Oh Sehun costumava sair para beber com os amigos quando uma semana puxada na faculdade passava. Não bebiam muito – não ao ponto de passar mal –, mas hoje havia sido um pouco diferente.
Hoje, ou ontem (já que Oh Sehun se encontra caminhando em plena madrugada para casa), o coreano havia se encontrado num bar com os amigos para beber e tentar esquecer que logo as suas férias da faculdade acabariam, e todo aquele alvoroço de volta as aulas começaria.
E como Sehun iria para seu último ano, teria de se esforçar no curso.
Olhando ao redor, meio tonto e enjoado, Sehun percebeu que logo estaria na rua da sua casa. Um suspiro de cansaço foi ouvido por algumas pessoas que andavam na mesma rua que o garoto, mas todas ignoraram.
E então, sem nenhum aviso prévio, Sehun sentiu algo subir pela sua garganta.
Não deveria ter bebido tanto, pensou ele, enquanto se agachava na sarjeta da rua e apenas deixava sair de si toda a bebida de antes.
Os coreanos que passavam pela rua o ignoravam, já acostumados com esse tipo de acontecimento.
É claro que ninguém ajudaria Sehun, já que ninguém se importava.
Sentou-se ali mesmo, com uma mão secando os lábios e a outra na cabeça, tentando moderar a dor latejante na mesma.
Do outro lado da rua, um homem de aparência jovem colocava o lixo da loja onde trabalhava fora, numa caçamba logo ao lado do estabelecimento.
Quando voltava, viu um garoto passando mal na calçada do outro lado da rua. E como era uma pessoa que se preocupa facilmente com os outros (inclusive estranhos), não tardou em voltar a loja e pegar uma água para o garoto.
Após deixar um troco no caixa, ele atravessou a rua rapidamente, mas se aproximou do garoto com calma, para não o assustar.
Sehun percebeu que alguém se abaixara ao seu lado, mas ignorou, se focando em tentar amenizar a dor de cabeça.
"Tudo bem?" ouviu o estranho que se aproximara falar baixinho, e Sehun o olhou aborrecido [n/a: ou com cara de cú].
"Sim." respondeu ele, seco, e se curvou para frente ao sentir mais uma náusea.
Sehun ouviu o outro rir baixinho, e sentiu uma mão lhe dar duas batidinhas nas costas.
"Aqui." o desconhecido lhe entregou uma garrafa d'água, que Sehun aceitou sem contradizer.
Enquanto bebia a água, Sehun olhou de esguelha para o homem ao seu lado, e deixou um leve suspiro quase o engasgar.
Afinal, apesar de tudo, Oh Sehun ainda estava bêbado.
"Você pode me ajudar a ir para minha casa?" perguntou Sehun, erguendo as sobrancelhas sugestivamente. O homem apenas riu baixinho, e Sehun não poderia o achar mais bonito neste momento. "Do que está rindo, hyung? Eu realmente estou mal, preciso de ajuda para voltar pra casa."
"Hyung? Como pode ter a certeza de me chamar assim?"
"Bem, você não deve ter menos que 24 anos, então..."
"Okay, agora vá para a sua casa. Não posso ficar cuidando de você por muito tempo, preciso trabalhar." interrompeu-o o homem, fazendo Sehun olhar ao redor e encontrar uma loja de conveniência logo a sua frente.
"Você trabalha ali?" pediu, e o homem assentiu apenas. "Ink Floy..."
"Desculpe?" Sehun ouviu o outro exclamar, e o viu em pé, pronto para o deixar.
"Eu disse que estava com fome." respondeu, se levantando também.
E juntos, o garoto e o homem partiram para a loja. Lá, o homem ficou no caixa, enquanto Sehun tentava disfarçar entre escolher um macarrão instantâneo e olhar para o homem bonito no caixa.
Acabou levando uma caixinha de palitinhos de chocolate e um leite de banana. E enquanto o hyung passava as suas compras, Sehun ameaçava sorrir.
"Qual é o seu nome, hyung?"
"E o interessa?" respondeu, sem tirar os olhos da caixa registradora, onde pegava o troco para Sehun.
"Muito." Sehun deu o primeiro sorriso para aquele homem estranho naquela noite.
"Realmente, se mudar a sua vida, me avise." diz, deixando algumas notas de won nas mãos do maior. "Pode me chamar de Luhan."
"E o hyung pode me chamar de Sehun." disse, ainda sorrindo.
Logo, em menos de dois minutos, Sehun se encontrava sentado numa mesinha perto do caixa, comendo do que comprou. O mesmo pegou um dos palitinhos de chocolate, colocando-o na boca, e se aproximou do caixa.
"O que foi Sehun?" Luhan perguntava, ele estava arrumando algo na caixa registradora que Sehun não se importou, e levantou o rosto. "Sério, o que é isso?"
Sehun apenas se curvou mais para frente, deixando a outra ponta do palitinho ficar próxima a Luhan, na intenção do homem comer o palitinho.
"Primeiro, eu nem te conheço direito, não vou sair fazendo isso com você. Segundo, mesmo que eu quisesse, você acabou de vomitar." e balançou a cabeça, deixando um Sehun frustrado.
"Francamente, nosso relacionamento será muito conturbado se você continuar assim." Sehun resmungou, comendo o palitinho de chocolate. Luhan o olhou, como se pedisse se ele falara algo, mas Sehun negou com a cabeça.
* * *
Sehun acordou no outro dia muito frustrado. Além dele ainda estar com uma dor de cabeça dos infernos, não conseguia se lembrar de muita coisa que ocorreu na noite passada.
Mas ele estava aliviado de não ter acordado com ninguém.
Levantou-se e foi direto à cozinha, onde pegou um remédio para a sua cabeça. Vendo que era quase hora de almoçar, Sehun se arrumou e foi à loja de conveniência mais perto de sua casa, já que não havia nada comestível na mesma.
Na entrada da loja de conveniência, Sehun acabou esbarrando em alguém. Ele não se importou em se desculpar, mas se surpreendeu ao ver o homem que esbarrara o olhar com um sorriso mínimo e se desculpar com um "desculpa Hunnie."
Ele era bonito, Sehun não podia negar. Mas como ele sabia seu apelido? A sua aparência angelical não deixou o coreano menos assustado, mas sim mais desconfiado.
Seria esse homem alguém que Sehun conhecera numa balada? Muito provável.
Sehun apenas percebera que encarava o homem quando o mesmo abriu a boca para falar algo, e isso o fez congelar. Não fazia ideia de quem era ele, o que faria?
Correr é uma boa idéia, pensou, mas teve de a ignorar ao ver o homem menor que ele sorrir, e isso o fez estremecer de um jeito bom.
"Está melhor?" perguntou ele, e Sehun, não querendo retirar o sorriso daquele rosto angelical, tentou responder algo convincente.
"Sim, bem melhor." mentiu descaradamente, sorrindo.
Não sabia a que melhor o menor se referia, mas melhor não era uma definição de Sehun agora. Sua dor de cabeça ainda não passara, e sentia-se extremamente cansado.
"Que bom, pelo menos eu servi para algo..." e Sehun parou de ouvir quando o desconhecido deu o sorriso mais fofo sem mostrar os dentes.
Deus, ele precisava saber quando conhecera essa beldade. Como pode tê-lo esquecido?
"Sehun?"
"Huh?"
"Você está realmente bem?"
Acordou, então, de uma fantasia que criou na sua cabeça. E Sehun corou ao ver o protagonista dela na sua frente, com um olhar cansado, porém, preocupado.
"Sim, sim..." e respirou fundo, balançando a cabeça para o menor não perceber suas bochechas ruborizadas.
"Okay, então. Até mais Sehun..." diz o homem, e ele dá um passo para trás. "Trate de não beber mais tanto, porquê... talvez, quando você acabar passando mal na rua de novo, não haverá ninguém para te ajudar."
Mesmo com essa informação, Sehun não conseguiu se lembrar dos acontecimentos da noite passada. Mas descartou a possibilidade deste homem ser alguém que ele conhecera no bar. Ele era, na verdade, alguém quem encontrara Sehun passando mal na rua e o ajudara.
E nesse meio tempo de Sehun juntar as peças, o homem já se encontrava longe dele. Sehun, num impulso, gritou um hey, e amaldiçoou-se depois. O que falaria para aquele desconhecido?
"Ah!" ele ouviu o homem exclamar e se virar para ele. "Eu não esqueci de te ligar..." o menor sorriu doce, fazendo Sehun perder um fôlego por ter sido pego de surpresa. "Ainda ligarei, não hoje..."
"Está tudo bem!" exclamou Sehun para o menor ouvir. "Leve seu tempo."
"Até mais, Sehun." e o desconhecido deu seu último sorriso para o maior, indo embora.
E, no final daquele dia, Sehun tinha a certeza de duas coisas:
1ª: era um ótimo ator;
2ª: iria atrás de conhecer aquele homem da loja de conveniência que o ajudou (coisa rara de se acontecer em Seul).
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