História Instructions Not Included - Capítulo Um - Rockabye Baby

.capítulo Um -

;he tells him, your life, ain't goin'

be nothing like my life

Jungkook abriu vagarosamente os olhos, encarando o teto de seu quarto. Ele teve um sonho maluco!

No sonho, esse cara que ele tinha pegado no passado, voltava para seu apartamento com um bebê dizendo que ele era seu! Depois ele o enganou, e fugiu deixando o bebê com Jungkook! E por mais que ele tentasse, Jungkook não conseguiu seguir o cara. E no final, o Jeon teve que voltar para casa com o bebê e ficou super meloso para cima dele! E a parte mais louca: resolveu criar o bebê!

O Jeon soltou um risinho, e desceu o olhar do teto.

“AH!” gritou ao ver o bebezinho Jinwoo o encarando.

Não era um sonho.

Jungkook e Jinwoo se encararam por longos minutos, o Jeon parecia pronto para atacar se preciso. Eu estou sendo um bobo, suspirou.

“Bom dia, Woo,” abriu um sorrisinho, vendo o bebê produzir um som fofo. “Você planeja ficar aqui em Busan, por muito tempo? Eu sei de alguém que adoraria sua companhia,” Jungkook segurou o bebê do seu jeito desajeitado, e se levantou da cama.

Andou em passos preguiçosos até o banheiro, com Jinwoo em seus braços. Se encarou no espelho, e abriu um sorriso arteiro.

“Woo, não me entenda mal, mas,” ele riu. “Eu e o Park fizemos um bom trabalho, hein? Você vai ser o terror das novinha.”

E mais uma vez, Jungkook estava rindo de suas piadas estranhas, e Jinwoo o encarava sem expressão alguma.

“Senhor, eu só estou brincando! Você deve ter puxado isso do Jimin, minhas piadas são hilárias, okay?” o bebê tombou a cabeça, e Jungkook se deu por vencido. “Vamos ver o que eu posso fazer com você!” desceu as escadas, para sala. Olhou ao seu redor, e percebeu que não tinha nada de essencial para cuidar de um bebê.

“Se eu vou ficar com você, bebê, eu preciso me preparar,” suspirou. “Eu não vou passar a sua vida inteira correndo atrás do seu pai,” ele olhou para Woo de um jeito carinhoso. “E você não é tão ruim assim.”

Jungkook colocou seu cérebro para funcionar por um tempo, e já decidido foi até a mesa da cozinha onde seu celular estava. Discou o número tão conhecido por si, e esperou a pessoa do outro lado da linha atender.

“Taehyung?” chamou pelo nome do amigo, recebendo um resmungo como resposta.

“Olha, eu preciso que você compre uma cadeira de bebê, aquelas de papinha! Um andador, brinquedos para bebê, mamadeiras, banheira infantil, um trocador, aquelas coisinhas que as mãe usam para segurar as crianças sem usar os braços, e… Jinwoo, você quer mais alguma coisa?”

Quando menos percebeu a ligação foi encerrada.

“Taehyung? Tae?” bufou. “Aquele traíra! Quer saber, eu resolvo tudo isso sozinho! Eu já sou um adulto, e tenho um filho, não é mesmo?” olhou para Jinwoo, e como sempre não recebeu resposta.

“Exato, woo! Eu tomo conta disso, eu mesmo,” Jungkook abriu o seu moletom de zíper, colocou Jinwoo colado em seu peito, e fechou o zíper em seguida. “Isso vai servir, até eu comprar aqueles troços,” Jinwoo balançava as perninhas, preso no moletom, enquanto Jungkook se preparava para deixar a casa.

“Siri, pesquise bebês de seis meses,” falou com o celular, quando deixava o apartamento e entrava no elevador.

“Pesquisando ‘bebês de seis meses’,” a voz robotizada do celular respondeu, chamando a atenção do bebê.

Aos seis meses a coordenação motora fina do bebê está se aprimorando. Você vai perceber que ele pode conseguir segurar alguns objetos.

Jungkook levou os olhos ao bebê, e assentiu com a cabeça ao ver o bebê segurando seu dedo, sorriu.

É nesta fase também que muitas crianças começam a testar a autoridade dos pais.

O mais velho arqueou uma sobrancelha.

“Você não faria isso, não é Woo?” disse sério, recebendo um sorrisinho de dois quase dentinhos do bebê.

Como ele podia ser tão fofo?

“Você é meu filho, nunca faria uma coisa dessas,” Jungkook sorriu convencido. “Agora vamos porque eu tenho que preparar o apartamento pra você, afinal de contas é a nossa casa agora.”

Jungkook deixou o edifício de luxo, com um sorriso nos lábios, e Jinwoo preso em seu moletom. Tudo estava apenas começando.

No final daquela tarde, Jungkook já tinha re-decorado metade do seu apartamento, ajustando a casa para a chegada de uma criança. Comprou borrachas para as quinas das mesas, tirou qualquer decoração de vidro que tivesse ao alcance do bebê. Jinwoo tinha ganhado um quarto, berço e mais alguns acessórios para o uso diário.

Depois de vário vídeos e websites, Jungkook finalmente aprendeu como segurar um bebê apropriadamente, e Jinwoo parecia contente com o jeito que era carregado agora. Jungkook colocou Woo no bebê conforto com cuidado, e deu um brinquedo de borracha pra ele.

O Jeon respirou fundo, e olhou ao seu redor. Só lhe faltava uma coisa a fazer.

Era hora de conversar com a sua omma.

✦

O som da campainha da mansão de sua mãe, chegou aos ouvidos de Jungkook. Ele deixou o bebê conforto ao lado da grande e branca porta, de um jeito que poderia ficar de olho no bebê. A porta foi atendida por uma das empregadas da casa, que foi a busca da senhora Jeon, quando Jungkook perguntou dela. Logo sua mãe estava na entrada da mansão, e abriu um sorrisinho ao ver seu filho.

“Jungkook, que bom te ver meu filho!” declarou, apertando o mais novo em seus braços.

“Bom te ver também, mamãe,” respondeu, aproveitando o carinho recebido.

“Você quase não me visita, porque está aqui?” Jungkook suspirou.

“Eu tenho uma coisa pra lhe mostrar, mãe,” Jeon deu um passo pra trás, e levantou o bebê conforto onde Jinwoo estava, o trazendo para o campo de visão de sua mãe.

“Oh, quem é esta fofura?” se aproximou do bebê, sorrindo.

“Ah, este é o Jinwoo,” ele suspirou, criando coragem. “Seu neto,” Jungkook sorriu torto.

A matriarca travou no mesmo instante, retomou sua postura aos poucos, e olhou pra Jungkook. Aquele olhar fez um arrepio subir a espinha.

“O que?”

“Eu fiquei do mesmo jeito quando eu descobri!!” Jungkook tentou explicar pra mãe o que aconteceu no dia anterior, mas parecia que a cada palavra, a veia em sua testa parecia cada vez mais evidente. Ela estava prestes a matá-lo.

“Você não pode ficar com essa criança!”

Jungkook arregalou os olhos.

“Quem vai ficar com o Jinwoo, então?” o Jeon se exaltou.

“Não sei, o outro pai dele!” esbravejou.

“Eu não vou devolver o Woo para o Park! Ele já abandonou o bebê uma vez, o que não garante que fará de novo?” Jungkook colocou Jinwoo no chão, e olhou pra sua mãe irritado. “Ele também é meu filho! Eu me recuso a agir como Jimin!”

“Essa criança vai apenas atrapalhar a sua vida, neste momento, Jungkook! Não consegue enxergar?” a mais velha gritou, o bebê resmungou.

“Você é muito jovem, e a sua faculdade?” a viúva tocou os ombros do filho, que apenas se afastou.

“Mãe, eu não vou abandonar o meu filho! Neste momento a minha única prioridade é ele, além do mais, eu não fazia ideia do que cursar mesmo!” os olhos da mulher se encheram de água.

Ela não iria assistir o filho destruir a própria vida.

“Então faça o que quiser, Jeon Jungkook. Só não espere me ter ao seu lado,” disse fria, fazendo os olhos de Jungkook se arregalaram.

Ele não podia ter ouvido direito, sua mãe não disse isso.

“Mãe, o que a senhora quis dizer com isso?” sua voz já era trêmula, ele temia o pior.

“Eu quis dizer, adeus, Jungkook!” a porta elegante, se fechou na cara de Jungkook.

Ele estava incrédulo. Ele realmente foi rejeitado por sua própria mãe? E tão rapidamente? Seu coração estava partido, e tudo parecia rodar. Não percebeu as lágrimas de tristeza que desciam de seus olhos, apenas pegou o bebê conforto, e foi pra longe daquele lugar, que uma vez chamou de lar. Jungkook se sentia tão pedido. Ele era apenas uma criança, tendo que cuidar de outra. Sem seus pais, sem suporte. Ele não fazia ideia do que iria acontecer, Jungkook só queria que Jinwoo ficasse bem.

Sua mãe era tudo que ele tinha, depois que seu pai faleceu com leucemia. Ela sempre esteve ao seu dando suporte, sendo a melhor amiga de Jungkook. Ele não conseguia acreditar que sua própria mãe, havia virado as costas para si, aquela que ele achou que sempre estaria ao seu lado. Uma tristeza tomou conta de sua alma.

O Jeon parou no pequeno parquinho deserto  perto da mansão de sua família, e se sentou no balanço que costumava usar quando era pequeno. Colocou o bebê conforto com Jinwoo no chão, ao seu lado. Jungkook acabou com suas chances de falar com sua mãe, outra vez em sua vida, e tudo por aquele bebezinho ao seu lado. Olhou para o seu filho, sua visão estava um pouco borrada pelas lágrimas em seus olhos, mas Jungkook conseguiu enxergar o bebê esticando os dois bracinhos  em sua direção, como se quisesse que o pegasse no colo. O Jeon destravou o cinto do bebê conforto, e trouxe o Woo para perto de seu peito. O bebê estudou o rosto do pai, e esticou uma mãozinha até onde uma lágrima que descia pela bochecha de Jungkook. O coração do moreno mais velho se aqueceu. O Jeon suspirou e abraçou o filho, sentindo o mesmo descansar a cabecinha em seu ombro.

Jinwoo era tudo que ele tinha agora.

“Não se preocupe, bebê, eu não vou te abandonar,” beijou a cabecinha coberta por cabelos negros, macios e sedosos. “Ninguém jamais irá te machucar,” Jinwoo chorou baixinho, assim que ouviu o primeiro soluço de Jungkook.

O peito do mais velho descia e subia, enquanto lágrimas desciam de seus olhos. O bebê já chorava mais alto agora, junto de si, como se sentisse a dor do pai.

“Não chore, meu amor! Vamos lá, sorria! Está tudo bem, não precisa chorar,” Jungkook engoliu o choro, e abriu um sorriso para o filho, secando as poucas lágrimas que desceram de seus olhos. Jinwoo ainda chorava, então ele resolveu fazer a primeira coisa que lhe veio em mente. Cantar.

“The sun’ll come out, tomorrow. So you gotta hang until, tomorrow,” a música era velha, de um musical antigo como a sua vó. Não imaginava que iria cantar Annie para o seu filho, já que ele mesmo odiava essa música. Mas, a letra o parecia conveniente no momento e a música parecia capturar a atenção do bebê. “Just thinking about, tomorrow, clears away the cobwebs and the sorrow. Till there's none,” Jinwoo ouvia atento, as lágrimas brilhavam em seus olhinhos, mas não escorriam por suas bochechas como antes. “When I'm stuck with a day, that's gray and lonely, I just stick out my chin and grin, and say,” Jungkook colou sua testa na do bebê. “The sun’ll come out tomorrow, so you gotta hang until tomorrow! Tomorrow, tomorrow! I love ya, tomorrow. You're only a day away,” Jinwoo respirava fundo agora, e sorriu pra o pai quando este parou de cantar.

“Aguenta aí, baixinho. O sol vai nascer, amanhã. Não precisa se preocupar,” o sorriso adorável de Jinwoo, nunca sairia da mente de seu pai; ele parecia a razão de seu viver agora. Ver aquele serzinho em seus braços sorrir era tudo que Jungkook tinha, e ele não estava pronto para desistir dele. Com uma ideia, provavelmente maluca, Jungkook prendeu Jinwoo em seu moletom mais uma vez, e pousou uma mão em suas costas. Com a outra, ele segurou as correntes do balanço, e com os pés tomou impulso, fazendo o balanço se mover. A princípio, Jinwoo arregalou os olhinhos como se estivesse com medo. Mas, assim que ele e Jungkook começaram a se mover sem interrupções no ar, a sua primeira gargalhada foi solta. Jungkook sentiu vontade de chorar ao ouvir aquele som, tão doce. Ele podia jurar ser a coisa mais linda que já ouviu.

Qualquer um que passasse próximo ao parquinho, seria capaz de ouvir as gargalhadas de pai e filho, enquanto o balanço subia e descia.

O sol irá nascer amanhã, a escuridão de hoje não durará para sempre. Jungkook tinha certeza disso.

✦

“Okay, você pode me explicar direito o que está acontecendo?” Taehyung, o melhor amigo maluco de Jeon Jungkook se pronunciou.

“Olha, eu vou ser curto e grosso,” o Jeon suspirou. “Eu engravidei esse cara gostoso chamado Park Jimin, e ele foi embora e deixou essa fofura aqui comigo,” disse de uma vez. “Agora, será que você poderia me passar a chave de fenda?” esticou a mão, tentando alcançar a ferramenta.

“Uh, e você planeja fazer o que com ele?” apontou para o bebê de macacão azul, que rolava pelo chão.

“Criar né, seu tapado!” respondeu irritado. “É meu filho, ao final de contas! Sangue do meu sangue! Osso do meu-”

“Você gamou no bebê, não é?” Taehyung cruzou os braços, e encarou o Jeon com um olhar de sabe-tudo.

Kim Taehyung era aquele tipo de pessoa, que você conhece uma vez na vida, e nunca se esquece. O Kim era uma mistura de aparência atraente e personalidade única, que conseguia cativar qualquer um. Mas, o que muitos não sabiam, era de seu lado vacilão escondido por todo o seu encanto. Porém desse lado vacilão, Jungkook conhecia bem até demais. Os dois cresceram juntos, e mesmo com os incontáveis vacilos do Kim - como desligar na cara do seu amigo, quando este estava pedindo ajuda -, ele era o único que ainda estava ao lado de Jungkook, com exceção de seu bebê, é claro.

O problema era que, Kim Taehyung conhecia Jungkook bem demais. Tanto que as decisões de Jungkook se tornaram previsíveis, para si. E isso irritava o Jeon avidamente.

Jungkook respirou fundo.

“Exato,” ele olhou para o bebê, de maneira doce. “Também, olha ‘pra aquela criatura, e diz que é impossível não se apaixonar!” o Kim deu uma olhadinha no bebê que agora tinha sua atenção capturada por o amigo de seu pai.

Ele era uma gracinha.

“Okay, talvez ele seja irresistível,” se deu por vencido quando Jinwoo sorriu para si. “Mas, o que pitangas você está fazendo, Jeon Jungkook?”

“Eu estou montando o berço, do Jinwoo!” resmungou, tentando apertar um parafuso.

“E por quê não contratou alguém ‘pra fazer isso?” o mais velho arqueou a sobrancelha.

“Porque minha mãe ficou bolada que eu não vou dar o Jinwoo ‘pra adoção, ou o outro pai dele, para fazer a faculdade que ela quer!” disse frustrado. “Ela não vai mais me bancar, Taehyung! Eu tenho que fazer uns cortes, começando por coisas desnecessárias!” ele voltou a atenção, para o berço de madeira branco a sua frente. “Eu posso muito bem montar um berço, sozinho!”  

“Tenho certeza que consegue,” disse irônico, soltando uma risada anasalada.

“Só espere, esse será o melhor berço que você já viu, Kim Taehyung!”

Enquanto o Jeon continuava a falar baboseiras, o seu melhor amigo andou até o bebê e esticou os braços em sua direção. Jinwoo levantou a cabeça e sorriu, esticando os bracinhos na direção de Taehyung. O mais velho de agachou, e segurou o bebê com maestria.

“Olá, Jinwoo!” disse doce. “Como você está indo, com esse seu pai desmiolado? Aposto que ele está te maltratando!” falou com uma voz engraçada, recebendo um pequeno riso do bebê.

“Que merda você está falando para o meu filho, Kim Taehyung?” o Jeon gritou.

“Nada! Continua a montar o berço, bastardo,” ele gritou, saindo do quarto. “Ops, não diga essa palavra, está bem? É uma palavra feia,” educou o bebê que fazia sons engraçados com a boca. “Que tal a gente brincar, enquanto seu pai está se matando lá em cima?”

Depois de longos minutos, quando Jungkook parecia ter finalmente terminado o bendito berço, um choro fino foi ouvido pelo apartamento. Jungkook arregalou os olhos, e disparou para fora do quarto do bebê, temendo o pior. E se Taehyung machucou o seu filho? Ele correu rápido como nunca, o medo que apossou de si era enorme. Só de pensar que alguma coisa ruim poderia ter acontecido com o bebê, lhe deixou desesperado.

Quando finalmente chegou ao pé da escada, viu o Kim tentando acalmar Jinwoo, que chorava de maneira desesperada. Ele disparou em direção aos dois, preocupado. Jinwoo rapidamente estendeu os bracinhos em sua direção, assim que viu Jungkook, e o pai prontamente o pegou.

“O que você fez?” Jungkook gritou, enquanto acariciava as costas de Jinwoo, que tinha o rosto em seu peito.

“Eu não fiz nada! Ele começou a chorar do nada! Acho que ele está com fome,” Taehyung se defendeu, se assustando com a preocupação de seu amigo. Ele realmente deve amar esse bebê. Pensou consigo.

Jungkook respirou fundo, e se lembrou que o bebê não comeu hoje. Ele com certeza era um péssimo pai.

“Eu não dei a mamadeira dele,” se lamentou, embalando o bebê com os braços, tentando o acalmar. “Me desculpe, Woo. Com tanta coisa acontecendo, eu esqueci totalmente da sua mamadeira! Eu nem comi hoje,” suspirou.

“Biscoito, você não pode agir desse jeito, novamente,” Taehyung respirou fundo. “Você é tudo que o bebê tem, você tem que se cuidar primeiro, para poder cuidar dele,”

O Jeon odiava quando o amigo estava certo. Ele mal começou a ser pai, e já estava cometendo erros. Ele jurou que sentiu os olhos se encherem de lágrimas, e abaixou a cabeça. Seu queixo tocava o ombro de Jinwoo, que tocava a nuca do pai com uma das suas mãozinhas.

“Eu sei, hyung,” respondeu vulnerável. “É que tudo apenas começou e eu já estou pisando na bola,” se lamentou. “E agora minha mãe virou as costas para mim, e eu só tenho o Jinwoo na minha família,” Jungkook soluçou. Por mais que ele quisesse as palavras duras de sua mãe ainda estavam vivas em sua mente, e elas o machucavam tanto.

“Isso não é inteiramente verdade,” Tae se moveu até estar do lado do amigo, e tocou seu ombro. “Você tem a mim, e o Jin-hyung, e o Namjoon-hyung!” Taehyung secou as lágrimas de seu melhor amigo de infância. “Jin com certeza vai querer roubar o Woo para ele!” os dois riram baixinho. “Nós estamos aqui por você, e acredite ou não, eu já estou doidinho por esse bebê,” Jinwoo olhou para os dois, com os olhos brilhantes, provocando sorrisos nos amigos.

“Hey, ele é meu!” Jungkook brincou. “Valeu, Tae. Às vezes você não é tão tapado assim.”

“Mas, é claro que não! Agora vamos fazer essa mamadeira para o seu filho!” Taehyung declarou, indo até a mesinha da sala pegando o seu celular. “Siri, pesquise ‘como fazer mamadeiras’!”

O resto do dia passou com muitas tentativas - muitas delas falhas - de fazer uma mamadeira para Jinwoo. Mas, no final, o bebê parecia finalmente satisfeito com a mamadeira preparada pelos dois, e cochilou rapidamente nos braços do melhor amigo do pai.

“Eu demando ser o padrinho dele!” Taehyung disse se dirigindo até a porta. Jinwoo já descansava nos braços do pai, e ressonava baixinho.

“Eu posso pensar no caso.”

“Seria muita sacanagem eu não ser o padrinho!” o Kim resmungou.

“Você não consegue cuidar de um bebê! Faz mais sentido Jin-hyung ser o padrinho,” Jungkook se defendeu, indo em direção a porta.

“Você também não sabe cuidar de bebês, e olha onde estamos! Você é pai!” Tae disse com deboche.

“Okay, okay. Você pode ser o padrinho,” Jungkook desistiu, cansado.

“Ai sim, Biscoito! Te vejo por aí, até mais,” o Jeon fechou a porta quando o melhor amigo, e agora padrinho de seu filho, deixou o apartamento. Mais uma vez cansado pelo dia cheio, Jungkook se rastejou até o quartinho de Jinwoo, para colocar o filho no berço.

O Jeon suspirou e colocou o bebê no trocador, para colocar uma roupinha confortável no bebê. Com dificuldades, ele desabotoou o body do bebê e tirou com cuidado de sua cabecinha. Ele sorriu ao ver a barriguinha branca de Jinwoo, e sentiu vontade de enchê-lo de beijinhos. Com um pouco mais de facilidade, vestiu uma roupa quentinha no neném, e o pegou no colo, quando tudo já estava abotoado. Jungkook andou silenciosamente até o berço, e estendeu os braços para colocar o bebê no móvel de madeira. Porém, seu braço sem-querer tocou as grades do berço, e inesperadamente: BOOM!

O berço se desmontou á sua frente, assustando Jungkook e Jinwoo que acabou acordando. Por instinto, Jungkook rapidamente puxou o bebê até seu peito, e virou as costas, protegendo Woo com o seu corpo. O Jeon mais velho arregalou os olhos, ao ver todos os pedaços do berço que montou, caídos no chão.

“Vai ter que dormir comigo de novo, campeão,” Jungkook sorriu ‘pra não chorar de desgosto, por não conseguir ao menos montar um berço para o filho.

E mais uma vez, Jungkook e Jinwoo estavam na mesma cama, prestes a dormir.

“Sabe Woo, eu estava pensando,” Jungkook começou, tendo a atenção do filho que descansava a cabeça em seu peito. “Hoje minha mãe virou as costas pra mim, igual Park virou as costas para você,” suspirou fundo, afagando as costas do filho. “Então nós meio que estamos no mesmo barco. Só temos um ao outro,” Jungkook beijou a testa de Jinwoo. O silêncio reinou no quarto, e Jungkook pode ouvir um pequeno resmungo. Talvez Jinwoo não gostasse quando ele falava de seu outro pai. Jungkook se martirizou por ter feito o filho parecer triste. "Mas, você tem o seu novo padrinho louco!” ele balançou bebê que riu baixinho. “Não estamos tão sozinhos assim, bebê,” sussurrou e aconchegou Jinwoo no peito.

“Rock-a-bye baby, in the treetop. When the wind blows, the cradle will rock,” Jungkook cantarolou a canção de ninar, antes de ser tomado pelo sono.

✦

“Okay, a temperatura da água está amena, acho que é hora do banho!” Jungkook repetiu para si mesmo enquanto testou a água onde daria banho em Jinwoo, e colocou o corpinho nu do bebê na banheira de plástico. A banheira estava cheia de brinquedos de borracha que Jinwoo gostava de afundar na água e jogar para cima. Já fazia algumas semanas que Jungkook dividia seu apartamento com Jinwoo e mesmo que cuidar de um bebê não fosse sempre um paraíso, no final do dia era gratificante ver o sorriso no rosto do filho. Os dois já eram inseparáveis, Jinwoo odiava passar muito longe do pai, e por mais que Jungkook não admitisse, seu dia pareceu um pouco mais cinza quando Taehyung resolveu roubar o afilhado por algumas horas. A ferida que sua mãe causou em seu coração ainda era presente, mas ver Jinwoo todos os dias, não o trazia nenhum arrependimento.

“Woo, não joga água no pai! Eu já tomei banho,” Jungkook riu, quando Jinwoo jogou as duas mãos na água, fazendo água espirrar nas roupas do pai. O Jeon alcançou o shampoo para bebês, para não irritar os olhos de Jinwoo e colocou um pouco em sua cabeça. Ele massageou os cabelos negros de Jinwoo, enquanto o outro brincava. Jungkook lavou o corpinho, o rosto e os cabelos do bebê, e por fim o enrolou em uma toalha felpuda. Jinwoo recebeu um grande beijo estalado na bochecha, antes do  mais velho, deitar o neném no trocador e secar o corpinho dele. Jungkook espalhou o creme hidratante no corpo de Jinwoo, e beijou sua cabeça antes de vestir no bebê o body especial que comprou quando foi para o shopping com Tae e Jinwoo. Sorriu grande quando viu que coube perfeitamente no filho.

“Nunca li uma frase tão verdadeira!” gargalhou quando leu o que o body dizia. “Bonitão igual ao papai!” Jungkook gargalhou de novo, e Jinwoo abriu os lábios.

“Papa,” Jungkook arregalou os olhos quando ouviu Jinwoo dizer sua primeira palavra.

“Jinwoo! Você falou! Você falou!” se desesperou. “Diga de novo, bebê! Papai!”

“Papa,” Jungkook gargalhou de alegria, e levantou Jinwoo no ar.

“Você falou! Eu sou sua primeira palavra!” Jungkook estava radiante, e correu pelo o quarto, controlado pela felicidade que o atingiu. Ele pegou o celular e ligou para Taehyung.

“Fala, biscoito.”

“Ele falou, Tae! Jinwoo falou, papa!” ele gritou no telefone.

“Ele o que?”

“Ele falou!” Jungkook correu com Jinwoo nos seu braços, e deixou o celular para trás, saindo pela porta do apartamento, encontrando a sua vizinha, a senhora Kim. “Ele falou! O Jinwoo falou!” Jungkook falou animado girando com o filho. A senhora se comoveu com a felicidade genuína do seu jovem vizinho, e riu junto dele.

Mas, Jungkook estava ocupado demais para notar, pois estava beijando o rosto do filho, e gritando para Deus e o mundo que seu Woo tinha falado a primeira palavra. E ela foi papai.