- Por que demorou? - Ela perguntou assim que me juntei a ela.
- Nada. Só estou irritada com aquele cara me olhando. Ele tem probleminha, não tem?! - Eu disse parando em frente a ela e fazendo uma careta.
- Você devia conhece -lo melhor! - Ela disse colocando uma mão em meu ombro e me empurrando de sua frente. - Ele foi bem simpático quando me perguntou sobre você.
- Ele precisa aprender a ser mais homem e não a ser um menino que manda recados e só sabe ficar me olhando.
- Ele é tímido, S/N! Não o culpe por ser assim.
- Tudo bem em ser tímido. Mas ele precisa ficar me olhando assim? E eu não sei o que ele estava fazendo aqui hoje de novo. Sempre que ele aparece é só um dia e deu.
- Talvez algo esteja interessando a ele, não é mesmo?! - Ela disse me olhando maliciosamente.
- Nem vem.
Saímos da escola e nos dirigimos para o carro dos nossos pais. Cheguei em casa, comi, tomei banho e me joguei na cama. Por mais que eu não quisesse, aquele cara estava nos meus pensamentos. - Será que era verdade que ele estava interessado em mim? - Bom, isso não importa. Não estou interessada nele. Obriguei meus pensamentos a tomarem outro rumo e no fim acabei dormindo a tarde toda. Acordei com meu celular tocando perto do meu rosto. Era minha amiga.
- O que? - Eu disse com uma voz de sono.
- Vamos ao boliche hoje. Se arrume.
- Assim? Sem me avisar nada antes?
- Se arruma logo! Meu pai vai passar ai para te buscar daqui uns vinte minutos.
Sabendo que eu não podia negar nada para ela sem que ela insista e me faça mudar de ideia, eu aceitei logo. Dei um pulo da cama e me arrumei. Coloquei um jeans, all star, uma camiseta e uma jaqueta de couro preta. Para o boliche estava mais do que bom.
Assim que termino de me arrumar ouço minha amiga gritar meu nome. Desço as escadas e minha mãe estava com a porta da frente aberta e minha amiga estava parada lá.
- Estamos indo ao boliche, mãe. Tudo bem?
- Acho que agora não posso mais dizer não, certo? - Eu e minha amiga rimos e minha mãe concordou.
Depois de uns vinte minutos já estávamos na recepção do local.
- Para nós duas. - Minha amiga disse para o rapaz que estava atrás do balcão.
Depois de mais alguns acertos já estavamos nas pistas. O local estava quase vazio. Tinha um coroa com uma garotinha pequena que provavelmente era sua filha, um grupinho com três caras e duas mulheres e um cara sozinho na última pista.
- Esse lugar é bom assim... vazio! - Eu falei pegando uma bola.
- Que vença a melhor? - Minha amiga perguntou sorrindo.
- Com certeza!
Começamos a partida, mas eu não era muito boa com isso e logo a diferença de pontos entre eu e ela era gritante.
- Aí, cansei! - Eu disse ofegante - Vou me sentar ali.
- Tudo bem. Vou continuar treinando meus truques. - Ela disse brincando, cheia de si.
Me sentei no banco que ficava próximo às pistas. Eu tinha visão geral delas e estava observando minha amiga se divertir e gritar "Strike" várias vezes seguidas. Distraída olhando para ela, sinto uma silhueta se aproximar. Não consegui decifrar quem era. Mas logo, quando estava mais próxima, pude reconhecer o rosto envergonhado.
O banco era pouco extenso, eu estava sentada em uma ponta e ele se sentou em outra, sem olhar para mim.
- Fala sério! - Eu deixei escapar enquanto eu revirava os olhos. Então o "cara" era o garoto solitário lá no canto?
- Perdão? - Ele disse sem graça me olhando.
- Vai me perseguir até aqui?!
- Como assim? - Ele riu um pouco nervoso - Que eu saiba, eu cheguei primeiro.
- Ta. Com licença. - Eu disse cruzando os braços e virando um pouco o corpo para o lado.
Ele ficou em silêncio e com a cabeça baixa. Que saco! Odeio ser rude com os outros, mas ele pediu!
- Me desculpa, tá legal?! Agora já pode melhorar essa cara! - Ele me olhou um pouco assustado mas depois sorriu bem levemente.
- Eu fiz algo para você que não me recordo?
- O que?! - Me surpreendi com a pergunta. - Não. Acho que não. Por que?
- Porque... Você fica inquieta e com raiva quando estou por perto. - Ele me olhava, mas não por mais de dois segundos. E então voltada a abaixar a cabeça ou olhar para o outro lado.
- Você só me viu dois dias e já acha que pode falar como sou ou como me sinto?
- Desculpe. Eu só queria saber. - Fiquei em silêncio mas depois de alguns minutos resolvi responder.
- Não. Não fez.
- Então por que você age assim?
- Por que? Me responde você o por que de ficar me encarando. O por que de está aqui agora falando comigo... Acho que é melhor tomar cuidado! Tem uma reputação a zelar! - Eu disse um pouco ríspida.
- Por que... - Ele se calou e novamente abaixou a cabeça. Aquilo também já estava me irritando. Por que tudo nele me irritava?!
- Fala de uma vez!
- Me desculpe por ter causar toda essa... ira.
Eu o encarei, então ele se levantou, me olhou rapidamente e saiu indo em direção a porta de entrada.
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