História Insane Desire - Lindsay Gomez

Selena P.O.V.S.

Eu acordei sentindo uma pontada no estomago e sai correndo da cara a procura de um vaso sanitário. Quando me dei conta, não conhecia aquele lugar o que me deixou assustada. Enxaguei minha boca e tentei escovar meus dentes no o dedo. Eu não me lembrava de como tinha parado ali. Voltei para o quarto, reconhecendo de quem era rapidamente, cogitei até ter sido sequestrada e estava decidida a sair o quanto antes de lá. Entretanto, quando passei pela sala e o vi dormindo no sofá de uma maneira tão serena e profunda, me sentei todo o pavor que eu senti, foi embora. Era obvio que Zayn não faria esse tipo de coisa, no meu ponto de vista ele era até certinho de mais para a idade dele, minha irmã é um ano mais nova que ele e aprontou muito mais.

Eu sei que ele não entendeu o verdadeiro motivo de eu ter ficado feliz com o pedido de namoro, mas com o tempo ele vai desvendar. Fala sério, Selena Gomez nunca ficaria feliz em se prender em um relacionamento se não fosse por uma boa causa. Se alguém desconfiar de nós –eu e Zayn –seria o meu fim! E o dele também...

Eu to pouco me fodendo para o que os alunos vão pensar, o problema é que os professores podem ouvir os boatos, falar com os diretores e dai a noticia chega aos meus pais. E é aí que mora o problema, a minha mãe teria um ataque cardíaco no mesmo instante e o meu pai me deserdaria. A última coisa que quero é que eles se decepcionem tanto comigo, quanto com eles mesmos, embora eu souber que isso vai acontecer um dia, não custa nada adiar.

Soltei o ar dos pulmões ao terminar de subir aquele maldito lance de escadas. Será que não podíamos morar em um prédio com elevador? Sei que eles adoram as lembranças desse apartamento, mas temos dinheiro para morarmos em algo bem melhor. Adentrei em casa vendo meus pais discutindo se colocavam ou não os pratos novos na mesa.

-Selena! -Meu pai disse aliviado. -Finalmente.

-De quem é essa blusa? -Minha mãe perguntou franzindo o cenho.

Ai que caralho! Respirei fundo tentando não soltar um palavrão e sorri forçado.

-Ele tá chegando? –Meu pai perguntou e eu mordi os lábios, provavelmente sim.

–Essa blusa é dele? –Yohanna voltou ao assunto.

-Eu vou me trocar. -Ignorei as perguntas deles, caminhando até a porta do meu quarto. -Amo vocês. -Cantarolei me trancando no quarto.

Bufei xingando-os mentalmente, eles sempre me tratam como criança, isso era algo que me irritava profundamente. Odiava ter que responder perguntas que não eram importantes a ninguém mais e ninguém menos que a mim mesma. Lindsay que me ensinou isso, foda-se para os outros o que você faz o deixa de fazer.

Despi-me indo até o banheiro e amarei o cabelo tomando um banho rápido. Tinha em mente qual roupa usaria. Um vestido, que minha mãe tinha me dado de aniversário, branco com algumas flores. Eu acreditava que nunca o usaria, mas cá estou eu vestindo-o. Olhei meu reflexo vendo um chupão no meu pescoço. Porra! Peguei um corretivo, tentando esconder aquilo, mas ainda dava para ver, então soltei meu cabelo e penteei-o enquanto procurava o carregador do meu celular, depois de alguns minutos me lembrei de que tinha deixado dentro da bolsa que eu esqueci no carro da Sophie. Bati o punho na minha testa. Como pude me esquecer daquela mochila? Ouvi a campainha tocar e me desesperei perdendo totalmente o foco.

-Selena! -Ouvi meu pai me chamar e sai do quarto correndo.

-Está linda, filha. -Minha mãe informou, sorrindo.

-Vai atender. -Ele incentivou e eu assenti.

Fui até a porta respirando fundo, eu estava me arrependendo dessa ideia, já me sentia sufocada. Abri a porta vendo Tyler com uma camisa jeans por cima de uma blusa preta e uma calça da mesma cor que a blusa. Não vou negar, ele é lindo, mas o Zayn... Chego até a perder o fôlego ao lembrar-me dele.

-Oi. -Disse sorrindo sem jeito, indeciso se podia ou não me beijar ou não.

-Oi. -Falei beijando seu rosto. -Tem certeza que quer fazer isso?

Eu queria que ele desistisse, para eu me sentir melhor, mas ele sorriu assentindo. Forcei meu sorriso.

-Entra. –Sugeri dando espaço para ele passar. Fechei a porta vendo ele paralisado na frente do meu pai. -Tyler, esse é o meu pai, Doug, e essa é a minha mãe, Yohanna. -Apresentei-os.

Assisti Tyler apertar a mão do meu pai que o encarou mal-humorado fazendo o me fitar receoso. Minha mãe se aproximou dele o beijando no rosto. Depois disso me olhou desesperado, com um sorriso torto. Aquilo era constrangedor, eu queria pular essa parte da minha vida, se possível.

-Sente-se, Tyler. -Minha mãe, docemente, apontou para uma cadeira vazia e enquanto eles se sentavam.

Ele me olhou como se perguntasse se podia ou não fazer o que minha sugeriu e eu assenti, tomando meu lugar de costume ao lado esquerdo do meu pai. Foi algo muito estranho ver um cara que eu estou pegando na minha casa, eu não sei se faria de novo. Para os meus pais eu nunca tive um namorado, não que fosse mentira porque eu nunca me prendi a alguém dessa maneira, mas acho que eles pensam que eu nunca beijei ou transei com alguém. Demorou um pouco para eles começarem a fazer um interrogatório, o que foi agonizante para mim.

-Então... –Minha mãe disse brincando com a comida no prato. –Quantos anos você tem, meu bem?

-Ah... Dezoito. –Falou incerto.

-Não tema sua idade? –Meu pai arcou uma sobrancelha, fazendo Tyler ficar boquiaberto.

-Não senhor, eu... Eu só estou um pouco nervoso.

-Por que está nervoso? –Meu pai soltou os talheres. -Você bebê?

Arregalei meus olhos. Só falta ele ser inocente o suficiente para não mentir.

-Pai. –Repreendi-o entre dentes.

-N-Não, senhor. –Gaguejou. –Eu não... –Ele desistiu de falar tomando um gole do suco.

O silencio começou a se instalar no ambiente, eu não sei se ele convenceu meu pai, eu poderia descobrir só ao olhar para Doug, mas eu tinha medo de descobrir, então evitei fazer contato visual, voltando a almoçar.

-Você fuma? –Indagou meu pai me fazendo engasgar com a comida.

-Não senhor, eu não...

-Papai, ele não bebe e nem fuma. –Respondi por ele.

-Você já namorou, querido? –Minha mãe perguntou, tentando deixar a conversa mais leve.

-Já. –Disse com a voz tremula.

-Então você tem uma vida sexual ativa? –Doug indagou mais uma pergunta inapropriada e desnecessária.

Tyler começou a tossir como se tivesse engasgado e eu soltei meus talheres olhando para minha mãe, pedindo a ajuda dela, que deu os ombros com uma cara de: “Desculpa querida, eu não sei o que deu nele”.

-Papai, suas perguntas estão deixando o Tyler sem jeito. –Informei tentando não surtar. –Por favor, pare.

-Desculpe querido. –Yohanna se desculpou pelo marido. –Selena nunca namorou, por isso dessas perguntas.

-Sem problemas. –Disse engolindo a saliva.

-Me diga, porque terminou com a sua namorada? –Continuou ela.

-Eu tive que me mudar para cá, não dava para prendê-la a mim, decidimos terminar de uma maneira amigável.

Enquanto Tyler falava o porquê tinha se mudado para cá, a campainha tocou e minha mãe só me deu uma olhada para eu entender que eu que tinha que atender a porta. Levantei-me pedindo licença para todos e indo até a porta. Ela não sabe como sou grata por isso, não sei quanto tempo aguentaria aquela tensão.

Meus olhos não acreditavam no que viam, finalmente algo bom estava acontecendo depois de eu passar por essa porta. Abri um sorriso sincero, gritando de euforia, o que causou uma avalanche de perguntas sobre o que estava acontecendo, abraçando-a com força. Os braços dela envolveram a minha cintura, apertando de leve e a soltei depois de um longo tempo.

-Que porra de vestido é esse? -Indagou num sussurro, rindo da minha cara ao entrar carregando uma mala de viagem enorme.

-Estou sendo pedida em namoro. -Respondi fechando a porta, a ajudando com a mala.

-Então decidiu seguir o meu conselho. –Disse orgulhosa.

-Eu vou deixar suas coisas no quarto. –Anunciei passando pela mesa de jantar sem olhar para os três e fui até o meu quarto.

Deixei as coisas dela na cama que ninguém dormia há dias, porém que nunca foi deixada de ser arrumada. Voltei para a mesa, vendo minha irmã ocupando o lugar ao lado de mamãe, contando o motivo de ter vindo sem avisar, como peguei no meio, não entendi.

-Lindsay, esse é o Tyler, meu quase namorando. –Falei olhando para ela e depois para papai.

-Quase? –Indagou enquanto minha mãe colocava um prato a mais na mesa. -O que falta para ser por completo?

Apontei com o queixo para papai que parecia estar com a cabeça em outra galáxia. Permaneci o encarando, até ele me olhar e deixar logo eu namorar Tyler.

-Vocês têm a minha bênção. -Papai disse finalmente. Tyler soltou o ar dos pulmões aliviado e eu ri soltando todo o nervosismo dentro de mim. -Com algumas condições, nada de ficar até tarde da noite, Selena tem que estar em casa até as dez, quando estiverem aqui não vão ficar sozinhos no quarto dela, eu não quero que você vire uma pedra no meu sapato.

-Eu não vou. -Gaguejou.

-Pai, está assustando o menino. -Lindsay defendeu-o, forçando um tom doce.

Depois de o almoço terminar, minha mãe pediu para Lindsay ajudar a tirar a mesa, o que fez ela revirar os olhos antes de fazer o que Yohanna tinha pedido. Sai da mesa pedido licença e puxando Tyler enquanto vestia um chinelo ao lado da porta.

-Selena. –Anunciou meu pai em um tom de repreensão.

-Por favor. -Implorei e ele soltou o ar dos pulmões. -Já voltamos.

Puxei o garoto para fora do apartamento. Subi os degraus sendo seguida por ele, que ainda estava impressionado pelo jeito do meu pai e abri a porta pisando no terraço do prédio e me sentei na borda da construção. Tentando me sentir um pouco livre, parecia que tinham colocado uma mochila cheia de pedras nas minhas costas e correntes nos meus tornozelos.

Respirei fundo e tive medo de estar fazendo merda.

-Agora entendo o porquê você é diferente em casa. -Se sentou ao meu lado. -Seu pai me assustou.

-Ele estava sendo legal ainda. -Infernizei-o, me divertindo.

-Nunca quero o ver bravo. -Eu ri.

-Não tive oportunidade de dizer, mas você fica linda vestida como menininha. –Zombou me irritando profundamente.

-Posso te empurrar, se eu quiser. –Informei pegando na sua roupa e ameaçando empurrar e ele riu.

-Mas é verdade. -Disse pegando o celular. -Me deixa tirar um foto.

-Ah, não. -Pedi mostrando o dedo do meio para ele escutando o barulho da câmera. -Tyler! -O repreendi, observando ele rir de uma maneira nasal.

-Parei. -Disse erguendo as mãos e eu me levantei. -Ei. -Me chamou e eu o encarei, ele estava próximo de mim e quando o fitei, ele me beijou.

O dia passou e quando vi, já era de noite, ainda não tive a oportunidade de conversar com Lindsay de uma forma privada, meus pais estavam com tantas saudades dela que queriam ficar colada com ela, tanto que nem perceberam que eu saí do apartamento para pegar a mochila que tinha esquecido no carro da Sophie.

-Como foi lá? –Se referiu a minha visita surpresa ao professor.

-Eu não lembro. –Disse cruzando os braços e me apoiando na janela do carro dela.

-Eu não duvido você bebeu tanto... -Deixou a frase no ar começando a gargalhar. -Sua mão esta doendo?

Curvei o cenho e olhei para minhas mãos procurando algo de errado até ver o que a direita estava com as costas roxas. Arregalei os olhos tentando entender como tinha feito aquilo. Encarei Sophie, desesperada pensando em que merda tinha feito dessa vez.

-Como...? -Gaguejei tentando elaborar minha pergunta.

-Bryce...

Foi o suficiente para eu ter um flash de uma mão atingindo o rosto "perfeitamente esculpido" daquele garoto. Meu queixo foi ao chão e eu comecei a rir, eu devia beber mais vezes, gosto das merdas que faço quando estou bêbada. Ir para casa do Zayn e bater no Bryce foram as minhas favoritas agora.

-Eu bati no Bryce? -Indaguei não segurando o riso. Ela assentiu. -Mentira! -Disse animada. -Cara, que gratificante saber disso. -Bati palmas dando alguns pulinhos. -Parabéns para mim.

-Tyler pediu mesmo você em namoro?

-Pediu... -Disse sorrindo forçado. -Não sei se gosto da maneira que estou me sentindo.

-E como está se sentindo?

-Presa. -Fiz cara de nojo. -Mas para o que eu tenho em mente, será necessário esse sacrifício.

-O que você está planejando que você não me contou até agora?

Se eu estiver namorando Tyler, ninguém vai focar no Zayn. Para mim era obvio, mas para ela não. Fiquei a olhando que soltou o ar do pulmão.

-Que seja. –Desistiu. –Só toma cuidado...

-Eu vou. -Garanti a vendo ligar o carro e eu dei dois passos para trás. -Obrigada. -Falei erguendo a bolsa, para ela saber sobre o que se tratava e como resposta ela deu uma buzinada de leve.

Voltei para casa e vesti um pijama. Me sentei na cama colocando o celular para carregar e abri o laptop voltando a assistir uma serie que havia sido recomendada por Soph e que era realmente boa. Na metade do episódio vi minha irmã entrando no quarto bufando. Pausei a serie olhando para Lindsay sentada na cama ao lado.

 -Porque está de pijama?

-Porque eu não estaria?

-Vamos a uma festa. –Disse abrindo a bolsa enorme e pegando uma roupa.

-Mas é domingo... –Estranhei.

-E? -Perguntou de uma maneira que me deixou totalmente desarmada. -Me poupe, eu não vim de tão longe para ver você se tornar a filhinha dos sonhos.

-Falando nisso, porque voltou?

-Saudades. –Mentiu descaradamente. –Não te devo satisfações da minha vida. –Disse se levantando. –Se arruma.

-Eu não estou a fim de festa hoje. -Disse manhosa puxando as cobertas.

-Ai que caralho. -Esbravejou. -Ta ficando igual aos nossos pais. -Apenas mostrei o dedo do meio para ela. –Chama seu professor.

-Eu não tenho o numero dele. –Dei os ombros.

-Duvido! –Falou gargalhando.

-Meu celular tá sem bateria. –Falei e ela riu.

-Eu sabia! –Falou passando pela porta do banheiro. –Você tem meia hora para se arrumar e chamar ele.