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História (im) Perfeitos - 1


Escrita por: kim_fairydust

Notas do Autor


Foi marcada como 18+ apenas por ser yaoi.
Essa história veio do nada e talvez não faça muito (nenhum) sentido, o SS acabou com a minha formatação e ela foi escrita de uma forma nova pra mim.
Espero que gostem :)

Capítulo 1 - 1


Eram onze da noite.

O silêncio preenchia o quarto.

Chanyeol dormia quieto ao seu lado.

Chanyeol nunca roncava.

Eram sete horas de uma manhã de sábado quando Baekhyun conheceu Chanyeol.

Baekhyun não contava as horas, mas Chanyeol esbarrara em si enquanto contava os minutos.

As sete e cinco, Chanyeol olhara para Baekhyun pela primeira vez.

As sete e seis, Chanyeol ficara sem palavras.

As sete e dez, Chanyeol dissera “Oi” pela vigésima vez.

Às oito e meia, Chanyeol lhe oferecera café pela terceira vez.

Às nove horas, Chanyeol juntara, uma a uma, as migalhas de bolo espalhadas pela mesa do café, colocando-as em um montinho perfeito sobre um guardanapo, enrolando o papel em seguida, sem vincos.

 

Um ano depois, em uma terça de Julho, Chanyeol retirou a bagagem do porta-malas do carro, organizada por tamanho.

Às três da tarde daquele dia, Baekhyun percebeu que havia tomado uma decisão sem volta.

 

Às seis da noite da véspera de Natal, enquanto observava Chanyeol arrumar pacientemente os presentes embaixo da árvore iluminada, Baekhyun pensou pela primeira vez que talvez aquela não tivesse sido a escolha certa.

Na noite de ano novo, enquanto Chanyeol movimentava-se sobre si, suas mãos grandes lhe afagando o rosto carinhosamente, Baekhyun esquecera que alguma vez teve outra escolha.

 

Baekhyun não cozinhava. Chanyeol achava que Baekhyun fazia muita bagunça quando tentava cozinhar.

Baekhyun era agitado, mas sempre esperava pacientemente em seu lado da cama enquanto Chanyeol conferia as fechaduras de toda a casa.

Baekhyun sempre esperava Chanyeol apagar e acender a luz 19 vezes antes de deitar, apenas para levantar em seguida e acender e apagar a luz mais uma vez “Só mais uma, Baek. Para ficar par”.

Baekhyun sabia que não podia se atrasar para o trabalho, mas sempre deixava Chanyeol lhe dar 14 beijos de despedida antes de sair de casa.

Baekhyun se acostumara a ouvir cochichos das pessoas, a ouvir conselhos.

Baekhyun se acostumara a ignorar.

Eram onze da noite quando Chanyeol passara seu braço em volta do corpo de Baekhyun.

Baekhyun soube que Chanyeol estava acordado.

 

-

 

Eram onze da noite e Chanyeol estava acordado.

 

Chanyeol contava. Dias, horas, minutos, segundos. Acabara se tornando contador. Ainda era possível achar respostas exatas nos números, apesar dos quebrados.

Chanyeol não trabalhava aos sábados, mas mesmo assim acordava às cinco da manhã e saía para caminhadas.  Chanyeol contava os minutos enquanto andava, nunca chegava em casa depois das oito.

Foram às sete da manhã que sua contagem foi interrompida. Sete e cinco quando se acalmara o suficiente para ver quem tinha lhe atrapalhado.

As sete e seis, Chanyeol parara de contar.

Havia algo sobre o garoto a sua frente, algo que silenciara sua mente pela primeira vez.

Os olhos eram pequenos e puxados para baixo nos cantos, as irises brilhavam sob o sol de poucas horas. Os lábios, nem finos nem grossos, rubros como maçã.

Chanyeol se viu estranhamente atraído pela pequena espinha ao lado esquerdo do nariz pequeno.

O “Ah Deus, desculpa!” que escapara da boca do garoto ressoara em sua cabeça, a voz melodiosa e forte.

Chanyeol dissera oi. Oi. Oi. Oi. Oi. Chanyeol dissera oi. Chanyeol dissera.

O garoto rira.

...Oi.

O café era barulhento, e havia pó nas mesas, mas Chanyeol ainda conseguira prestar alguma atenção na forma em que o outro gesticulava enquanto falava, e que ele tinha mãos bonitas. Antes de voltar a recolher as migalhas, porque seu cérebro parecia gritar.

Sempre fora assim.

Baekhyun.

Baekhyun.

Baekhyun.

Baekhyun.

A cada passo que dava em direção a sua casa, Chanyeol repetia o nome, agora como açúcar em sua boca. Chanyeol não podia realmente comer muito açúcar, ou acabava mais agitado que o normal. Baekhyun, repetido a cada passo, quantas vezes o nome lhe escapara?

Assim que chegara a sua casa, retirara os sapatos, colocando os no cesto para lavar.

E ao concluir a sua conta, falara “Baekhyun” mais uma vez.

528.

 

Chanyeol fazia acompanhamento com um psiquiatra.

 

A primeira vez que beijara Baekhyun, fora a segunda vez que as vozes em sua mente sumiram.

Chanyeol o beijara mais 13 vezes após a primeira, concluindo que o sabor da boca de Baekhyun era melhor que o gosto de detergente dos lenços umedecidos que estavam no seu bolso.

Aqueles não foram os primeiros beijos de sua vida, mas foram os primeiros que não se desesperara para limpar a boca logo em seguida.

 

Chanyeol gostava das festas de fim de ano.

Chanyeol gostava de arrumar a árvore de natal (duas bolinhas verdes, uma vermelha, uma estrela, uma bolinha amarela, duas verdes), gostava da certeza de que sairia na rua e ouviria as mesmas musicas festivas, os mesmos ritmos, as mesmas notas.

Chanyeol gostava da certeza.

Chanyeol gostava da normalidade.

Chanyeol gostava da mesmice.

Chanyeol gostava de Baekhyun e sabia que seus sentimentos eram recíprocos, mas Chanyeol não sabia se Baekhyun ficaria para comemorar todos os natais que lhe restavam.

Chanyeol gostava de sentir Baekhyun em volta de si, do calor que irradiava do corpo pequeno. Chanyeol encontrava perfeição no murmurar que Baekhyun deixava escapar enquanto faziam amor.

Chanyeol se perguntava se aqueles momentos também eram perfeição para Baekhyun.

 

Chanyeol não gostava de comer fora.

Chanyeol dizia que ninguém poderia saber quantos germes rastejavam pela mesa dos restaurantes, muito menos na cozinha. Porém, em uma quarta de julho, Chanyeol levara Baekhyun a um restaurante. Dois anos de relacionamento, um ano morando juntos.

Chanyeol não conseguira comer, sua mente muito ocupada inspecionando a toalha da mesa, mas esperava que Baekhyun houvesse gostado da comida tanto quando Chanyeol gostou do sorriso no rosto do outro ao receber o anel que Chanyeol lhe dera.

 

Chanyeol sabia que não era fácil para Baekhyun.

 

Chanyeol fazia acompanhamento com um psiquiatra, e se orgulhava em dizer a cada seção que o que o motivava a procurar tratamento era a esperança de um dia ser melhor para Baekhyun.

Ser normal.

 

Eram onze da noite quando Chanyeol abraçou Baekhyun. Onze e três quando ergueu seu corpo, apenas o suficiente para alcançar a orelha de Baekhyun.

 

“Eu não tranquei as portas”.

 

-

 

Não fora só as onze, mas a cada minuto que se seguira, que Baekhyun viu que fizera, não a escolha que muitos julgariam certa, mas a escolha que lhe fazia perfeito.

Chanyeol era imperfeito, mas Chanyeol era perfeição. Não da forma que ele queria ser. Chanyeol era perfeito na forma em que preparava o café da manhã todos os dias, as torradas em formato de coração. Perfeito na forma em que o beijava várias e várias vezes antes de se dar por satisfeito porque ele acreditava que Baekhyun merecia o melhor beijo, o beijo perfeito. Perfeito em como se dedicava de corpo e alma a Baekhyun, não de forma submissa, mas como se Baekhyun fosse a razão pela qual valia a pena viver.

Chanyeol nunca pisaria na linha da calçada, não pintaria fora das bordas nem comeria algo no restaurante do fim da rua.

Talvez Chanyeol fosse, para sempre, rotulado de anormal, maluco, obsessivo.

Baekhyun não mudaria nada.

Baekhyun era imperfeito, mas seu amor por Chanyeol era o sentimento mais puro que já sentira. Seu amor por Chanyeol era perfeito.

Seria um longo caminho em busca da perfeição, não aquela que enche os olhos das pessoas e as torna obcecadas, frias, mas sim a que os manteria juntos para sempre, a que aceitava as falhas, porque eram elas, os pequenos e grandes problemas, as rachaduras em suas personalidades e aparências, que faziam dos dois seres capazes de amar perfeitamente.

Por conhecerem, aceitarem e amarem a imperfeição.

 

 

-

 

“Você não precisa, Chanyeol.”

“Eu quero.”

“Tem certeza?”

“Sim, Baek.”

“...”

“Está bom.”

 

-

 

A camisa de Chanyeol estava amarrotada e os braços de Baekhyun ainda estavam sujos de farinha quando ele agarrou o pescoço de Chanyeol, feliz porque pela primeira vez o outro não estava incomodado com a bagunça, a desordem, mas sim com o beijo trocado entre os dois, no meio da cozinha revirada.

 


Notas Finais


Talvez eu não tenha especificado, mas o Chanyeol tem TOC.
Bom, é isso :)


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