História In Shadow World (Inacabada) - O Instituto

Houve alguns instantes de silêncio antes da ruiva o quebrar.

– Shadowhunter, não é? – perguntou Yumii e afastando um pouco de mim – As marcas no seu braço não disfarçam.

– E ao julgar pelos seus olhos – o garoto inclinou um pouco a cabeça e passou a língua sobre os lábios – você deve ser uma Siren, correto?

– Muito perspicaz de sua parte – ela ria normalmente para o garoto, como se já o conhecesse.

– E ele? – o garoto indicou para mim.

– Aparentemente mundano – disse ela me encarando – Não senti nenhuma presença sobrenatural. Mas é melhor ficar de olho nele.

O garoto acenou com a cabeça. Por mais que eu achasse tudo aquilo confuso, não conseguia dizer nada. Meus olhos estavam pesando e eu não conseguia ouvir mais nada.

– Kook! – foi a última coisa que ouvi antes de desmaiar.

***

Acordei em um cama diferente. Não estava em meu apartamento e acabei de ter um sonho muito estranho. Tento me levantar, mas sinto uma leve dor no ombro. Acabei soltando um grunhido baixo.

– Finalmente acordou – assustei ao ouvir uma voz feminina atrás de mim – Se passasse mais um pouco, eu mesma ia te acordar.

– Yumii-Noona? O que aconteceu?

– Do que você se lembra? – perguntou se sentando ao meu lado na cama.

– Bem, eu tive um sonho estranho. Depois da festa um policial estranho me atacou e você apareceu junto com um garoto loiro e... – aquilo não havia sido um sonho – Noona, aquilo não foi um sonho, não é?

– Infelizmente não. Tudo aquilo aconteceu – suspirou – Aparentemente o demônio te arranhou, e mesmo que foi um raspão, ele conseguiu te deixar desacordado por umas boas horas.

Não estava entendendo. O que estava acontecendo?

– Onde estamos?

– No Instituto da Cidade. Taehyung nos trouxe aqui para cuidar de você.

– Taehyung? Foi o garoto que apareceu e atacou o policial?

– Ele mesmo. Ele é um Shadowhunter. Protege o mundo dos mundanos como você, dos submundanos como eu e dos demônios.

– Submundanos? Demônios?

– Deixa eu te explicar. No mundo, existem vários tipos de espécies. Os mundanos como você, pessoas normais que vivem suas vidas. Demônios, criaturas do submundo que trazem caos ao mundo. Submundanos como eu, criaturas antes mundanas com sangue de demônio que vivem, ou tentam viver, no meio dos mundanos – Ela deu um certo ênfase nessa parte – E por fim os Shadowhunters, responsáveis por equilibrar as três espécies. São tidos como superiores por terem ligação com os anjos – deu de ombros.

– Espera aí. Você disse que era uma submundana? – parei para pensar – Por isso seus olhos​ estavam​ diferentes​ naquela hora.

– Ye, sou uma Siren – disse ela revelando seus olhos azuis novamente – Ou como vocês conhecem, uma Sereia.

– Sereia? Com cauda e tudo?

– Com cauda e tudo – repetiu rindo.

– Mas, como...

– Meu colar – disse enquanto apontava para o mesmo – Ele permite que eu ande normalmente na terra e que não leve ninguém ao mar com a minha voz.

–Uau! Demais – digo admirado com a revelação da ruiva

– Komaweoyo – sorriu – Você consegue se levantar?

– Acho que sim. Só meu ombro que dói um pouco.

– Certo, deixa eu te ajudar.

Ela me estendeu a mão e eu me apoiei nela. Apesar de enfaixado, meu ombro não doía mais, mas eu ainda sentia uma leve ardência.

– Vamos, Taehyung quer ver você.

Segui a Noona para fora do quarto e saímos em um corredor, que por sinal, estava​ muito movimentado. Não sei como não ouvimos o som lá de dentro.

Enquanto passávamos, recebíamos alguns olhares tortos, principalmente a Noona. Mas eu não prestei atenção nisso. Estava interessado nas marcas negras que todos eles possuíam espalhados pelo corpo.

Parei de andar quando esbarrei em Yumii que estava parada na frente de uma porta aberta.

– Quantas vezes eu já disse para não pegar o meu arco, Tae? – disse uma voz masculina que vinha de dentro da sala.

– Mianhae, Hyung. Foi só dessa vez. Era emergência.

– Emergência ao ponto de não avisar ninguém do Instituto sobre o ataque? – o garoto discutia com o mais novo, mas não aparentava estar tão bravo.

– Se foi emergência, quer dizer que foi surpresa. Se foi surpresa, NÃO TERIA COMO AVISAR VOCÊS.

– Vamos, Baek. Considere - interrompeu a morena presente – Sabe como o Tae é quando se trata de uma missão.

Yumii pigarreou encostada na porta. Os três que estavam na sala viraram para nós, incluído o loiro que havia nos salvado mais cedo.

– Aigoo! Finalmente você acordou – Taehyung se dirigiu a mim com um sorriso engraçado no rosto – Achei que não sobreviveria com o ferimento do Demônio.

– Taehyung! – a morena que estava na sala bateu na cabeça do mais novo – Você vai assustar o garoto assim!

– Ah, calma Somin-ah, ele só está brincando. Sabe como ele é – o garoto disse imitando o jeito em que a "Somin" havia dito quase agora – Eu te amo, você sabe, não é?

– Claro que sei – a garota revirou os olhos sorrindo.

– Então gente, essa é Shin Yumii – interrompeu Taehyung apontando para a Noona – Ela é uma Siren.

– Siren? – Somin arqueou as sobrancelhas – Você trouxe uma Siren para o Instituto? – apesar do comentário, Yumii não aparentou estar ofendida.

– Foi mal – o loiro deu uma leve risada – Ah, e esse é Jeon Jungkook. Ele que foi atacado. Imagino ser mundano.

Somin pareceu se incomodar quando Taehyung me apresentou. Acho que foi pelo fato de eu ser um "Mundado".

– Byun Baekhyun – se apresentou o moreno que antes brincava com a garota – E aquela ali é a garota que não vive sem mim, Jeon Somin – indicou para a morena.

– Nem tente melhorar a situação, Baek – disse a mesma dando de costas.

– Bem, Taehyung você já conheceu – disse desferindo um tapa na cabeça de Taehyung.

– Aish Hyung – reclamou arrastado – O que foi que eu te fiz?

– Só roubou o meu arco – respondeu simplista – Taehyung é minha responsabilidade até que ele complete 17. Sou o "instrutor" dele.

– Pra sua informação, eu já fiz 16 – respondeu em um tom infantil – Só falta uma runa – apontou para o braço coberto por marcas negras, assim como os de Baekhyun e Somin.

– Então 'tá, adulto – o mais velho revirou os olhos, porém o mesmo deu uma leve risada, assim como Somin e Taehyung. Até mesmo a Noona riu.

– Você está bem, Kookie? – perguntou o loiro reparando na minha cara de confuso. Espera aí! Como ele sabia o meu apelido?

– Estou, só estou um pouco confuso – confesso meio receioso

– Deixa eu te explicar – respondeu animado – No mundo tem os mundanos, os demô...

– Já disse isso a ele – interrompeu Yumii, entrando na conversa pela primeira vez – Você me pediu para explicar.

– Ah! Verdade – disfarçou Taehyung rindo em seguida – Então Kookie, você tem alguma pergunta?

– Isso não é uma aula, Tae – disse Somin se retirando do recinto logo em seguida.

–Aigoo, Noona! – reclamou arrastado novamente

– O que deu nela? – Baekhyun disse indo atrás da garota, deixando apenas eu, Taehyung e a Noona na sala.

– Aquele policial que me atacou – dei uma pausa – era um demônio?

– Um transmorfo, pra ser mais exato – o loiro pendeu a cabeça – Você teve sorte de uma Siren estar com você.

– Verdade. Kamsamnida, Noona – curvei levemente a cabeça.

– Imagina – sorriu – É minha obrigação cuidar de você.

– Obrigação? Mas acabamos de nos conhecer.

– Exatamente – pendeu a cabeça – Quando vi que você morava sozinho, me senti com a obrigação de te proteger.

– Kamsamnida, Noona – retribui novamente – O que acontece agora?

O sorriso no rosto da Noona foi substituído por uma expressão triste, assim como Taehyung. Aquilo não era um bom sinal. Não podia ser.

– O que vai acontecer? – repeti preocupado. Só recebi silêncio como resposta.

– Sua memória vai ser apagada ou você será levado à Idris – Baekhyun diz encostado no batente da porta – Creio que seja a segunda opção.

– Idris? – Yumii aumentou o tom da voz – Mas ele é um Mundado, não pode ir à Idris.

– Ordens superiores – o moreno suspirou – além do mais, em Idris, ele não seria caçado por demônios.

– Mas também não voltaria pra casa – Taehyung notou minha reação após ele dizer isso. Pareceu se arrepender do que disse.

Perder minha memória? Por que isso estava acontecendo comigo? E aparentemente, essa tal de Idris não era uma boa opção.

Rapidamente o desespero tomou conta de mim.

– Kookie! Espera! – ouvi Yumii gritar enquanto eu passava correndo por Baekhyun.

Eu precisava sair daquele lugar

Esbarrei em algumas pessoas enquanto corria, mas nenhuma delas tentava me impedir.

Cheguei a porta do Instituto e ela se abriu sozinha. Não pensei duas vezes antes de fugir. Não sabia para onde estava indo, eu só queria ficar o mais longe possível daquele lugar.

– Jungkook! – gritou uma voz atrás de mim. Era Yumii-Noona – Espera, por favor.

Virei no primeiro beco que avistei. Estava escuro, mas eu pude perceber que não estava sozinho lá.