História Índigo ao Carmim - Uma História de Sonic - Escuridão II (P.V. Shadow e Sonic)

- Onde estamos? – Sonic perguntava ao ver o grande complexo de prédios que estava a sua frente.

- Acho que é daqui que Maria veio, pelo menos foi dessa forma que ela descreveu: Um grande portão, um local inóspito... – respondeu Shadow, não havia vida por onde tinham passado, não havia nenhuma espécie de sinal de existência de qualquer criatura, a não ser o próprio complexo de prédios que acreditava ser uma espécie de base secreta de Nega. – Independente, nós acompanhamos o rastro dela até aqui, ela tem que estar em algum desses prédios... queria que Tails estivesse aqui para nos ajudar, ele entende mais sobre complexos do que nós.

Durante alguns minutos, os dois ouriços procuraram por Maria, para certificar que ela não estaria na área externa aos prédios. Logo, perceberam que não havia outra saída senão procura-la na área interna da base.

Ficaram em dúvida, por onde começar, eram vários edifícios e cada um com uma quantidade de andares diferente. Mas não tardaram a iniciar pelo primeiro prédio, logo na entrada ,este parecia ser o maior e tinha cerca de sete andares para cima e com apenas um andar no subsolo.

Começaram a vasculhar o primeiro e o segundo andar. Não havia qualquer tipo de luz, mas por mais escuro que estivesse, ainda estavam com seus trajes anti-radiação e Shadow havia feito questão de deixar uma lanterna para cada um dentro de um dos bolsos, só esperava que Maria lembrasse disso...

Demorou cerca de 7 minutos para que vasculhassem os dois andares por completo. Nada de Maria ou de qualquer sinal de vida, os andares estavam completamente vazios e silenciosos, porém tinha sinais de destruição por onde passavam, fosse por tubos de ensaio, béquers e outros instrumentos de laboratório quebrados espalhados pelo chão, portas arrombadas ou mesmo com sinais de que havia sido arranhada (como se alguém tivesse tentado sair e não estivesse conseguindo) janelas quebradas e, até mesmo, marcas de sangue pelo chão.

Tentaram subir para os andares mais acima, mas a escada de acesso estava destruída impedindo o acesso ao terceiro andar, portanto, concluíram que a ouriça não conseguiria ter subido por lá e decidiram investigar o subsolo. Desceram as escadas com certa facilidade uma vez que contavam com a ajuda de lanternas e enquanto caminhavam para baixo do edifício, ficavam cada vez mais se remoendo com a possibilidade de não encontrarem Maria novamente.

Ao chegarem no andar de baixo perceberam que o subsolo era vasto, Sonic e Shadow usavam as lanternas para enxergar mais adiante e observaram que os corredores se estendiam e se ramificavam em várias direções como se fosse um labirinto.

- Está muito grande para caber na área de um prédio só... – disse Shadow, ainda perplexo com o tamanho do complexo.

- Quer dizer que... isso percorre mais do que a área de um só edifício? – Sonic supôs ao imaginar que as dimensões eram maiores do que pensavam.

- Eu acho que percorre a base de Nega inteira. Independente disso, algo me diz  que vamos acha-la aqui. Lembra-se quando ela mencionou que ela nunca havia visto o lado de fora antes de escapar? Maria provavelmente ficava aqui e se ela quer tanto encontrar a Madrinha e as outras crianças, deve estar em algum lugar no subsolo.

Sonic assentiu, mesmo que não fosse uma certeza, não tinha mais por onde começarem, deveriam arriscar. E com isso, adentraram no escuro subsolo, sem saber para onde iriam, mas na esperança de encontrar Maria.

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- Admita Sonic, você não sabe onde estamos...

- Eu me guio pelos meus instintos Shadow, não se preocupe.

Havia passado algum tempo que estavam percorrendo os corredores, tentando correr o máximo que aqueles estreitos caminhos permitiam. Mas perceberam que a pressa não adiantaria muito, pois estavam cada vez mais infiltrados dentro do dos corredores, procurando pelas salas e mais salas que haviam por lá.

Sonic parou de correr subitamente começou a analisar ambiente ao redor, como se alguma coisa o tivesse chamado a atenção. Shadow que só percebeu alguns metros à frente que estava andando sozinho voltou para ver o que Sonic tanto analisava.

Estavam em um dos muitos corredores, mas este que possuía duas portas apenas, uma de cada lado possivelmente dando entrada à grandes cômodos.

- Então...? perguntou Shadow curioso sobre o porquê da parada repentina

- Definitivamente... estamos perdidos. – respondeu Sonic

- O quê? Sonic eu estou te falando isso a 15 minutos e você parece não querer escutar! – Shadow gritou, estava com raiva o suficiente para não conseguir controlar seu tom de voz.

- Bem, se para começo de conversa se você não fosse tão lerdo, talvez não tivesse deixado Maria fugir! – replicou Sonic

- Faker, escuta aqui ...

- Você dois disseram Maria?

De repente uma voz misteriosa fez com que eles parassem de discutir e se virassem para a porta à esquerda. De dentro dela saia uma mulher de cabelos longos esbranquiçados, trajava um jaleco muito sujo e rasgado. Andava muito devagar e parecia fraca e debilitada, tinha marcas de feridas por todo o corpo que acabavam deixando muitas marcas de sangue pela roupa. Apesar de tais aspectos, não parecia ter muito mais que seus 30 anos.

- Onde ela está? Ela conseguiu fugir? Quem são vocês? – perguntou a figura misteriosa, apesar de parecer empolgada, ela ainda não parecia confiar nos dois. – Estar por baixo desses trajes não servirá de nada. Nada aqui é realmente tóxico, a não ser que injetem a “matéria obscura” em vocês. Retire-os, por favor, para que possa enxerga-los.

Algo naquele momento fez com que os ouriços não tivessem receio de se revelarem. Por mais estranho que aquilo parecesse, a mulher não parecia ter más intenções.

- Nós somos... – Sonic estava respondendo à medida que tirava o traje contra radiação, mas acabou se enrolando com a resposta até que Shadow se apressou para dizer.

-Nós somos os pais dela.

Um breve momento de silêncio perdurou pelo ambiente até a mulher soltar uma sutil risada.

- Heh, quem diria que ela encontraria pessoas que a adotassem. Particularmente, nunca pensei que seria um casal de ouriços, muito menos que fosse Sonic e Shadow The Hedgehog. Onde está Maria? Vocês não a trouxeram com vocês, trouxeram? Ela veio para cá sozinha, não foi?

- Talvez a pergunta agora seja: Quem é você? – disse Sonic, para alguém que sabia seus nomes ela fazia muitas pergunta.

- Muito bem... Eu sou Diana, mas talvez vocês me conheçam como Madrinha.

- Então, você é a Madrinha que Maria tanto fala. – disse Shadow ainda perplexo. – Ela perdeu a memória de muitas coisas do passado, mas começou a recupera-las à medida que o tempo avançava, então decidimos investigar melhor. Nós conseguimos criar o portal, mas não queríamos deixa-la correr o risco de entrar nessa dimensão novamente... Ainda assim ela fugiu e está procurando por você...

Diana estava atenta a fala de Shadow, porém por um momento interrompeu a fala por uma tosse involuntária. Cobriu a boca com a mão até que sua tosse passasse, ao olha-la percebeu que havia expelido bastante sangue:

-Escutem, meu tempo está acabando. Talvez seja o único momento de clarear algumas coisas para vocês. – Diana sentou-se no chão, suas pernas estavam fracas e bambas para sustentar seu corpo. Respirou profundamente e começou a falar. – Há alguns anos, quando vocês prenderam Nega nessa dimensão, alguns de seus capangas também ficaram para traz, eu inclusive... Eu era uma cientista que tinha acabado de conseguir meu doutorado e fui convidada a trabalhar como “mão direita” dele e devo admitir que no início eu gostei, mas depois que tudo aconteceu e nós ficamos presos nessa dimensão tudo começou a mudar.

“Por mais que estivéssemos desesperados para voltar para casa, Nega tinha planos para permanecer nessa dimensão. Mandou os robôs que restaram começar a construir essa grande base e um dia, durante uma escavada no solo em busca de recursos de construção, ele descobriu tipo de energia estranha que estava conservada em cristais a muitos metros de profundidade do solo... no qual apelidou de Cristais obscuros ou Matéria obscura.

- Como as Esmeraldas do Caos? – Sonic interrompeu por um momento, achava que a ideia era bem similar.

- Não, não são como elas. Eu já as estudei e os cristais obscuros são diferentes. Eles não respondem a cada um de acordo com a vontade e intenção das pessoas. Não, eles são “naturalmente” corrosivos e destrutivos seja quem for que as utilize, apesar de ter uma grande fonte de poder em mãos, está sujeito a ser consumido pela energia – Diana tossiu novamente, fazendo com que sangue caísse no chão. Os ouriços tentaram ajudar, mas ela negou a ajuda e decidiu continuar a contar a sua história. – É claro que isso foi descoberto da pior forma, Nega não arriscou usar um poder tão misterioso em si mesmo antes de testar na maioria de seus robôs e máquinas, esses tiveram reações espetaculares, começaram a construir tudo rapidamente e tornaram-se mais fortes, dessa forma essa base ficou completa em menos de 2 meses.

Diana pausou para tomar fôlego:

- Porém logo as coisas tomaram outro rumo. A medida que os meses passavam, as máquinas que receberam a energia obscura começaram a parar de funcionar e enferrujar quase instantaneamente. Não só isso, como os próprios cristais perdiam toda a energia que tinham dentro de si, não voltavam a se energizar, deixando-os inúteis. Temendo com que os recursos dos cristais acabassem, Nega começou a aplicar eu seus próprios cientistas e capangas. Segundo ele, em organismos vivos a energia se “auto-gerava” e não causaria qualquer dano ao hospedeiro. Eu fui uma delas e aceitei de bom grado.

“Senti os efeitos quase imediatamente, nunca me cansava, estava sempre disposta e tinha uma força espetacular. Ainda assim os efeitos passavam após alguns meses, porém nenhum de nós foi afetado como as máquinas, então seguimos a vida normalmente, achando que não teríamos efeitos colaterais.”

Uma nova pausa teve de ser feita devido as tosses constantes de Diana, Sonic e Shadow já estavam percebendo que ela estava morrendo e não restava muito tempo para ela.

- Mas, claro, ao ver isso Nega se preocupou ainda mais sobre como seu plano poderia falhar. Segundo as pesquisas, a energia dos cristais obscuros não se adaptava a corpos já desenvolvidos... foi então que Nega teve uma ideia terrivel. Sacrificando algumas máquinas, ele utilizou o poder da energia obscura para manipular o tempo e espaço podendo criar portais para dimensão de vocês, porém no tempo de Silver the Hedgehog, um grande inimigo do doutor como vocês bem conhecem.

Shadow virou as costas e apoiou-se na parede para relaxar um pouco:

- Ele capturou crianças, não foi? – perguntou o ouriço negro.

- Sim... ele capturou crianças órfãs cerca de 30 delas, apagou as suas memórias e ficava transitando entre as dimensões, dessa forma nunca seria capturado. Nós ficamos no cargo de cuidar das crianças e aplicar periodicamente a matéria obscura nelas, para que o corpo acostumasse a produzi-la por si só. E realmente funcionou, as crianças desenvolveram poderes, habilidades e permaneciam com elas, mas elas ainda eram muito fracas e somente à medida que envelheciam o poder delas ia crescendo... Pouco tempo depois perceberam que o custo das experiências era alto, com o passar do tempo deformidades e mutações horríveis começaram a surgir nessas crianças, causando danos irreversíveis ao corpo delas.

“E o que ninguém esperava aconteceu:  o excesso de exploração da matéria obscura teve suas consequências, isso porque, quando se usa toda a energia obscura de um cristal o que restava dentro do cristal era um resíduo tão destrutivo que causava anomalias naturais e a criação de uma “névoa negra” que acabou por cobrir toda a atmosfera do mundo com o passar do tempo. Foi assim que, como vocês viram lá fora, essa dimensão foi devastada por essa energia destrutiva, nós conseguimos nos proteger e a base também resistiu, mas tudo o que existia nesse mundo morreu e devido aos portais dimensionais estarem abertos, também afetou o mundo de Silver, ainda que apenas de maneira leve.”

- Isso explica o porquê dos desastres e da nuvem negra ter surgido no futuro de Silver – disse Sonic, bastante pensativo com a história. – Mas, voltando a Maria, disse que vocês diziam que ela era especial, o que ela tem de diferente afinal, ela nunca sofreu de nenhuma mutação.

- Bem como podem ver... Aqueles que tem a matéria obscura dentro de si vão sendo consumidos de uma forma ou outra. Em nós adultos, aos poucos nossos corpos vão apodrecendo; nas crianças, apesar de ter dados habilidades únicas, a energia as deforma de jeitos horríveis; mas em Maria isso nunca aconteceu...

-Por quê? – os dois ouriços perguntaram ao mesmo tempo

- Depois de Nega ver que as crianças não aguentariam muito tempo, ele usou um último recurso que tinha na manga, um segredo guardado pelo seu ancestral Gerald Robotnik...

- Ele a criou não foi? Tal como eu fui criado por Gerald. – disse Shadow um pouco exaltado. Sonic não demorou para ampará-lo, apesar das suspeitas, sabia que o namorado tinha um passado muito similar.

Diana assentiu, Shadow por um momento ficou furioso com a notícia e deu um grande soco na parede o que fez com que parte do concreto se quebrasse, ele não admitia ver uma pessoa ser usada da maneira que ele foi.

- Entenderam agora? Maria vive a partir dessa energia, ela tem poderes eternos e que estão dentro dela. Eu me apeguei a ela e não queria ver ela se tornar uma arma para Nega fria e sem sentimentos! – Diana começou a se emocionar, mas controlou as lágrimas. – Eu a ensinei tudo sobre o mundo fora daqui, eu comemorei aniversários escondido durante três anos mentindo para ela sobre ter 8 anos, eu convencia Nega a dar mais conforto para ela... eu tentei fugir com ela. O que eu fiz no início é imperdoável eu sei, mas eu tive a oportunidade de salva-la das garras dele. Agora ela tem vocês, por favor não desistam dela...

Sonic e Shadow se entreolharam, o ouriço azul tomou frente e se aproximou de Diana dizendo:

- Nós nunca desistiríamos da nossa filha.

- Obrigado. – disse Diana, ela se levantou com um pouco de dificuldade e abraçou os dois ouriços. Acabaram tendo que segurá-la, devido ao estado em que estava e ajudá-la a sentar-se novamente. – Agora vão, ela deve estar procurando vocês!

Antes que pudessem ir, Sonic virou-se novamente para Diana e perguntou:

- Uma última coisa, qual a ligação dela com aquele colar e o nome Masutākī?

Diana deu um leve sorriso:

- Masutākī, significa “Chave Mestra”. Esse era o código que Nega utilizava para referir-se a ela aos capangas, mas somente ele e eu sabíamos que o nome verdadeiro era Maria. Acredito que, ao batizá-la assim, Nega fez como uma forma de homenagear sua parente distante.

“Quanto ao colar com a pedra, foi um presente meu, para que ela nunca se sentisse sozinha... Ele nunca teve um poder real, mas acho que os capangas de Nega acabaram se confundindo e achando que Maria foi quem roubou a “Chave mestra”. Mas na verdade ela é a chave para Nega destruir tudo, não deem essa oportunidade a ele. ”

Neste momento, um grito foi escutado. Era familiar aos dois ouriços e demoraram apenas alguns segundos para perceber que era Maria quem estava gritando.

- Vão ela precisa de vocês! – Diana tossiu novamente, expelindo ainda mais sangue do que antes. Estava cansada demais e aos poucos estava fechando os olhos   – Eu não quero que ela me veja assim, em breve eu não estarei mais aqui, diga apenas que eu tenho  grande orgulho dela.

Os ouriços seguiram o som do grito que parecia vir de alguns andares abaixo do que eles estavam. Eles não sabiam dizer se Diana havia morrido naquele momento ou depois, mas agora não era um momento para se pensar nisso. Maria corria perigo e era necessário resgatá-la.