História In love with the Devil - Sorte? Por Favor?

Pude sentir meu corpo voltando ao meu controle aos poucos. Senti as pontas dos meus dedos, e os mexi levemente, logo, mexi as mãos. Forcei meus olhos a se abrirem. Ficar de olhos fechados, sem saber o que estava acontecendo ao meu redor, isso me assustava. Até mais do que eles. Assim que consegui abrir os olhos, já estava pronta para correr pra longe, mas não havia nada do que correr. Kanato já não estava mais lá, e obviamente, Teddy também não estava. Minha cabeça doía como o inferno. Passei a mão esquerda em minha clavícula. Senti dois furinhos, mas não havia sangue escorrendo. Usei a mesma mão para procurar em meu pescoço por quaisquer outras mordidas que pudessem estar por lá. Encontrei mais uma. Dessa, escorriam dois filetes de sangue.”Kanato deve ter me mordido depois que desmaiei.” Olhei meu pulso. Estava doendo muito mais do que antes. Mas, vi algo que tenho certeza de que não estava lá antes. Havia um pequeno urso de pelúcia marcado em roxo. Passei meu dedo, sobre o mesmo, vendo se sairia, mas, acho que ele vai ficar em meu pulso por um tempinho ainda. “Então, todas as vezes que um deles me morder isso vai acontecer?”

    Tenho de focar na única pista que tenho no momento. O livro. Espero que Kanato não tenha o notado.

Agora, Machi no rekishi.* - Me levantei. Sei que acabei de ser mordida, estou morrendo de dor, e provavelmente essa não foi a última vez, mas se não puder me concentrar em qualquer pista que tiver, e ficar só pensando na dor que estou sentindo, não vou conseguir sair daqui.

Suspirei pesadamente, procurando o livro. Ele estava no chão, um pouco distante. Engatinhei até ele e o peguei. Olhei para trás, apenas para ter certeza de que não havia ninguém na biblioteca. Vazia. “Kanato mandou ela sair? Será que esses vampiros podem tirar quem quiserem do colégio?” Abri o livro em meu colo. Suas páginas amareladas eram cheias de poeira, e para completar, ele parecia estar com páginas faltando. Espero que não sejam as páginas de que preciso.

-Sōsetsu-sha*. - Encontrei um capítulo, esse falando dos fundadores. Havia uma lista deles. E….adivinha? Os Sakamaki estavam lá! Ok! Agora, vamos ver o que o livro fala sobre eles…

- Senhorita Saito. - Ouvi a voz de Reiji me chamar. Me assustei tanto que acho que se não estivesse no chão, teria caído.

- R-reiji-kun? - Disse, o olhando da forma mais calma que pude.

- Percebi que a senhorita tem uma grande dificuldade em seguir regras. - A forma como ele falava, era impassível. E por ele estar de pé, e eu sentada, me sentia ainda menor em relação à ele.

- A-ahn… - Estava tentando formular uma resposta que fosse boa o suficiente, mas vi que nenhuma que eu desse iria satisfazê-lo. Mas, eu já havia aberto a boca, e estava ali, igual a uma idiota, sem saber o que falar.

- É incrível como consegue ser tão mal-educada. - Ele ajeitou seus óculos.

    Apertei o livro forte em minhas mãos, acho que foi o suficiente para direcionar sua atenção para o mesmo. Fechei-o rapidamente. Reiji pareceu não se importar, mas não vou abaixar a guarda. Ele simplesmente se virou e começou a andar para a saída da biblioteca. Não sabia se levava o livro, ou o deixava ali. Tive apenas dois segundos para pensar, e nesse curto tempo, decidi pegar levá-lo comigo. Não iria aguentar esperar até amanhã para lê-lo.

    Me levantei o mais rápido que pude, tentando não apoiar o pulso no chão, e o segui. “Bom, Kanato já me mordeu, será que Reiji fará isso agora? Não, acho que não. O horário de aula já deve ter acabado.” Apertava cada vez mais o livro entre minhas mãos, enquanto andava atrás do segundo mais velho. “Será que já estamos voltando para a mansão? Quanto tempo devo ficar lá? Será que vão me mudar de lugar?” Seguia andando com a cabeça tão cheia de ideias, que nem notei que andava rumo a alguém. Bati de cara com o peito de alguém. Tive de olhar para cima, para poder ver quem era.

Não olha por onde anda, Ushi-chan*?! - Era um garoto muito, mas muito alto. Sabe o que é alto? Não, você não sabe, porque ainda não viu ele.

Baka! Por que não olha por onde anda também? - Dei a língua pra ele. Ri por dentro, porque achei que ele não veria.

Baka? Você que é baka! Quem pensa que é pra falar assim, Ushi-chan? - Ele parecia muito irritado. Estávamos parados, um de frente para o outro.

Alguém que estava tentando passar, mas que não conseguiu, porque tinha um Baka no caminho! - Falei, quase gritando.

Vou acabar com você! - Disse, quase me pegando pelo pescoço.

Nfu ~Nfu~Nfu, Nossa Bitch-chan já está arrumando confusão. Fico até excitado pensando no que aconteceria com ela. - Senti Laito ao meu lado, passando o braço por minha cintura, de forma que não pudesse me mover.

(...)

O aperto de Laito era forte em minha cintura, impedindo que pudesse me mover. Tentava de tudo para me soltar. Obviamente, não funcionou. Ele parecia um daqueles irmãos mais velhos de uns 19 anos segurando a irmã de 4, só que no caso, seria um irmão extremamente pervertido também. “Tudo bem, o ruivo vai me proteger desse garoto/muro, não é? Não. Ele é um vampiro. E se esse garoto também for? Será que todo mundo no colégio também é vampiro? Sou a única humana aqui? Meu sangue corre perigo! Tenho que fugir! Se o Laito me soltasse seria bem mais fácil! Onde está o Reiji quando preciso dele? Ele sumiu! Que ótimo! Vai achar que eu quis sair de perto dele, com certeza! Ótimo, já fiz tudo errado! Vou entrar em crise!”

Tsc - O moreno apenas colocou as mãos nos bolsos, e saiu andando. E provavelmente, saiu com muita raiva.

    No momento pensei que o ruivo fosse simplesmente me soltar, cada um voltar pro seu caminho, ir pra casa, e tudo bem. Mas….não. Obviamente, não. Laito saiu andando, me mantendo ao seu lado. Olhei ao redor. Queria fazer qualquer coisa, menos ter de o olhar nos olhos. Sei que se o olhar, vou ser uma completa idiota assim como fui com Ayato. E isso não vai se repetir. Pelo menos eu espero. A escola mostrava seus enormes prédios, com várias janelas e salas. Vi um pequeno grupo de meninas, que estava em nosso caminho. “Por favor, não percebam que estou aqui, por favor não percebam que estou aqui!”

    Pensei que o EroHattã* fosse apenas passar reto, mas parte de mim já imaginava que ele também tivesse seu grupo de fangirls no colégio.

- Laito-san! - Ouvi uma menina o chamando, fazendo uma voz manhosa da melhor forma que pôde. Seu uniforme estava aberto em cima, mostrando parte do sutiã, e ela havia dobrado a saia para que ficasse mais curta. Seus cabelos eram rosados, os olhos verdes escuros, e era mais alta que eu, pelo que constatei. E apenas confirmando minhas teorias, o ruivo se virou e deu a ela toda a atenção do mundo. - Por que não vem comigo até minha casa? Podemos estudar juntos! - Ela disse isso corando tanto, e com uma voz tão arrastada, que acho que estava mais do que óbvio que não era isso que fariam.

- Hai, Bitch-chan. - Disse ele, respondendo com aquela voz arrastada, e olhando como um predador encara uma presa. “Aquela menina é mesmo idiota. Como não entende o que ele está fazendo? Será que ninguém nunca percebeu isso?” Apertei o livro forte, e olhei meus dedos, já brancos, devido à força que estava usando.

    Ao menos, nisso tudo, aconteceu algo bom. Bom, mais ou menos bom. Tá, eu não gostei disso, mas foi uma coisa boa, então gostei. Não sei explicar minha mente ás vezes, ok? Enfim, o que aconteceu foi que o ruivo foi direcionar sua atenção à garota, e me soltou. Uma parte de mim, ficou feliz porque...bom, estava livre, e não era isso que eu queria? Mas outra parte de mim se sentiu rejeitada, e eu não gostei nada disso. Eu podia ter sido esperta. Podia ter simplesmente saído, aproveitado que ele estava distraído e encontrar Reiji. Mas não...Saito Akane tinha que fazer uma ceninha!

    Não pude engolir aquela menina dando em cima dele, e eu ali, sendo rejeitada. Daí, o que faço? Uma coisa idiota. Chamei Laito, para que virasse o rosto em minha direção, e assim que ele o fez, acertei um tapa com toda a força que tinha. Depois, saí andando, com passos pesados, deixando um Laito corado, uma menina com raiva, e um grupinho de fangirls preocupadas com o idol delas.

-Laito-san! Essazinha ousou encostar em você? Você está bem, Laito-san? Acho que vou morrer se algo acontecer com você! - Sai de lá, ouvindo-as falando e se provavelmente se jogando em cima dele.

    (...)

Segui andando, e respirando fundo, tentando me acalmar para não ter de bater na cara de mais ninguém. Felizmente, pelo escândalo que as meninas faziam, várias pessoas se reuniram próximo deles, deixando meu caminho mais vazio. Pude ver Reiji próximo da saída, com o carro nos esperando para sair, e com alguns dos irmãos entrando no mesmo. O moreno me viu, me lançando um olhar frio. Pensei em explicar o porquê de ter me atrasado tanto, mas penso que seria melhor fazer isso ao chegar na mansão, até porque, ele disse que queria falar comigo assim que chegássemos.

    Fui até a saída, e entrei no luxuoso carro. Vi que havia espaço entre Kanato e Subaru, e entre Shuu e o mais novo, já os outros bancos, estavam vazios. Preferi me sentar próxima de Subaru e Shuu. Ambos não haviam dito muitas palavras até então, e o máximo de silêncio que pudesse conseguir, já significava muito para mim. Assim que me sentei, Subaru soltou um bufo. “Estressado”. Olhei Shuu. Ele abriu apenas um dos olhos. Algumas das mechas de seu cabelo caíram por cima do mesmo, e ele apenas voltou a fechá-los. Apoiei as costas no banco de couro do carro, e fiz o mesmo que o mais velho. Fechei os olhos.

    Ouvi que alguns deles falavam, mas sinceramente, não queria prestar atenção. Só queria continuar no meu mundinho e ter um pouco de descanso. Não houve chuva, mas ainda assim, estava frio dentro da limousine. Estava com muita preguiça para ter de procurar meu casaco, que provavelmente deve estar no carro. Apenas abracei meus braços e tentei ignorar o frio.

    Finalmente chegamos. Pude sentir, porque fazíamos uma volta para chegar na mansão, e o caminho era todo em linha reta. Me forcei a abrir os olhos. Tive de me acostumar com a luz de dentro do carro. Queria apenas dormir. Para sempre, talvez. A porta foi aberta por um dos que trabalham no lugar. Saíram todos, e fiquei por última, encarando o teto do carro e tentando por os pensamentos no lugar para poder enfrentar a noite naquele lugar.

Assim que saí, vi que nenhum deles estava mais ali. Apenas segui, entrando no lugar. Fui em caminho ao meu quarto. “Por que, que eu não consegui sair daqui, mas com eles, pude ir ao colégio, e sair? Tem algo me prendendo aqui? Como me solto?” Passei minha unha sobre o pequeno desenho arroxeado de Teddy em meu pulso. Vi que havia ficado uma marca vermelha onde me arranhei. Parei de frente à minha porta. Entrei. Olhei ao redor. Ninguém. Estranho. Andei até a enorme e rosada cama, e coloquei o livro embaixo da mesma. “Ninguém se importaria em procurar por lá, não é?” Estava deitada em cima da cama, com a cabeça para baixo, pondo o livro debaixo da cama, quando vi duas pernas do outro lado da cama. Me levantei mais do que depressa.

Laito. Era de se esperar. Tenho duas opções. Um vampiro com muita raiva. Ou um vampiro muito pervertido. Não sei dizer qual dos dois é pior. Ele estava levemente corado. Provavelmente, olhando minha bunda enquanto me abaixava. “Por favor, não olhe embaixo da cama.” Cruzei os dedos, pra ver se dava qualquer sorte, porque sinceramente, estava precisando muito dela no momento.