História I'll Take Care Of You - Capítulo Único

-Acho que estou com febre, sweet. Queria tanto te ver... 

Sam não podia negar que adorava quando Gabriel fazia aquela voz manhosa. Ele sentia que poderia se derreter por dentro. Era quase impossível não se derreter por dentro quando se tratava do amado.

-Ok. Dean acabou de sair com o carro, então talvez eu possa demorar um pouco para chegar aí. Você sabe, geralmente é ao contrário.

-Oh, Cassie também acabou de sair. Irão ter uma noite de karaokê, algo desse tipo. Seu irmão bem que poderia aproveitar e se declarar para o Castiel com algo bem meloso.

-Porquê não ao contrário?

-Você já ouviu a voz do Cassie? Acho que quando ele começar a cantar todos vão sair correndo. 

Sam não pode evitar sorrir, mas não disse nada. Gabriel era do tipo de irmão que defendia o outro com unhas e dentes, mesmo das mínimas coisas. Da última vez que Sam brincou com alguma coisa sobre Castiel teve que gastar muito com caixas de chocolate para que ele o perdoasse enquanto Castiel sequer ligava.

-Então já estou indo. Quer que eu leve alguma coisa?

-Sorvete de chocolate.

-Gabe, você está ficando resfriado. Não vou te dar sorvete. 

-Traz qualquer coisa com chocolate. Você coberto de chocolate seria uma boa ideia. 

-Vou te levar chocolate. Daqui a alguns minutos chego aí.

-Tudo bem, babe. Até mais.

Antes de sair, Sam deu uma boa olhada no espelho. Havia saído do banho a pouco tempo, então seus cabelos ainda estavam molhados, mas secariam durante aquele meio tempo. 
Usava preto. Não gostava muito, mas Gabe gostava e ele estava se sentindo estranhamente romântico naqueles últimos dias. Pegou as chaves de casa, a carteira, seu casaco e saiu.

Eram poucos metros de distância entre as duas casas e como Sam andava rápido, chegaria em um piscar de olhos. Antes, passou em uma loja de conveniência para pegar alguns mimos para o menor. Duas barras de chocolate, balinhas, e Reese's. Sam odiava aquilo, era doce demais para seu paladar, mas lembrou que da última vez que se encontraram Gabe lamentara não ter comprado, então adicionou na sua cesta. No caixa, ainda adicionou algumas camisinhas, pois nunca era demais ter mais. Além do que, Gabe poderia se sentir melhor ao longo da noite. Ou quem sabe, Sam poderia curá-lo do resfriado.

Riu baixo. Geralmente esses comentários e pensamentos eram de Gabriel, não dele. 

Chegou na casa dos Novak e tocou a campainha, ansioso. Havia ido ali poucas vezes, pois desde o começo aproveitavam quando Dean não estava em casa para poder aproveitar algum tempo juntos. Gabriel, afobado que era chegava na casa dos Winchester às vezes até mesmo antes de Sam dar a ideia. Mas ali pelas contas de Sam, era a terceira vez que ficariam sozinhos. Sentiu uma vibração no bolso, indicando uma mensagem no celular.

"Está aberta. Estou no quarto, não quero descer."

Sam não respondeu e apenas entrou na casa fechando a porta atrás de si. Subiu as escadas, preocupado. O quão mal Gabe estava que não iria correr para recebê-lo? 

-Gabe? -perguntou, e ouviu algo como um "iiiiiih" proferido baixo como resposta. Foi até o quarto do menor e o encontrou com um edredom cobrindo-lhe o corpo e parte da cabeça. Somente o rosto estava pra fora. Um rosto com o nariz vermelho e inchado.- Gabe, você não me disse que estava assim.

-Estou com frio. E fome. -disse com a mesma voz manhosa da ligação.- Você me trouxe o chocolate?

-Sim, está aqui. Mas você comeu direito?

-Cassie fez o jantar.

-E você comeu?

-A geladeira comeu. Depois ela vai passar uma boa parte pra sua amiga lixeira.

-Gabe, você precisa se alimentar direito. Vai ver foi por isso que o resfriado te derrubou tanto.

-Me dê chocolate.

-Depois de você comer o jantar.

-Mas minha garganta dói!

-Você come com calma. Vou te ajudar. Espera um minuto, vou trazer a comida aqui.

Teve como resposta um Gabriel revoltado, cobrindo o restante da cabeça. Desceu a escada novamente com o saco de doces na mão. Foi até a cozinha, deixou o saco em cima da mesa e foi até a geladeira. Pegou o prato de comida que Gabe havia guardado. Alguma carne cozida, arroz e legumes. Colocou no micro-ondas e ajustou o tempo para que esquentasse. Sentiu mãos quentes o segurando pela cintura e um abraço carinhoso em suas costas. Segurou as mãos do amado e as acariciou, levando em seguida até a sua boca, beijando cada uma delas com ternura.

-Pensei que não quisesse descer... -disse, virando para olhar nos olhos de Gabe. Mesmo com um aspecto cansado por conta da febre, continuavam lindos.

-Agora eu não quero subir. Odeio escadas. A não ser que me carregue. -cobriu a cabeça com o lençol novamente, parecendo uma criança birrenta.

-Não vou te carregar.

-Ah, quando nos casarmos vai sim.

-Quem disse que vamos nos casar?

-Você. Delirando de prazer, no meu lado. Eu me lembro de tudo, Sam Winchester.

-Ok. Ficarei calado, ou você pode querer usar essas palavras contra mim.

-Era pra você ter vindo de enfermeira. Cuidar de mim a caráter.

-Não vou me vestir de enfermeira. -Sam riu, virando-se novamente para pegar o prato do micro-ondas, que havia acabado de apitar.

-Ok. Mas vou arranjar um jaleco e você terá que me chamar de Dr. Sexy.

-Certo Dr. Sexy, se sente na cadeira para comer.

Gabe sentou-se à mesa com Sam à sua frente. 

-O que eu ganho com isso?

-Chocolate não é o bastante?

-Não. 

-Uma melhora mais rápida.

-Eu vou escolher um filme e você vai assistir comigo sem dormir.

-É você quem dorme nos filmes.

-Sim, nos que você escolhe.

-Feito, desde que não seja Casa Erotica.

-Não estou afim disso hoje. Será algo mais romântico.

-Tudo bem. Agora vamos comer. -Sam disse, levando o garfo do prato até a boca de Gabriel. Enquanto o observava comer, começou a pensar em o que tinha feito de bom para merecer Gabe. Ele era imperfeito demais, não merecia o esforço e carinho que recebia. 

Gabe era tão paciente... Sam era o único culpado deles ainda viverem seu amor às escondidas. Tudo por conta do medo. Não dos outros, isso era o mínimo, mas sim medo de não conseguir fazer Gabriel feliz. Medo de que tudo o que eles passariam, tudo o que sofreriam (porque o sujo e doentio mundo ainda o fariam sofrer muito por simplesmente se amarem) não valesse a pena. Sam tinha medo principalmente de não ser o suficiente para carregar o amor de Gabe dentro de si.

-Eu estava falando sério sobre o Dean e o Cass. Eles ainda vão ficar juntos. -disse Gabe, engolindo a última parte de comida do prato.

-Espero que sim. Eles merecem a felicidade. Merecem um ao outro. -Sam disse, levantando da mesa e colocando o prato na pia.

-Sim. Assim como você me merece. E vai ter que me aturar. -Gabe disse, dando um aperto no bumbum de Sam.

-Ok. Mas agora você vai descansar. -Sam reparou que ele estava sem o lençol e usava um pijama azul claro com listras brancas, além de uma pantufa fofa de coelhinho. Ele era tão lindo!

-Ok. Ao menos me empurra na escada?

-Certo, vamos. -Sam pegou o saco de doces em cima da mesa e subiu a escada, praticamente nas costas do outro, mas aconchegando-o junto a si.

Gabe se jogou na cama e pegou o controle da TV, procurando a Netflix. Sam sentou-se do seu lado, partilhando o edredom.

-Simplesmente Acontece de novo?

-Sam, não terminamos de assistir esse.

-Eu não terminei, mas você já assistiu tipo, um milhão de vezes.

-Quero assistir com você. -ele respondeu, fazendo bico.

-Ok. Vamos assistir. 

Gabriel deu play no filme e se aconchegou nos braços do maior, sentindo-se mais confortável do que já esteve. Os braços do Winchester eram seu ponto de paz.

Novamente, Gabriel já estava dormindo no meio do filme, mas Sam resolveu deixá-lo ali, pelo menos até o filme acabar. Ouviu o barulho de um carro na rua e olhou pela janela, acima da cama. Era o Impala. Dean passou direto e Sam chegou a se perguntar onde iriam, já que ainda estava cedo. Viu o carro dar ré e depois de alguns segundos, Castiel saiu. Logo em seguida saiu Dean, o chamando.

-Gabe... Gabe, acorda. Tem uma coisa acontecendo.

-O quê?

-Gabe, levanta. Ah meu Deus, o Dean agarrou o Cass.

-O QUÊ? -Gabriel se levantou, ficando ao lado de Sam.- O que eles estão fazendo? Parem de se olhar assim, vocês já se olharam por muito tempo! 

-O quê? Cass chama isso de beijo? -Sam falou após ver Castiel beijando de leve os lábios do Winchester mais velho.

-Cass sempre foi meio tí... AH DROGA, TÔ FALANDO DISSO! Uau! -Gabe disse quando Dean puxou Castiel mais pra perto e o beijou DE VERDADE.- Sempre soube que esses dois terminariam juntos.

Cass e Dean então entraram novamente no Impala e seguiram viagem. Parecia que haviam parado ali somente para dar gosto aos outros de testemunhar seu primeiro beijo. Aquilo tinha algum motivo. Tinha que ter. Nada era por acaso. Talvez fosse um sinal de que Sam devia fazer o que tanto queria. Deixar de lado o medo e beijar seu amor no meio da rua, assim como seu irmão fez.

-Gabe?

-O que?

-Sei que pode não parecer a hora certa, mas acho que é agora sim. Sou muito feliz com você. Você me faz feliz de maneiras inimagináveis. Porém estivemos juntos mais em momentos tristes do que felizes. Nos consolamos mais do que comemoramos. E quando comemoramos, comemoramos escondidos, com medo. E eu não quero sentir medo. Quero que todos saibam que eu te amo. Quero te beijar no meio da rua, no meio da minha festa de aniversário, no meio dos nossos irmãos e amigos. Quero que você seja meu namorado. Você aceita?