Já haviam se passado alguns dias após a viagem de Brighton.
Louis e Harry agiam como antes. Como se nada tivesse acontecido.
Mas era óbvio que um certo ar de carinho rondava os dois. Principalmente por parte do cacheado, que estava sempre tentando contato físico com Louis de maneiras discretas e as vezes inconscientes. Louis, por sua vez, percebia e retribuia o carinho. Era impossível não retribuir.
Mas Louis tinha seus dias ruins.
Algo que Harry não estava acostumado a presenciar.
Um dia antes do menor mudar de comportamento, estava amargo como sempre, mas mesmo assim sorria das piadas horríveis do cacheado, implicava e conversava com ele normalmente.
Mas nesse dia, quando Harry entrou animado no quarto de Louis porque tinha tirado uma nota legal na prova de física, milagrosamente, graças ao irlandês Niall, ele encontrou um Louis que nunca havia visto.
O quarto continuava sem receber luz, Harry odiava isso. Era como se Louis vivesse em uma caverna.
Louis estava deitado na cama, quieto, olhando pro teto. Não disse uma palavra se quer quando Harry deitou ao seu lado todo preocupado.
- Hey. - O cacheado chamou baixinho com um sorriso fraco no rosto, cutucando o braço do garoto carinhosamente.
Louis não respondeu.
Foi horrível.
Harry teve vontade de sair do quarto e chamar Jay, dizer que Louis não estava bem.
Mas ele se lembrava de uma vez em que Jay disse a sua mãe que, às vezes Louis ficava assim, mudo.
Harry não insistiu em falar com o garoto deitado ao seu lado, apenas ficou ali, quieto e olhando para o teto como Louis fazia.
E um tempo depois, ele sentiu Louis se aproximar, com as mãos abraçando sua pele do braço e o rosto pousando na curva do seu pescoço.
Ele diria que aquilo era algo bom, se Louis não começasse a chorar logo depois.
Não era a primeira vez que ele via Louis chorar. E essa era só mais uma prova de que Louis era um garoto sensível e não o durão que aparentava.
E seu peito doía exatamente do mesmo jeito que doeu das outras vezes por conta das lágrimas que o garoto, por quem ele estava apaixonado, deixava cair.
•••
O silêncio de Louis não durou muito.
No outro dia o garoto já estava bem.
Não que ele estivesse ótimo, mas ele parecia muito melhor.
Harry entrou pela porta do quarto mesmo. Desde a chegada da viagem, Jay deixava a porta da sala aberta a pedido de Louis. O lugar era tranquilo, ninguém invadiria a casa, podia acontecer, mas era bem difícil.
E desde o pedido de Louis a Jay, o único invasor que ele via era Harry.
Nesse dia, o cacheado apareceu segurando fios embolados nos braços, juntos a pequenas lâmpadas grudadas sobre eles.
- O que é isso? - Louis quis saber, seguindo seu olhar sobre Harry que vinha em sua direção.
- Bem, você odeia a luz, vive no escuro...
- E? - Louis perguntou não entendendo nada.
- Achei que talvez você possa gostar de um "meio escuro". - Harry sorriu.
Louis o encarou completamente desentendido. Boiando.
Harry riu.
- Essas luzes são fracas. - Harry ergueu o fio com as lâmpadas - Quando ligarmos, vamos ficar em um "meio escuro".
- Harry... - Louis se levantou, saindo da cama - Eu não quero essas coisas aqui. - Ele apontou para as lâmpadas.
- Louis, você não pode ficar no escuro para sempre. - O cacheado disse revirando os olhos e desembolando os fios, que não eram tão longos.
- Mas eu quero ficar no escuro. Eu gosto. - Ele disse decidido - Pare com isso. - Pediu assim que viu Harry ajeitando os fios pela cabeceira da sua cama.
Louis não gostava dessa ideia de luzes em seu quarto.
- Relaxa, você vai gostar. - Harry terminou de colocar o fio que ficou sobre a cabeceira da cama, ligando na tomada ao lado do criado mudo.
As luzes se acenderam em pontos amarelos suaves, tão fracas como Harry havia dito.
Mas aquilo era muito claro para Louis.
- Não, Harry. - O garoto disse andando até a cabeceira, tirando o cacheado do caminho para conseguir desligar aquelas coisinhas brilhosas.
- Ei. - Harry segurou seu braço o impedindo de desligar as luzes - Louis. - Ele sussurrou. Louis estava muito perto, e ficou mais perto ainda quando virou o rosto para encarar Harry - Eu gosto dos seus olhos.
- Isso não tem nada--
- Eu não consigo vê-los tão bem no escuro. - Harry disse interrompendo o outro - Você pode mantê-las apagadas se quiser, não vou obrigá-lo a ligá-las. - Harry pousou sua mão sobre o rosto bonito e delicado de Louis - Mas eu iria adorar que você as deixasse aqui.
Louis piscou e suspirou, olhando para as luzes amareladas.
- Deixe-as aqui e eu poderei vê-lo melhor. Eu não gosto da escuridão. Ela não me deixa enxergar a sua beleza direito. - Harry disse baixo, ainda com sua palma sobre a pele do rosto de Louis.
Eles não haviam mais se beijado depois daquela noite tão intensa em Brighton. Faziam dias.
Ambos não tocavam no assunto, não depois de Louis ter dito que era melhor fingir que nada aconteceu.
Mas Harry não esquecia, ele era um garoto apaixonado, um garoto sentimental. Ele sabia que aquilo não era apenas sexo. Era mais, pelo menos para ele era mais. Mais do que um desejo passageiro.
Louis também não conseguia esquecer, por isso estava sempre retribuindo os carinhos de Harry. Porque era bom ter o cacheado por perto. E Louis podia enxergar nos olhos verdes do outro o quanto Harry parecia encandado.
Ambos desconfiavam um do outro.
Ambos sentiam a mesma coisa e tinham, ao menos um pouquinho, de certeza de que os dois se gostavam.
Harry queria dizer a Louis que estava apaixonado.
Já Louis, não queria dizer nada, porque tinha medo.
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