestido cor de vinho dentro. Abri a boca espantada e me levantei, tirando o vestido da caixa.

- Uau! – Julia e minha mãe exclamaram.

- Quem  me mandaria um vestido tão lindo? – Perguntei colocando-o de frente para o meu corpo. Ele era longo, feito de Chiffon, e combinava totalmente comigo. A pessoa que o escolheu, havia acertado em cheio. Mas... Quem o escolheu?

- Eu não sei, mas é maravilhoso! – Minha mãe disse. – Seja quem for, tem um ótimo gosto.

- Você vai ficar linda, mamãe! – Julia exclamou.

               Meu pai apenas me olhava de braços cruzados. Talvez Fernando tivesse enviado aquele vestido? Mas, por que ele faria isso? E mais: Por que ele não diria que ele havia mandado? Ou poderia ser Guilhermo, mas não combinava com ele entregar um presente pelos outros. Ele sempre disse o quanto achava isso antiético.

- Talvez entregaram errado.

- O homem disse o seu nome completo. Não acho que tenham errado. – Meu pai disse.

- Você precisa usá-lo hoje a noite, mamãe! – Julia disse.

- O que? – A olhei rindo. – Acho que não. Por mais que eu goste de Márcia, acho que é um vestido chique demais para um simples jantar de amigas.

- Eu acho que Julia tem razão. – Minha mãe disse. – Márcia está sempre muito bem arrumada, e não seria mal você usar um vestido bonito desse em um restaurante.

- Obrigada por dizer que eu não me arrumo. – Brinquei.

- Eu não disse isso... – Minha mãe riu. – Mas eu acho que deveria usá-lo. A pessoa que te mandou queria que você usasse em alguma ocasião, não é?

- Mas... Ele é tão lindo!

- E é por isso mesmo que tem que usá-lo.

               Elas estavam conseguindo me convencer.

- Mas eu preciso saber quem mandou.

- Talvez seja um admirador secreto.

- Eu não tenho um admirador.

- É por isso que se chama secreto, mamãe.

               Meus pais riram.

- Ah, mamãe! Use ele hoje, por favor! Quero ver como vai ficar.

               Ela pediu com tanto gosto, que não tive coragem de negar.

- Está bem. – Sorri. – Eu vou usá-lo hoje a noite. Mas, que fique claro, se Márcia zombar de mim porque estou muito chique, a culpa vai ser de vocês.

               As duas riram.

- Ela não vai fazer isso. – Julia disse.

               Meu pai apenas ergueu uma das sobrancelhas.

 

 

 

•••

 

FERNANDO

 

 

               Omar pela primeira vez havia chegado na hora, mas quando nos sentamos à mesa, notei que ele estava um pouco tenso. Tentei ignorar nos primeiros minutos, mas aquilo já estava começando a me deixar curioso.

- Está ansioso com alguma coisa? – Perguntei.

- O que? Não! Por quê?

- Não sei. Parece tenso, e não para de olhar para os lados.

- É que me lembrei que a ultima vez que vim aqui arrumei briga com um cara casado.

- Não acredito. – Falei rindo. – Isso é bem típico, Omar.

- Mas vamos deixar isso para lá. – Ele escorou-se à mesa. – Conseguiu falar com Lety?

- Não. Parei de tentar na quinta vez que liguei. Tenho medo que... Ela tenha se zangado com o que aconteceu na cozinha.

- Por que ela se zangaria?

- Eu não sei. Posso esperar qualquer coisa vindo de Letícia.

- Mas, você está disposto a resolver as coisas com ela?

- Sinceramente... Eu ainda não sei. Hora eu quero que tudo se resolva, e que esqueçamos tudo o que passamos de ruim. Mas hora eu me lembro de que não vai ser tão fácil, e tenho medo de que as coisas piorem se forçarmos algo.

- Mas você ainda a ama, mesmo depois de descobrir o motivo dela ter te deixado.

- Claro que sim. Isso não mudou nada. Só... Fiquei chateado por ter sido um motivo tão bobo. Durante esses seis anos pensei ter feito algo que ela não gostou.

- É, realmente foi um motivo bem bobo. Ela poderia simplesmente ter falado isso para você.

- Exatamente!

- Mas, você também tem que se colocar no lugar dela. Você teria pensado o mesmo?

- Claro, mas eu teria conversado com ela.

- Mesmo que pensasse que ela terminaria tudo com você?

- Sim! – Fiquei pensativo. – Acho que sim. Não sei. Omar, não sei! Não é fácil me colocar no lugar dela.

- Exatamente. – Ele sorriu. – Você não pode julgá-la errada se não consegue se colocar no lugar dela.

- Mas é que... Quando penso nisso, tenho a impressão de que ela não me amava o suficiente, sabe? Por ter abandonado toda a vida que planejamos juntos por causa de um motivo bobo.

- Mas assim que ela chegou no litoral ela quis voltar. E ela voltaria se não fosse o problema da carta.

- É, eu sei...

- Então não é totalmente culpa dela. E se você conseguiu perdoar sua mãe e Henrique, vai conseguir perdoá-la também.

- Foi o que meu pai disse.

- E como está sua relação com sua mãe e com seu irmão?

- Acho que... Bem. Hoje almoçamos juntos, foi bastante agradável. Parecia que estávamos no passado e que nada aconteceu.

- E por que não pode ser assim com a Lety?

               O olhei pensativo.

- Olha, vocês precisam conversar sobre isso. E não discutirem ou gritarem um com o outro. Precisam conversar. Você precisa falar o que ainda te chateia, e ela precisa falar o que ainda a chateia. Só assim conseguirão passar por cima de tudo.

               Sorri divertido.

- Quando foi que você virou o amigo conselheiro e sábio? Eu costumava ser ele.

- Desde quando você apanhou pro amor. – Ele riu.

               Me escorei à cadeira e Omar tirou o celular do bolso, provavelmente lendo uma mensagem.

- E então... Vamos pedir algo para beber? – Perguntei.

- Sim! Só... Preciso ir ao banheiro antes. – Ele se levantou. – Eu já volto.

- Certo.

               Omar saiu um pouco mais apressado do que deveria, e seguiu em direção ao banheiro. Tirei o meu celular do bolso e novamente suspirei, sem nenhuma mensagem de Letícia.

- Com licença, Senhor. – O garçom parou ao lado da mesa.

- Sim?

- É que houve uma confusão com as mesas, e na verdade a mesa que estava reservada para o Senhor e o seu amigo é outra.

- Ah!

- O Senhor se importaria de me acompanhar para a mesa correta?

- Não, é claro que não. Mas o meu amigo foi ao banheiro...

- Tudo bem. Eu o aviso quando ele sair. É que o casal que reservou essa mesa acabou de chegar.

- Ah, tudo bem! – Me levantei.

- Me desculpe pelo mal entendido.

- Não se preocupe. – Sorri.

- Me acompanhe, por favor.

               Seguimos para o fundo do restaurante, e passamos por uma porta que dava para um enorme jardim. Estranhei por não saber que havia um lugar como aquele no restaurante, já que costumava freqüentar ele há um tempo, mas apenas segui o garçom em silencio. Caminhamos pelo jardim, quando avistei uma mesa solitária, iluminada por velas e coberta por uma tenda, parecendo preparada para um jantar romântico.

- Aqui sua mesa, Senhor. – O garçom apontou.

- Deve haver um engano. – Sorri sem jeito. – Acho que errou a mesa de novo.

- Não, dessa vez tenho certeza absoluta que esta é a certa. – Ele sorriu.

- Mas... Uma mesa assim? – Perguntei confuso. – Eu estou aqui com meu amigo, e nós não temos esse tipo de afeto, e não gostamos de jantar romântico.

               O garçom riu.

- Fique a vontade, Senhor. E pelo mal entendido, nós oferecemos um vinho branco por conta da casa. Quer que eu o traga agora ou prefere esperar?

               Aquela história estava completamente estranha, mas achei melhor não discutir. O garçom parecia certo de que aquela mesa era para mim, e não adiantaria falar o contrário.

- Prefiro esperar.

- Como quiser. Se precisar, basta balançar esse sino que eu virei atendê-lo.

               Olhei para a mesa e percebi que havia um pequeno sino sobre ela. É claro, a mesa estava no meio do jardim, do lado de fora do restaurante. Não teria como assobiar e chamar o garçom.

- Tudo bem. Obrigado.

               Me sentei, ainda confuso com aquela história.

- Com licença. – O garçom fez uma reverencia e se afastou.

               Percebi que a mesa estava mais romântica do que eu imaginei. Além das velas acesas, várias luzes sobre a tenda deixavam a mesa ainda mais iluminada. As taças e pratos estavam postos de maneira detalhada, e parecia ter sido totalmente planejada. Eu só queria que Omar voltasse logo e explicasse aquele mal entendido. A não ser que ele tivesse algo muito importante para me dizer, eu não entenderia por que raios ele reservou uma mesa como aquela para um jantar comigo.

               A demora estava aumentando, e minha paciência diminuindo. Omar parecia ter desaparecido, e eu estava começando a me sentir um idiota sentado sozinho àquela mesa que eu não fazia idéia de quem a planejou. Estava prestes a me levantar e ir procurar por Omar, quando alguém me chamou a atenção. Mais adiante, saindo do restaurante, o mesmo garçom que me atendeu acompanhava uma mulher. Apertei os olhos para ter certeza de que era quem eu pensava, e à medida que se aproximavam andando em minha direção, eu consegui perceber que aquela mulher era Letícia. Usando um vestido longo, com os cabelos presos em um coque e um lindo sorriso nos lábios. Assim que a vi, me levantei rapidamente, sem conseguir tirar os meus olhos dela.

               Ela não parecia ter me notado ainda, mas quando se aproximou o suficiente, acompanhada do garçom, ela finalmente olhou para mim, ficando espantada assim como eu.

- Senhor Mendiola, o seu amigo pediu para avisar que teve um problema e precisou ir embora. – O garçom disse parecendo se divertir com a situação. – Mas, ele pediu para que aproveitasse a noite.

- É claro que ele disse. – Falei indignado. – Não acredito...

- Senhorita Padilha... – O garçom a olhou. – Espero que sinta-se à vontade, e estou à sua disposição.

- Obrigada... – Letícia respondeu ainda me olhando.

- Imagino que queira o vinho de cortesia agora. – Ele sorriu.

               Apenas balancei a cabeça concordando e ele se afastou, nos deixando a sós.

- Eu deveria imaginar que estavam aprontando alguma. – Letícia disse. – Márcia não atendeu minhas ligações.

- Você viria à um jantar com ela?

- Sim. E você?

- Estava aqui com Omar. Aquele...

- É, eu sei. – Ela sorriu. – Bom, parece que fomos vítimas de uma armação.

- É. Parece.

- Acho que não nos resta outra alternativa a não ser aproveitarmos.

               Só então despertei, e me apressei em puxar a cadeira para que ela se sentasse.

- Obrigada. – Ela sorriu, sentando-se. – E pelo visto eles não economizaram... – Ela disse olhando para as luzes da tenda.

- Eles capricharam. – Falei me sentando à sua frente. – Quem mais está envolvido nisso?

- Tenho certeza que minha mãe e Julia estejam envolvidas.

- Julia? Mesmo?

- Sim! Estavam muito estranhas o dia inteiro, e insistiram para que eu usasse esse vestido.

- Que por sinal, é belíssimo. – Falei sem pensar, e ela sorriu.

- Obrigada.

               Eu não conseguia parar de olhá-la. Não apenas pelo vestido, ou pelo cabelo preso, ou pela leve maquiagem, mas porque ela estava radiante. Havia algo diferente nela, algo que eu costumava ver todos os dias há seis anos.

- Desculpe... – Falei quando ela começou a ficar sem graça. – É que... As vezes acho que... É um sonho que você esteja realmente aqui.

- Aqui no restaurante?

- Aqui perto de mim. – Falei sincero. – Durante todos esses anos eu sonhei com um momento assim, mas já estava perdendo as esperanças de que isso aconteceria.

- Bom... Então aconteceu. – Ela sorriu. – Eu estou mesmo aqui.

- Ainda bem por isso. – Sorri.

 

 

•••

LETÍCIA

 

 

               Eu não poderia negar, aquela armação caiu como uma luva. Embora eu desconfiasse de que todos estavam aprontando alguma coisa, eu jamais imaginaria que seria um jantar romântico com Fernando. Ainda estávamos nos acostumando com a surpresa, e assim que o garçom voltou com o vinho, o clima pareceu um pouco mais descontraído, e finalmente pudemos conversar.

- Com certeza as duas esconderam o meu celular. – Falei rindo.

- Não duvido. Passei o dia inteiro ligando para você. Cheguei a ficar preocupado. – Fernando riu.

- Não foi minha culpa, eu o procurei por todos os lados. Só o encontrei na hora que estava saindo, provavelmente elas colocaram em cima da mesa.

- Fico mais aliviado por saber isso. Pensei que você estivesse zangada com alguma coisa.

- Com o que, por exemplo?

- Não sei. Talvez com o que aconteceu na cozinha hoje de madrugada.

               Coloquei a taça sobre a mesa, envergonhada.

- Não vá me dizer que está com vergonha por termos nos beijado?

- Não é isso. É que... Não sei se foi certo.

- Não foi certo nos beijarmos? Então você não gostou?

- Eu não disse isso.

- Então o que foi?

- Eu só acho que deveríamos ter conversado sobre as coisas antes. Termos esclarecido algumas coisas.

- Acho que até agora tudo já ficou bem esclarecido.

- Você me entendeu.

- As vezes eu acho que você está tentando colocar uma barreira entre nós dois, Letícia. – Ele escorou-se à mesa. – Parece não querer resolver esse problema.

               Sorri triste.

- Sabe o que eu notei?

- O que?

- Você não me chama mais de Lety.

               Ele me olhou confuso.

- Desde que nos reencontramos. Você só me chama de Letícia.

- Eu... Não tinha reparado nisso.

- Eu sei porque. Você me chama de Letícia quando está bravo ou magoado, e isso é uma prova de que você ainda está magoado com tudo o que aconteceu.

               Ele suspirou.

- É claro que estou magoado. Eu mentiria se dissesse que não.

- E é exatamente por isso que aquele beijo foi um erro.

- Mas eu estar magoado não quer dizer que eu não queira tentar consertar as coisas.

- O problema é que não é tão simples assim.

- Não é tão simples porque você complica tudo.

- Eu? Por que a culpa de tudo é minha?

- Oras, porque foi você que me deixou por uma besteira! E passou seis anos escondida de mim! E parece que você não se importa com isso, porque sempre foge do assunto quando eu tento resolver as coisas.

- Isso não é verdade.

- É claro que é! – Ele aumentou a voz. – Eu já estou me cansando de ficar insistindo para você, Letícia. Sinto que estou dando murro em ponta de faca, porque sempre que estou disposto a me esquecer do que aconteceu, você parece bloquear que eu me aproxime, e isso me magoa ainda mais.

- É exatamente isso que tenho medo! – Falei com a voz embargada e com os olhos embaçados. – Eu tenho medo de errar outra vez, e magoá-lo de novo.

               Ele não respondeu.

- Você não é o único que não consegue se esquecer do que aconteceu. Eu também não consigo! E principalmente depois de saber que a conversa que causou tudo isso não era sobre mim, e que se eu não tivesse sido tão burra, poderia ter evitado todo esse sofrimento que tivemos!

               Fernando me olhava com pesar, e logo senti as lágrimas escorrendo em meu rosto.

- Eu sei que a culpa foi minha, eu sei que por minha causa passamos seis anos longe um do outro, sofrendo com a ausência um do outro. Você acha que todos os dias antes de dormir eu não imagino que hoje poderíamos ser uma família? Que poderíamos ter cuidado juntos de Julia, e que poderíamos ter a vida que tanto planejamos para nós dois?

- Letícia...

- Eu sinto muito, Fernando! – Falei aos prantos, sem conseguir me controlar. – Eu sinto muito por todo o sofrimento que causei. Eu sinto muito por ter sido idiota a ponto de achar que deixando-o aqui as coisas iriam se resolver. Eu sinto muito por ter sido a culpada pela sua briga com sua mãe e seu irmão. Sinto muito por ter privado um pai de conhecer a própria filha por seis anos...

- Lety...

- Eu sinto muito por tudo isso! Mas eu sinto ainda mais por eu não conseguir me perdoar ainda pelo que fiz, para que a gente tente recomeçar. Eu não sei se um dia vou conseguir, e se esse medo de fazer algo errado e estragar tudo um dia vai me abandonar.

               Escorei à mesa, soluçando. Estava desabafando tudo o que guardei apenas para mim durante todos aqueles anos, e principalmente, depois da briga que tive com Fernando no dia anterior. Fernando se levantou no mesmo instante e se aproximou, abaixando-se ao meu lado.

- Lety!

               Eu o olhei com o rosto molhado pelas lágrimas, e ele as secou, sorrindo logo depois.

- Todos esses anos que perdemos, não serão esquecidos enquanto você não estiver preparada para isso.

- E você? Está preparado?

- Eu pensei que não estava, mas... Sim. Eu estou. E sabe por quê?

- Por quê?

- Porque sei que o que sinto por você é mais forte do que isso. Sei que apesar de tudo que nos aconteceu, eu não deixei de te amar nem mesmo por um segundo. Isso significa que o que eu sinto por você é mais importante do que ficar remoendo mágoas do passado.

- Mas eu não sei se consigo fazer isso.

- Eu sei que eu disse totalmente o contrário quando discutimos no quarto ontem, mas... A culpa não foi apenas sua. Você achou ter escutado uma coisa, e eu não posso culpá-la disso. Foi sua decisão ter me deixado ao invés de termos conversado sobre isso...

- E é por isso que não consigo me perdoar...

- Mas você deve. – Ele segurou minha mão. – Todos nós cometemos erros. E agora eu sei disso. Ontem quando nos beijamos parecia... Parecia que nada mais importava. Que todo o sofrimento tivesse desaparecido. E eu imagino que se nós dois concordarmos em deixar tudo para trás, e tentar um recomeço, vai ser assim todos os dias.

- Eu não sei... – Limpei as lágrimas, suspirando. – Eu quero muito, mas... E se um dia você acordar e perceber que não me perdoou totalmente? E então vamos discutir, isso vai atingir Julia de alguma maneira. Não quero que tenhamos um relacionamento desgastante.

- Não teremos. – Ele sorriu, beijando minha mão. – Temos uma linda filha juntos, e vamos dar todo o amor e carinho para ela. E seremos uma família. Uma família que um dia planejamos.

               Ele se levantou, e me puxou para que eu o acompanhasse. Fiquei de frente para ele, com o coração à mil e as lágrimas novamente se formando em meus olhos, mas dessa vez, de felicidade.

- Durante esse mês que ficamos perto um do outro, eu demorei a perceber que nada mais me importa, além de você estar aqui.

- Eu penso o mesmo. E eu quero muito que sejamos uma família, como sempre sonhamos. Mas, primeiro eu preciso saber se você me perdoa.

               Ele me deu um de seus melhores sorrisos, e segurou em minha cintura logo depois.

- Sabe que... Amar é perdoar?

- É?

- Sim. Eu te amo, então é claro que eu te perdôo. Na verdade, eu tenho uma condição.

- Qual condição?

- Não falaremos mais desse assunto. Vamos deixar tudo para trás. As mágoas, as brigas, as confusões. Vamos enterrar tudo, e vamos recomeçar do zero.

- Mas tem uma diferença.

- Qual?

- Não precisamos esperar para nos apaixonarmos. – Sorri. – Porque isso já aconteceu.

               Ele riu.

- É verdade.

- Então... Isso quer dizer que... Vamos tentar dar certo?

- Melhor do que isso. – Ele se aproximou. – Nós vamos com certeza dar certo.

               Sorri aliviada e entrelacei os meus braços em volta do seu pescoço.

- Só me promete uma coisa.

- O que quiser... – Respondi já fechando os olhos.

- Quando for ouvir alguma conversa escondida, escute até o final.

               Abri os olhos e ele sorria divertido. Balancei a cabeça rindo e ele me puxou para um beijo. Um beijo de reconciliação, que melhor o que o da noite passada, estava repleto de sentimento, alívio, e recomeço. Como ele havia me pedido, eu estava disposta a deixar tudo para trás, apenas para focar em fazê-lo feliz daquele dia em diante.

 

•••

 

FERNANDO

 

 

- Está bem, mamãe. Eu vou buscá-la amanhã bem cedo. – Letícia falava ao celular com sua mãe, enquanto eu andava por seu apartamento. – Certo. Obrigada. Eu terei, mamãe... Obrigada. – Ela riu. – Boa noite. Outro.

               Letícia desligou o celular e me olhou.

- Minha mãe mandou um beijo.

- Obrigado. – Sorri, me aproximando.

- Eu não gosto de pedir para ela passar a noite com Julia...

- Mas hoje é uma ocasião especial. – Quando me aproximei o suficiente, segurei em sua cintura.

- É, eu sei. – Ela sorriu.

               Acariciei seu rosto olhando-a com ternura, e logo depois me aproximei beijando-a. Já estava tudo se resolvendo, mas ainda faltava um detalhe: Letícia não parecia cem por cento à vontade. Eu ainda sentia que seu corpo se contraía todas as vezes que eu a tocava.

- Fernando...

- Hum? – Passei os beijos para seus ombros.

- Eu... Posso não ter mais experiência nisso.

- Do que está falando? – Parei de beijá-la e a olhei.

- Nisso. Foram seis anos.

               Não pude deixar de sorrir.

- Você está mesmo falando isso? – Perguntei divertido.

- É bom avisar. – Ela sorriu sem jeito.

- É por isso que fica tão tensa quando eu a toco?

               Ela não respondeu.

- Sendo assim, então eu também perdi o jeito.

- Você é bom demais nisso para perder o jeito.

               Soltei uma gargalhada.

- Obrigado pelo elogio. Mas, você também é boa demais para perder o jeito. Mas, quer saber? Por que estamos preocupados com isso? Isso é o que menos importa, certo?

- Certo.

               Sorri satisfeito e voltei a beijá-la nos ombros, enquanto apertava delicadamente sua cintura.

- Fernando...

- Sim?

- Preciso te dizer uma coisa.

               Mais uma vez pausei os beijos e a olhei.

- O que?

               Ela suspirou e sorriu logo depois.

- Eu te amo.

               Meu coração encheu-se de alegria ao ouvi-la dizer aquilo.

- Eu te amo desde sempre, e nunca deixei de amar você. Acho que é possível que eu o ame ainda mais.

               Toquei em seu rosto carinhosamente e olhei no fundo dos seus olhos.

- E eu jamais deixei de te amar, Lety. Nem um dia.

               Seu sorriso se alargou.

- Eu te amo muito.

               Parecendo mais aliviada, dessa vez ela me beijou. Me segurou pela gola da camisa e ficou na ponta dos pés para alcançar meus lábios. Retribuí o beijo com gana, e passei meus braços eu volta de sua cintura, deixando-a ainda mais perto de mim. Passamos tanto tempo longe um do outro, e por tanto tempo esperei por esse momento, que eu praticamente não conseguia me segurar. Letícia era a mulher da minha vida, e como num passe de mágica, tudo de ruim que passamos havia desaparecido. Eu estava empolgado, estava animado, e estava certo de que queria retomar nossa relação de onde paramos. Aquele tempo não serviu para nos afastar, e sim para nos aproximar ainda mais.

               Enquanto nos beijávamos, a guiei para o seu quarto, sem saber exatamente para onde era. Finalmente o encontrei e nós entramos, já tirando nossas roupas. Ela se apressou em desabotoar minha camisa e eu fiz o mesmo com seu vestido, fazendo-o escorregar pelo seu corpo até cair no chão. Tomei um segundo para admirá-la e notar o quanto senti falta do seu corpo. Sorri ao fazer isso, e ela fez o mesmo, me empurrando para a cama. Me deitei e a olhei maroto, enquanto ela sentava sobre mim. Suas mãos cruzaram-se com as minhas e ela se inclinou, colocando-as sobre o travesseiro. Só Deus sabe o quanto eu senti falta de Letícia. O quanto senti falta de nossos momentos íntimos. Como se lesse os meus pensamentos, ela se inclinou e seus lábios tocaram os meus. Minhas mãos ainda estavam presas entrelaçadas às dela, e eu tive que conter a vontade de passear por todo o seu corpo.

               Assim que suas mãos se soltaram das minhas, me apressei em segurá-la pela cintura. Lety estava tão ansiosa quanto eu, e então eu resolvi apressar ainda mais. Puxei-a para se inclinar ainda mais sobre mim, e rapidamente desabotoei a minha calça. Enquanto eu tirava a minha calça, ela aproveitou para me provocar ainda mais, depositando beijos em meu pescoço seguidos de leves mordidas. Terminei de tirar a calça sem usar as mãos, e quando finalmente consegui, segurei em sua cintura fazendo-a sentar-se novamente. Quando o fez, não evitei em soltar um suspiro, e ela sorriu. Percebi que ela estava tão excitada quanto eu, e então me inclinei e afaguei uma das mãos no seu cabelo, olhando no fundo dos seus olhos.

- Eu te amo. – Falei.

- E eu te amo muito. – Ela sorriu, me beijando logo depois.

 

 

•••

 

LETÍCIA

 

 

Eu sentia o meu corpo inteiro se queimar em cada toque, em cada beijo, a cada suspiro que ele soltava quando eu fazia algo que gostava. Enquanto nos beijávamos, senti seu braço passar em volta de minha cintura, e imediatamente ele me levantou alguns centímetros. Continuei beijando-o, sabendo que a melhor parte ainda estava por vir. Quando Fernando voltou a me colocar sentada em seu colo, senti o seu membro enrijecido por baixo de mim. Sem agüentar mais esperar, desejando matar toda a saudade de tê-lo por inteiro, me posicionei sobre ele e o senti me penetrar lentamente.

A medida que ele começou a se movimentar, a sensação que tive de início transformou-se em um completo calor, e uma vontade incontrolável de te-lo ainda mais perto de mim. Me apoiei em seus ombros e ele apertou ainda mais minha cintura, deixando nossos corpos ainda mais próximos. À medida que ele acelerava os movimentos, senti a sua respiração ofegante próxima a mim e o calor aumentou ainda mais. Os movimentos se sincronizaram, e Fernando acelerou um pouco mais. Mordi meu lábio inferior e soltei um longo suspiro, cravando minhas unhas em seus ombros. Ele soltou um grave gemido e eu percebi que estávamos no mesmo nível de excitação.

Ficamos tanto tempo sem sentir nossos corpos juntos, que em pouco tempo nossos gemidos se misturavam ecoando por todo o quarto, indicando que já estávamos chegando ao auge. De repente, senti todo o meu corpo se queimar, e tudo ao meu redor pareceu desaparecer. Nossos movimentos ficaram em perfeita sincronia, e não resisti em deixar um alto gemido escapar. Fernando me apertou ainda mais, e quando a sensação começou a passar, ele se movimentou pela ultima vez, me penetrando ainda mais forte. Senti o meu corpo estremecer e relaxar sobre o dele, e quando recuperei os sentidos, o olhei. Ele também me olhou e deitou cansado à cama, soltando um longo suspiro.

Não tínhamos o que dizer, então apenas sorrimos cúmplices. Me deitei ao seu lado na cama e cobri meu corpo com o lençol, fitando o teto por alguns minutos.

- Eu acho que não tinha notado o quanto senti falta disso, até agora. – Ele disse ainda respirando ofegante.

- Eu também. – Falei suspirando.

               Me virei para o lado e escorei minha cabeça em uma das mãos. Ele me olhou e me deu um de seus melhores sorrisos.

- Agora não podemos mais voltar atrás. – Falei divertida.

- Ainda bem por isso.

- Quer saber? Você não perdeu nem um pouco o jeito durante esses anos.

- E nem você. E por falar nisso... – Ele virou-se para mim. – Acho que mereço um segundo round.

- Você acha?

- Acho que sim! Passei seis anos esperando por você. Nada mais justo do que fazermos isso seis vezes seguidas.

- Você é louco! – Soltei uma gargalhada.

- Posso... Perguntar uma coisa? Você não me leva a mal?

- Claro que sim.

- Você sempre foi tão rigorosa para usarmos preservativo. Hoje você não disse nada...

- Eu estou me protegendo. – Sorri. – Não se preocupe.

- Não estou preocupado. Foi só... Curiosidade. – Ele sorriu. – Então, acho que assim podemos fazer o segundo round, não é?

               Sem esperar que eu respondesse, ele se virou à cama inclinando-se sobre mim. Dei uma gargalhada e logo depois ele me beijou. Eu não poderia estar mais feliz e realizada. Tudo estava voltando ao normal...


Notas Finais


Então queridas... Como eu disse no início da fic, ela seria bem curtinha. Esse é o "ultimo" capítulo, mas obviamente eu farei um epílogo. Eu espero que apesar de curtinha ela tenha sido boa e tenha agradado à todas! Mas, deixarei os agradecimentos para o epílogo haha. E para quem ainda não viu, já postei outra fic que se chama "Love Inside Out". Só conferir no meu perfil! Beijos!!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...