1. Spirit Fanfics >
  2. Inexplicável >
  3. 4

História Inexplicável - 4


Escrita por: jenngps

Capítulo 4 - 4



Os dias em Alexandria se passavam sem pressa e com menos harmonia que os moradores dali gostariam. As visitas de Negan ficaram mais constantes depois da fuga de Daryl, ele insistia que o homem pudesse voltar ali e jurou a Rick que eles teriam um enorme problema caso Dixon fosse encontrado naquelas bandas. Negan estava com sede de vingança para encontrar Daryl.

Isso preocupava Rick cada vez mais. A comunidade já não tinha força pra lutar e não podiam mais perder ninguém, Rick nem gostava de imaginar o que aconteceria caso Negan encontrasse Daryl. Cada nascer do sol era um alarme na mente de Rick que eles estavam em perigo e precisavam urgentemente resolver aquela situação. Mas como? Depois da saída repentina de Daryl pela noite em busca de munições e suprimentos para reabastecer Alexandria, Rick começou a imaginar em algum tipo de contra-ataque, mas nunca encontrava estratégias suficiente para vencer Negan. Isso era desesperante.

Daryl continuava tentando recompensar o grupo de alguma forma, sempre saindo pelas noites a procura de suprimentos, sempre se juntando com Rosita e Tara para traçarem algum plano bom de contra-ataque. Não podia ser qualquer plano, os detalhes precisavam ser minuciosamente planejados e isso levava tempo; tempo e ajuda, o que estava difícil de conseguir. Todos estavam amedrontados demais para quererem enfrentar o líder dos Salvadores, principalmente depois da morte de Olívia e Spencer.

Pra complicar tudo ainda mais, Daryl travava uma batalha contra seus próprios sentimentos nas últimas semanas. Desde o acontecido na cabana entre ele e Paul, os dois não tiveram mais contato além do visual. Se olhavam, se desejavam, suspiravam e cada um seguia seu caminho. Daryl sabia que Paul não iria atrás dele até que ele mesmo tomasse a atitude de procurar o loiro. Aquilo era um inferno, tudo que estava dentro de Daryl era um verdadeiro inferno. Ele não sabia como agir e nem sabia definir o que estava acontecendo com ele, mas por alguma maldição do apocalipse o moreno não conseguia tirar Paul da cabeça um minuto sequer durante aqueles dias exaustivos. Quando conseguia, raramente, a tal maldição fazia com que Paul aparecesse sem motivo ou circunstância, apenas para foder ainda mais o psicológico de Dixon. 

Daryl queria procurá-lo, profundamente. Sabia que precisavam ter uma conversa porque o que tinha acontecido entre dois fora intenso demais para passar batido de suas vidas; da do loiro Daryl não sabia, mas da dele não passaria tão cedo. Daryl nunca tinha vivido algo de tamanha intensidade e ele se achava um maricas por pensar assim às vezes, mas queria poder viver aquelas sensações de novo. Com Paul. O maldito Paul Rovia.

Mas ele tentava se concentrar em outras coisas ao longo dos dias, estava agarrado demais na ideia de atacar Negan e Rosita e Tara estavam o ajudando bastante. Daryl já não insistia mais com Rick porque o amigo estava muito abalado com tudo o que estava acontecendo, precisava nitidamente de um tempo e Daryl iria respeitá-lo. Mas ele sabia que Rick mudaria de ideia.
- É esquisito ver você longe da sua moto e sem sua crossbow. - Carol caminhou até Daryl, que estava sentado sobre as escadas da casa em que se hospedava fantasmagoricamente (já que nada dele podia ficar naquela casa, nada que fizesse Negan descobrir o paradeiro de Daryl).

- Eu vou recuperá-las. - O moreno olhou Carol, que deu um meio sorriso e se sentou ao lado dele. 

- Parece que eu voltei para um lugar de onde eu nunca pertenci. - Carol falou, olhando vago pelo asfalto de Alexandria. - Não acha que está diferente? 

Ela olhou Daryl, que murmurou um "uhum". Daryl puxou o cigarro que Carol fumava e deu alguns tragos.

- Eu sei que está pensando em um contra-ataque. - A mulher continuou a falar, olhando para o amigo. 

- Você não? - Daryl franziu a testa.

- Não quero mais sangue nas mãos.

Ela suspirou pesadamente e Daryl apenas contraiu os lábios em resposta. Carol pegou de volta seu cigarro.

- Estou precisando ir em Hilltop ver Maggie e Sasha. Vamos? - Ela perguntou e percebeu Daryl hesitar por longos segundos a fio. - Daryl?

- Acho melhor não. - Murmurou o moreno, olhando por entre as pernas e sentindo o sol da tarde queimar seus ombros.

- Está estranho. O que aconteceu? - Carol tocou o ombro dele e recebeu um olhar confuso e indecifrável em resposta. Daryl balançou a cabeça e quis simplesmente fugir daquele assunto. 

Carol resolveu não insistir, sabia os limites de Daryl Dixon. Ela alisou o ombro de Daryl antes de se levantar das escadas e dar as costas para o amigo.

O resto do dia passou mais devagar do que Daryl gostaria. Ultimamente ele só torcia pra noite chegar e ele poder finalmente dormir e esquecer de tudo que o perturbava. Claro, quando ele conseguia dormir. Sempre que não conseguia, perguntas constantes invadiam sua mente e martelavam durantes horas e horas. Como ele estaria? Será que ele estava saindo nas rondas a procura de suprimentos para Negan? Será que ele estava apenas comandando Hilltop junto de Maggie? Será que ele pensava em Daryl às vezes? Ou será que já tinha desistido?

Na maior parte do tempo, Daryl se considerava o fracote que Merle sempre o acusou. Não tinha a capacidade de enfrentar seu próprio corpo e sua própria mente, nem mesmo capacidade de procurar Paul e dizer tudo o que precisava dizer. Mas ele não sabia o que dizer. Era um maldito fracote mesmo.

Enquanto saía da casa de Rosita, Daryl topou com Carol, que carregava uma bolsa nas costas e estava de saída para Hilltop.

- Tem certeza que não quer ir? - Carol insistiu na proposta. Daryl apenas acenou que não com a cabeça, meio sem jeito.

- Se cuida. - Pediu ele, recebendo um beijo na testa da mulher. 

Daryl observou Carol andar até os portões e Eugene os abrir para ela; não percebeu quando Rosita apareceu ao seu lado e falou:

- Você devia ir. 

Daryl a olhou sem entender. Rosita tinha os braços cruzados e um sorriso fraco nos lábios.

- Ele deve estar preocupado assim como você está com ele. - A morena disse, dando uma piscadela e então ela voltou pra dentro de casa. Daryl ficou cabisbaixo por longos segundos até que seu corpo reagiu e ele correu rumo aos portões.

- Carol, espera!
-- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- --

A viagem até Hilltop era longa, Daryl e Carol chegaram por lá ao anoitecer. Maggie os recebeu surpresa, mas imensamente satisfeita. Fazia muito tempo que ela não via Carol, por quem ela nutria um enorme carinho, e era bom ver Daryl novamente já que fazia longos dias que o caipira não dava as caras por lá. É claro que Maggie já tinha percebido o que estava acontecendo, os olhares de Daryl e Paul não enganavam à ela.

- Carol, é bom te ver! - Sasha abraçou Carol, quando a mulher entrou dentro da casa onde Maggie, Sasha e Enid ficavam. Maggie e Daryl entravam logo atrás. 

- É bom te ver também. - Carol sorriu para Sasha, em seguida cumprimentou Enid também com um abraço. Enid parecia mais crescida e mais aberta, uma mudança boa.

- Daryl, você sumiu. - Sasha cumprimentou Daryl e o moreno balançou a cabeça.

- Nah, eu só precisava ficar lá por um tempo. - Explicou o caipira e Maggie sorriu disfarçadamente para Sasha.

- Então, estão com fome? - Enid perguntou, apontando para a mesa de jantar que tinha preparado. Carol assentiu e logo se sentou à mesa, em seguida foi Sasha e por último Maggie. Elas olharam Daryl que continuou de pé, com seu costumeiro olhar vago e indecifrável. Maggie suspirou e se levantou da mesa.

- Me deem um minuto. - Pediu a líder, passando por Daryl e o chamando com o olhar para longe dali. Eles chegaram até o lado de fora da casa.

Daryl ficou longos segundos em silêncio e Maggie suspirou mais uma vez. 

- Você sabe onde ele está. - Maggie quebrou o silêncio mas Daryl permaneceu sem olhá-la. - Daryl, vai atrás dele.

- Eu não sei do que você tá falando. - Ele murmurou.

- Não sou cega, Daryl. - Maggie cruzou os braços e agora os dois passaram a se olhar. - Eu sei que tem algo acontecendo entre vocês. E não tem nada de errado nisso. - Ela o olhou com ternura. - E também não tem nada de errado em você vencer seu orgulho e procurá-lo.

- Não é...não é isso. - Daryl respirou fundo. - Eu só não sei como...

- Encontre ele e você vai saber como. - Maggie deu um sorriso para o caipira e depois de mais alguns segundos de silêncio, ela o deixou sozinho, falando apenas:

- Mas se quiser jantar, pode vir também.

Daryl não queria jantar, não tinha a mínima fome. Ele sentia seu coração palpitando só de imaginar pode esbarrar em Paul a qualquer instante em Hilltop, ou até mesmo imaginar ir atrás dele. Como iria encará-lo? O que iria falar? Não queria estragar tudo e muito menos complicar as coisas, mas Daryl já era a própria complicação de tudo. Talvez Paul já tivesse esquecido de tudo e simplesmente seguido em frente.

Mas o moreno não ficou parado ali pra saber, respirou profundamente e buscou uma coragem escondida para procurar por Paul. Ele sabia que Paul agora estava comandando a casa onde o ex-líder Gregory ficava, já que o homem havia morrido. Então quem atenderia a porta seria Paul, isso fez Daryl pensar umas cinco vezes antes de bater. Mas ele bateu.

- Ol... - A porta se abriu e a figura de Paul apareceu de imediato para Daryl. O loiro usava uma calça um tanto surrada e sua camisa branca estava levemente desabotoada, enquanto seu cabelo era amarrado em um coque de samurai. - Daryl.
Paul estava completamente surpreso com aquela visita. Fazia semanas que Daryl não o procurava. Aliás, não tinham conversado mais desde muito tempo. O loiro sentiu um descompasso em seu peito no momento em que encarou os olhos azuis rutilantes de Daryl.

- Eu posso entrar? - Com certa relutância e a voz fraca, Daryl perguntou. Paul assentiu e deu espaço para o moreno adentrar a casa, completamente silenciosa. Paul fechou a porta e voltou-se para Daryl, quem o olhava intensamente.

- Desculpa a bagunça, eu saí do banho agora há pouco. - Paul apontou para si mesmo ao mencionar a palavra bagunça, ele estava um tanto envergonhado por aparecer daquela forma para Daryl. Vai que Daryl pensasse outra coisa e fosse embora mais uma vez...

- Uhum. - Daryl murmurou. - Está mais organizada. - Ele comentou, observando a casa que visivelmente tinha sido reorganizada por Paul. 

- Eu tentei. - O loiro sorriu, sem jeito. Enfiou as mãos nos bolsos e enfrentou o olhar de Daryl. Já estava até acostumado com aquele ritual; se olhavam, se olhavam e não falavam nada. - Você quer alguma coisa?

- Não. - Daryl negou e Paul ficou internamente desapontado, já que esperava outra resposta do moreno. Mas que idiota, Daryl Dixon jamais diria que o queria. - Na verdade...

- Sim. - Paul incentivou-o a falar.

Mas Daryl não conseguia, se sentia insuficiente demais para tentar arriscar qualquer coisa. Ele não devia nem estar ali. 

- Nada. Eu vou voltar lá pra Maggie. - Daryl sorriu sem emoção e passou por Paul, indo em direção a porta. O loiro, completamente confuso, reagiu e segurou Daryl pelo braço.

- Daryl... - Paul o olhou nos olhos. - não vai não.

Daryl não conseguia controlar seu corpo e sabia que sua respiração estava acelerada em decorrência da proximidade entre os dois. O moreno engoliu em seco e assentiu, para que Paul o soltasse e eles ao menos conversassem com uma distância razoável. Mas Paul não o soltou. 

- Eu senti sua falta. - O loiro falou, próximo ao rosto dele. A respiração quente de Paul entrou em contato com a pele de Daryl.

- Você sabe que eu sou um problema. - Daryl falou, mordendo o lábio inferior.

- Não me importo. - Paul aproximou seu corpo do de Daryl e subiu sua mão pelo braço definido do moreno. A pele de Daryl queimava. 

- Eu sou só um caipira. - O moreno alertou Paul. - Você pode encontrar outros problemas melhores.

- Eu quero esse problema pra mim. - Paul sussurrou e Daryl fechou os olhos no momento em que sentiu os lábios do loiro roçarem sobre os seus. - Por que você sumiu? 

- Não sabia o que dizer pra você. - A voz de Daryl foi abafada pelos lábios de Paul.

- Não precisava dizer nada. - Paul viu Daryl abrir os olhos e os olhares se vidraram.

- Você disse que queria ouvir outra coisa. - Daryl segurou a barra da camisa de Paul, enquanto sentia a mão do loiro subir por seu pescoço.

- Ainda quero ouvir, mas não precisa ser com palavras. 

Paul abriu um sorriso sedutor. E nesse momento Daryl percebeu que Paul era definitivamente sua maldição, mas não queria escapar dela. Ele precisava dela.


Notas Finais


No próximo capítulo eu capricho.
Feliz Natal rapaziada <3
Gostou? Deixe um comentário!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...