História I'm afraid - Hate

Hoseok

— Não sou obrigado a nada, querido — disse. — Fale logo o que quer, Minhyun, antes que eu perca a paciência e te espanque aqui mesmo.

O que ele queria? Depois de tudo que ele já fez para mim, tem a cara de pau de vir falar comigo e reclamar de “fingir que ele não existe”? Isso é zoeira, né?

— Hobi, precisamos conversar. — disse de um jeito manhoso. Aquilo estava me dando náuseas.

— Nós não temos nada que conversar. — disse sério. — E não me chame assim, você não tem moral nenhuma, desgraçado. — bati a porta do meu armário e saí andando rápido.

Não olhei para trás nenhuma vez, mas sabia que ele estava me olhando. Senti meus olhos arderem. Droga, eu não iria chorar. Não ali, não por ele.

Fui para o banheiro e lavei meu rosto. Olhei-me no espelho. Apesar de ter dormido bastante, eu estava com olheiras. Droga.

— O que eu faço com você, bebê chorão? — era Yoongi.

Ele estava escorado no batente da porta do banheiro com sua expressão natural. De tédio.

— O que você quer, Yoongi? — perguntei sério.

Apesar de ser um completo babaca com os outros, ele era meu melhor amigo e me tratava bem. E ainda mais, não havia razão para ficar bravo com ele. Não havia motivo, eu estava triste, não bravo.

— Eu vi você falando com aquele garoto e logo depois correr para cá. O que ele falou, Hobi? Quem era ele? –perguntou deixando transparecer um pouco de preocupação.

Eu nunca contei nada sobre Minhyun para o Min. Ele deveria pensar que era somente mais um garoto babaca do segundo ano tirando com a minha cara por estar no clube de dança.

Sim, eu danço e é a coisa que eu mais amo fazer.

Eu amo música, amo dança, amo os sentimentos que você pode expressar com apenas alguns passos. Mas a maioria das pessoas não entende esse amor por essa arte e chamam minha paixão por dança de “uma simples maneira de os viadinhos identificarem viadinhos mais facilmente”. Está certo que havia gays no clube, mas não eram todos; havia pessoas que eram héteros e só estavam lá por amor a essa arte tão linda que é a dança. Entretanto, a sociedade é babaca demais pra entender isso.

— Ele só estava perguntando do dever de física. — disse ainda olhando meu reflexo no espelho.

Ele fez uma careta.

— Hobi, conta outra, ‘tá certo que suas notas de física estão ruins, mas não para sair correndo e chorando daquele jeito. Tudo bem ser de humanas. — disse sorrindo com sua piadinha, mas eu sabia que ele estava preocupado.

— Sai dessa, seu pseudo exatas. — disse rindo e ele fez uma careta de ofendido. — Ao menos eu tenho área definida, já você...

— Ora, seu... — ele fez uma cara de bravo. — Depois que eu te agredir, você não vai chorar pra tia, hein! –disse ameaçando correr até mim.

— Ui, aí eu até fico com medo. AQUI É TAIJUTSU, PORRA! — disse e fui correndo em direção à porta, onde ele se encontrava, como se fosse bater nele. O mesmo saiu do batente da porta dando espaço para que eu passasse correndo. — SASUKE É MIL VEZES MELHOR QUE O NARUTO! ADEUS, PLEBEU! –disse correndo o mais rápido possível. Era correr para salvar minha vida.

Ele odiava que dissessem isso.

Quando percebi, Yoongi já estava a pouco menos de dois metros de mim. The flash, minha gente.

Ele puxou minha mochila, fazendo-me cair sentado no chão, para logo depois subir em cima de mim.

— Diga suas últimas palavras, Jung Hoseok. — ele disse segurando o riso, enquanto uma de suas mãos estava em meu pescoço e a outra levantada, como se fosse me dar um soco.

Eu te amo.

Foi o que eu pensei naquele momento.

— Eu suplico a você, rei dos anões, me liberte. — disse gargalhando.

Ele era bem menor do que eu, mas era forte.

— Eu sinto muitíssimo se te ofendi, meu rei. — continuei segurando o riso.

Yoongi inesperadamente saiu de cima de mim como se estivesse sendo puxado. E estava.

Era Taehyung.

— TaeTae, meu salvador! — falei abraçando o mesmo, que sorria quadrado. Eu amava aquele sorriso.

— Você não sabe brincar, Kim. — disse Yoongi irritado.

O porquê de ele estar irritado eu não sabia ao certo. Afinal, era só brincadeira.

— Você ia matar o meu Hobi, seu maldoso. — reclamou Tae me abraçando como se eu fosse um ursinho de pelúcia.

Agora Yoongi tinha uma expressão visivelmente irritada. Qualquer um que o visse notaria, exceto nosso amado Tae.

— Seu Hobi? ‘Tá bom, seu iludido — disse sério enquanto pegava sua mochila que jazia no chão. — Fica aí com seu hyung preferido, Hoseok. Eu vou pra sala. — virou as costas e foi.

— O que eu fiz? — perguntou Tae confuso.

Tadinho, era o salvador da minha vida, mas continuava sendo lerdo.

Resolvi ignorar o fato de Yoongi ter ficado com ciúmes do TaeTae.

O Min sempre fora ciumento, mas isso se intensificou de uns tempos pra cá. Afinal de contas, ele era meu melhor amigo, não é mesmo?

— Deixa ele, TaeTae  — disse confortando o loiro que ainda estava confuso. — Me leva de cavalinho? — pedi fazendo bico, sabia que ele não negaria.

Sinceramente, dane-se, afinal eu estava quase sendo morto no chão do corredor da escola pelo meu amigo, que mal faria ser carregado até a sala? Exatamente, nenhum. A tal da dignidade que eu deveria ter? Estava negativa fazia muito tempo.

Pulei nas costas de Taehyung, que segurou minhas pernas para que eu não caísse e me levou assim até a porta da sala.

— Você é um ótimo carregador de Hoseok’s, TaeTae! — disse rindo e ele sorriu.

Seria tão mais fácil eu ter me apaixonado por Taehyung, ele é sempre tão cuidadoso comigo. Mais do que com os outros e ainda era gay assumido.

Seria tão mais fácil… Mas não, o trouxa aqui gosta de se iludir com um hétero.

Apaixonado por um hétero. Isso eu não desejo a ninguém.

Entramos na sala e sentamos em nossos lugares. Nosso grupo sempre sobreviveu aos “chiliques” dos professores e ainda sentávamos juntos.

Ao meu lado sentava-se Taehyung, atrás de nós Yoongi e Kookie, à nossa frente Namjoon e Jimin e na fileira ao lado Jin e Ren, um garoto muito fofo. Era como se fosse o “filhote” da Omma Jin. Os apelidamos assim porque aonde quer que Jin fosse, ele levava a criança com ele.

— E é por isso que Ren é meu filho preferido! — dizia toda vez que brigávamos entre nós.

Virei para trás à procura de Yoongi para me desculpar. Do quê? Não sei. Só senti necessidade de fazê-lo, não queria ficar assim com meu amigo.

Mas não pude fazer isso.

Porque ele não estava lá.