----(S/N) POV’S ON-----
Acordo às 5 horas da manhã para ir para escola, com as criadas “invadindo” meu quarto me empurrando para a banheira. Sempre insisto que posso me arrumar sozinha, mas elas sempre acabam no mínimo arrumando meu cabelo.
Entro na carruagem, que me leva até a porta da escola. Ao entrar, me lembro de que hoje é a competição de redação. Todas as pessoas da escola estão lendo e estudando. Não irei estudar para redação, já que a professora dá o conceito e gênero só quando começamos a escrever, além disso, não tenho muitos problemas com pontuação.
A professora Cateline, de redação entra na sala, logo todos se sentam e arrumam as carteiras. Ela entrega as folhas e avisa o foco e gênero que devemos fazer. Faço a redação e a coloco debaixo da carteira de madeira que usamos.
-Princesa (S/N/C), pode levantar e me entregar a redação, saia da sala e vá para o pátio de recreação, pode levar algo para escrever ou desenhar, porque essa aula vai tomar o lugar das três primeiras, já que é um concurso- Cateline fala gentilmente.
Saio da sala e vou para o pátio de recreação, não levo nada, porque se for para acontecer como aconteceu ontem, prefiro nem desenhar na escola, e já estou cansada e com calos nos dedos de tanto escrever. Sento-me na escada de sempre, entediada.
Uma por uma apareciam as pessoas que terminavam a redação no pátio, mas eram poucas, muitas continuaram fazendo.
Bate o sinal, que era o tempo limite para os outros terem terminado a redação. Depois do intervalo as professoras iriam anunciar quem foi o vencedor do concurso.
O intervalo passa rápido, e Royse nem veio me maltratar, talvez também tomada pelo sentimento de nervosismo que estava estampado na cara de cada um naquele pátio.
-Bom, a pessoa que venceu foi... (S/N)! Parabéns! Apesar de não ser nenhuma surpresa, vindo da nossa melhor estudante- Diz a professora Cateline, que estava no centro do pátio.
Pergunto-me como conseguiram ler tão rápido todas as redações, mas acho que todos fizeram com no máximo 30 linhas mesmo. Vou para perto de Cateline, que me dá um abraço e uma caixa com vários livros, o meu prêmio. Agradeço e levo os livros para a sala.
Na sala, estavam todos falando bem de mim, o que me deixou feliz, mas que pela cara de Royse, a fazia ficar possessa. Royse se levanta de sua cadeira e vêm em minha direção, o que me assusta. Logo, a garota começa a socar meu rosto e meu braço, o que me faz ficar assustada, “você faz da minha vida um inferno!” “Meus pais preferem você que a própria filha”, ela gritava e esperneava já sendo segurada pelo professor de matemática.
-Desculpe Royse... - Eu disse baixinho, por conta de minha boca machucada.
O professor me leva para enfermaria e Royse vai para diretoria, provavelmente será severamente punida por machucar a futura rainha da França.
Depois das duas últimas aulas, a carruagem chega. Erasmo, o cocheiro, coloca minha mochila e a caixa de livros na mesma. Hoje, peço para ele ir mais rápido, porque mesmo tentando não pensar nisso, estava animada para ver Baekhyun.
Ao chegar em meu castelo, percebo que meu pai está ocupado com visitas nobres, e nem percebe os machucados roxos em meu rosto, sorte da escola que ele não se preocupa comigo.
Vou ao meu quarto e preparo uma malinha, coloco meus novos livros e o jogo de chá que Molle havia colocado sobre a estante, que estava embalado e novinho. O chá de hortelã, que estava na jarra, eu levaria nas mãos. Visto o uniforme de empregada que a criada colocou sobre a minha cama e coloco em minha cabeça o chapéu que Baekhyun havia me dado. Olho-me rapidamente no espelho e saio do quarto. Sinto como se estivesse indo para um acampamento.
Abro a pequena porta e vejo Baekhyun sorrindo sentado sobre a grama, com uma “coroa” de ramos e flores. Meu coração começa a bater rápido, sinto como se estivesse saindo pela minha garganta.
-Me dá isso. - Ele tira o chapéu de minha cabeça- Criadas não usam chapéus maravilhosos como o meu, depois devolvo, por enquanto está confiscado. – Ele cruza os braços, como se fosse uma pessoa séria- Por que mesmo vestida de empregada você continua parecendo uma princesa?
Sinto meu rosto queimando de timidez e vejo as bochechas de Baekhyun ficarem vermelhas também, deve ter percebido o que disse, tanto que o garoto começa a olhar para a paisagem e desviar seu olhar de mim, certamente com vergonha.
-Trouxe o chá, rei Byun Baekhyun. –Disse, tentando quebrar o clima quieto que prevalecia no jardim naquele momento vergonhoso.
-Arrume a mesa, Jucilene. -Baekhyun diz e cria uma mesa, feita também de cipós.
Parece mais com “Baekhyun e o Pé de Feijão” do que “Peter Pan”.
-Espera... Jucilene?- Pergunto confusa.
-Sim, você é minha criada e eu posso te dar o nome que eu quiser, agora arrume aí. - Diz Baekhyun, exibindo-se enquanto mexe em sua “coroa”.
Abro a embalagem do jogo de chá ainda rindo pelo apelido de criada que o garoto havia me dado. Sirvo o chá em duas xícaras, satisfeita com meu próprio trabalho, falo para o vossa excelência que está tudo pronto.
-Parece... bonzinho. – Baekhyun faz uma cara esnobe, que não dura muito, pois acaba soltando uma risada.
Sento-me e começo a beber o chá.
-Jucilene! Quem deixou você se sentar na presença do rei? Levante agora mesmo!- O garoto ordena, com um sorriso travesso no rosto.
-Nossa Baek, eu estou morrendo de vontade de tomar chá hoje. –Reclamo para o garoto.
Depois de dois minutos ele me deixa sentar.
-Era só pra te dar bronca mesmo. –Diz Baekhyun, novamente com seu sorriso travesso- Aliás, você ficou muito boa de empregada, podia me servir para sempre.
-É legal, mas você é um rei muito malvado. –Digo fazendo bico.
-Todo rei é malvado. –Ele diz com razão- Q-quer dizer... Exceto seu pai, claro.
Até uma fada tem medo do meu pai, imagine eu, que levo broncas dele.
-Não Baek, meu pai é malvado também, não se preocupe em falar mal dele.
-Rei Baekhyun para você, mocinha. Aliás, por que não gosta do seu pai? Se não quiser falar não precisa. –Fala mexendo os pés, certamente curioso pela minha resposta.
-Porque ele não liga pra mim e principalmente, porque já escolheu com quem vou me casar. –Respondo triste, me lembrando de que nunca vou poder me apaixonar.
Baekhyun cospe todo chá quente que estava tomando em mim.
-Que isso Baekhyun?!- Grito com o garoto, nervosa por ter me deixado toda molhada.
-Como assim? Você não pode casar com outro? Conte-me mais sobre essa história, Jucilene.-Diz aproximando seu rosto do meu e apoiando o mesmo com seu braço direito.
-Ele escolheu com quem eu vou me casar quando eu tinha apenas sete anos, e sem me consultar. –Respondo, tentando secar todo aquele chá babado com o lenço que tinha trazido- O nome do garoto é Alois, ele é príncipe de um país vizinho. O pior, é que se eu me rebelar, vou causar guerra entre os dois países. –Meus olhos estão marejados só de lembrar.
-Meu Deus, Jucilene, não fica assim não. –Baekhyun fala, preocupado- Troque de roupa, e me desculpe por molhar sua roupa de empregada. –Ele fala em tom triste, abaixando a cabeça.
-Eu não trouxe outra roupa... E mesmo se eu tivesse, não ia me trocar na sua frente né, bobinho.
-Eu consigo fazer uma com cipós, encoste sua mão naquela árvore e tire essa roupa, eu vou me virar e não vou olhar-te, juro. –Eu fiquei corada e com muita vergonha, mas acredito no Baekhyun.
Ele se vira e também fica apoiado na árvore. Logo, sinto os cipós em meus braços, fazendo um vestido verde de mangas curtas, que ia até meus pés, tendo também algumas flores e folhas em alguns lugares do vestido.
-Baek, muito obrigado, você sempre faz tanto por mim. –Digo olhando para o lindo vestido que Baekhyun havia feito.
-Digno de uma princesa, não é? Sou ótimo estilista também. –Pois é, estava demorando para Baekhyun continuar com seu exibicionismo, apesar de que isso sempre me rende umas boas risadas.
-Aliás, ganhei uns livros da escola hoje, foi o prêmio de um concurso de redação que teve. –Digo mostrando os livros que estavam na minha bolsa. –Quer ler? Pelo que vejo, já tenho todos esses.
-Você ganhou? Agora eu entendo porque é tão digna de mim. –Diz pegando os livros- Vou ler sim, já que não tenho nada para fazer depois que você vai embora.
-Baek, eu tive uma ideia! Você sabe tocar algum instrumento?
-Piano. –Responde desinteressado, prestando atenção nos livros.
-Aff, pena que pianos são enormes... Eu queria trazer algum instrumento aqui para você não ficar sem o que fazer quando eu sair. –Falo, desapontada.
-Não preciso, eu tenho uma voz maravilhosa, posso cantar para me distrair.
Vejo que a figurinha que eu havia colocado para cobrir meus machucados de hoje cedo caiu da minha testa, e logo depois a que estava no canto da boca e as dos braços. Cubro meu rosto com as mãos, para que Baekhyun não me veja naquele estado.
-(S/N), o que é esse roxo em seus braços?- Ele pega meu braço esquerdo para ver de perto.
-Eu apenas levei uma surra na escola. –Coço minha nuca, nervosa.
-Apenas?! Isso não é coisa para guardar para si mesma! E o seu rosto? O que fizeram com ele? –Baekhyun passa sua macia mão esquerda em meu rosto e a direita em meu braço esquerdo. –Ah! Então é por isso que estava com figurinhas no rosto, pensei que fosse só porque você é meio retardada. Por que não colocou band-aid?
-Eu não queria parecer fraca na sua frente. –Falo baixo, abaixando a cabeça.
-Somos amigos, você pode parecer fraca na minha frente e na frente de qualquer um. E também, você deve compartilhar seus problemas comigo. Pela nossa linda amizade de dois dias, me prometa que sempre vai compartilhar seus problemas comigo. –Ele estica seu dedinho, em um gesto de promessa.
-Prometo. –Digo com um sorriso e entrelaço meu dedinho ao de Baekhyun. -Ah! Baek, a noite já vai chegar, preciso ir para o castelo. –Pego a bolsa e vou colocando o jogo de chá e meu uniforme dentro da mesma, até que sou interrompida por Baekhyun.
-Não, (S/N), eu que sujei, eu que lavo. –Fala pegando o jogo de chá e o meu traje de criada.
-Com que água, senhor Baekhyun? –Pergunto, lembrando-me de que não há lago algum em meu jardim.
Baekhyun se agacha e coloca sua mão no solo, que logo vai sumindo e formando uma cratera de tamanho médio. “Ele é maluco?”. Ele chega perto da cratera e coloca sua mão dentro do espaço, mexendo-a da esquerda para direita, em movimentos contínuos. Logo, água vai se formando dentro daquele buraco, fazendo um lindo lago para o meu jardim.
-Com essa água, talvez. –Diz fingindo lixar as unhas com uma lixa de unhas imaginária.
-Nunca vou deixar de me impressionar com você, Baekhyun. –Dou uma risada lembrando-me dos meus melhores momentos com o garoto. –Fazer lago você faz, mas deixar o céu verde não consegue.
-Se continuar reclamando, vai lavar a própria roupa, Jucilene. –Diz em tom de deboche. –Boa noite, (S/N). –Se despede, bagunçando meus cabelos e colocando seu chapéu vermelho novamente em minha cabeça.
-Boa noite, Baek. –Me despeço, indo embora rapidamente, lembrando que passei tempo demais no jardim.
Fui correndo para o meu quarto, onde tirei o vestido, coloquei-o na caixa que originalmente estavam os livros e guardei debaixo da cama, para as criadas não perceberem e me dedurarem para o papai.
Coloquei um pijama e fiquei sentada na cama mirando o espelho, que era ao lado da mesma. Fico olhando para o chapéu em minha cabeça, que sempre me faz sorrir como boba, lembrando-me de meu Baekhyun Pé de Feijão. Ouço alguém bater na porta, interrompendo meu momento de admiração a mim mesma.
-Entre. –Permito.
-Com licença, vossa alteza já terminou de beber o chá? –Era Molle. Lembro-me que deixei tudo com Baekhyun em meu jardim.
-Sim, estava maravilhoso, mas eu deixei no quintal, amanhã eu trago, Molle. –Respondo, tentando despistar a criada.
-Pode deixar que eu pego, princesa (S/N). –Fala sorrindo gentilmente.
-N-não! Quer dizer... Não precisa, de verdade, eu mesma vou pegar, e sobre o uniforme... acabei rasgando, pode pedir outro para meu pai. –Me preocupo sobre Molle ir procurar as coisas e não achar.
-Ok então, boa noite princesa. –Molle se despede, saindo.
Deito-me, e fico novamente rolando de um lado para o outro, assim como ontem, algo me preocupa essa noite, e é sobre Baekhyun, será que lá está muito escuro? O único jeito é...
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